Depois, das descobertas e das provocações de Ji Yong nunca mais o vi. O casamento - por algum motivo - não havia sido alertado para a impressa, por mais que na noite onde meu pai sofreu o atentado, seria para mostrar o famoso casal da Coréia. Tentei de várias formas entender onde a vida errou com ele para que se tornasse o que é hoje, eu não convivi com o mesmo para saber o que aconteceu até aqui, porém estava ciente de que suas ramificações também o obrigaram a se tornar mal, assim como a minha, mas por que ser alguém tão desrespeitoso?
Era os Kwon, Haruna!
Só de pensar esse sobrenome, sentia uma raiva.
Era difícil lidar, era como de cada família tivesse seu modo de governar. Havia aqueles bonzinhos, maldosos, psicopatas, até mesmos os mais delicados. Era muito estranho pensar dessa forma, já que isso era apenas um detalhe, todos estavam laçados na maldade.
Frustrada tomei toda a bebida que estava na taça, por mais que estivesse aqui, me sentia perdida. Toda essa história de casamento estava tornando meus rumos diferentes do que havia planejado, e talvez seja isso que esteja me deixando extremamente irritada.
De repente lembrei dos arquivos do pendrive, como pude esquecer desse detalhe tão importante? Como fiquei por pouco tempo naquela sala, antes de Ji Yong e CL aparecer, não havia dado tempo o suficiente para pesquisar. Havia muitos mafiosos na organização e apenas tinha olhado os perfis dos mais fortes, deixando de lado os secundários.
Passei vários minutos, até mesmo hora olhando repetidas vezes aqueles arquivos, porém nada era encontrado. Seria difícil chegar ao meu objetivo.
A cada nome, a cada pasta, a ansiedade aumentava, os arquivos estavam terminando e era frustrante não descobrir nada.
Só que algo dentro de mim me dizia para não desistir, que estava perto, que deveria ficar de olho nos que me rondavam, não sabia ao certo se deveria seguir minha intuição. Talvez, eu estivesse ansiosa demais para acabar com quem destruiu minha família, que chegava a ficar cega para pequenos detalhes.
Com mais calma, revirei demais pastas, até chegar em SeungRi, DaeSung, YoungBae, SeungHyun e Ji Yong.
Estavam uma uma única pasta separada das outras, assim como CL, Minzy, Park Bom e Dara.
Não sabia que na organização existiam pequenos grupos com os herdeiros das famílias.
Franzi o cenho sem entender, desde quando faziam esses tipos de coisas?
Aprofundando mais ao ler os artigos e missões que fizeram, cheguei a demais grupos.
Big Bang, 2ne1, BlackPink, Ikon, BTS, Exo, Got7, Uniq… Eram tantos que chegava a preencher quase uma página por inteiro.
Se meu pai estava ciente desses atos, então por que não me informou?
O grupo de Ji Yong comandava e o resto dos grupos faziam trabalhos menores, porém, muito perigoso.
O que tinha mais a descobrir?
Simplesmente ri… era tudo uma piada!
Perdida em pensamentos, nos arquivos e fotos dos membros que me assustei ao ouvir meu celular tocar. Olhei a tela brilhar… um número desconhecido estava estampado, sentia meu celular vibrar sem parar até cair a ligação. Segundo depois começou a tocar novamente, sem importância decidi atender. Não estava acostumada em receber ligações de desconhecidos, não custava atender, poderia ser algo delicado.
Fiquei calada, não disse nem um “Oi”, quem quer que fosse do outro lado da linha teria que se pronunciar.
- Gosto desse seu jeito delicado! - uma voz grossa soou. - Mas, ficarei decepcionado se não ouvir sua voz.
Aquela voz não era de Ji Yong, ou até mesmo de Kiji e meu pai, mas já tinha ouvido em algum lugar. Procurei em minhas recordações onde havia escutado aquele tom sedutor e sério, me arrependemos amargamente.
Não sabia o que falar, minha garganta havia ficado seca de repente. Não que ele me amedrontasse, mas não esperava sua ligação por quaisquer motivo que fosse.
- Bom… - sorriu abafado. - Talvez esteja frustrada sem saber o que fazer com os arquivos da associação, então pensei que estivesse precisando de ajuda. Mas, pelo visto você…
- Onde você está?
Falei com pressa sem ao menos perceber minha imprudência, ele por fim riu mais uma vez me fazendo sentir impotente. Não estava preocupada com ele e sim, com tudo o que envolvia minhas pesquisas e investigações, me senti curiosa por ele saber o que estava procurando. Ele era misterioso ao extremo, então não podia abaixar a guarda.
Poderia desfrutar de seus conhecimentos sem comprometer alguém, eu era esperta e cautelosa.
- Vá até a janela… - disse ele e assim fiz. - Olhe para baixo, Haruna!
E me pus a fazer o que havia mandado!
Ele parecia minúsculo visto de último andar daquele prédio, podia perceber que estava encostado em seu carro com a pernas cruzadas.
- Desça! Preciso lhe mostrar algo! Algo de seu agrado! - desligou.
Deslizei o telefone de meu ouvido, pensando seriamente em descer até lá por pura curiosidade. Entrei no apartamento novamente, olhei a enorme pilha de arquivos em cima da mesa e nenhuma resposta. Já que ele deu seu primeiro passo em “oferecer” ajuda, não poderia ser tão egoísta. Mas, se o mesmo sabe da minha busca, deve estar seguindo meus passos, mas por que? E para que?
Éramos da mesma organização, mas de famílias diferente. Por mais que nosso contato tivesse sido pouco anos atrás, não justificava que deveria vim aqui se oferecer para ajudar sem nem ao menos que tenha algo por trás disso.
Suspirei frustrada, balançando os cabelos.
Sorri virando o rosto para o lado lembrando atentamente de cenas do passado, não imaginávamos que teríamos uma vida como essa.
Fui até a mesa, coloquei mais um pouco de bebida em minha taça, tomei de uma só vez esquentando a garganta. Me dirigi até a sala, peguei a chave e o sobretudo. Estava frio e pelo pouco que sei da pessoa que estava me esperando lá embaixo, deveria estar preparada para qualquer imprevisto.
Como sempre, a cidade estava iluminada e agitada. Ao longe podia vê-lo, estava atento e olhava para os lados como se estivesse sentindo a presença de alguém, ou verificando algo. Dei os ombros, ignorei todos que me encaravam naquele prédio, e não hesitei ao me aproximar tão rápido dele.
E tudo isso se chamava curiosidade!
Coloquei as mãos no bolso do sobretudo, enquanto ele me olhava atentamente até chegar perto. Desenhava cada passo, e da extensão do meu corpo.
Observador demais… - pensei.
Não desviamos o olhar um do outro por nenhum momento, queria entender suas expressões, poder enxergar o que se passava em sua mente, porém seu sorriso ladino estava estampado em seu rosto, o que deixou incrivelmente lindo.
- Choi SeungHyun!? - o cumprimentei formalmente.
Ele por sua vez estendeu a mão para que eu pegasse, e assim fiz.
Poderia ser coisa da minha cabeça, vi seus olhos brilharem, ascenderem como uma chama. Sorriu beijando minha mão, deveria estar pensando coisas na qual tive a curiosidade de saber nesse momento. E por nenhum minuto sequer pude me deixar transparecer algum vestígio de sentimentos. Já Choi estava bem diferente das vezes que o vi, sempre sério e agora parecia ser outro, sorrindo, mesmo que seu sorriso fosse tão pequeno.
- Senhorita Voltoline! - beijou minha mão com cavalheirismo, sem desgrudar seu olhar do meu.
- O que queres? - perguntei sem rodeios arrancando-o pequenos sorriso discretos.
- Entre no carro! Lhe mostrarei no caminho! - abriu a porta de seu carro e esperou que eu entrasse.
Entrei no carro, estava bem preparada para qualquer ameaça, armada se caso um imprevisto acontecesse. Ficamos em silêncio por um período de tempo, andávamos calmamente entre as ruas de Seoul, e se não fosse pelo fato de conhecer bem aquele lugar, diria que estávamos andado em círculo, ou melhor, estávamos em círculo.
Notei a enorme boate onde encontrei dias atrás, por acaso. E aquele maldito nome brilhava com as lâmpadas coloridas. E já havíamos passado por aqui.
Olhei para Choi em reprovação, pois por um momento pensei que iriamos ver algo importante que envolvia o assassino de minha mãe.
- Olhe pelo retrovisor! - ordenou sério, e olhei como foi mandado.
Vi um carro preto em nossa direção, era tão óbvio que acompanhava nosso ritmo e dobrava na mesma rua em que dobramos.
- Quem é? - perguntei.
Então, esse era o motivo de estar desconfiado quando o encontrei na frente do meu apartamento.
- Pergunte ao seu noivo. - riu.
Olhei de eslaio, mas preferi não dar-lhe uma resposta severa, então apenas suspirei e falei:
- Não somos noivos!
Vi ele olhar para minha mão direita e voltar a dirigir. Aliás, por que Ji Yong estaria me seguindo ou mandaria alguém me seguir? Pelo que sei, isso não faz seu tipo, ainda está testando sua noiva para ter a plena certeza que está apta para governar ao seu lado?
- Pensei que já estivessem fazendo os preparativos para o casório!
- Choi SeungHyun, por que, teve a audácia de me ligar e fazer-me sair de meu apartamento? Tudo isso era apenas para me provocar e ficar rodeando a cidade inteira essa noite? - disse irritada.
Toda essa história de casamento me dava aos nervos, e não tinha cabeça para provocações. Choi estava parecendo Kiji em pessoa. Ouvi ele suspirar pesadamente, o que me fez prestar bastante atenção.
- Se segure firme! - dito isso, passou a marcha e acelerou de uma vez fazendo meu corpo pegar impulso para trás, e prensar contra o banco de passageiro.
As pessoas se assustaram e se puseram a sair do caminho, afastando-se para os lados. Com a velocidade passamos por demais ruas estreitas e avenidas, olhei diversas vezes para trás na tentativa de avistar o inimigo, e cada vez mais o misterioso carro ia se distanciando, deixando-me mais tranquila. Na minha cabeça não entrava essa ideia de estar sendo seguida aos mandados do meu “futuro noivo”. Isso seria baixo demais, e frustrante.
- Como sabe que são homens de Ji Yong? - perguntei alto, pois a velocidade era incrível e assustadora, qualquer deslize morreríamos na hora.
- Ele tem andado muito estranho ultimamente, então o observei por um tempo e acabei descobrindo algumas coisas, e essa é uma delas! - falou atento à estrada.
Essa é uma delas – ecoou em minha mente. - O que ele tem em mente?
Encontrei fotos nossas em seu guarda-roupa, e agora mais essa revelação de Choi, era tão estranho e confuso já que o mesmo era tão imbatível e superior, então por que e para quê tudo isso?
Balancei a cabeça evitando esses tipos de pensamentos, tentei focar em outros pontos, ignorando totalmente minha mente me dominando. Olhei mais uma vez para o retrovisor, não avistado nada além de poucas pessoas.
O caminho foi longo, e logo estávamos fora da cidade. Por fim, conseguimos escapar e andávamos tranquilamente pela estrada.
- Encontrei versos no apartamento de Ji Yong… - olhei para ele atenta. - E justamente esses mesmos versos são os que vagam por ai, não só na Coréia, mas em todo o mundo, e são esses versos que atormentam você. - pausou. Pareceu hesitante em continuar, e logo por fim decidiu prosseguir. - Não quero ter a hipótese de que Ji Yong esteja por trás de tantos assassinatos, e olhando por outro lado, ele não tinha idade o suficiente para comandar o assassinato de sua mãe, então ele não seria o assassino. Descartamos Ji Yong, e foquemos nos que rodeiam ele. E por aqueles que querem colocar essa culpa sobre as costas dele.
- Por que, culpa?
- Os versos são definitivamente o que define Ji Yong, então alguém muito próximo à ele é o assassino de sua mãe!
Meu ar faltou na hora, como não percebi Isso?
Aqueles versos me lembrava alguém, mas não conseguia lembrar quem. Estava tão preocupada com demais coisas que me esqueci do verso, e isso significa que ele está próximo, mais do que eu podia imaginar.
Eu sorri fraco, nem para isso eu presto. Choi chegou a essa conclusão apenas observando atitudes estranhas de seu amigo, enquanto eu passei anos pesquisando e pesquisando e no final nunca achava nada.
- Ji Yong sabe sobre sua busca, não é atoa que há homens monitorando você. Não que você seja uma ameaça, mas para que nenhum mal aconteça com sua futura esposa. - completou ele.
Não conseguia pensar nisso, era informação demais para uma noite só. Não cansava de dizer para mim mesma que tudo o que envolvia ele me deixava dessa forma, não queria entender nessa história de monitoramento, estava fora do meu entendimento em relação a Ji Yong.
- Ji Yong, não faria isso. Ele é um psicopata doente! - sussurrei sem pensar.
- Combina com você! - respondeu.
De repente, Choi encostou o carro no canto da estrada e fixou seu olhar adiante. Olhei na mesma direção do que o mesmo e pude ver uma enorme mansão. Havia homens monitorando o local, mas por descuido do mesmo não notaram o carro ao longe. Deveriam ser homens incompetentes como os de meu pai.
- Naquela mansão há um suspeito, o mesmo entrou em minha lista desde o momento em que o vi fazer parte de um dos assassinatos onde incluía o verso. - pegou uma arma que estava no cós de sua calça. - Um erro muito grande de sua parte.
- Por que, está fazendo isso? - ele me olhou. - Isso não vem ao seu caso e mesmo assim está entrando nesse assunto delicado.
Ele sorriu calmo, destravando a arma.
- Não me pergunte isso, nem eu mesmo sei a resposta. - olhou para mim. - Você está me devendo um favor, Senhorita Voltolini.
Choi saiu do carro e se pôs a andar em direção a mansão. E pela primeira vez naquela noite eu sorri, parte de mim estava em paz por ter chegado adiante em relação às investigações. Sabemos que há um suspeito, e Choi está se sacrificando em me ajudar.
Peguei ambas as armas que estava em minha cintura, destravei e sai do carro seguindo os passos de Choi.
Estava começando a gostar desse jogo, nada melhor do que me desestressar com algo tão prazeroso.
Nossas armas atiravam em silêncio o que nos ajudava bastante, com rapidez conseguimos matar os seguranças do lado de fora, Choi era tão bom em armas que chamou bastante minha atenção, não era a toa que venceu na arena. Lembro-me muito bem seu corpo magro e do modo como matou seu adversário, e aqui estamos nós, fazendo uma missão juntos, e isso estava me agradando de uma forma estranha.
- Deixarei o resto da diversão com você. - falou ele suspirando cansado me despertando do transe. - Sei que não gosta quando lhe atrapalham, e bom… eu sou muito empolgado quando me encontro nesses tipos de situações, então você comanda de agora em diante. - fez um aceno a mão e voltou para o carro.
O agradeci mentalmente, ele parecia me conhecer muito bem. Troquei as balas da arma, soltando um pesado suspiro, era agora ou nunca. Choi deixou o resto comigo e não podia decepcioná-lo.
Adentrei aquela enorme mansão, e logo fui surpreendida por mais capangas, mas com mim já experiência e habilidades, consegui vencer com facilidade sem sofrer nenhum arranhão. Lutei, atirei, matei todos presentes naquele local e não havia sensação melhor do que aquela, agradeci mentalmente Choi diversas vezes.
Após, vasculhar toda mansão, consegui chegar a um quarto cujo as portas eram detalhadas em outro ouro.
Muito extravagante… - pensei comigo mesma.
As portas se abriram, e com ela um raiva e ansiedade possuiu meu corpo e alma. Me encontrei cega e perdida, não haveria palavras, não haveria sentimentos ou qualquer outro tipo de coisas que me levasse a redimir.
- Achei que nunca viria, minha doce Haruna! - disse o tal homem de Costa para mim até então.
Virou com seu sorriso estampado em sua face.
Não disse nenhum palavra, Simplesmente perdida a fala em demasiada situações, isso era um fato.
Eu sei que deveria ter calma, ter controle, mas por que, era tão difícil?
E mais uma batalha foi traçada ali, nos comunicavamos através de olhares. Suor caia sobre o tapete, meus músculos se encontravam rígidos e cansados, isso não era motivo para desistir.
Nosso corpos se chocando era ouvido ao longe, gemidos de dor, até o momento em que tudo se escurece ao ver gotas de seu sangue cair ao chão.
“É um erro me chamar de ..., me chame de Deus
Se você quiser, eu viro ao contrário e me torno um cão
Pare de memorizar fórmulas inúteis, mas lembre-se desta
Eu sou 1 mais 1, J...
Minha idade é 2 e 7 combinado, natural
Eu nunca perco, os jogadores têm hemorragias cerebrais
Quer ser bem sucedido? Sim, eu sou o manual
Quer me provar? Então mantenha a coisa sexual
Me graduei cedo na escola dos golpes duros, é sinistro
Estou cagando e andando para seus raps chatos, sem piscar
Não preciso puxar saco de nomes ou marcas
Porque eu recebo aplausos, mesmo quando faço merda
(Advinha, eu sou famoso)
Este é o início do incrível caminho para se tornar meu fã
Você fala muito, dizendo que eu tenho muito dinheiro?
A minha conta bancária é como uma mesa de bilhar, tantas bolas."
Haviam falhas, havia falta de letras na qual teria que completa e algum nome ao decorrer do verso. E sempre eram nos mesmo lugares, o que me causava uma irritação descomunal.
Olhei aquele corpo na cama e não sentia nada mais do que uma repulsa. Os lençóis sujos de sangue e o cheiro metálico era inalado. Seus olhos suplicantes tentavam enganar a morte, não seria tão piedosa. Sua respiração ofegante, suas mãos tateando a seda branca que cobria a cama e sobre ela seu corpo quase inerte.
Sobre minhas mãos ensanguentada havia uma carta, e nela uma caricatura conhecida. E adiante de mim um corpo lutando pela vida.
Errei novamente...
Encarava a vítima com desdém, sobre seu pescoço havia um corte que eu fizera por puro desejo. O plano não era acabar aqui, mas quem sou eu para seguir regras?
Se há desejo em meu corpo, nada me detém!
- Onde está seu Senhor? - pergunto movendo meus olhos da carta para o corpo jogado à cama.
- Vá para o inferno, sua vadia!
Levantei minha destra mirando a arma no ponto vital. A veia pulsava em sua coxa, um tiro ali seria fatal. Uma onda de excitação preencheu meus sentidos. Era adorável vê -lo agonizando.
- Onde está o seu Senhor? - pergunto novamente disparando em sua perna esquerda acima do joelho.Os músculos de sua boca se estenderam para firmar um grito estridente, por sorte, todos presente na residência estavam mortos.
- Jamais entregarei meu Senhor! - a cada palavra que dava, as pequenas ondas de sangue fluíam até seu pescoço manchando o lençol de seda.
- Um senhor de merda!
As gotas da chuva forte caiam bruscamente nos telhados, misturado com o som da angústia de seus gemidos de dor. Analisando melhor essas melodias a música se tornava perfeita para os meus ouvidos, e para o complemento de minha satisfação, ver o corpo semi-morto diante de mim causava-me êxtase.
Por que, alguém teria a audácia de servi à uma pessoa? De lhe entregar a própria vida para protegê-lo?
O mesmo Senhor que destruiu minha família, assim como de Kiji. Levou minha mãe para outro mundo.
Queria poder ser piedosa, mas como iria conseguir sabendo que pessoas o servem, o veneram como se fosse um Deus. O que há de errado com essas pessoas?
- Seus órgãos fará parte de minha coleção, e contando com você a minha lista negra chega à 99. - complementei. - Diga-me, o que seu senhor faria por você nesse momento?
- Ele já fez. - desafiou. - E estou pouco me fodendo para o que irá me acontecer agora!
E o que ele fez por ele? Alguém que pratica essas crueldade não faria nada de bom para terceiros.
- Que atencioso... - sussurrei descontraída. - Amo sentir esse gosto de quero mais, me deixa com mais... sanidade.
- Vamos, atire! - berrava. - Atire!
- Pela sua teimosia, irei lhe castigar. - sorri diabólica. - Irá fazer companhia para os demais de seu clã.
- Eu te espero lá - foi a única coisa que ouvi antes de dilacerar sua cabeça com um único tiro em sua testa. Eu terei o maior prazer de lhe fazer companhia depois de encontrar a minha presa.
Sua destra cambaleou para o lado caindo sobre o tecido, seus olhos se fecharam a contra-gosto . Os seus pulmões teimaram em inalar qualquer vestígio de oxigênio que pudesse encontrar, seu peito insistia em subir e descer. Mas, a morte não permitiu tal gosto.Jogo a carta sobre o corpo morto. Seu branco natural se tornou escarlate ao tocar a fina camada da seda, um tecido que devia custar muito dinheiro.
Gritei de tanto ódio e raiva, não importava o que fazia, ele parecia estar brincando comigo, e o pior de tudo era que ele estava conseguindo.
Não me importei em deixar o corpo naquele estado, pouco me importava com o respeito que deveria ter por conta de sua morte. Joguei gasolina na cama e toda parte da casa e por fim, toquei fogo.
Observava o enorme fogo consumir a mansão, meu corpo estava sujo, fedorento, mesmo assim não deixei de apreciar o que causei. Havia feito um favor a sociedade, agora o mundo se encontrava novamente com menos assassinos no mundo.
Choi estava pensativo, não havia dito uma palavra sequer até então. Muito menos havia se incomodado pelo meu estado, não ligava, muito menos olhava-me de eslaio. Parecia aceitar meu “segundo” Eu.
Apreciamos aquela cena por um longo tempo até ouvir sua voz.
- O que você descobriu com esse homem? - gesticulou Choi.
- Apenas, uma carta igual as outras.
- Com os mesmos versos?
- Sim.
Choi não se pronunciou a seguir, ficou observando as chamas destruírem todo o lugar, depois entrou no carro e esperou que eu entrasse. Não iria questionar seu comportamento, talvez ele esteja decepcionado consigo mesmo por achar que o assassino estaria aqui. Não o culpava, pois sabia como se sentia, era complexo demais para expressar em palavras.
Um silêncio perturbado se instalou, aquilo já estava me irritando, não que eu não gostasse, mas eu estava acostumada com ameaças e repreensões devido ao estrago que sempre fazia quando ficava fora de mim.
- Haverá uma corrida daqui a alguns minutos, Ji Yong estará lá. Talvez você quisesse ir, poderia correr. - falou ele descontraído.
O olhei surpresa!
Fazia anos que não corria, tanto tempo que nem me lembrava da sensação. Por um momento parei pra pensar, desde da arena nunca mais tive quaisquer contado com alguém da Coréia. E como ele sabe desses assuntos peculiares?
Não quero pensar que estou sendo seguida e estudada a anos, pois isso não seria bom nem para mim e principalmente para alguém como ele. O fato de ser da mesma organização não me impedia de acabar com sua vida, eu odiava ser perseguida.
De repente, o cinema começou a ficar frio. Olhei para o céu avermelhado indicando que a qualquer momento iria chover.
- Vi sua corrida em Berlim, USA, Brasil e em demais lugares do mundo. - orquiei uma sobrancelha e o encarei séria.
- A quanto tempo anda me seguindo?
- A palavra correta seria admirar e não seguir, Haruna! - se defendeu.
- Admirar? O que você admiraria em alguém como eu? - rebati curiosa.
E depois de um tempo respondeu:
- Admiro tudo em Você! - seu olhar pareceu distante e sereno.
Não sabia o que falar, não esperava tais palavras sairem de sua boca. E o pior era que, não conseguia entender o significado do que tinha dito. Palavras do tipo eram complexas para mim, o fato de nunca ter apressiado tal sentimento depois de tantos anos, fez com que esquecesse o modo como de comportar em situações como essa.
- E… qual é o prêmio dessa corrida? - mudei de assunto inquieta.
- Seja minha aposta, e lhe darei o que for para que ache o assassino de sua mãe. E o mais importante… - olhou para mim. - Que me conceda a honra de convidá-lá para um jantar!
Não deixei de sorrir… Choi sendo Choi.
- A proposta parece ser tentadora!
- Creio que você irá vencer, apenas me dê essa oportunidade. - completou.
Por que, ele estaria envolvido em corridas?
Sabia que desde criança, Ji Yong tinha paixões, e uma delas era de carro, era um colecionador fanático. Mas, naquela época qualquer coisa nos fascinava, era até estranho pensar que até hoje ele ainda poderia ter essa paixão, mas de um jeito bastante perigoso.
- Por que, tenho a sensação de que está querendo me aproximar de Ji Yong por quaisquer motivo?! - falei pensativa.
- Apenas quero que conheça bem com quem irá se casar.
- Se não houvesse um contrato, eu estaria bem longe desse país. - soei fria.
Choi me olhou surpreso mais uma vez naquela noite. Ao meu ver, todos daquele organização sabia desse maldito contrato. Vi ele passar uma de suas mãos entre seus cabelos negros e um leve suspiro sair de suas narinas, parecia frustrado com algo.
- Vocês eram tão grudados que cheguei a imaginar que ambos ainda se amassem, por isso que estariam selando esse casamento. - falou distraído e incomodado. Era perceptível a irritação em sua voz.
E ele estava certo! Éramos grudados demais, compartilhávamos tudo, brigávamos, ríamos, brincávamos, chorávamos. Parecíamos únicos em um só corpo e alma.
Uma sensação de desconforto tomou conta de mim, e mais uma vez me pus a pensar sobre aquele contrato. Queria poder imaginar onde tudo isso acabaria, se pelo menos eu pudesse conviver longe de meu futuro marido, ficaria mais do que satisfeita, mas havia o teatro, onde iríamos nos fingir de apaixonados e essa era a parte que odiava só de imaginar.
- Era tão óbvio assim? - perguntei serena.
- Óbvio demais para suportar! - disse rígido.
- O que quer dizer com isso? - a curiosidade tomou conta de mim mais uma vez.
Já havia notado que seu tom de voz mudava cada vez que tocava no nome de Ji Yong, O que havia de errado com ele?
Lembro-me bem, que quando éramos criança, Choi costumava me olhar em excesso, por pequenos momentos notava esse seu comportamento, mas nada de se estranhar, no final de tudo eu acabava sorrindo para ele, e o mesmo sempre desviava o olhar e ía embora.
- Acho que esses tipos de assuntos não deviam ser questionado entre ambos, aliás quero apenas construir algo com você. Nada em particular, mas que seja com sua livre e espontânea vontade. – tentou mudar de assunto.
- E por que quer isso?
- Eu realmente não sei... – sussurrou no final, acelerando o carro.
Queria fazer inúmeras perguntas, mas lutei contra mim mesma para ter paciência, pois ora ou outra tudo iria se esclarecer, não poderia ter pressa.
E foi dessa forma que haviam me ensinado, e da mesma forma como consegui derrotar meus inimigos.
Pensei por algum tempo, não seria uma má ideia correr. Fazia anos que não participava de uma corrida, e se Ji Yong estava no meio, as coisas eram sérias e de seu agrado. Não custava nada fazer uma pequena surpresa para o meu querido e futuro noivo.
- Me leve até meu apartamento, e de lá partiremos para a corrida. Lhe darei esse prêmio!
A chuva caia forte à fora. Choi estacionou o carro na vaga permitida, e com pressa caminhei ate o elevador ignorando os olhares curiosos dos seguranças que trabalhavam no prédio. Contava impaciente os andares a seguir, meu apartamento ficava no último andar. Meus dedos dançavam freneticamente sobre a barra de ferro do elevador, observava meu reflexo pelo espelho.
Meus longos cabelos negros e lisos estavam bagunçados, meus olhos cor de gelo estavam mais vivos do que nunca, mas as olheiras visíveis debaixo destes tirava todo o glamour de minha face. Minha pele pálida estava oleosa por conta do gasolina que havia jogado na casa . Não tive o desejo de tirar todo os vestígios do assassinato, apenas tive a precaução de lavar minhas mãos e balançar o cabelos para que o cheiro da fumaça saísse antes de entrar no carro.
O pior de tudo era estar atrás de alguém sem ao menos saber seu rosto, eu me condenava por matar tantos homens à procura de um. No início sentia-me enjoada e atordoada por ver tanto sangue e morte, mas ao decorrer do tempo as coisas mudaram. Eu mudei. O medo deu espaço para o prazer, desejo. E isso me tornava em um monstro, em uma assassina condenada.
Digitei as senhas para destravar a porta, ao ouvir a trinca destravando adentrei apressada. Estava cansada e precisava de um longo banho para limpar meu corpo por fora e minha alma por dentro.
Joguei minha bolsa no chão, caminhei até meu quarto tirando minhas roupas e sapato jogando nos cantos quaisquer. Adentrei o enorme quarto escuro, acendi o abajur sem me importar por iluminar tão pouco o local. Já com apenas as peças íntimas em meu corpo, liguei a torneira para encher a banheira.
Sentei na beira da banheira branca de mármore, e me pus a pensar. Como odiava isso, mas era inevitável. Era engraçado como as coisas chegaram até aqui, perdida.
Para que minha dor não se torne mais profunda e as lágrimas insistirem em rolar pelo meu rosto, tratei-me em elaborar outros planos para conseguir pistas.
Me despi por completo, ficando nua. Toquei levemente com os dedos do pé a água fria, vi os pelos de minhas pernas eriçarem. Estava perfeitamente do jeito que queria. Aprofundei meu corpo deixando apenas minha cabeça submersa, fechei os olhos cuidadosamente sentindo o frio perfurar minha pele como finas agulhas ao perfurar tecidos.
Eu amava incondicionalmente o frio!
Após, terminar meu banho, me pus a se arrumar. Vesti-me adequadamente para uma corrida. Nada vulgar, porém muito atraente. Fiz uma maquiagem rápida e provacante, seja quem fosse meus adversários, eu deixaria minha marca na corrida.
Choi estava me esperando e não o faria esperar tanto assim, é principalmente porque não queria chegar atrasada.
Peguei minha bolsa e celular, passei perfume e logo sai dali.
Havia muitas pessoas, tantas pessoas que nunca cheguei a ver em toda a minha vida fora das competições de racha. Era óbvio de mais dar tanta gente justamente hoje, aliás a competição teria atração de fora, não duvidava que todos ali presentes já sabia que eu iria correr, pelo que conhecia sobre corrida, as informações de espalhavam muito rápido.
Ao decorrer do caminho o carro passava, as pessoas abriam passagem olhando com curiosidade. Pela minha observação eu deveria ser a única pessoa em meio aquela multidão que não tinha os olhos puxados. Então, seria fácil ser achada.
Paramos próximo a demais pessoas que dançavam freneticamente conforme a música eletrizante.
Estava me sentindo levemente nervosa, fazia tanto tempo que não corria que os pelos do meu corpo chegava a eriçar.
- Com que carro irei correr?
Eu estava despreparada, não tinha um carro adequado, equipamentos, ou até mesmo o conhecimento das ruas que irei percorrer. Eu apenas iria contar com a sorte.
- Irá com o meu carro, ele é adequado para essa corrida, e muito veloz por sinal. – olhou para mim. – Apenas, não me decepcione. Você está sendo a atração dessa noite, Haruna!
Choi piscou para mim, e logo em seguida saiu do carro. E não tardei a fazer o mesmo.
Olhei feio para todos que ainda nos encarava, fazendo com que voltassem a fazer o que estavam fazendo minutos antes de começar.
- Olhe para trás acima de sua esquerda. - disse. - Você ganhou essa noite!
Temi em olhar, mas a curiosidade falou mais alto. Havia uma vasta calçada e nela pessoas, acima tinha algum tipo de varanda, mas era muito larga e com barras de ferro na beira para se segurar, ao lado havia uma escada que dava acesso a essa varanda.
Várias mulheres semi-nuas dançavam freneticamente de acordo com a batida da música, tinha poucos homens. Pelas suas vestimentas e pela parte que estavam, deveriam ser os magnatas do mercado negro da Coréia do Sul. Meus olhos percorreram todo aquele espaço sofisticado e com alguns pequenos estofados de couro.
Mas, algo fez meu corpo parar por completo...
Seu cabelo preto penteado para trás mostrava todo o contorno de seu rosto, seus olhos puxados expressavam frieza, seus pequenos lábios convidativos e suas roupas extremamente extravagante e sensual fez com que meu ar faltasse.
- Ji Yong... - sussurrei sem tirar os olhos dele.
- Sim, Ji Yong… - falou com desdém.
GD me olhava atentamente, seus olhos estavam voltados aos meus e não de Choi. SeungRi estava ao seu lado e nele havia uma mulher enlaçada em seu pescoço, senti-me incomodada por Ji Yong está no mesmo ambiente do que eles, mas quem sou eu para falar algo?
Eu tinha minha liberdade e ele tinha a dele, não podia pegá-lo pelo braço e arrastá-lo até meu carro e sumir com ele dali e questioná-lo por ser tão filha da mãe.
Onde estava o respeito que havia pedido?
Vi SeungRi tombar para o lado e falar algo nos ouvidos de Ji Yong . Queria poder ler seus lábios e saber o que deveria estar falando, mas suas mãos se pôs ao lado da boca. Depois, de longos segundos SeungRi olhou para mim e um meio sorriso se formou em seus lábios e nos lábios do Grande Dragão.
Fechei a cara desviando o olhar, eu deveria fo na morrida e não em terceiros. Choi estava confiando e mim, e eu não costumava decepcionar ninguém e não é hoje que irei falhar.
Vamos lá, Haruna, mostre do que você é capaz!
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