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História Mad Hatter - A Beleza de uma faca


Escrita por: Sith_Quinn e MrsPuddin

Notas do Autor


Hey!
Nesse capítulo, em seus dias de psicoterapia, os jogos psicológicos de Coringa com Harleen começam a parecer bem claros. E tudo que parece sem nexo, obtém um objetivo certo.

Capítulo 2 - A Beleza de uma faca


Era o segundo dia de psicoterapia com Harleen. E, consequentemente, Coringa a esperava com
seu sorriso que poderia até parecer sutil e inocente, se não estivesse caracterizado, com o rosto
pintado como o palhaço de sempre.

— Olá, doutora. — ele disse ao vê-la entrar. 
— Achei que não viesse mais.

— Eu disse que voltaria. Não costumo mentir. Acostume-se com isso.

— Não costuma... mentir? Não, doutora. — ele parecia pensar outra coisa. — Talvez não. Mas
omitir não é mentir, certo?

— Eu não costumo fazer nada disso. Talvez agora você esteja mais disposto a me dizer o que
aconteceu com Dr. Taon.

— Dra. Quinzel, a senhorita sabe melhor do que ninguém que a melhor maneira de fugir de uma
pergunta sem mentir é... fingindo resposta.

— Não estou fingindo nem mentindo. 

— Não estou fingindo nem mentindo.
Coringa sorriu, dando a entender que a frase valia para ele também.

— O que aconteceu com o Dr. Taon? — insistiu Harleen.

— Se eu falar, me promete que não toca mais nesse assunto? É um assunto meio desagradável.
Podemos falar de tanta coisa mais interessante.

— Não tão cedo.— Insistiu a loira.

— Ok. — Coringa hesitou com uma expressão um tanto cínica. — Eu ameacei... arrancar os olhos
dele... — sua voz se tornou um sussurro. — com as mãos.

— Uma ameaça? — Harleen franziu as sobrancelhas, incrédula.

— Está duvidando que eu fizesse isso? Logo eu? Doutora...

— Estou duvidando que seja apenas isso.

— Eu estou duvidando que seja apenas isso que queira saber. — ele suspirou. — Quer saber como
eu consegui essas cicatrizes?... Eu era um aluno aplicando, mas também problemático por não
levar desaforos para casa. — o bom humor desapareceu do rosto de Coringa num instante. —
Havia um garoto perturbado naquele colégio, este perturbava a paz dos alunos aplicados. E
quando ele percebeu que eu não abaixava a cabeça para suas ameaças e tentativas de agressão,
ele se vingou. Chamou dois de seus amigos, maiores e mais fortes do que eu era. Eles esperaram a
hora da saída, me seguiram e me encurralaram num beco sem saída — um sorriso sutil e um
olhar desapropriado para história, levou uma expressão psicótica para seu rosto. — Como se não
bastasse a surra que levei dos três, quando cheguei em casa, Encontrei meu pai discutindo com minha mãe.— seu olhar se desviou do dela para o teto, lentamente. — Ele a expulsou a ponta pés da cozinha, então pressionou a
lâmina contra o meu rosto, olhou nos meus olhos e disse: "Vamos colocar um sorriso nesse rosto."
O sorriso de Coringa se alargou ao ver Harleen hesitante.  

— Claro. A senhorita é uma psicóloga formada, sabe que nesse período estudantil existem muitos
jovens com esse problema. Desvio de conduta... talvez. — ele continuou, encarando-a o que
pareceu um desafio particular. — Mesmo assim, talvez eu deva agradecer a ele, pois nunca mais
tirei o sorriso do rosto.  

***  

O tratamento de Coringa continuou por mais duas vezes. Depois do dia em que ele contara sobre
as cicatrizes, não fizera mais do que jogar conversa fora, embora fosse difícil dizer o que eram
palavras sem fé, quando se tratava de um paciente como o Coringa. Contudo, em seguida, Harleen
teve acesso aos relatos de seu paciente anteriores aos seus, feitos por Dr. Taon. Os levou para casa
para serem lidos e estudados com calma. Naquelas páginas, havia mais coisas do que esperava:

Desde os relatos de silêncio constante de seu paciente, fingir ingerir as drogas medicinais
terapêuticas à psicose e extrema agressividade.  
Em particular, quando conseguiu enfiar um
parafuso no ouvido de um guarda.  
Foi convencionado de que o parafuso foi retirado do vaso
sanitário da cela e escondido pelo preso.   Embora tenha sido decretada pelo asilo a perda dos
direitos cabíveis do prisioneiro, tendo como pena sua prisão isolada, Dr. Taon, como psicólogo de
Coringa, insistiu que seu paciente necessitava de algum tipo de entretenimento leve para
continuar o tratamento terapêutico.

Harleen pensou sobre isso enquanto tomava um chá à noite, relaxada no sofá quando seu
namorado, David Burle, chegou.

— Não aguento mais isso! — ele praguejou, jogando as chaves em cima da mesa, diante de
Harleen.

— Ainda com problemas com financiadores? — Harleen perguntou, cuidadosa.  

David era o atual dono de uma nova empresa de automóveis, que fora herança deixada pelo pai.
David e Harleen moravam numa cobertura de luxo no centro da cidade de Gotham. David era um
adulto desacostumado com responsabilidades. Ter muito dinheiro em sua conta lhe subira a
cabeça e ser dono de uma empresa estava mudando seu temperamento. Harleen sabia disso, mas
considerara seus xingamentos um comportamento relevável do estresse, enquanto era só isso.  

— Compradores em geral. A empresa toda está desandando! — ele foi até a parede de vidro,
ficando de costas para Harleen. — Que merda!

— Quer parar? Não precisa ficar gritando. Eu não tenho culpa disso, sabia?
Ele se virou repentinamente, apontando o dedo para ela.  

— Você não sabe de nada, Harleen!
Harleen se levantou, encarando-o.  

— O quê? Como ousa dizer isso?! Acha que é o único que têm problemas, por acaso?!

— Ah, qual é? O que quer comparar? — ele discutiu. — Tudo o que você faz é bater papo com um
bando de loucos!  

— Cala essa boca! — ela se obrigava a acreditar no que ouvia. — Não menospreze meu trabalho.
Você nunca moveu um dedo para ter o que tem!  

— E você? O que moveu para ter o que tem? — ele se aproximou, com revolta assustadora. —
Acha que compraria uma cobertura glamorosa como essa em quanto tempo com seu trabalho
incomparável?  

— Você pode enfiar o seu dinheiro no seu...

— Cala a boca, Harleen. — ele a interrompeu, tentando, claramente, se controlar. — Cala essa
boca.  

Harleen se sentou novamente, retomando a leitura dos relatos de Dr. Taon e suspirou.  

David se
sentou no outro sofá, de frente para ela.
Depois de alguns minutos em silêncio, Harleen hesitou por um segundo e perguntou:  

— Você já praticou bullying quando era mais jovem?
David hesitou por um instante, incrédulo. 

— O quê?

— Foi uma pergunta simples. Já praticou bullying?

— Eu não sou um de seus pacientes. Pare de me testar. 
  
— Não estou testando você. — ela levou uma das mãos à cabeça, cansada. — Foi só uma pergunta.

— Então, pare com essas perguntas! — ele se levantou. — Vou tomar banho e dormir. Estou
cansado demais para conversar besteiras.

No dia seguinte, ao chegar a recepção do asilo, Harleen resolveu mudar um pouco sua rotina, por
si mesma.  

— Olá, Dra. Quinzel. — disse a recepcionista ao desligar o telefone.

— Olá, Carolyn. — Harleen a cumprimento com um grande sorriso. — Pode fazer um favor para
mim? Pode mudar minha escala da equipe hoje? Preciso ver meu paciente.

— Mas, doutora, eu não posso mexer nos...

— Não se preocupe com isso. Hoje eu estou como assistente. Qualquer um deles pode me
substituir.

Harleen já ia saindo.

— Mas, doutora... — Carolyn se levantou, porém teve de atender ao telefone.

— Mandarei minhas saudações para diretoria. Fique tranquila! — ela disse, aumentando a voz
para superar a distancia que se formava da recepção.  

Harleen se adiantou com a visita de seu paciente em particular, conseguindo as chaves da cela e
se encaminhando diretamente para lá.
Coringa se surpreendeu com a visita de sua psicóloga, ainda era cedo e aquele não era dia
psicoterapia. Ainda estava na cama, mas estava acordado, com um livro nas mãos e já de
maquiagem.  

— Vamos começar a terapia. — ordenou Harleen, em seu tom duro de voz.  

— Eu estou ficando ainda mais louco porque, sério, não senti muito tempo passar desde nossa
última sessão. — ele disse, indiferente.  

— Adiantei nossa sessão. — ela se sentou numa cadeira de frente para ele.  

— Me senti importante agora. Um fiel merecedor de sua maravilhosa atenção, Dra. Quinzel. — ele
se sentou na cama, com as pernas cruzadas e os olhos fixos no livro. — Aliás, obrigado por
convencê-los a me fornecer pelo menos um livro. Tenho muito o que fazer aqui dentro. — ele
gargalhou com seu próprio sarcasmo.  

— Que tal começar pelo parafuso? — ela o ignorou.  

— "As marcas que os seres humanos deixam são, com frequência, cicatrizes." — Coringa leu,
atuando com sua voz.  

— Vamos começar a terapia. — insistiu Harleen.  

— "Sem dor, não poderíamos reconhecer o prazer." — ele continuou, ignorando-a. — O autor desse
livro nem sabe o quanto essas frases fazem sentido. — ele riu.  

— Você quer, por favor...— murmurou Harleen persistentemente.  

— A Culpa é das Estrelas. — ele leu o título, Interrompendo-a — É legal, mas está na cara que não é o meu gênero
favorito. Eu iria ficar mais feliz se conseguisse descolar Silêncio dos Inocentes. Nunca me canso
desse.  

— Se não começar a responder minhas perguntas agora mesmo, vai perder o que já tem.  

Ele se sentou mais relaxado e ficou com a mesma expressão de uma criança decepcionada. Deixou
o livro de lado. E sua língua passou rapidamente pelo canto da boca, o que era quase seu tique
constante.  

— Muito bem. — disse Harleen. — Quer me contar sobre o guarda e o parafuso?
 

— Você acaba de intitular isso.  

Harleen esperou que ele dissesse algo e, com o olhar dela, ele cedeu.  

— Não tenho muito o que contar sobre isso. — ele coçou a cabeça.  
 

— Por que fez isso?  

— Harleen, minha querida... Dra. Quinzel — ele se corrigiu com um novo olhar de Harleen. — O
que espera de mim?  

— Você não tem mesmo nenhum motivo para fazer o que faz?  

Coringa se aproximou das grades e hesitou, tornando-se sério novamente.  

— Eu sou um louco. — disse ele. — Não preciso exatamente de motivos para fazer coisas... loucas.  

— Tem noção do que faz?  

— Absoluta. — ele não hesitou.  

— Então por que se julga louco? — Coringa lhe intrigava muito, isso à irritava.

— Porque... — ele estalava os dedos, um por um, com um sorriso piscótico presente em sua face— a sociedade não aceita minha forma de
divertimento.  

— Fazer as pessoas sentirem dor é realmente divertido?  

Coringa se aproximou ao máximo, apoiando um braço nas grades, como que para contar um
segredo.  

— Minha cara, se estivesse no meu lugar, você acharia cada coisa divertida. — ele riu entre as
palavras.  

— Desde antes de estar aqui, você achava esse tipo de violência divertido...  

— Você também acha, só não admite. — ele a interrompeu.

— E o que ganhava com isso? — ela o ignorou. — Deixou claro que não era por dinheiro. Por que
fazer isso?  

Ele abriu os braços como se estivesse apresentando o lugar.  

— Bem-Vinda ao século XXI, onde os vilões conquistam mais fãs que os mocinhos.  

— Então é isso que você quer? Fama? Fãs loucos como... 

— Como eu. — ele completou, com um sorriso no rosto. — Brilhante.  

— É isso o que quer?
 

— Oh, minha cara doc, Eu quero tantas coisas... Como, por exemplo, sair daqui. Mas não para sempre. — ele voltou
atrás rapidamente franzindo as sobrancelhas. — Só para dar uma volta. Eu não gostaria de nunca
mais vê-la. Eu não sairia daqui de mal com a doutora mais atraente da classe. Um dia ainda vou
me gabar da nossa amizade.  

Harleen hesitou. Cansada, lamentou deixar transparecer.  
 

— O que foi, Dra. Quinzel? — o olhar dele queria estava fisgando alguma coisa, ele não tinha
dúvidas. — Parece estressada, física e mentalmente.  

— Vamos encerrar a sessão. — Harleen se levantou rapidamente.

— Quer dizer que eu não sou o principal motivo?  

Ela já ia se dirigindo para saída, no entanto, aquela pergunta a fizera parar para encará-lo
novamente, com um olhar desafiador.
Coringa se levantou, se aproximando das grades.  

— Ou talvez eu seja, mas não diretamente. Posso ver em seus lindos olhos que existe alguma coisa
entre o nosso relacionamento. — ele sorriu. — Admito que você seja uma garotinha muito
corajosa para se sujeitar cuidar da mente de um psicopata, mas não o suficiente para estabilizá-la,
pois para isso, você teria que... arriscar... a sua... pele.  

A expressão de Harleen se completou com um sorriso tão desafiador quanto seu olhar.
O sorriso de Coringa aumentou com a reação dela.  

— Vamos lá, doutora. O que se passa por essa mente brilhante?...  

— Eu faço as perguntas por aqui.  

— Às vezes, há boas causas. Sempre há.

— Boas causas para o quê?  

— Para quando você olha uma faca grande e pesada, e sente vontade de usá-la... Não só para
cozinhar... Não só para cozinhar para ele. — Ela sabia muito bem, a quem ele se referia. David.  

O olhar de Coringa se aprofundou em Harleen e o sorriso dela desapareceu. O sorriso de Coringa
se suavizou, quando percebera que chegara ao ponto que queria.  

— Quer saber o que eu sinto quando vejo uma lâmina afiada com brilho reluzente à minha
disposição? A beleza de uma faca pode ser algo surpreendentemente atraente... Quando ninguém
mais acredita que você será capaz de se levantar, nem mesmo você — ele levantou sua própria
mão como se tivesse olhando para uma pequena faca invisível. —, é aí que ela te complementa e
revive todo esse poder... — ele voltou um olhar totalmente penetrante para Harleen. — que já existia
dentro de você. — ele suspirou, fechando os olhos por um instante. —... Ah, Harleen, Harleen...
Olhe-se mais no espelho e veja como você é bela para ficar se desperdiçando. Suas mãos são muito
delicadas para serem gastas com coisas que ninguém dá valor. Ah, não. Você é uma psiquiatra,
muito estudada e inteligente para se sujeitar a fazer certas coisas... — ele voltou o olhar para ela.
— para alguém que não tem merecidom.... 

Harleen hesitou, pouco antes de se virar novamente para sair.  

— Quem cala, consente. — disse Coringa, antes que ela pudesse sair e fechar a porta atrás de si, dando altas gargalhadas, como se tivesse descoberto uma nova piada.
 

Coringa suspirou com expressão insatisfeita no rosto e um tanto infantil.
Foi até o livro, arrancou a última página, observando cuidadosamente sua espessura e laterais,
comentou consigo mesmo:  

—... Eu mesmo daria um jeito nisso... — ele dobrou a folha. — se pudesse. Mas como não posso... —
um sorriso sutil apareceu em seu rosto enquanto escondia a folha em sua manga. — este será meu
truque de mágica.



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