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História Madness Queen - XI. Listen To Me


Escrita por: GloriusCatTree

Notas do Autor


Hello!
Olhas, eu sei que eu disse que só postaria no domingo, mas aconteceu de eu não ter aula hoje e adivinhem: eu resolvi postar hahahaha.

Eu li os comentários e fico muito feliz por saber que consegui causar algumas palpitaçõezinhas em vocês hahaha muito obrigada seus bando de lindo.

Enfim, aqui está, outro capítulo. Espero que gostem.

Capítulo 11 - XI. Listen To Me


Fanfic / Fanfiction Madness Queen - XI. Listen To Me

[...]

 

— Nos conte o que durante a festa e após a sua saída. - o comissário não pediu com jeitinho, mas eu ignorei ao invés de responder a altura.

— Eu estava conversando com a Alison, ela trabalha para o Senhor Wayne. Aí a música parou e eles entraram armados. Acho que eram quatro. - encarei ele pensativa. — Não… acho que eram seis.

— Não importa a quantidade. - ralhou impaciente.

— O Senhor disse que todos os detalhes eram importantes. Estou tentando ajudar. - segurei um riso. — Então… todo mundo entrou em pânico e um dos capangas do Coringa me pegou como refém.

— Um dos convidados disse que o Coringa te usou como refém. - Gordon revelou com seus olhos desconfiados me fitando. Merda, eu estava me enrolando.

— Mas ele me usou… - “e quase abusou”, pensei. — Me deixa terminar de contar! Se você for me interromper a cada dois minutos é óbvio que a história vai ficar mal contada. - me irritei com a sua acusação. — O cara de máscara praticamente me arrastou mirando aquela arma em mim e me jogou na direção do Coringa. Aí ele me fez de escudo humano contra o Batman, foi desesperador. - continuei relatando uma situação que não tinha acontecido em que Coringa me fez dirigir até o farol de Gotham. Inventei que ao chegar lá ele me deu uma coronhada e eu acordei horas depois no chão de cascalho, então entrei no meu carro e fui para casa assustada com medo do mundo.

— Hum. - disse por fim me encarando por um longo tempo.

— Comissário, se está duvidando da minha palavra, por que me ouviu? Afinal, desde a hora em que você e seus homens resolveram me trazer que eu não paro de receber olhares desconfiados e insultantes.  - me fiz de vítima sim, eu não ia pagar esse pato, mas nem fodendo. Eu não tinha mandado ninguém fugir do hospício, as minhas ações eram nada mais que uma consequência dos feitos do Coringa.

— Você pensa que está falando com quem, Johnson? - Gordon bateu as mãos na mesa e levantou-se irritado gritando comigo. — Eu deveria mandar te prender por desacato.

— Faça isso. - levantei meus punhos para ele. — Mas não se preocupe em fechar a cela porque antes que você perceba a minha fiança já vai estar paga. E assim que eu estiver livre abro uma ação na justiça contra você por calúnia.

— Calúnia? Que calúnia?

— Eu não sou policial, mas sei que acusar alguém por formação de quadrilha e cumplicidade sem ter provas é um crime. - cruzei meus braços na altura do peito e o encarei petulante.

— Ora s…

— Obrigada pela colaboração Senhorita Johnson. - um outro senhor interrompeu o comissário com a fala mansa e educada, deveria ser o chefe, ou coisa parecida.

 

Saí daquela delegacia aliviada, afinal, eles realmente não tinham prova alguma de que eu tinha ajudado o Coringa. Ninguém tinha visto ele em meu carro, então por enquanto eu estava a salvo. Só teria que dar um jeito no sistema de segurança e apagar as filmagens de nós dois no elevador do prédio em que eu morava.

 

Fiquei surpresa quando desci a pequena escadaria que dava para a entrada do DP e encontrei Bruce falando ao celular, óbvio que ele teria que depor já que a festa era dele, mas era diferente, não é? O Gordon não o odiava, odiava? Aquele velho rancoroso…

 

Ao me ver abriu um sorriso tão bonito que os atores dos comerciais de creme dental ficariam com inveja. Torci internamente para que ele estivesse de carro, sério, eu não queria pegar um táxi agora.

 

— Você não deveria estar curtindo sua festa? - brinquei quando ele desligou o celular e se aproximou de mim.

— É o que restou dela. - indicou a delegacia. — Como você está? Venha, faço questão de te levar até em casa. - olhou-me cheio de preocupação. Sabe? É por gente assim que eu deveria me apaixonar. E não por um palhaço que acha que pode fazer um carnaval na minha vida.

— Bem, ele só queria um motorista. - sorri agradecida quando ele abriu a porta da BMW prata para mim.

— Lamento que tenha passado por isso. - suas palavras vieram carregadas de sinceridade fazendo com que a meu sentimento de culpa começasse a dar sinais de vida. — Realmente, eu não esperava por algo como aquilo.

— Ei. - toquei seu braço de leve para não atrapalhá-lo na direção. — Eu estou bem e tenho certeza que o homem que foi jogado pela janela também. - tentei sorrir para confortá-lo, eu não era nenhum pouco boa nisso, mas ele valia o esforço. — O Batman nos salvou hoje.

— Ele não te salvou. - argumento apertando o volante com força. — Você poderia…

— Bruce. Eu estou ótima, sem nenhum ferimento. E infelizmente o Batman é apenas um, ele escolheu bem, em seu lugar eu faria o mesmo. - eu duvidava disso, mas não queria vê-lo abatido por algo que já tinha acontecido.

— Espero que o incidente de hoje não te faça mudar de ideia. - me encarou rapidamente antes de virar na rua onde ficava meu apartamento.

— Ideia? - questionei confusa.

— Nosso jantar. - sorriu de canto esperando a minha resposta ao estacionar em frente ao Gotham Palace.

— Não mudei. - ri sem graça. — Me desculpe, foram muitas emoções hoje. Mas não mudei de ideia.

— Você vai ficar bem? - ele segurou meu pulso com delicadeza quando comecei a me levantar. — Eu posso disponibilizar um dos meu seguranças para você.

— Não precisa, esse lugar é seguro. - tentei convencê-lo. - É que… se eu não puder me sentir segura nem na minha própria casa, onde eu vou poder?

— Tudo bem. - suspirou derrotado. — Mas se precisar de alguma coisa, qualquer coisa, me liga. - abriu o porta-luvas a minha frente e tirou um cartão de visitas da Wayne Enterprise junto com uma caneta, anotou seu número de celular e me entregou.

— Obrigada Bruce. - meu agradecimento foi sincero, só que do fundo do meu coração eu esperava não ter que pedir ajuda. Primeiro porque Bruce não poderia fazer nada contra o Coringa. Segundo, porque a ideia de que Coringa queria me ferir outra vez já me deixava em pedaços. — Tenha uma boa noite. - me aproximei dele e beijei sua face antes de sair do carro e ir para casa.

 

Eu nem ao menos tentei dormir, já eram quase cinco horas da manhã e eu tinha uma reunião às sete e meia, em outras palavras: eu precisava rever os documentos do material que seria comprado para contabilizar os lucros em menos de duas horas.

Nesse tempo que me restava eu tomei banho, vesti uma blusa soltinha de chiffon creme com bolinhas pretas e um laço frouxo na gola, por cima coloquei um blazer preto para combinar com a saia e o scarpin da mesma cor.

Dei uma folheada naquele inventário enquanto tomava um café expresso forte e em seguida saí para trabalhar.

 

Quando cheguei a Farmac os funcionários me olhavam e fofocavam entre si algo sobre o ocorrido da madrugada, nem pareciam ter mil relatórios para fazer. Fiz questão de ignorar alguns cumprimentos, a maioria de gente que queria subir na empresa. Meu Deus, existe esse tipo de gente em todo lugar.

 

Me tranquei na minha sala e fechei as persianas porque todas as paredes eram de vidro, se mais um curioso me olhasse eu daria um tiro.

Sentei na cadeira atrás da minha mesa e fechei os olhos cansada, eu estava morrendo de sono. Achei que acabaria tirando um cochilinho por ali, mas Clarck, minha secretária, bateu na porta atrapalhando meus curtos minutos de sossego.

 

— Entra. - ela o fez. Clarck fazia o tipo pessoa feliz, que está sempre de bem com a vida. Tinha uma pele com um bronzeado de dar inveja, cabelos castanhos encaracolados e olhos castanhos. Não era mais alta do que eu, mas com certeza era mais magra.

— Sen…

— Loreen. Eu já te disse. - corrigi antes mesmo que ela fizesse a besteira de me chamar de Senhorita Johnson, ah como eu odiava ser chamada assim.

— Loreen… - ela repetiu e eu acenei sorrindo aprovando seu gesto. — Hoje mais cedo chegou este embrulho para você. - colocou uma caixa de presente sobre a minha mesa, não era pequena, talvez média. Era totalmente vermelha, simples e bonita, pelas bases ela tinha envolvida em si um laço preto detalhado em branco. Encarei a caixa quadrada com estranheza e depois levantei meu olhar para Clarck. — Não tem cartão. - disse como se lesse meus pensamentos.

— Tá… bom, você pode ir. - falei incerta voltando a olhar a caixa. — Me avise quando a reunião começar, por favor. - ela apenas concordou e saiu fechando a porta.

 

Ok… tinha um presente na minha mesa, não tinha um cartão e provavelmente Clarck não sabia que era o entregador.

Desconfiada abaixei minha cabeça e encostei minha orelha na tampa da caixa, até onde eu sabia poderia ser uma bomba.

Eu ouvi o barulho de um telefone tocar e então a caixa vibrou, eu me afastei assustada com o toque alto. Desfiz o laço e levantei a tampa com o máximo de cuidado, lentamente fui tirando aquela parte da caixa.

 

Dentro dela havia um celular dourado pousado em cetim amarelo e coberto por pétalas de rosa vermelha. O aparelho vibrou e tocou outra vez mostrando em sua tela um número desconhecido, fiquei receosa de pegar aquilo e atender, e se explodisse?

Vasculhei a caixa em busca de algum sinal de pólvora, ou fios, ou qualquer coisa que indicasse que aquilo me mataria. Mas não, ao lado do celular só havia uma rosa azul inacreditavelmente bela e perfumada.

Convencida de que estava tudo bem peguei o celular, com isso acabei raspando um dedo no espinho da flor, limpei a gotinha de sangue que se formou em meu indicador no tecido.

 

— Alô? - atendi meio incerta sobre a identidade da pessoa do outro lado da linha.

Se eu soubesse que você demoraria tanto pra atender essa merda eu teria ido pessoalmente até aí. - reconheci a voz do Coringa, não parecia estar muito feliz com a minha demora.

— Achei que fosse uma bomba. - admiti segurando um riso. — Você não envenenou essa rosa, né? - provoquei encarando meu dedo machucado.

Você está acabando com a minha tentativa... - rosnou do outro lado se auto interrompendo.  

— Desculpe, não estou acostumada com você tentando me agradar.

E então?

— Nunca tinha visto uma rosa azul de verdade. - realmente, eu estava encantada com a flor. — Mas eu não vou ficar com o celular.

É claro que vai! Seus pais não te ensinaram que é falta de educação recusar um presente? - indignou-se, em seguida suspirou e eu o ouvi soltar uma risada anasalada. — Eu adoraria te ensinar bons modos, amor. - sua fala carregada de malícia foi como um combustível para meus pensamentos sórdidos.

 

Foco, Loreen! Foco!

 

— Esse celular está grampeado, ou tem uma escuta? - questionei desconfiada.

Você pensa tão mal de mim… - fingiu-se de ofendido. Mas é cara de pau esse palhaço. — Nenhum dos dois. Eu quebrei o seu celular, precisava falar com você e por um acaso estava passeando no shopping. - passeando no shopping? O Coringa? O Coringa passeando no shopping? — É verdade, amor. — riu baixo como uma criança levada.

— Você invadiu o shopping? - levei uma mão até minha testa e massageei o centro com dois dedos para descarregar minha aflição. — E agora está me dando um celular roubado?

Não se preocupe, eu quebrei o segredo do código de rastreamento da loja. - respondeu simplório não dando a mínima para a gravidade da situação.

— Tá… olha, eu não tenho tempo para fazer um show sobre isso agora. - e nem adiantaria chorar pelo leite derramado. — Você disse que precisava falar comigo.

Você pode me dar um show mais tarde. - provocou cheio de terceiras intenções.

— Coringa, eu tenho uma reunião em menos de dez minutos. - avisei tentando ignorar os efeitos daquelas palavras sobre mim. Isso era tão estranho para mim e estava totalmente por fora dos meus planos, mesmo assim ainda era difícil não sentir uma certa pontada de felicidade em não o ver tentando acabar comigo e sim tentando agradar. Pelo menos eu acho que estava tentando.

Eu sei.

— Sabe? - perguntei surpresa, afinal, a minha agenda era restrita.

Eu te disse antes, Loreen: junte-se a mim. - sua voz tornou-se rouca e baixa. — Você não pode me destruir, então pare de chorar o passado. - tentei acompanhar a sua mudança brusca de assunto falhando miseravelmente. Toda vez que ele dizia a palavra passado para mim, eu associava à aquele dia infernal.

— Onde você quer chegar? - perguntei visivelmente incomodada. Eu não gostava de lembrar de tudo o que ele havia feito contra mim, era doloroso demais.

Você não pode correr para o passado só porque já o conhece. - lá estava a seriedade outra vez inserida em sua voz. — Quero te oferecer um futuro, amor. Algo melhor do que você mesma planejou.

 

Novamente me senti estranha, encantada pelo poder das suas palavras. Ele me usaria, praticamente dizia isso e mesmo assim eu estava prestes a me render. Quase conseguia enxergar o precipício que ele tinha falado e só de estar perto eu já sentia uma atração terrível me puxar para saltar nele.

 

— Loreen? - Clarck me tirou dos devaneios ao abrir a porta com a testa franzida, receosa em me atrapalhar. — A reunião começa em três minutos.

— Ah… Claro… E-eu já vou. - me atrapalhei procurando a pasta na mesa com o celular ainda na mão. Ela ainda me olhou por alguns segundos antes de sair e fechar a porta.

Ouça o que eu tenho a dizer, amor. - desligou antes que eu pudesse questionar suas palavras de sentido ambíguo.


 

Levei algum tempo para me recompor. Depois tomei os documentos em mãos e saí como se nada tivesse acontecido e meu mundo fosse cor de rosa.

Clarck não me acompanhou, apesar de ser minha secretária o assunto a ser discutido não era da sua alçada. Enfim, na sala de reunião reservada encontrei Grigory acompanhado por Carmine Falcone e Huan Yue. Ambos chefes de famílias poderosas, o Senhor Falcone era famoso por comprar qualquer negócio ilícito em Gotham, já o chinês era um dos cabeças da Tríade e não me agradava nenhum pouco fazer negócios com eles. Eu conhecia algumas das “atividades” dos orientais, coisas que apareciam em sites da deep web e alguns lugares inóspitos onde a minha curiosidade e habilidades hackers recém adquiridas em Moscou havia me levado.

 

— Senhores. - os cumprimentei educadamente e me sentei em uma das cadeiras.

 

A reunião que começou calma e civilizada com a discussão da parceria e a responsabilidade de cada grupo sobre a droga logo virou uma balbúrdia. Tudo porque o chinês não queria distribuição do produto em alguns clubes da cidade. Depois o Falcone queria setenta por cento do lucro porque três dos nossos laboratórios estavam sob seus domínios.

Eu já havia negado um monte de propostas e quase enfiado meu salto no olho daquele chinês desgraçado por dizer que eu não entendia nada do negócio.

 

— Vamos nos acalmar. - Grigory que estava sentado ao meu lado se levantou controlando toda a sua impaciência e nervosismo. — Assim não vamos chegar a acordo nenhum. Alguém tem outra proposta?

— Eu tenho uma. - um homem de óculos trajando terno azul marinho de repente entrou na sala seguido por outros dois, um deles eu reconheci como Um, o cão do Coringa.

— Quem deixou vocês entrarem? - Falconi se levantou com a mão na cintura, em cima de um revólver que estava preso em seu cinto. — Isso é uma reunião privada.

— Senhorita Johnson. - o tal homem me estendeu uma carta coringa preta com os desenhos dourados.

— Está tudo bem. - falei para os velhos. Então era isso Coringa? — Quero ouvir o que ele tem a dizer.

— Isto é uma carta coringa? - Yue apontou para o papel pequeno que eu coloquei na mesa. — Se você pensa em fazer qualquer negócio com este homem pode esquecer…

— Podemos falar em particular? - o mesmo homem de óculos perguntou diretamente para mim.

— Com licença. - eu já me retirava da sala sendo seguida pelos três. Assim que fechei a porta da sala ouvi os dois mafiosos lá dentro começarem a reclamar de mim para Grigory, será que eles achavam que o cara era meu chefe? Bando de iludido.

 

Conduzi eles até minha sala, mas os dois lacaios ficaram aguardando do lado de fora após uma ordem do homem que provavelmente negociaria comigo.

 

— Então…?

— Primeiramente, meu nome é Albert Green. Sou o intermediário do Senhor C.  - apresentou-se adequadamente. — É um prazer conhecê-la Senhorita John…

— Loreen, por favor. - indiquei a cadeira para que se sentasse e ele o fez. — Pode falar. - me acomodei melhor em minha própria cadeira para ouvi-lo.

 

O plano do Coringa incluía fundir as fórmulas e a gerência dos laboratórios seriam nossa, desde que ele mantivesse alguém de confiança dentro de cada local. Era basicamente isso.

 

— O Senhor C. concorda em selecionar os distribuidores levando em conta aqueles que trabalham para vocês. - o deixei concluir sem interrupções.

— E quanto ele quer por isso? - perguntei desconfiada, ele não seria tão bonzinho assim.

— Sessenta por cento.

— Não! Quarenta. - falei rápido. — Cinquenta se ele fornecer metade da matéria prima. - ele estava achando que era só bater palmas que a metanfetamina aparecia?

 

Albert me pediu um minuto e pegou o celular digitando uma mensagem nele. Ficamos nos encarando em silêncio até o celular vibrar em resposta.

 

— Ele quer cinquenta e cinco.

— Cinquenta. - nessa ele não iria ganhar, não mesmo. — Ou ele pode começar a fazer os preparativos para uma guerra contra o Falcone. - blefei insinuando que eu fecharia negócio com o mafioso.

 

Novamente Albert digitou outra mensagem.

 

— Ele aceitou, mas… - arrumou a armação do óculos contendo certo incômodo.

— Qual o problema? - que diabos ele queria agora?

— O Senhor C. aceita os cinquenta por cento e em compensação quer um jantar com a Senhorita. - eu não sei dizer quem ficou mais sem graça. — Sábado. Às nove no Moon Lounge.

 

Foi a minha vez de ficar incomodada, pelo amor de Deus, isso lá era coisa para se negociar? Eu fiquei sem ação, encarando o pobre Albert que assim como eu não sabia onde enfiar a cara.

Todo o meu consciência sinalizava para que eu negasse e fugisse das garras do Coringa, mas a minha vontade se manifestava em diversos pensamentos incoerentes e ansiosos com a simples expectativa de receber um toque daquele homem.

 

— Tudo bem. - respondi tímida. Ele digitou outra mensagem no celular e em seguida se levantou com um sorriso simpático.

— Foi um prazer fazer negócios com a Senhorita. - apertou minha mão e saiu.

 

Depois disso eu conversei com Grigory, ele não amou a ideia, mas como um bom peão aceitou. Eu podia ter comprado apenas quarenta por cento da empresa, no entanto eu tinha investido ainda mais por fora para tirar aquela joça da lama em que estava se afundando.

 

Sobre a Tríade, eu teria que contar com o apoio do Coringa, ele os conhecia melhor do que eu. E o Falcone eu ficaria de olho, esse estava mais interessado em receber uma grana pelo território do que ajudar em algo.

 

Eu pedi o meu almoço e passei o resto da tarde me remoendo na culpa porque Bruce havia me ligado e marcado um jantar na sexta-feira a noite no mesmo restaurante em que eu iria com o Coringa no sábado.

 

Para ajudar Clarck tinha acabado de anunciar que Alison Foller estava na sala de espera e gostaria de conversar sobre um assunto sério comigo.

 

Assunto sério vulgo Coringa.

 

— Chora Alison.

— Me diz o que está acontecendo. - estava calma querendo me compreender. — Não vou surtar, juro.

— Está tudo bem. - eu disse forçando um sorriso.

— Não está. - me olhou preocupada. — Eu não sei em que tipo de enrascada você está se metendo dessa vez e isso me preocupa porque não sei se posso te ajudar.

— Você pode me ajudar na escolha de um vestido para o meu encontro na sexta. - forcei meu melhor sorriso de empolgação. — Com o Bruce.

— Você claramente não quer ir. - falou séria me olhando daquele jeitinho engraçado com a sobrancelha arqueada.

— Claro que quero! Afinal é o Bruce Wayne.

— Pode parar de fingir. - cruzou os braços sobre o peito. — O que está acontecendo entre você e o palhaço psicótico?

— Alison… - respirei fundo esperando que ela realmente cumprisse com a sua palavra e não surtasse. — Lembra quando oito meses atrás você me perguntou se eu gostava dele e eu disse que não?

— Sim.

— Era verdade e nessa época aconteceram coisas horríveis…

— Por culpa dele. - me cortou.

— Sim. E por causa disso eu tomei algumas decisões e fui para Moscou onde aconteceram outras coisas que não vem ao caso agora. - a encarei esperando alguma reação que não veio. — Antes dele eu me sentia uma casca vazia. Eu existia por conveniência e fazia qualquer coisa que estivesse nos planos dos meus pais. Não me importava com nada de verdade e não queria me importar, eu estava bem daquele jeito.

— E?

— Então ele se intrometeu na minha vida e acabou com a minha paz. O Coringa me machucou de muitas formas, me levou ao limite e fez com que eu sucumbisse ao desespero. - ela ainda me encarava atentamente quando parei para tomar fôlego. — Mas ele é a única pessoa que consegue me tirar o chão. Ele bagunça a minha cabeça com as sua inconstância… Uma hora ele está puto, me ameaça e me assusta pra caralho. E em outra ele é estranhamente gentil, me manda flores e me surpreende, o que é ainda mais assustador. - peguei a caixa de presente que eu tinha posto em baixo da minha mesa e mostrei a rosa para ela. — Então me desculpe se eu não consigo me afastar dele.

— Oh meu Deus… - Alison murmurou incrédula. — Você está apaixonada por ele!

— É, Alison. Eu estou apaixonada por ele.

 

Falar isso em voz alta era diferente do que só saber e interiorizar isso para mim, minhas palavras me fizeram sentir medo, porque isso era loucura, eu não poderia simplesmente gostar de alguém que havia me machucado sem se importar. E o Coringa não era exatamente o tipo de pessoa que saia por aí de mãos dadas e pensava em alianças de compromisso, isso se chama ilusão. A mais trouxa da história sou eu que fico me auto iludindo com essa história.

Além disso, ele me usaria para conseguir o controle da Farmac, eu tinha certeza disso. Esse era o tipo de pessoa que ele era: manipulador e filho da puta.

 

A Alison, coitada, nem sabia se dizia alguma coisa. Eu esperei por uma repreensão que não veio, um sermão que não veio, nenhuma palavra saiu da sua boca.

 

— Não vai falar nada? - perguntei incomodada.

 

Era a descrição do meu dia: estranho e incômodo.

 

— Não sei se tenho algo para falar. - ela pegou a rosa que Coringa tinha me dado. — Não está envenenada, está?

— Esperamos que não. - mostrei meu dedo com um pontinho vermelho na ponta.

— É isso o que você quer? Digo, ele é louco e violento. Eu nunca o vi te tratando bem.

— Não, não quero isso. - era verdade, eu não queria ficar perto de alguém que não me fazia bem, mas ficar longe era pior, doía mais. — Eu tenho consciência de que ele é assim, perigoso. Ele vai acabar me matando.

— Ou te enlouqueça. - opinou com a voz revestida por preocupação.


 

Alison não pode ficar por muito mais tempo e logo eu fui para casa, finalmente dormiria na minha cama, parecia fazer anos que eu não sentia a maciez do meu colchão.

 

Não aconteceu nada de extraordinário durante a semana que mereça ser comentado, alguns chiliques por parte dos chineses que Grigory conseguiu burlar, mas de resto, foi uma merda.

 

Na sexta-feira a exatas oito e meia da noite eu estava pronta. Com um vestido preto que caia justo até a altura dos meus joelhos, era tomara-que-caia e tinha detalhes em prata. Calcei minhas sandálias de salto vermelho e peguei uma carteira de mão da mesma cor.

 

Ouvi batidas na minha porta e forcei o meu melhor sorriso de animação, porque a minha real vontade era colocar meu moletom e comer um pote de sorvete em frente à televisão assistindo O Noivo da Minha Melhor Amiga. Só que eu tinha um encontro com o milionário de Gotham e precisava fazer bonito.

 

— Você está linda. - Bruce disse com um sorriso aberto, ele até mesmo segurava um arranjo de lírios. — Espero que goste.

— Obrigada. São lindas. - sorri agradecida e peguei o buquê levando-os para dentro, coloquei em um vaso com água e depois voltei. — Sabe Bruce?! Você é a prova viva de que o cavalheirismo não morreu. - comentei fazendo-o rir quando me ofereceu seu braço.

 

Bruce era tão educado. Abriu a porta do carro para que eu entrasse e depois saísse, todas as vezes que andávamos lado a lado ele me oferecia seu braço, - que diga-se de passagem, era forte pra cacete. - fazia de tudo para me deixar confortável e até mesmo esperou que eu me sentasse à mesa para que fizesse o mesmo.

E sabe o que eu fiz durante todo esse tempo? Fiquei que nem uma retardada comparando ele com o Coringa. Porque aquele palhaço nunca me estenderia o braço, ele sempre me guiava com uma mão em minha cintura. Abrir a porta para mim? Era mais fácil ele passar e esquecer que eu existia. Me deixar confortável? Pra que? se ele adorava me ver constrangida, Albert era uma testemunha disso.

Só que assim mesmo eu ainda preferia o Coringa em seus raros momentos de delicadeza onde ele me tratava com cuidado, do que ficar ao lado de Bruce esbanjando um cavalheirismo que já deveria ter usado para levar todas as bailarinas do Bolshoi para a cama.

 

— Recuperada do susto? - perguntou sobre a festa depois de fazermos nossos pedidos.

— Ah… sim. Nada que uma noite bem dormida não resolvesse. - respondi louca para trocar de assunto, precisava de uma pausa do assunto Coringa. — Conseguiu limpar a bagunça que ficou no seu apartamento?

— Estou tendo alguns problemas técnicos com o vidraceiro. - sorriu de canto antes de beber um gole do vinho. Ok, isso estava um tédio. — Alison me contou que esteve em Moscou. - essa menina deveria trabalhar para uma revista de fofocas.

— Depois de tudo o que aconteceu, eu precisava de um descanso. Durante esses meses eu estive na casa de alguns amigos. Esquiei, foi legal. - menti outra vez sobre a viagem, o que eu tinha ido fazer não era da conta de ninguém, mas todo mundo insistia nesse assunto.

— Loreen, você sabe o motivo desse criminoso sempre te… - parou procurando pela palavra certa. — Te procurar?

— A primeira vez que ele me abordou foi para me ameaçar de morte. - baixei meu rosto para a taça de vinho. — Ele queria que eu lavasse o dinheiro dele. - aquela ferida começava a se abrir outra vez. — Disse que mataria as pessoas que são importantes para mim.

— Desculpa. - me olhou afetado tocando minha mão com a sua num gesto de conforto. — Não sabia que isso mexia tanto com você.

— Está tudo bem. - tentei sorrir, mas deve ter saído uma careta melancólica.

— Não consigo imaginar alguém fazendo esse mal a você - ele acariciou meu pulso onde residia uma pequena cicatriz do dia em que o nano-explosivo foi retirado. — É uma mulher deslumbrante, inteligente e delicada. - suas palavras me fizeram corar. — Deveria ser bem cuidada e protegida.

— Algumas coisas não acontecem como deveriam. - ficamos nos encarando pelos próximos segundos até Bruce desviar sua atenção para o celular no bolso do paletó negro.

— Eu preciso ir. - olhou-me apreensivo com medo da minha reação, afinal estávamos no meio de um encontro. — Desculpe.

— Não se preocupe. - ótimo, eu poderia ir para casa e tomar sorvete. — Você é uma pessoa ocupada.

— Pedirei para alguém vir buscá-la.

— Não precisa. - fiz a compreensiva. — Não estamos tão longe da minha casa, eu pedirei um táxi.

 

Bruce ainda tentou insistir, mas estava apressado demais para um discussão então deixou a conta paga e fez questão de deixar o dinheiro do táxi. Eu não recusei, o que eram cinquenta dólares para Bruce Wayne?

 

Terminei aquela taça de vinho a contragosto, como eu já tinha dito: eu não bebia mais. Apenas o fiz hoje por educação, para acompanhá-lo. Um garçom até se aproximou para encher a minha taça novamente, mas eu recusei e me levantei para sair do restaurante.

 

A noite em Gotham realmente era bonita, tão iluminada e viva. Quem a visse assim, não diria ser um dos lugares mais violentos dos Estados Unidos.

 

Acabei que nem peguei o táxi, eu precisava de ar fresco para espairecer um pouco. Não estava sendo muito fácil engolir toda essa mudança do Coringa, nem o fato de que ele surgia nos meus pensamentos a cada três minutos.

 

Não dizem que os pensamentos são ondas eletromagnéticas com o poder de atração? Deve ser verdade, porque quando estava perto do prédio em que eu morava ouvi meu celular tocar e só uma pessoa tinha esse número.

 

— Você não consegue me deixar em paz, não é? - provoquei em tom de brincadeira, mas a diversão acabou quando ouvi um gemido de dor.

Não se preocupe, amor, serei breve. - respondeu irritado, um grito ecoou ao fundo. — Só liguei para dizer que já resolvi um problema.

— O que está acontecendo, Coringa?

Estou dedetizando. - ele gargalhou. — Esses chinese parecem baratas, temos que pisar neles antes que mostrem suas asas.

— Não sabia que você tinha medo de baratas. - ri da sua comparação. — Vai acabar com a Tríade?

Você deveria me agradecer. - bufou impaciente e ouvi outro grito. — Cala essa boca Huan, não está vendo que estou ao telefone? Você não serve nem para ser depósito de porra! - dessa vez foi ele quem gritou para alguém.

— Coringa… o que você está fazendo? - perguntei receosa.

Eu? Nada. - ele riu baixo. — Mas você sabe, não se pisa no meu calo sem haver consequências.

— Vai matá-lo?

— Acho que ele ficará uns dias sem andar. - comentou como se falasse sobre o tempo. Que porra ele estava fazendo? — Fazia algum tempo que os meus cães não tinham alguém para se divertir.

— Você não mandou eles fazerem isso. - era grotesco demais até para ele.

Não? - ele se movimentou, talvez para se acomodar melhor em alguma cadeira que rangeu. — Você me conhece, amor. Sabe do que eu sou capaz.

— Isso é nojento.

Você é tão ingrata. - fingiu-se magoado. — Eu estou limpando o território para você.

— Não me use para justificar os seus atos, Coringa. - o repreendi com raiva. — Eu nunca te pedi isso.

Você nunca me pediria para machucar alguém, pirralha. - oh, agora ele estava bravo? Eu nunca conseguia acompanhar essas mudanças de humor repentinas. — Porque você é fraca. Eu faço o que tenho que fazer, ao contrário de você que em vez de enfrentar seus problemas, corre para outro continente.

— Não. Você faz isso para se divertir. - falei furiosa entrando no meu apartamento e batendo a porta com força. — Você é doente, deveria estar preso em uma camisa de forçA. - desliguei o celular antes que ele repetisse minhas palavras.   

 

Eu podia gostar dele, mas ainda assim repudiava as suas ações e não aceitava seu modo de resolver as coisas. Não havia necessidade alguma de fazer isso, até um tiro limpo e certeiro era mais humano.

Se o Coringa tinha alguma humanidade dentro dele, estava trancada num lugar impossível de se alcançar, era a única explicação. Decepcionante...  


Notas Finais


Já falei que na vida eu sou a Alison tentando entender as burradas que minhas amigas fazem? kkkkkkkk pois é...
Eaí galera, no que será que vai dar essa pseudo-relação da Loreen e do Puddin? hahahaha ele é pirado!


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