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História Madness Queen - XIV. Power Issues


Escrita por: GloriusCatTree

Notas do Autor


Chegay amores!!!! Com mais um capítulo saindo direto do forno hahahaha

Eu amo os comentários de vocês, como podem ser tão maravilindos meu Deus? Eu fico relendo e relendo e pensando "caceta eu amo essas pessoas", vocês são as minhas almas gêmeas e não adianta fugir do meu amor obsessivo, vou caçar vocês e encher de beijinhos *---*
Gente me perdoa os erros de português, eu dei uma revisada, mas tem umas coisinhas que sempre passam batido.

Não sei se digo isso, mas acho que vocês ficarão impactados hoje hahahaha

Vamos lá? ;)

Capítulo 14 - XIV. Power Issues


Fanfic / Fanfiction Madness Queen - XIV. Power Issues

Quando a vi sair pela porta, transbordando em raiva, com os olhos marejados implorando por um pouco de compreensão admito que certa satisfação me invadiu. Aquele era o meu plano desde o início, não era? Quebrá-la e então ver o que a doce Loreen faria com seus míseros pedaços.

Naquela noite ela não me olhou mais, agiu como uma gata frente ao perigo e como que se rodeasse com a cauda vestiu-se e saiu furiosa de meu apartamento.

Deixei que fosse sem tentar impedi-la em momento algum, apenas para que chorasse suas próprias mágoas, para forçar seu arrependimento ao limite. Se este era um capricho meu? Talvez, eu não acredito ter muitos, não nutro muitos desejos ou expectativas, costumo pensar no que tenho agora e o que posso fazer com isso. Loreen deveria fazer a mesma coisa e esquecer essa coisa de amor.

 

Amor… é apenas um apelido bonitinho para interesse oculto. Não existe essa coisa de cuidar do outro sem estar doente; cumplicidade nos planos da vida, porque na hora que surge um problema para qualquer um dos ditos amantes o outro é o primeiro a dar o fora. Entendam crianças, só existe um motivo para alguém se preocupar com você, e este é o fato de você possuir algo de interesse do fulano.

 

Eu era muito mais que meras palavras ambíguas, eu entendia para o que elas serviam, sabia usar isso ao meu favor. Entretanto eu nunca tinha dito nada a ela, se disse, eu provavelmente estava sobre o efeito de algum alucinógeno. Mas ela tinha enfiado na cabeça essa besteira, tinha machucado a si mesma e culpava a mim.

Ok, ok, não a culparia por isso, é da natureza humana jogar suas represálias sobre os ombros alheios. Ela precisava disso para continuar? Loreen precisava de uma mentirinha criada por si mesmo para se apoiar? Tudo bem, quem era eu para recusar-lhe este luxo? Agora ela estaria fazendo aquilo que eu tinha planejado para si, se auto remendando.

 

Deixei-lhe livre de mim até o dia em que uma carga chegaria de Moscou, o que foram exatos doze dias. A pirralha também não tentou contato algum, como o seu orgulho mandava. No entanto seria inevitável o nosso encontro após esse período, ela teria que receber as armas nos containers e me entregar. Ah sim… seria interessante.

 

Era noite, o horário que meu empregado havia marcado com Loreen para que não fossemos vistos juntos. O porto já não funcionava nesse período a não ser que se pagasse alguma propina e isso não foi empecilho algum.

Cheguei em minha Lamborghini com outros dois carros atrás de mim; alguns lacaios por precaução.

Loreen estava na parte mais afastada do local e digitava alguma coisa no celular quando parei o carro.

Maldito era aquele sobretudo que mal deixava suas pernas de fora, essa mulher tinha um corpo maravilhoso a ser admirado e aquela peça só o impedia de ser feito.

 

— Senhor C. - o homem que a acompanhava se aproximou com um sorriso apreensivo. — Estávamos ansiosos por sua chegada.

— Diga isso por você. - minha boneca quebrada ditou ríspida não se atrevendo a me encarar.

— É muito bom revê-la, Senhorita Johnson. - provoquei ciente do cinismo que eu utilizava, em troca seus olhos azuis me fuzilaram brevemente.

— Como eu já disse: diga isso por você. - desta vez me encarou, era nítida a sua mágoa, isto a tornava bela, mais do que já era. A tristeza, de alguma forma lhe caía como uma luva, infelizmente foram apenas alguns instantes antes que ela colocasse de volta sua máscara de indiferença. — Eu trouxe o inventário, tirei uma cópia, mas você pode ficar com a original. - falava andando a nossa frente parando apenas ao chegar em dois grandes containers com os logos da Farmac International. — AK47, granadas, sub-metralhadoras…. você pediu por dinamites e gasolina. Pra que? - indagou-me curiosa e desconfiada.

— Você nunca cansou de um brinquedo? - ela me olhou de modo reprovador; um tanto ferida, me atrevo a dizer.

— Ah sim, eu me esqueci de como você enjoa fácil das coisas. - seu tom de voz, apesar de afetado, não alterou uma oitava.

 

O capacho que estava com ela se encaminhou até um dos grandes containers, digitou uma senha e as travas foram desativadas, o sujeito apertou algum botão e elas se abriram.

O interior do compartimento possuía caixotes de madeira e feno onde descansavam as armas. Ao fundo havia algumas bolsas de viagem pretas e por elas despontavam os canos de duas Elephant Gun.

 

— Essa semi-automática é muito boa Senhor C. - quem era esse homem afinal? Ele ficava me bajulando e rodeando o tempo todo, já estava irritando.

— Obrigado, Senhor… - ele fez menção de que iria se apresentar. — Não se dê ao trabalho de me dizer seu nome, eu não lembro de minúcias. - sorri satisfeito quanto o imbecil colocou a arma no lugar e se afastou como um cachorrinho triste atrás da Loreen.

— Podemos agilizar isso? - a pirralha batia o salto com impaciência no chão de concreto. — Eu ainda te…

 

De algum lugar surgiram dois carros negros atirando à queima roupa sobre nós. Acertaram três dos homens que estavam comigo e atingiram o braço daquele babaca ao lado da Loreen.

Eles finalmente pararam aquela bosta nomeada de carro e saíram armados apontando para nós. Eu chutaria que era a Tríade irritada com os últimos acontecimentos, mas eu não acho que eles admitam negros no time deles.

 

— Essas armas aí são nossas, mano! - um deles, o pateta com cara de líder falou feliz como se eles fossem realmente tirar essas armas daqui.

Torci meu pescoço alongando os músculos a fim de dissipar minha súbita vai. Esses filhos da puta não sabiam com quem estavam mexendo.

— Podem ser de vocês. - eu não iria barganhar, mas homens como ele, sem massa cinzenta, são facilmente derrubados quando estão numa falsa ilusão de controle. Por isso me aproximei dele com passos cautelosos para que ele pensasse que era uma ameaça a mim. — Todas elas... - toquei o cano da sua arma com os dedos e a abaixei. — Você só precisa fazer uma coisa antes. Já ouviu aquela frase? Conquistar para dominar? - o imbecil acenou. Ele segurava uma metralhadora leve FN Herstal, uma bela arma de repetição. Eu toquei outra vez na arma levantando-a até o alvo. — As armas pertencem a esta linda mulher. Mate-a, e todo o carregamento será seu.

— Que porra você está fazendo? - rolei os olhos com a pergunta absurda que saltou dos lábios rosados. Me voltei para ela, vendo-a assustada e tensa.

— Eu tenho outros planos para a branquela. - o idiota abriu um sorriso maldoso passeando seus olhos imundos sobre Loreen. Eu imaginava o que se passava por sua mente, eu estava sempre a imaginar também…. aquele corpo deliciosamente nú, os cabelos negros espalhados por minha cama, a pele leitosa e macia arrepiando-se sob o meu toque, seus olhos azuis revirando em prazer.

Este era um privilégio que aquele bastardo de bandana não teria; ah não, não. Ninguém tocaria nela.

— Essa garotinha? - ri com escárnio enquanto Loreen arqueava as sobrancelhas. — Meu caro, não vale a pena. Nunca vi mais rodada, é fácil demais. Estrale os dedos e ela virá até você.

— E daí? - eu esperava por essa pergunta. Em algum tempo da minha antiga vida eu havia encontrado valentões, e eles sempre queriam as mesmas coisas: saborear-se do poder e possuir um garota bonita. Não importava se esse poder era de mentirinha, eles só queriam sentir pingos de ocitocina penetrar em suas células, uma ideia bem errada de felicidade. A garota, esta era apenas um modo de reafirmar que ele era líder, típico de animais selvagens dominando a fêmea do grupo.

— As armas. - apontei para o container aberto. — Ainda serão dela se você simplesmente a tomar. Você não quer as armas? - ele me olhou confuso. Era tão fácil manipular esse tipo de gente, eu precisava apenas abanar uma cenoura à sua frente. — Acha mesmo que ela não sabe como rastrear? Essa mulher vai ligar para alguns amiguinhos e encontrar vocês.

— Mata essa vagabunda logo, Chris! - um animal do bando gritou para esse tal de Chris.

 

Loreen me encarava num misto de fúria e confusão, talvez por maldizê-la, talvez por entregar minhas armas de bandeja, talvez eu tivesse quebrado aquela delicada credibilidade entre nós. Ótimo, assim a situação estava perfeitamente controlada, eu sabia disso e era o bastante.

Por outro lado o bastardinho segurando a metralhadora se perdia num conflito interno, atirar ou não atirar? Eis a questão. Cansando-me daquela espera bati em seu ombro com certa força para tirá-lo daquele estandarte mínimo de raciocínio.

 

— Mate essa vagabunda logo… Chris. - sibilei baixo segurando seu punho que sustentava a arma. — Seus amigos são sábios, escute o que eles têm a dizer. - incitei ele a puxar o gatilho.

— Coringa… - ouvi a voz doce de Loreen sussurrar amedrontada.

— MATE-A! - assustando-se com meu grito o imbecil apertou o gatilho na hora em que puxei seu braço para cima fazendo com que errasse o alvo e acertasse o teto. Loreen gritou ao mesmo tempo que se abaixou por reflexo.

 

O animalzinho confuso, atordoado por meu movimento sem querer deu-me espaço o suficiente para tomar a metralhadora das suas mãos. Destravei aquela merda e desci o balaço naqueles idiotas, eles até tentaram atirar em mim, mas a metralhadora era muito mais rápida. Minutos depois havia bem que sete corpos jogados no chão ensopando-o de sangue.

Realmente, foi revigorante para o meu espírito.

 

— Isso é uma amostra gratuita do que se ganha quando tentam roubar de um Rei.

— Você acha isso divertido, cara? - o tal Chris estava apavorado, me encarando enquanto eu admirava os corpos inertes dos seus comparsas, eu ria das expressões medrosas deles antes de perderem a vida.

— Divertido!? Você está brincando? - gargalhei. - Isso é de matar! - por último atirei nele, umas dezesseis balas daquele pente.

 

Virei-me para Loreen e os homens que ainda me restavam, todos me encaravam com espanto, tinha sido um belíssimo show, mas ainda precisava terminar meu trabalho.

 

— Tá bom crianças, podem descarregar! - ordenei com ânimo e como quem acorda de um longo transe meus cães começaram a se mover para pegar as armas.  — Depois limpem a bagunça e deem um jeito nesse aqui. - indiquei o bajulador com um aceno.

— Vou levar Grigory ao hospital. - Loreen o ajudava a se levantar. — Não precisa disso. - falava rápido, eu sabia que estava brava pelo simples fato dela não me encarar.

— Ótimo! Diga a polícia que ele caiu em cima de uma arma e ela disparou sozinha, eles vão acreditar nisso com certeza. - ironizei. — Os rapazes cuidam disso, certo Grigory? - lancei um olhar ameaçador em direção ao homenzinho chato.

— Cla-claro. - resmungou entre um gemido. Loreen suspirou derrotada e o deixou sob os cuidados de Um.

— Eu paguei para que desligassem as câmeras até terminarmos, mas temos que sair daqui logo antes que a polícia chegue. - ela disse olhando para os lados acompanhando o movimento dos homens. — Terminem de descarregar esse e amanhã eu dou um jeito de enviar o outro. - ordenou a eles. — Tudo bem para você, Senhor C.? - seu tom polido e profissional me irritou, mas ignorei, ela adoraria me ver assim e eu não lhe daria esse gosto. Até porque eu estava de excelente humor.

Loreen estreitou os olhos me encarando como uma pantera prestes a atacar, colocou a duas mãos na cintura e esperou por minha resposta. Acenei sorrindo sabendo que seria a deixa para mais uma de suas explosões de raiva.

— Você tentou me matar! - acusou. - De novo, pra variar.

— Eu não tentei te matar. - dei de ombros andando em sua direção. — Eu te salvei. Você e a mercadoria.  

— Toma. - jogou o inventário nas minhas mãos. — Se é só isso eu já vou.

— Não está faltando nada? - provoquei cínico. — Um sermão talvez?

— Eu não vou te dar um sermão! Vai adiantar alguma coisa? Afinal eu sou só uma vagabunda. - ela estava mesmo chateada com aquele pequeno detalhe? - Mas você errou em uma coisa, Senhor C. - sorriu de canto. — Se você estralar os dedos eu não vou correr pra você e da próxima vez que disser algo assim eu vou pegar essa Glock no seu coldre e descarregar na sua cara. - ri da sua audácia, eu nunca encontraria outra mulher como aquela, Loreen me divertia, me fascinava.

 

Ela virou as costas, mas eu a impedi de entrar no carro segurando em seu braço. Aquela nossa briguinha já tinha perdurado por dias, eu queria a minha garotinha desejosa de volta. Ansiava por ver a sua face rubra novamente, tinha vontade de beijar-lhe e sentir seu cheiro. Queria desnudar seu corpo outra vez e esquecer aqueles malditos negócios nem que fosse por alguns minutos, e eu os faria durar horas.

No entanto seu olhar foi algo entre a indiferença e a mágoa, uma máscara que tinha sustentado desde que me viu. Com brusquidão ela se desvencilhou-se do meu aperto e fechou a porta do esportivo prata.

 

Olhei-a nos olhos com severidade e apontei para o meu carro, um dos imbecis que tinha vindo comigo tiraria o carro dali para limpar qualquer rastro, ela com certeza não faria isso. Loreen compreendeu com quando Três se aproximou pedindo de forma muito educada para entrar, ela deu espaço e com um suspiro resignado andou em direção a minha Lamborghini.

 

— Pode me deixar na avenida principal. - segurei uma risada umedecendo meus lábios.

— Não sou seu chofer, amor.

— E você vai me deixar onde, então? - Loreen tinha um pequeno bico nos lábios e agia de modo infantil, não passava de uma barreira de auto defesa inútil, eu já estava familiarizado com isto.

— E você vai para onde se eu te deixar na avenida? - disfarcei minha curiosidade olhando para a rua.

— Por que eu te diria? - não me encarou, ao invés disso levou sua mão ao rádio e o ligou em alguma estação aleatória.

— Para que eu decida se vou te deixar lá ou não. - desliguei aquele inferno de música.

— Você não tem que decidir isso! Eu decido onde eu vou. - numa clara demonstração de revolta Loreen ligou aquela merda outra vez. — E eu vou para a avenida.

— Sério? Hum… acho que não. - a minha real vontade era mostrar para aquela pirralha quem estava no controle da situação, só que isso a manteria vestida e eu não queria isso. — Acho que temos passado muito tempo longe um do outro, talvez isso tenha te feito mal.

— Bem pelo contrário. - ignorei suas palavras ditas com amargura para me irritar.

— Vamos concertar isso. Uma taça de champagne lhe faria bem, te ajudaria a esquecer as mágoas. - lhe sorri de canto.

— Sim, porque pra você, esquecer os incômodos da vida é a melhor solução. - cuspiu as palavras de forma ressentida. — Foi assim que você enlouqueceu? Esquecendo quem você era? Se tornando uma casca vazia e mecânica que usa os outros a seu bel prazer e depois os esquece. - ouvi com atenção sua voz embargar em um choro contido. Freei o carro e a encarei raivoso por sua petulância. Raiva esta que se esvaiu quando meus olhos encontraram os seus tão doloridos. — Quando você se cansar e isto se tornar entediante para você; quando eu deixar de ser um peão ou uma boa cartada para os seus jogos… - cortou-se quando um soluço escapou de sua garganta. — Você vai me esquecer também não é? Vai me apagar com um tiro? Me jogar numa vala e me deixar morrer?

 

Loreen ainda disse algo incompreensível, tão baixo que não consegui escutar e então seu pequeno choro cessou. Então a peguei me encarando com aquele olhar de noites atrás, ela queria algo que eu não poderia lhe dar pelo simples fato de eu não acreditar ser existente. Embora eu admitisse nunca poder esquecê-la. Eu não conseguia nem deixá-la partir! Isso era assustador, eu não tinha o controle do que se passava por minha própria mente quando o assunto se tratava de Loreen.

Não era algo que me fizesse morrer por ela, jamais, mas era algo que me faria matar milhares para não vê-la em outras mãos que não as minhas.

 

— Você é só uma criança e vai se decepcionar quando descobrir que essa coisa que você chama de amor não passa de uma ilusão. - me aproximei devagar juntando nossas testas. Seus olhos azuis inconscientemente se direcionaram para a minha boca, sua respiração acelerou.

— Você é tão cruel. - murmurou.

— Você é tão bonita. - toquei sua pele a altura do pescoço. — As vezes sinto vontade de te escalpelar viva e emoldurar sua pele ainda quente na parede do meu escritório. Você gritaria de dor e eu gravaria cada segundo para ouvir seu choro repetidas vezes. - um sorriso involuntário se desenhou por meu rosto com tais pensamentos, eu pude sentir. — Eu poderia passar a noite olhando para a sua pele satisfeito com a ideia de que ninguém mais a tocaria… que eu seria o último a ouvir sua voz. Um último suspiro antes de dizer-lhe adeus.

 

Me afastei para encará-la e ver com clareza a sua expressão, os olhos arregalados e a boca entreaberta em espanto. Enquanto eu tinha as mãos coçando de vontade para realizar aquele pensamento.

— Esse é o homem que você diz amar, Loreen. - relembrei sua baboseira. — É por ele que você quer viver?

— Não… - sussurrou perdida em minhas palavras. — Não é como se eu fosse morrer sem você, Coringa. - pausou pensativa. — E a sua ideia de me matar é assustadora, mas ficar sem você também me assusta...

— E ficar comigo também te assusta. - completei sua sentença sob o olhar pesaroso que ela detinha.

— Principalmente quando você tenta me matar. - riu com amargura.

— Eu não iria te matar. - me defendi voltando a ligar o carro. — Eu precisava de tempo.

— Avise-me da próxima vez que precisar de uma distração, eu achei que fosse ser metralhada! - bradou indignada. — O seu jeito de fazer as coisas ainda vai me enlouquecer.

— O que eu posso dizer? Sou uma variável inconstante. - dei de ombros acelerando o carro.

 

Um toque de celular soou quebrando o clima intenso entre nós, anunciando uma ligação, vinha do celular dela. Loreen colocou uma mão no bolso do sobretudo e tirou o aparelho que eu havia lhe dado, traçou uma senha e atendeu.

 

— Bruce! - ah sim, eu já tinha visto nos jornais; sou um grande fã deles, - os jornais - são muito úteis. Li algumas manchetes sobre uma possível amizade colorida entre o milionário Wayne e a executiva Johnson. — Não sabia que tinha voltado de viagem! Aproveitou o vinho? - rolei os olhos com aquele jeitinho eufórico cheio de animação com que ela falava ao telefone. — Claro, espero que tenha guardado uma taça para mim. - sua voz alterou-se para algo mais baixo e provocante. Ela estava dando em cima dele? Isso poderia ser muito vantajoso se não me incomodasse tanto. — Eu vou ador… ei! - reclamou quando tirei o celular da sua mão.

— Ligue outra hora Senhor Wayne, estamos muito ocupados no momento. Beijinhos. - desliguei e joguei o aparelho de volta para Loreen, por sua vez, ela me encarava embasbacada com a boca aberta totalmente desacreditada da minha ação.

— Sabe o que você acabou de fazer? - ela estava furiosa. — Acabou de arruinar o meu encontro com uma garrafa de Serego Alighieri e um homem que diga-se de passagem, é maravilhoso! - pelo canto dos olhos eu a vi embrenhar as mãos pelos cabelos até amarrá-los num coque frouxo quase se desfazendo.

— Eu sou um homem que diga-se de passagem é maravilhoso! - olhei para ela rapidamente fingindo-me de ofendido. — E muito mais interessante.

— Esqueceu de louco e psicótico.

— Bom de cama. - cantarolei e ela corou desviando o olhar de mim para a rua. — Você não quer perder seu tempo com ele, amor. Vai por mim.

— Ah, mas eu quero sim e não é só o tempo que eu pretendo perder com ele. - seu sorriso malicioso me irritou, não me agradava em nada saber que a minha boneca tinha pensamentos nada castos com outro homem. Isso era um sacrilégio. — Ciúmes?

— Cautela. - respondi apertando o volante para descarregar a tensão. — Eu não divido meus brinquedos.

— Então que bom que eu não sou seu brinquedo!

— Não vamos discutir o óbvio. - gesticulei com uma mão como se aquilo não tivesse importância, e não tinha, Loreen não tinha poder de voto em minhas decisões.

 

Minutos depois eu estacionava na garagem do prédio em que ela morava.

Loreen saiu do carro batendo a porta revoltada por eu não a ter deixado na avenida e passado o resto do caminho ignorando seus protesto.

O caralho que eu ia deixá-la no meio da ruas em plena meia noite para encontrar algum filho da puta louco para se acabar naquele corpo que me pertencia.

Então saí do carro e entrei no elevador junto a ela, nele havia um casal de meia idade acompanhado por duas crianças, uma menininha chorona e um moleque risonho. Os dois adultos se afastaram com medo enquanto os pestinhas olhavam curiosos para mim.

 

— Ele tem uma arma. - a garotinha de cabelos castanhos sussurrou para o garoto maior. Ele a ignorou e mandou-a calar a boca.

— Você quer ver? - perguntei ao me abaixar para ficar na altura da menina sob olhar atento de Loreen. — É mais leve do que aparenta. - tirei a arma do coldre e destravei o gatilho, em seguida ofereci a ela. Aqueles que deveriam ser os responsáveis pelo casalzinho se espantaram, o homem parecido com o garoto abriu a boca para dizer algo, mas eu o calei com um olhar gélido. — Vamos… pegue. - balancei a Glock em minha mão.

— Coringa, ela é só uma criança. - novamente ignorei uma Loreen apreensiva e sorri de contentamento quando a baixinha pega minha arma com as mãos trêmulas.

— Não é leve? - ela acenou positivamente em resposta a minha pergunta. — Há muito poder aqui. - apontei para o cartucho de balas. — Você tem o poder nas mãos. Poder trás controle… - ela piscou os olhos marejados tentando compreender minhas palavras.

Devagar, segurei sua pequena mão e a levantei à altura da cabeça do - até então - irmão. Ela me olhou com medo mirando-o.

— Jenny… - a mulher sussurrou aflita, eu vi o medo estampado em seu olhos verded ao pensar que a garotinha poderia matar o irmão.

— Diga o que você quer, Jenny. - falei calmo ainda segurando sua mão. O garoto tinha lágrimas nos olhos, estava apavorado balbuciando algo. — O que esse garoto fez para você?

— Ele puxou o meu cabelo e quebrou minha boneca. - respondeu-me baixinho apontando para uma sacola transparente nas mãos da mulher, dentro estava apenas o corpo de uma boneca.

— Que coisa horrível de se fazer! - me fiz de indignado frente ao ato inaceitável. - Então o que ele deveria fazer?

— Coringa! - Loreen me chamou outra vez com represália.

— Me pede desculpas, Alex! - a garota disse entre uma fungada e um solução.

— De-desculpa Jenny. Eu não vou mais fazer isso, desculpa, desculpa! - ele estava tão desesperado que eu precisei me segurar para não rir.

Embora minha diversão tenha acabado cedo demais eu havia apreciado os poucos minutos.  

O elevador havia chegado ao andar de Loreen.

— Lembre-se dessa sensação, criança. - peguei minha arma de volta e lhe acariciei o cabelo castanho. — Você tem potencial.

 

Eu ainda ouvi Loreen pedir desculpas antes do elevador se fechar. Estávamos no corredor que nos levaria para o interior do apartamento e ela me encarava como se eu fosse algum demônio que não pertencesse a este mundo. Ah caralho, ela provavelmente começaria a falar sobre eu ser louco e sem noção, enfim, asneiras.

 

— Você colocou uma arma na mão de uma criança. - murmurou desacreditada caminhando em direção a sala.

— Elas devem aprender desde cedo. - ri me acomodando no sofá.

— Aprender o que? A matar? - começou a andar de um lado a outro nervosa. — Droga, meus vizinhos te viram! Eu estou muito ferrada agora, vou ser presa por sua culpa. - eu não dava muita importância para o que ela falava, isso não era nada que um suborno não pudesse resolver. Além do mais, minha atenção estava sobre aqueles botões dos sobretudo negro sendo desabotoados um por um. — Se eu for presa você vai pagar um advogado muito bom pra mim e se não for o suficiente você vai entrar no presídio e me tirar de lá! Eu não quero nem saber. - finalmente arrancou aquela coisa dando-me a visão de um corpo modelado por um vestido curto, roxo, que parecia ter sido costurado em si.

Porra! Eu cairia de boca naqueles peitos de bom agrado, mas ela não calava a boca.

— Blá blá blá… tá, eu já entendi. Você vai ser presa. - revirei os olhos cansado do seu discurso.

— Você não está prestando atenção no que eu tô falando! - sua fala era acusatória, assim como seu olhar e postura. — Não se aproxima! - mandou quando dei os primeiros passos em sua direção. — Você não vai me usar de novo, nem adianta. Tá pensando que é assim? Você me magoa, passa uns dias afastado e pronto? Tá tudo bem? E eu tô bem puta com você! O que te dá na cabeça pra enfiar uma arma nas mãos de uma criança. Ah é, destravada ainda por cima.

— Você está fazendo uma tempestade num copo de água, amor. - segurei sua cintura com minhas mãos e a puxei para mim. — Eu estou me controlando para não te dar a surra que você merece. Você anda muito desobediente e mandona pro meu gosto. - falei próximo ao seu pescoço inalando seu cheiro enquanto a via se arrepiar.

— Me solta, Coringa. - senti o fraquejar de sua voz.

— Não. - me limitei a dizer subindo minha mão até o zíper daquele vestido baixando-o até que a peça estivesse no chão.

Devo ressaltar com alegria que Loreen tinha o maravilhoso costume de não usar sutiã com aquele tipo de roupa.

Toquei a lateral do corpo curvilíneo e enrosquei um dedo na calcinha roxa minúscula que ela usava.

— Você me quer? - seus olhos azuis afundaram-se nos meus em conjunto a sua voz instigante. — Quer me tocar? - seus lábios roçaram nos meus. E quando a minha resposta não veio ela sorriu maldosa com alguma ideia rodeando-lhe a mente. — Mas querer não é poder. - e se afastou de mim “pulando” o vestido largado no chão. Andou lentamente por um corredor qualquer apenas com os saltos negros e aquele pedaço de pano cretino. — Disso você entende bem, não é? Poder pode ser muito mais do que pistolas e granadas, amor. - soou um tanto distante, mas eu ainda pude distinguir o tom de deboche em sua voz.

 

Eu fiquei ali, surpreso com a sua reação incomum. Loreen era de alguma maneira uma pessoa que não me entediava, estava sempre me instigando a provocá-la; vê-la enfurecida era um prazer imensurável para mim e saber que ela era tão boa jogadora colocava um sorriso em meu rosto. Havia tanto o que fazer com aquela mulher, as possibilidades me inquietavam. Afinal, não existia ser humano algum no mundo que pudesse me deixar frustrado como ela havia acabado de fazer.


Notas Finais


E ai? hahahaha Acredito que o Puddin não seria uma bom pai, né? É... não ia dar muito certo ele incentivando as crianças a matar :s

O que acharam povo? Muito fofo né? hahahaha

Beijão delícias!!


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