Kordei estava em um grande conflito entre seu bom senso que dizia para ficar junto a vítima, e seu lado detetive que queria pelo menos pegar uma descrição do criminoso.
“Eu posso fazer os dois!”
— Eu sou da polícia. Você vai ficar bem! -assegurou a pobre mulher que pareceu nem escutá-la. Examinou-a rapidamente para se certificar que não estava ferida e só então se permitiu se afastar dela. Checou o pulso do homem caído ao lado dela, só para constatar que estava morto. Correu até fora do beco podendo ver a silhueta de um correndo já longe. Pegou celular e o debloqueou já na câmera, tirou uma foto. E fez uma ligação.
Ligação on
— Delegacia 47 do cen.. — Não pode terminar a fala.
— É a Delegada Kordei. Tenho um suspeito de estrupo fugindo. Preciso que veja se tem alguma viatura por perto. Não posso sair daqui por causa da vítima. — A delegada passou a localização e tudo mais. — Sim, moletom azul. 1,70 a 1,80. Provavelmente tem sangue nas roupas. Virou na direita, em direção a avenida principal.
— Certo. Tem duas viaturas que vão rodear o local em busca do suspeito. E tem outra se encaminhando para aí. — digitou algumas coisas, procurando no GPS as viaturas próximas. — E já mandei alguém ligar para ambulância que não deve demorar.
— Bom trabalho, oficial! — o agradeceu e encerrou a ligação.
Ligação off
A morena se aproximou da mulher cautelosamente. Tirou fotos da cena do crime, não passou muito mais do que 5 minutos desde que chegou ali mas lhe pareciam horas. Resolveu falar com ela já mesmo sabendo que era mais provável não obter respostas.
— Você está bem? Consegue se levantar? — nada surtiu efeito. Mesmo receosa pegou nas mãos da outra com cuidado e tentou fazê-la se levantar. Mas a mulher não se moveu.
“Está realmente em choque!”
Se sentou no chão de frente para a mulher toda ensanguentada e ficou ali acariciando as mãos dela até a ambulância chegar.
Despertou de seu ‘transe’. Vendo aquela luz forte em seu rosto e um lugar totalmente desconhecidos como os rostos perto de si. Olhou em volta vendo aparelhos e ...
Olhou para suas mãos e vou sangue e se assustou. Uma morena veio ao seu encontro naquele pequeno local. Seria.. uma ambulância?
— Acordou? — a delegada perguntou.
— Onde eu estou ? Quem é você? — ela indagou confusa.
— Calma. — Kordei alisou as costas dela. — Você está em uma ambulância a caminho do hospital.
— Hospital? Oque aconteceu ? — o som do aparelho que mostravam os batimentos dela começaram a ficar altos.
— Qual a última coisa que se lembra ?
— Eu não sei. — lágrimas rolaram pelo rosto e a mulher deixou-se desesperar assim os seus batimentos aumentavam de maneira a deixar o som alto ecoar pelo pequeno espaço. Os paramédicos fizeram menção de ir ao encontro dela provavelmente para seda-la já que seus batimentos não paravam de aumentar em uma velocidade perigosa. A delegada fez sinal para eles se afastarem e abraçou a moça que se afundou nos braços da morena. Kordei fez som de chiado tentando acalmá-la.
. – O pior já passou. -acariciou os cabelos dela de maneira suave. – Você vai ficar bem. -continuou com os carinhos enquanto a moça se aninhava em seu peito. – Calma. Já passou. -aquela voz rouca estava sendo sussurrada de maneira tão doce que de certa forma estava a acalmando mesmo sendo de uma desconhecida. seus batimentos ficando mais lentos gradativamente enquanto a menor se afundava mais no abraço da delegada. “Eu vou caçar esse demônio até o inferno!” Pensou a ultima.
[…]
A delegada procurou a identidade da mulher na bolsa dela quando chegaram no hospital. Tori Kelly.
Kordei ficou com Tori durante todo o processo do exame médico ao kit de estupro. Depois de passados horas finalmente as detetives Jauregui e Cabello chegaram ao hospital, Jauregui bateu na porta e entrou. Tori acordou juntamente com a delegada na poltrona de frente para a cama. Kordei levantou e se espreguiçou amaldiçoando quem fez aquele móvel que acabou com suas costas.
— Desculpe acordar vocês. — Cabello entra e se aproxima de Tori. — Mas nós temos que pegar seu testemunho. — Tori olhou nervosa para Kordei.
— Tudo bem. Fale só do que se lembra. — Kordei se sentou na poltrona novamente.
Flashback on
Ela estava caminhando, notou um alguém a seguindo, um homem estranho. Já estou a caminho de casa. Faltam poucos passos, poucos passos. Suas mãos começaram a soar, como se ela pressentisse..
Olhou para trás e ele já não estava mais lá, estranhamente isso não a confortou. Quando se virou para frente novamente ele estava lá, a sua frente. Instintivamente deu um passo para trás e soltou um grito com o susto.
— Eu nem fiz nada para você gritar ainda, princesa. — Dito isso ele tapou sua boca e a levou com ele para um canto, um beco escuro. Ela chorou, gritou, lutou.. Mas inutilmente.
Flashback off
— Depois disso eu não lembro bem. Tinha outro homem.. muito sangue. Foi tudo muito rápido. — Ela disse sem conseguir conter as lágrimas. Kordei segurou sua mão, ela por reflexo esquivou-se mas logo pegou a mão da morena e sorriu minimamente.
— Sim, nós não conseguimos pegar um que fugiu. — Jauregui disse sem perceber e Tori arregalou os olhos.
— Eu vou deixar um policial para ficar com você. Não quero te assustar mas pode ter chance dele vir atrás de você. — Kordei disse calmamente.
— Não quer assustar e diz que pode vir atrás dela ?! — Lauren pergunta incrédula.
— Alguns estupradores são mais sádicos, Lauren. — direcionou um olhar reprovador na morena dos olhos esmeraldas. — mas pode ser que ele só queira fugir. E é melhor ela saber e ficar preparada do que ser surpresa. — se voltou a Tori. — Ficará dois policiais com você para sua segurança. E nós iremos pegá-lo. — Kordei assegurou a loira.
— Obrigada. — Tori disse timidamente.
— Você tem algum familiar para ligarmos ? Também seria melhor dormir na casa de um amigo por esses próximos dias. — Cabello a olhou esperando a informação para anotar.
— Não, não tem ninguém.
. — Fique com meu cartão. — Kordei a entregou um cartão. — Me ligue se precisar de qualquer coisa. — Tori assentiu pegando o cartão e só então percebeu o machucado na mão da morena.
— O que foi isso ? — Kordei ponderou nem se lembrava mais daquilo.
— Ela deu um soco na fucha de alguém. — Cabello disse e Tori riu minimamente.
— Shh.. Cabello. — Kordei olhou a loira. — Foi um cara que estava apontando uma arma para uma amiga. — Camila e Lauren fizeram um coro de “hmmm..” quando a delegada disse “amiga”. Tori riu. — Vocês estão trabalhando! Querem que a Tori ache que vocês são duas detetives ou duas palhaças ? — Kordei disse seria mas riu quando Camila deu um pulo e bateu os calcanhares.
— Posso ser os dois ! — Camila disse entusiasmada. — Sou hilária mesmo.
— Okay, Camila. Vamos deixa-la descansar. — Jauregui puxou a namorada para fora.
— Juro que normalmente são sérias, pelo menos no trabalho. — Kordei riu.
Um enfermeiro entrou no quarto, tirou o soro dela e entregou um copo com alguns comprimidos e água e foi saindo.
— O que é isso? — Tori perguntou e ele parou na porta ainda de costas para elas.
— São as pílulas para prevenção de doenças? — Kordei perguntou e ele apenas assentiu e saiu. A morena pegou uma das pílulas do copo. — As dos copo são para doenças sexualmente transmissíveis. E esta aqui é para impedir gravidez. Eles deveriam perguntar antes de entregar.
— Eu vou tomar todas! — Kordei assentiu e lhe devolveu a pílula.
— Eu tenho que ir. Se cuida. — passou a mão no ombro da loira e deixou um beijo na testa dela. nem ela soube porque fez isso apenas fez.
[…]
— Conseguiram lá no hospital? — Hansen perguntou as três que haviam chegado.
— Não muito ela ainda está confusa. Oque conseguiram do meu suspeito? — Kordei bebeu seu café e suspirou. Ela apenas havia conseguido dormir muito mal 30 hora naquela madrugada.
— Nada! Afirmaram só ter visto uma ou duas mulheres passando por lá. — Hansen informou.
— Como? Eles estavam bem onde ele foi em direção. Pelo uma das viaturas deveria ter o visto. — Hansen assentiu.
— Talvez ele more por ali.
— Não, o único prédio residencial dali é na rua que eu estava e por lá ele não ficou. — Disse pensativa. Não fazia nenhum sentido para a delegada só terem visto mulheres. — E fez o que eu pedi no caso da serial killer ?
— Cruzei os vídeos de ruas e câmeras de seguranças de lugares pertos de onde as vítimas foram encontradas. Sem mulheres passando em alguns dos vídeos ou não bate com o horário da morte e etc. — Hansen parou se lembrando de algo. — No da ultima vítima só teve uma senhorinha bem pequena.
— Estranho também. Mas obrigada, Dinah. — esta sorriu.
— De nada.
— Talvez ela tenha um cúmplice homem. — Camila sugeriu e a delegada assentiu.
— Ou.. talvez não seja mulher. Serial killer mulher é mais difícil. — Hansen observou.
— E costumam ser viúvas negras também. — Allyson chegou acrescentando. Olhou a delegada em desaprovação. — Kordei. — Allyson foi de encontro a esta. — Você passou a noite acordada. O que faz aqui? — a delegada gemeu frustrada. Sábia oque estava por vir.
— Ally, eu não posso ir embora. Eu quero ver o processo desse caso e tem muito trabalho me esperando. — Disse em falha tentativa de convencer a pequena.
— Eu aposto que você nem comeu nada e só ta ai tomando esse café. — Allyson pegou o café dela e jogou no lixo.
— Allyson! — Normani reclamou emburrada.
— Não vou te deixar até ir para casa dormir e comer. — A pequena cruzou os braços embaixo do peito e a fitou batendo o pé no chão.
— Eu não vou deixar esse caso tão cedo! — Normani disse mas Allyson permaneceu firme. — Okay, mas eu vou só para tomar banho e tomar café. — Disse rendida. Conhece muito bem aquela anã para saber que ela não iria desistir.
— Vamos. Eu te levo. E vê dorme no caminho. — Elas estavam já se retirando.
— Jauregui e Hansen, estão no comando até eu voltar! — Kordei gritou para elas ouvirem.
— Hey! Por que não eu? — Cabello perguntou.
— Porque você atirou no próprio pé! — Knowles e Kordei falaram ao mesmo tempo enquanto uma chegava e a outra saía. Se entreolharam rindo como um comprimento silencioso.
[…]
— Mani, ainda bem que chegou. A Tori veio aqui e disse que se lembrou de tudo. — Jauregui a abordou assim que a morena entrou em seu escritório.
— E oque ela disse? — Kordei perguntou curiosa.
— Nada. Ela quer falar com você! — Jauregui saiu da sala e a delegada logo foi atrás dela, saíram na sala principal da delegacia, foram até o corredor e entraram na primeira sala. Onde tinha uma grande mesa de madeira clara com várias cadeiras, sentadas nela estavam, Cabello, Hansen, Knowles e Tori.
— Agora que a delegada Kordei chegou você pode começar. — Knowles indagou. Kordei sentou-se ao lado de Tori, observando-a atentamente.
— Eu lembrei que quando eu estava sendo... — sua voz saiu muito fraca na última palavra MS todas assentiram demonstrando que entenderam. — Chegou alguém.. O outro homem. Ele chegou e.. Cortou a garganta do.. — os olhos dela encheram de lágrimas novamente como se ela revivesse aquela cena, do sangue, do corpo se debatendo.— Ele falou algo também.
— Oque ele falou? — Kordei perguntou limpando as lágrimas no rosto da loira menor. Hansen as observava com um olhar estranho. Knowles sentiu vontade de rir da cara de Hansen mas não o fez por respeito a vítima.
— Algo como.. — parou tentando lembrar as palavras exatas. — Se você quiser posso acabar com sua dor.
— E você conseguiu ver o rosto dele?— Kordei perguntou. Tori apenas negou com a cabeça.
— Por que a pergunta? Não podemos prendê-lo. Foi por defesa dela. — Knowles advertiu.
— A voz dele? Era fina? Parecia que estava disfarçando a voz? — Kordei continuou.
— Era distorcida. Muito estranha.
— Devia estar usando algo para isso. — Kordei se impressionou com oque passou por sua mente. Tori pegou algo em sua bolsa e acabou achando algo estranho.
— Oque uma carta faz na minha bolsa? — ela pensou alto segurando a carta entre os dedos. Kordei arregalou os olhos.
— É isso! — Kordei se levantou abruptamente. — Posso? — Tori lhe entregou a carta.
— Você acha que era a assassina em série?! — Jauregui a olhou.
— Então é um homem! — Cabello afirmou e Kordei e Knowles negaram com a cabeça.
— É uma mulher!
— Mas você mesma viu um homem. — Hansen indagou.
— Distorcedor de voz, só mulheres passando por la, nenhuma mulher passando pelo locais onde os corpos da serial killer foi encontrado. Ela se disfarça! — Kordei disse entusiasmada e depois ficou quieta se culpando por nunca ter percebido.
— Oque essa carta significa? — Hansen perguntou.
— Não sei. Acho que sorte. Não lembro bem. — Kordei disse.
— Por que sorte? Eu não tive sorte! — Tori disse.
— Pode ser sobre ela chegar e acabar com o estuprador, ou por ela ter passado duas vezes pela gente sem ser notada. — Kordei ponderou. — Não acredito! Ela esbarrou em mim e eu a deixei fugir!
— Duas vezes? — Lauren perguntou.
— Passou por vocês no hospital! — As duas negaram. — O enfermeiro que entrou assim que vocês saíram.
— Naoo. Como? — Cabello estava chocada por ter deixado passar assim como Jauregui.
— Não dava para ver o rosto direito estava usando máscara.
— Sim, Lauren, e não falou nada. Deve só ter botado a carta e ido embora.
— É muita ousadia da parte dela. — observou Knowles. — Eu tenho que ir ! — olhou seu relógio, se despediu apressadamente e saiu da mesmas forma.
— Mas se ela matou ele então não vai matar um inocente, não é?! — indagou Cabello.
— Não sei. Isso deve ser o que ela está se perguntando agora, Mila. — observou Kordei
— Espelho, espelho meu eu deveria sair hoje ? Caçar.. — riu ao mencionar esta última palavra.
— Espelho, espelho meu deveria eu.. — até então só via de relance o espelho. —Ver me reflexo? — olhou o espelho e ponderou.
“Se o espelho revelasse minha alma, oque eu veria ali ?”
Sorriu gostando da brincadeira, e prendeu o lábio inferior entre os dentes, o soltando bem devagar. Se levantou e disse :
— Talvez haja maneira de revelar. — caminhou até de frente ao seu espelho.
“Os olhos são os espelhos das almas, não?!” divagou. “E eu quero ler a minha?”
Correu seus olhos pelo seu reflexo.
— Vamos ver o que está omisso em meus olhos. — Olhou bem seu reflexo. Focando em seus próprios olhos. Fitou seus olhos com aquele costumeiro brilho bélico. Deu um soco forte no espelho o quebrando em pedaços. Alguns cacos ainda ficaram fixo na moldura, sorriu novamente passando sua mão ensanguentada nesses pedaços deixando o espelho manchado de sangue, assim como seu reflexo. — Agora expõem com exatidão até o âmago de minha alma. — comentou em encantamento.
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