História Mack Claider Boarding Shool - Eu não deveria te seguido esse caminho.

Não fazia muito tempo que havíamos desembarcado e seguíamos no táxi em direção ao centro de Phoenix, porém eu já sentia o clima diferente daquela cidade, e como as pessoas se comportavam. Da janela olhava as vitrines das lojas e as arvores que predominam as ruas e quase não se via pessoas caminhando nas calçadas. Parecia uma cidade fantasma. Bem que Emma e John poderiam me dizer que toda aquela cena não tinha passando de uma brincadeira, porque eu já tinha aprendido a lição, e estava completamente arrependida do que tinha feito nos últimos dias.

Perdida em meus devaneios, não percebi quando a paisagem mudou ao nosso redor, nos dando a visão de arvores enormes e uma estrada de barro em nossa frente. Nada de prédios de quinze andares, boates como em Seattle e McDonald's. Eu estava no fim do mundo! Em nossa frente avistei um casarão imenso que dava vinte ou mais da minha casa no fim daquela estrada. Passamos por uma ponte e uma placa indicou que havíamos chegado e eu não poderia negar, estava impressionada como o tamanho e altura daquele internato.

Odiava essa palavra, mas era para onde eu estava indo.

-Alex – Emma me chamou e virei para encara-la. -Sei que não queria estar aqui, mas ao passar dos dias, irá perceber que não é ruim como pensar.

-Até parece- revirei os olhos. Eu só queria estar em meu quarto trocando mensagens com minha melhor amiga, enquanto sofria com as cenas finais de The vampire Diaries.

Afundei no banco desapontada, porém Emma me ignorou completamente indo retirar as malas com John. Eu sabia que não estava sendo uma boa filha nos últimos tempos, mas não dava para acreditar que eles iriam me deixar ali, eu não merecia o que estavam fazendo comigo.

-Posso ajudar os senhores? –Um homem perguntou vindo em nossa direção. Ele mais parecia um lutador de MMA de tão forte que era. –Sou Kenny Hamilton, um dos seguranças de Mack Claider, desejam algo?

- John Benson-meu pai o cumprimentou. -Essa é Emma minha esposa e Alex nossa filha e a mais nova aluna-ele me olhou por alguns instantes, voltando atenção para meu pai.

- Preciso que me acompanhem, a senhora Carmen deve estar a espera de vocês.

-Ah claro! -Emma disse caminhando em minha direção -Ande Alex pegue o resto das coisas no porta-malas.

-Estou indo- revirei os olhos frustrada.

Saltei do banco do carona, pegando minhas maletas de maquiagem e a bolsa de shirts deixando o porta-malas vazio. John e Emma seguiram acompanhando o segurança e não tive alternativa, a não ser seguir atrás deles arrastando minhas malas. Atravessei o jardim chegando ao portão principal, que estava entre aberto. Pensei que fosse dá de cara com as irmãs da Barbie, e garotos escondendo seus abdomes sarados em baixo do uniforme do time, mas era apenas uma fantasia da minha parte. Eu estava em um internato trancafiada e o mais perto que eu iria ver ali da escola em Seattle seriam os livros.

Haviam corredores dos meus dois lados e algumas luminárias no teto. Em minha frente uma escada de largos degraus, e no centro da parede um quadro com dois olhos enormes me encarando. De repente a porta atrás de mim bateu e um estrondo ecoou pelo salão. Sentir alguém agarrar meu braço e minhas pernas fraquejaram. Amedrontada conseguir me soltar de quem quer que fosse e correndo disparada na direção que Emma e John seguiram.

-Aí está você- levei um susto quando Emma cruzou em minha frente. - Porque demorou tanto?

-Hã... É que eu estava...

-Deixe para lá, ande logo -revirei os olhos outra vez. Eu tinha essa mania quando estava irritada.

Meus batimentos já haviam voltado ao normal, assim como minha respiração, mas esse lugar estava me dando calafrios. Haviam fechaduras na porta por qual eu tinha acabado de passar, fora a decoração sem vida. E quem tinha ousado me tocar? Eu corri tanto que nem notei quem era.

Emma enfim parou de me arrastar quando chegamos em uma porta indicando ser a sala da coordenação.

-Com licença senhorita Carmen -ela disse sendo educada para uma senhora de meia idade. Notei que havia uma janela em sua sala, e parecia que dava acesso ao jardim, onde eu conseguir ouvir vozes.

-Essa é Alex, minha filha e de Emma- meu pai disse fazendo a mulher me olhar da cabeça aos pés. Pela sua cara não tinha aprovado o look que eu havia escolhido para aquela ocasião. Calça jeans preta rasgadinha, cropped de cor escura, botas coturno e um batom vermelho nos lábios.

-Sente-se aqui menina, vamos ter uma rápida conversa, depois irá conhecer o que será seu futuro lar durante alguns meses. -Disse a senhora esbanjando um sorriso de felicidade por ter mais uma aluna para seguir as regras sem noção daquele lugar.

-Sente-se Alex -Emma me fuzilou com o olhar. Pigarrei um pouco segurando a maçaneta da porta. Eu poderia sair correndo daquela sala, pegar o taxi que se encontrava lá fora... mas acabei cedendo.

-Acho que seus pais já devem ter falado como funcionam as coisas aqui? -Assentir. - Bem só irei relembrar caso tenham deixado passar algo. Nosso colégio e internato é bastante conhecido pelos nossos estudos e compromissos com os pais e os próprios alunos. Desde 1968, quando Mack Claider foi criado pelo senhor Gardner, afim de ensinar e educar, colocando limites nessa nova era de adolescentes que o mundo está criando... Por isso não é permitido outro tipo de roupa além do nosso fardamento, o uso da internet é apenas para os estudos sendo cortado os acessos a qualquer tipo de rede sociais, ligações apenas aos domingos e as visitas e passeios pela cidade no fim de semana serão permitidas com autorização dos pais ...-Comecei sentir minha cabeça girar, apenas em ouvir aquela lista extensa de regras. Não fazia uma hora que estávamos ali, mas já me sentia sufocada. Eu já odiava esse lugar e queria minha liberdade de volta. -Então é assim que funcionam as coisas por aqui. Alguma dúvida?

- Como que as pessoas se divertem nesse lugar com todas essas regras? -Disparei -Somos adolescentes, estamos em uma fase de sair com os amigos, dançar e conhecer gente nova. Sentir adrenalina percorrendo em nosso sangue, sabe como é? -Emma e a senhora me encarou boquiaberta enquanto meu pai sorria com a minha pergunta.

- Mack Claider é um lugar para estudos senhorita Benson...

-Está mais para uma prisão!

-Alex! -Emma me repreendeu.

-Irei pede para que uma de nossa aluna mostre cada cômodo a Alex, só me deem alguns minutos. - disse Carmen deixando a sala apressada.

-Coitada... viu como ela ficou? -perguntou meu pai.

-Eu só fiz uma pergunta -dei de ombros - Então vocês, iram viajar novamente há trabalho ou seguir para Seattle?

-Eu e sua mãe conseguimos alguns dias de folga. - Disse John. Ergue a sobrancelha confusa. Eles nunca tinham muita folga e o mais estranho eram ter dado folga aos dois.

A porta foi aberta novamente e a senhora Carmem adentrou acompanhada de uma garota. Ela estava vestida com o uniforme. Saia um pouco a cima do joelho, meias brancas, sapatos pretos e um rabo de cavalo, e seus olhos eram extremamente azuis.

-Alex essa Ebbey, irá mostrar seu quarto e alguns cômodos da escola.

-Pode me chamar Ebby -ela abriu um sorriso exibindo todos os dentes.

 Sorri de volta, para a Loira platinada

-Preciso que seus pais assinem uns papeis, enquanto isso você acompanha Abbey.  

                                     [...]

Caminhava em silêncio ouvindo os sons das minhas botas em contato com piso de madeira. Ebby me mostrava alguns cômodos do ambiente, mas eu não estava nem um pouco ansiosa e interessada em conhece-los. Saímos do refeitório que era enorme, seguindo para o corredor dos armários e ela continuava a tagarelar do meu lado mastigando o chiclete que já havia virado borracha.

-Número 17...Aqui está você!  -Olhei para ela confusa até notar que os armários eram ordenados por números. -Seu armário Alex.

-Obrigada - falei, quando ela me estendeu a chave.

-Depois você pode colar fotos dos amigos, familiares e namorado. Ajuda a mata a saudade.

-Não tenho namorado. -Ela me olhou surpresa arqueando a sobrancelha. Dei de ombros.

-Tenho algumas ideias para decorar seu quarto. A senhora Carmem nos deu essa permissão há algum tempo, agora podemos deixar nossa parte do quarto com a nossa cara.

-Não será necessário. -Ela torceu os lábios. Ebby tinha um estilo patricinhas de beverly hills, e pelo entusiasmo que havia falado, iria transformar um pequeno quarto em uns castelos da Barbie.

-Então como venho parar aqui? - Ela continuou o interrogatório

-Gosto de fazer laços de amizades. - Fui irônica. Eu estava cansada da viagem, cansada do que tinha acontecido nos últimos dias e a última coisa que eu precisava era alguém forçando uma amizade comigo.

-No começo é bem complicado, mas com um tempo vai perceber que não é tão ruim está aqui. Mack Claider tem seu lado bom, e alguns rapazes bem bonitos. -Ela piscou em minha direção.

-Não estou precisando de um namorado, nem interessada em qualquer tipo relacionamento.

-Não estou dizendo que precisa de um namorado, só pensei que ficaria contente em saber que aqui tem alguns rapazes bem bonitos. Todas garotas ficariam.

A encarei lutando para não mandar cala a porra da boca. Abby estava me tratando como se nos conhecêssemos há anos, como se fossemos melhores amigas.

- E você porque está aqui? - Perguntei mudando o foco da conversa para ela.

Eu não gostava de falar muito da minha vida ainda mais para estranhos.

- Meus pais trabalham muito administrando sua empresa- disse ela- São muito ocupado e eu sempre sonhei em estudar em Mack Claider, eles apenas concordaram por saber que aqui é a melhor escola do pais.

- E o que seus pais administram?

-O que meus pais administram? - Ela repetiu. Parecia supressa com minha pergunta. -Ah... meus pais tem alguns restaurantes especializado na culinária italiana, espelhado por Phoenix e cidades vizinhas. Um dos melhores da região, se não for o melhor.

-Ah... interessante. - Fingi uma expressão surpresa. - E agora para onde vamos? -Perguntei notando que estávamos paradas entre um corredor e outro. Ebby apontou para a escada em nossa frente onde tinha escrito dormitório.

-Direita ou esquerda? - Perguntei ofegante após subir a escada de menos de cinquenta degraus. Eu adorava spots, sempre pratiquei natação, porém, tive que me afastar das aulas por conta do incidente com Tyler.

-Droga! Carmen esqueceu de entregar a chave do quarto-Ebby falou. Era a primeira vez desde que saímos da sala da coordenação que ela tinha desmanchado o sorriso nos lábios. -Me espera aqui, volto em alguns minutos. -Ela falou e saiu apressada me deixando ali plantada.

Olhei para os dois lados do corredor e estava vazio, esse lugar nem parecia uma escola ou internato. Onde estavam os prisioneiros que eu achava que iria encontrar para fazer amizade como Emma queria?

Ainda parada entre o corredor escutei a batida de uma música tocar e alguém acompanhar seu ritmo. A música era conhecida, mas aquela distancia eu não conseguia identificar. E minha curiosidade em saber de onde vinha, me fez virar à direita parando em uma das portas do dormitório.

De repente a música parou de tocar e um silêncio predominou o ambiente, até que ouvir alguém tocando as cordas de um vilão.

As notas foram se encaixando uma a outra, até formar a melodia do refrão de U got it Bad. Por coincidência adorava as músicas do Usher, e estava gostando de ouvir naquela outra voz masculina...

Você entendeu mal

Quando você está no telefone

Desliga e liga de novo

Você entendeu mal

Se você perder um dia sem seu amigo

Toda a sua vida sai dos trilhos...

Você entendeu mal quando

Você está presa em casa

Você não quer se divertir

Porque tudo o que você pensa...

Você entendeu mal

Quando você sai com alguém

Mas você continua pensando

Em outra pessoa...

Você entendeu mal

Cantarolei baixinho o refrão esperando não ser notada, até que uma voz rouca soou atrás de mim. Demorei um pouco até notar que a pessoa falava comigo e gelei envergonhada. Virei o rosto e um belo par de olhos castanhos me encaravam de uma maneira intimidadora. Confesso que me senti desconfortável com olhar que ele tinha sobre mim, acompanhado de um sorriso sacana que ele escondia nos lábios. E sim, era um dos sorrisos mais bonitos que meus olhos já tinham visto.

-Sua voz é linda... levar jeito para a música. -Disse ele.

A porta estava entre aberta, mas ele estava com a metade do corpo para fora do quarto, e não mostrou nenhuma reação em está apenas de cueca em minha frente.

Lábios canudos e rosados, olhos castanhos, um nariz e um abdome bem desenhado, cabelo loiro acompanhando de um topete. PERFEITO! Parecia uma obra de Leonardo da Vinci, ou um modelo da Calvin Clain. Eu poderia ficar admirando o resto da tarde, mas Abby gritava chamando meu nome e me recompus voltando a postura de antes.

-Alex não pode ficar aqui.... É o dormitório masculino- Ela quase gritou em meu rosto, me puxando para o lado.

-Ei calma! -Me livrei do seu braço- Não precisa me arrastar, conheço o caminho de volta. -Falei, mas ela nem deu importância ao notar o garoto quase sem roupa.

- Oi... o treino já terminou? -Ela perguntou e lá estava de volta seu sorriso nos lábios, sendo que agora dava para ver todos os dentes de sua boca.

- Butler acabou machucando o tornozelo. -Ele respondeu. Pude ver perfeitamente seus lábios canudos se movendo.

-Minha nossa! Está tudo bem com ele? - falou Ebby com uma reação um tanto que exagerada.

- Não foi nada grave, vai ficar bem.

- Que bom, porque os jogos estão se aproximando e você e Ryan são os melhores jogadores de hóquei -ele assentiu. Ebby estava com a mão na cintura e não parava de sorrir. Com certeza ela tinha interesse, no modelo da Calvin Cain, e dos grandes.

Ele abriu um pouco mais a porta nos dando uma visão perfeita do seu corpo. Minhas bochechas deveriam esta vermelha, e uma sensação estranha me invadiu. Quente e excitante, era aquela situação. Haviam tatuagens distribuídas em algumas partes do seu corpo, deixando ele mais sexy e atraente.

Tinha alguma coisa de errado comigo, parecia que eu nunca tinha visto um homem de cueca em minha frente, e parecia que Ebby também não.

Ele deu um sorriso baixinho ao perceber o efeito que havia causado em nós duas, e se escondeu atrás da porta. Nesse momento parei de observa-lo, cutucando Ebby na tentativa de chamar sua atenção.

- Então... eu vou indo -ela gaguejou e me segurei para não ri.

- Até logo é.…? -Ele se calou, pareceu tentar lembrar do seu nome.

- Abbey Tomaz, mas me chamam de Ebby - ela jogou o cabelo para trás fazendo bater em meus olhos. Atrevida!

-Então até logo Abby- ele disse.

Sentir seu olhar sobre mim, e parecia que ele esperava por alguma resposta da minha parte, mas Ebby foi mais rápida ignorando o que eu havia dito continuando me arrastar. Talvez fosse coisa da minha cabeça, mas pareceu que ela não me queria por perto da visão dos olhos de avelã. Acabei que tropeçando em meus próprios pés, mas não resistir a vontade de olhar para trás. O modelo da Calvin Clain ainda estava parando olhando a cena, até que abriu um sorriso mostrando todos os dentes de sua boca em minha direção. Seu sorriso era encantador!