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História Made in the KT - I


Escrita por: oceanocely

Notas do Autor


Olá, essa história será bem pequena, não espero passar nem dos 15 capítulos, mas espero que gostem :)

Capítulo 1 - I


Anneliese acordara naquela manhã com um humor imensamente bom, o que ela estranhou já que havia recebido uma notícia um tanto quanto estranha um dia antes. Na verdade não fora uma notícia estranha, fora algo completamente bizarro, e que nem nos seus mais belos sonhos — ou pesadelos — ela fosse imaginar. Quem sabe se ela bebesse alguns litros a mais, ou batesse a cabeça numa pedra, isso fosse passar por sua mente, mas ainda assim era pouco provável que isso ocorresse.
O fato era que ela nunca havia gostado tanto de alguém quanto gostava de Harry, mas e agora? Saber algo sobre alguém que você achava conhecer daquela forma não é algo fácil, ainda mais quando a notícia é que seu namorado de quase dois anos não é um cara comum, e sim um daqueles que usa coroas e mora num castelinho de pedras feito por operários cuidadosos.
O grande problema não era ele ser tal coisa mas sim ter escondido algo tão importante como isso por tanto tempo e chegar ao ponto de contar o fato na semana do natal. Mas no fim Anneliese estava contente por conhecer a família de Harry, e se for pensado por este lado, demorou muito para que isso ocorresse, foram longas horas de conversa no Gustou's até que Harry pudesse convencê-la de que, na verdade, não tinha culpa por não ter contado todo o ocorrido antes, e que fora obrigado pela corte a manter segredo terminantemente.

— Pensando sobre o Harry de novo?

Marylin sentou-se ao lado de Anneliese e questionou enquanto comia um grande hambúrguer de cheddar recheado, provavelmente estava morrendo de fome devido a dieta louca que havia passado a aderir.

— Advinha. - Anneliese sorriu triste, largando finalmente o lápis e coçando os olhos, para então encarar a amiga.

Estava tentando se concentrar no pedido que havia sido feito três dias atrás, mas no fim só conseguiu desenhar o croqui que deveria estar vestido num lindo casaco de couro, mas que na verdade, só possuía anotações incoerentes sobre tamanho e tipo de tecidos, e nada de algo realmente produtivo.

— Não me diga que está pensando em desistir. - Marylin encarou Anneliese com cara de poucos amigos antes de dar a última mordida no seu hambúrguer.

— Não, claro que não. - Garantiu. — Só estou um pouco insegura.

— Insegura? Qual é, Anne? Já parou para pensar que ele não fez nada de ruim? E que, de verdade, ele não poderia simplesmente chegar e te contar logo na primeira semana de namoro essa bomba. - Disse, pegando os papéis que estavam na frente de Anneliese, e começando a analisá-los.

— Esse é o problema, não foram uma semana ou duas, foram dois anos. Não se passa dois anos com alguém que não se confia, Mary.

— Não seja bobinha, sabe que Harry não podia contar nada, sabe disso. Oque acha que faria se ele chegasse contando que era um príncipe? Você nunca iria aceitar, na verdade, acho que riria na cara dele. - Concluiu, erguendo uma das sombrancelhas e voltando seu olhar novamente para os desenhos desconexos de Anneliese.

— Te garanto que estaria bem melhor, e me pouparia toda essa preocupação. - Bufou em frustração, e jogou o corpo para trás, sentando na cadeira de forma desleixada e preguiçosa.

— Olha, por que não tira a prova disso tudo? - Marylin diz, fazendo Anneliese encará-la. — Você está indecisa, isso é um fato, dá para ver só por esses desenhos horríveis. Depois de vestidos, jaquetas de couro são seu ponto forte, e isso aqui está digno de pena. Sejamos sinceros, você ainda não sabe o que quer.

Anneliese se sentiu completamente exposta quando Marylin disse aquilo. Gostava da melhor amiga, mas em algumas horas desejava que ela não a conhecesse tanto.

— Por hora minha única certeza é que vou ir para Kantlerra conhecer a família de Harry, e pode não parecer mas estou feliz por isso, o grande problema é que não sei se vou conseguir relevar todo esse teatro que eu vivi por dois anos. - Anneliese encostou o rosto nas mãos, aumentando ainda mais o ar de derrotada que passava para os outros.

— Ei, já chega mocinha, não quero que fique assim, se não quer fingir tudo bem, termine logo tudo, vai lá. - Marylin diz em tom de provocação.

Anneliese solta um grunhido esganiçado.

— Não vou conseguir nem olhar na cara dele e dizer por que sei que quando o ver vou perdoar no mesmo instante, e você também sabe disso.

— Uhum. - Concordou.

— Então o que eu faço? - Perguntou, parecendo desolada.

— Você gosta dele de verdade, não gosta?

Anneliese parou para pensar. Gostaria tanto que a resposta fosse "não", assim poderia voltar a sua rotina normal e não se preocuparia em ter de viajar para conhecer pessoas que poderiam a odiar, e nem precisaria engolir a enorme vontade que tinha de ligar para Harry e dizer o quanto queria vê-lo novamente.

— Sim. - Respondeu, fechando os olhos, e recostando a cabeça na cadeira. — E muito.

— Então se joga, Anne! - Marylin sacudiu a amiga de um jeito que chegava a ser assustador. — Você gosta dele, e ele ao que parece está caidinho por você, então, por que não? hein? Ele é um príncipe!

— Eu ainda não sei, okay? O que sei é que só queria estar no Gustou's tomando um belo café e me entupindo de porcarias. - Confessou, encarando a melhor amiga e mordendo os lábios.

— Tudo bem, nós vamos, mas fique sabendo que você só vai escapar dessa conversa por que eu sou uma ótima amiga, ouviu bem? - Disse, em tom de reprovação. — E já chega desse baixo astral, você vai para esse fim de mundo da realeza e vai conhecer a família do Edward II, ou eu não me chamo Marylin Taylor.

Anneliese suspirou antes de levantar da cadeira, pegar sua bolsa e seguir uma Marylin que falava algo como "você é muito sortuda, quando meus namorados querem me contar algo é sempre para dizer que já são casados ou perderam o emprego, deixa de ser louca!".

Ainda era quinta feira, e o vôo que Anneliese pegaria para chegar a Kantlerra sairia no sábado de manhã, o que a deixava ainda mais apreensiva com tudo o que vinha acontecendo de maneira tão rápida. Começando pelo fato de Harry tê-la chamado para sair num dia em que ele deveria estar na faculdade, afinal ele nunca chamava Anneliese para sair em dias que estava estudando, mas talvez tivesse aberto uma exceção por estar com tempo livre já que nessa semana ele pegaria apenas suas notas finais, ou quisesse realmente conversar com ela, de modo que eles não se falavam iria completar quatro dias — um recorde, diga-se de passagem —.
De toda forma, Anneliese estava ansiosa e acima de tudo muito confusa com tudo o que vinha acontecendo com a sua vida. Semanas atrás era apenas a menina que desenhava jaquetas de couro bonitas, e hoje era namorada do príncipe de Kantlerra. Um grande salto para um espaço de tempo tão pequeno. Mas esqueceu de todos esses motivos assim que viu Harry atravessar a esquina da rua. Usava um casaco marrom que vinha até seus joelhos, e um cachecol enrolado no pescoço, seu cabelo estava menor, talvez ele o tivesse cortado, e sua barba feita. Lindo.
Anneliese continuou sentada na beirada da ponte, esperando até que ele viesse até ela, e subitamente pensando quantas e quantas vezes aquela mesma cena não havia sido repetida, só que de um jeito diferente. Se fosse como antes, ele chegaria até ela com um beijo caloroso, enquanto sorriria e diria algo como "advinha quem comprou sorvete e alugou aquele filme de terror que saiu agora?", e ela apenas daria um tapinha de leve em seu braço por que odiava filmes de terror e Harry teria dito aquilo apenas para provocá-la. Agora, porém, ele apenas sussurrou um "oi" tímido, se perguntando se ela aceitaria um beijo ou ainda estava brava com ele pelos recentes acontecimentos.

— Tudo bem? - Tentou perguntar, mordendo os cantos da boca para não dizer agora tudo o que havia planejado.

— Sim. - Respondeu simplesmente, o que deixava ainda mais transparente que sim, ela ainda estava brava.

Depois de segundos de silêncio, o que pareceram anos, muito constrangedores, Harry clareou a garganta e disse:

— Olha, deixei o carro na esquina, vamos até lá, tenho uma coisa para te mostrar.

Ele segurou a mão de Anneliese com cuidado, apenas para ver se ela tiraria seus dedos ou deixaria que ele continuasse com o toque enquanto eles seguiam pela rua em silêncio.
Quando finalmente chegaram ao carro o silêncio já era uma coisa insuportável, já que sempre costumavam conversar sobre tudo e mais um pouco nas poucas horas que conseguiam passar juntos, agora porém não havia sequer uma palavra saindo da boca de ambos.

— Onde estamos indo? - Anneliese perguntou assim que percebeu que aquele não era o caminho da casa dele.

— Você vai ver.

Essa foi a deixa para que ela se calasse até chegarem ao lugar, e quando Harry estacionou no alto de um morro, Anneliese já sabia onde estavam indo. Aquele fora o lugar do segundo encontro deles, costumavam chamá-lo de Morro das Pedras.
Eles sentaram no capô do carro, encarando a vista lá de baixo, grandes prédios e ruas movimentadas, com muitas luzes vindo de todos os cantos. Harry olhou para Anneliese com o mesmo olhar de sempre, de um jeito que ele nunca havia olhado para ninguém.

— Por que está agindo desse jeito?

— Qual jeito? - fez-se de desentendida.

— Desse, fingindo desinteresse, agindo como se eu fosse um babaca. Sei que fui um, mas não foi minha intenção, pelo menos não totalmente. - Disse, em tom de arrependimento.

Anneliese respirou fundo, fechou os olhos e encarou Harry novamente.

— Está vendo, Harry? Você nem consegue admitir que estamos aqui por sua culpa, sempre vem com o mesmo papo de "a corte me obrigou a fazer isso", você não foi obrigado, você apenas não me contou, ponto final. - Concluiu.

— Ann, presta atenção. - Ele segurou seu rosto, e virou o pescoço dela até que ela pudesse vê-lo. — Eu queria ter contado antes. Queria muito. Mas não era um segredo que me dizia respeito, não poderia colocar tudo em cima de você de bandeja, sem saber como você reagiria.

— Admita que você não confiava em mim, por isso não contou antes, não é isso?

— Mas é claro que não. - Ele diz, e por um breve momento quase riu daquela afirmação. — Eu confio em você. Muito. E se não te contei foi por que não podia, e é sério Ann, aquilo não é uma brincadeira, por mais que pareça, não é.

— Não quero ter que ir para lá. - Confessou. — Gosto da ideia de conhecer sua família, mas tenho medo de que não gostem de mim, e ainda tem isso aqui.

— Isso o que?

— Esse clima, Harry. Sabe que não estamos agindo no nosso normal, não somos assim. Qual é, vir a viagem toda sem dizer um A se quer? Não é a gente, não é o Harry e a Anne de sempre. - Suspirou.

— Por isso queria vir conversar com você antes de sábado, para deixar tudo bem de novo e resolver isso antes de irmos. - Seu dedo fez carinho na bochecha de Anne. — Mas... Você quem sabe, quer dizer, não quero te forçar a nada, se não quiser ir, tudo bem. - Ele tentou forçar um sorriso.

— Não, eu já disse que iria, e vou. Só estou... Não sei, sinto que vou ficar deslocada. - Explica.

— Se ficar, eu vou estar lá. - Sorriu.

Anneliese amava aquele sorriso tanto quanto qualquer outro, amava como seus dentes branquinhos contrastavam com o rosado da sua boca, e amava ainda mais as dobrinhas que formavam duas grandes covinhas nas suas bochechas. Eram pequenos detalhes que ela havia reparado por dois anos inteiros.

— Sei que vai estar. - Confirmou.

— Não quero que pense que eu não confio em você, já te expliquei mil e uma vezes, e era realmente necessário manter segredo.

Naquele momento eles ja estavam um virados para o outro em cima do capô do carro, lá em baixo as luzes diminuíam gradativamente indicando que já estava ficando tarde.

— Eu sei, mas... É tudo tão confuso, tão esquisito.

— Ann, sei também que é uma coisa muito complicada, e que vai ser difícil aceitar, mas olha bem, eu quero muito que você vá comigo, que conheça todo mundo, e eu fui um tremendo de um babaca por ter resolvido contar de uma hora para a outra, e isso é tão idiota da minha parte, e...

— Harry. - Anneliese riu, passando o dedo indicador nos lábios dele. — Shhhhh... Eu vou, tudo bem? E vou fazer o possível para não me sentir deslocada nem nada, okay?

Harry sorriu, estava feliz por isso. Quando os dois finalmente se beijaram, lá no fundo, Anneliese sentiu que aquela era a coisa certa a se fazer.



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