1. Spirit Fanfics >
  2. Madness Queen >
  3. XXV. Separation

História Madness Queen - XXV. Separation


Escrita por: GloriusCatTree

Notas do Autor


Oiie amores. Quero agradecer aos comentários do outra cap. vocês são mesmo a minha inspiração!!
Deixem-me me desculpar pela demora e por qualquer erro que surgir. Ah, e por não ter banner, acontece que ainda estou viajando.

Capítulo 25 - XXV. Separation


Quente. Essa palavra me definia, mas não era de excitação e sim raiva pura que eu sentia mesclar a uma pontada de ódio. Acredito que foi nesse ponto em que leveu as palavras do Coringa sobre deixar minha mente tomar conta de mim a sério.


Eu o vi sentado de forma relaxada no sofá, com um braço estendido no encosto segurando uma taça de vinho tinto, o outro ele balançava agitando a arma dourada no ar e a porra de um sorriso brincava em seus lábios vermelhos. O imbecil não tinha nenhum tiro no corpo.

Foi o estopim para que eu percebesse o quão manipulável tinha sido. O que eu sentia agora pode somente ser descrito como uma massa de fúria incessante.


— Você me obrigou a mentir, querida - fez-se de vítima como o esperado. — Nós precisamos por uns pingos nos is.


Precisávamos e eu não o interromperia porque quando chegasse a minha vez ele se arrependeria muito do que tinha feito.


— Vi você sair agitando esse rabinho, necessitada de atenção ao me ver com Michelle. Foi... desnecessário. - continuei quieta usando suas palavras como alimento para minha raiva. — Eu apenas queria agradar o irmão da moça para expandir minha influência, não foi nada demais. Não precisava ter feito disso um motivo para se zangar.


O desgraçado dizia mesmo que era coisa da minha cabeça?


As poucas palavras que usou para me dar uma explicação completamente vazia pareceram, ao seu ver, mais do que o suficiente. E no final se levantou para andar na minha direção reclamando para eu não começar pois estava mal humorado porque os tiras acertaram a lataria do carro.


— Você já terminou?

Ele revirou os olhos e largou a taça e a arma na mesinha de centro.

— Não vou discutir com você.

— Não mesmo, Coringa. Te quero pianinho agora. - ele ameaçou dizer algo mas o impedi começando a falar. — Você me traiu sim porque eu não te conheço de hoje, você quebrou o nosso acordo! Eu deixei de sair com alguém muito melhor do que você pra te agradar e o que eu recebi em troca? Galha, humilhação, manipulação, mentira e se você abrir essa boca pra falar que me dá sexo incrível - peguei a garrafa de vinho no mezanino ao lado do sofá e bati na quina de pedra deixando-a com cacos afiados no fundo que antes era inteiriço - eu vou te matar.

Respirei para dar ordens as palavras em minha mente, pela primeira vez tinha que me esforçar para ser racional.

— E outra, estou cansada de você achar que sou seu animalzinho e de você invadindo meu espaço pessoal. Eu iria conversar com você, mas depois que eu estivesse calma, porque agora, olhando pra você eu estou me controlando para não fazer uma besteira.

— Você está muito corajosa não é mesmo? - eu tiraria aquele sorriso cínico dá sua cara em breve.

— Não me interrompe! Outra coisa que não aguento mais são essas suas ameaças vazias. Qualquer coisinha você já começa com “vou matar fulano”, “vou matar você”, “se aproxima de ciclano pra ver o que eu faço”. Você só sabe falar essas merdas e me tratar como um prêmio na frente desses outros mafiosos pra quem você quer pagar de Mister Fodão. Fica sabendo de uma coisa: eu não sou uma puta de luxo!

Destilava toda a minha fúria.

— Eu te dei a opção de me deixar ir ou me amar, mas você me deu um tiro e decidiu me prender a você. Agora não tem mais escolha, eu vou embora e se você tocar naquela arma é bom atirar pra me matar porque se eu sobreviver te mando pro inferno.

O filho da puta gargalhou, mas notei a tensão no seu olhar.

— Que bobinha… acha mesmo que tem voz?

— Não me importa sua opinião. Acabou Coringa. Acabou essa relação doentia, acabou acordo com a Farmac, acabou qualquer vínculo entre nós.

— Sério, Loreen? E o que você vai fazer depois que sair por aquela porta? - Coringa mascarava sua raiva com enxurradas de sarcasmo. — Você é só uma vadiazinha perdida no mundo. Se não fosse por mim você estaria morta de tanta droga que usava. Eu te fiz! Você me pertence! Faço o que quiser com você!


Não aguentei. Meio segundo depois já tinha feito a merda de socar seu rosto com a minha mão livre. E não foi de leve, Coringa cuspiu sangue no tapete de pele branca. Também não me arrependi, muito menos senti medo quando ele veio na minha direção se agigantando para me intimidar.


— Eu vou ferrar com você, Coringa. - ditei fria. — Se prepara, porque eu vou acabar com o seu reinado de um jeito que você vai implorar pra ser jogado no Arkham de volta. - cuspi a palavras com gosto.


Pra falar a verdade eu não tinha a menor ideia do que faria. Mas eu tiraria dele aquilo que o marcaria, Gotham. Afinal, ao sair do seu apartamento eu tive a certeza de que meu coração não se encontrava mais comigo.



Pov’s Coringa


Inferno. Mil vezes inferno!

Olhei meu fiel empregado, Albert esperava que eu pegasse a arma e a matasse. O demônio em mim também pedia por isso. Aquela menina tinha me dado um soco com uma força que eu respeitaria se não fosse o meu rosto seu alvo. No entanto, não poderia simplesmente matá-la, seria a mesma coisa que deixá-la ir.


Maldito Pierre e suas armas de longo alcance, e nem eram minhas. Eu apenas faria o favor de interceptar uma carga para Gustaf. Mas deixe-me lhes contar a história do começo.

Acontece que Pierre Bonddlier é o maior traficante de AK-47 que já se ouviu falar na Europa. O cara é especializado nessa droga de arma e eu não sei se vocês sabem, mas essas belezinhas são a prediletas de gangues pequenas, além de serem muito utilizadas por militares nas guerras por causa do seu peso e precisão.

Enfim, Gustaf ia pegar essas malditas armas e vender para essas pequenas gangues e  famílias grandes de mafiosos para os lados da Sicília. E eu ia ganhar dois terços do lucro simplesmente por interceptar, o que daria cerca de um milhão em troca de duas horas do meu precioso tempo.

Para sanar suas dúvidas, as gangues pequenas as quais me refiro são os povos pobres do continente africano. Eles são um negócio muito lucrativo por pagarem por nossas armas com diamantes, então temos um lucro de quase duzentos por cento já que uma pequena pedra dessas compram uma caixa fechada com apenas vinte armas. E nem estou falando da munição.

Depois dizem que o crime não compensa.

Continuando, quando fui me encontrar com a porra do francês naquela manhã ele queria como uma amostra de boa fé, que eu distraísse a sua irmã em um passeio. Agora olhem pra minha cara! Eu tenho a merda da cara de uma babá? Ou de quem leva alguém num passeio se não for pra jogar o corpo de uma vítima no porto de Gotham? Não Porra! Eu não tenho essa cara.

Mas era um milhão de doletas, eu poderia me esforçar e fazer essa boa ação. O que fodeu foi que no meio disso meus cães encontraram o embaixador da Tríade em Gotham e pra não perder tempo levei a desgraça loira pra lá. Eu mataria dois coelhos com uma cajadada só.


Conclusão: me fodi e a minha mulher está fula da vida atrás de vingança por nada. Mas que grande porra!


— Senhor…

— Hum.

— Está tudo… bem?


Minha expressão não era das melhores.


— Estou ótimo! - forcei um sorriso, daqueles que eu preparava para quando pretendia extravasar de um jeito doloroso para terceiros. — Mantenha os meninos na coleira Albert.

— Hum?

— Eu tenho planos pra essa noite.


Saí sem dizer mais nada. Decidi extravasar porque tinha certeza que teria de começar a me preocupar com a Loreen em breve. Pois é, não tem aquela música que diz “eu tô brigado com a mulher, então eu vou dar fuga nela”? Eu ia fazer isso, tirando a parte de dar fuga, ao que parece eu nem tenho mais uma mulher.


Antes que comecem a dizer o quão filho da puta eu sou, lembrem-se: eu sempre disse que essa coisa de amor ia dar em merda. Uma palavra tão pequena que causa grande devastação. Não duvido nada que a essa hora aquela menina esteja fazendo cagada. Mas que porra! Maldita foi a hora em que eu decidi levar a irmã de Pierre até a Leste. Pior é ter que admitir que foi burrice.

Ah não, tem coisa pior e essa coisa é a sensação estranha de que eu realmente possa ter perdido a minha menina para sempre. A última vez que senti tal vazio eu tinha recebido a pior notícia da minha antiga vida, foi antes do acidente na Ace. Esta era uma memória remota, não mexo com o carrossel de flashbacks da minha mente pois sei o caos que isso acarreta. A partida daquela mulher começara a desencadear coisas que não deveria, me sentia autodestrutivo. Logo comigo? Tanta gente pra ficar fora da caixinha e sou eu quem estou pirando? Não deveria ser assim!

Sou eu quem tem efeito nas pessoas e não o contrário! Eu as faço sentirem-se temerosas!


Então por que eu sentia esse contorcer estranho no meu estômago? Por que minha alma parecia remoer lembranças ruins com dentes de aço afiado? Por que eu sentia que uma mão invisível tivesse me tirado algo importante? Por que meu mundo ruia a minha volta? Por que…


Soquei o volante cansado de tais questionamentos tolos. Loreen só podia estar brincando comigo. Eu deveria estar furioso com ela, mas só sentia essa falta desnecessária dela. Tinha a fúria, mas de mim mesmo por ter deixado que isso entre nós continuasse, por deixar o sentimento de Loreen me engolir, por me permitir cair nessa teia de sentimentos dolorosos que apenas atrapalhavam minha performance no mundo.


Não pensei no que fiz em seguida. Mas me peguei dirigindo rumo ao apartamento dela. E logo freei bruscamente.


Primeiro, que merda eu faria lá? Eu não tinha feito nada do que ela me acusou. Segundo, vi seu carro passar na pista ao lado quase tão rápido quanto eu dirigia e então mais dois carros irem atrás dela tentando ultrapassá-la.


MAS QUE DESGRAÇA DE NOITE É ESSA?



Existe algo que eu odeio muito, tanto que se equivale a falsidade e hipocrisia. Eu odeio não ter uma situação sob meu controle e é por isso que agora eu me encontrava puto. Todo o meu jogo mental para com Loreen com a finalidade de vê-la liberta daquele mundinho tinha dado certo e errado ao mesmo tempo. Eu vi em seu sorriso gigantesco que ela finalmente havia escolhido a saída de emergência, a loucura.


Do outro lado da pista a vi sair do carro como se não tivéssemos discutido. Ela provavelmente criara um bloqueio se negando a pensar em mim no momento.

De frente a ela estava Alison dando-lhe uma bronca enquanto Loreen deu de ombros e prestando o mínimo de atenção, por isso não viu quando um imbecil gigante saiu do carro que vinha atrás e avançou nela. Já iria interferir, pensei em sair do carro e arrastá-la comigo, mas ela tomou uma atitude que ninguém esperava.


Minha Loreen nunca faria aquilo.


O cara era o dobro de seu tamanho e estava prestes a estapear seu rosto. Foi quando ela o fez. Não vi de onde era tirou a arma, a mesma que eu tinha lhe dado, a pistola Taurus vermelha. Loreen atirou na perna dele, o barulho da arma fez os presentes gritarem e se agitarem. De onde estava vi Alison tentar chegar até Loreen, mas antes que pudesse fazer algo a arma foi disparada outra vez, uma bala se alojou na cabeça do sujeito.


Minha Loreen - a que tinha conhecido, pelo menos - não mataria por nada. Já havia matado por mim, mas não assim. Não a sangue frio. Não em vão.

Eu não creio que vou dizer isso, mas era como olhar o meu reflexo naquele momento.


Continuei a observando. Loreen tinha um semblante saciado e fingia não escutar as palavras de Alison. Depois andou até outro cara, esse segurava um pacote cheio de blocos de dólares, pegou e voltou para o carro saindo cantando pneu em seguida.

Ótimo! Loucura motivada por raiva, angústia, rancor e um coração partido. Sério mesmo que sou o autor desta obra? Por que olha, estou de parabéns! Sem ironia. Fiz a porra de um excelente trabalho. É assim que um pai orgulhoso se sente?

Para ser perfeito Loreen só tinha que esquecer essa ideia de vingança e voltar pros meus braços. Imaginem quantas coisas faríamos juntos? Em Gotham, fora de Gotham, na cama. Puta merda que saudade de foder gostoso aquela mulher.


Loreen já era fodidamente linda. Ensandecida daquele jeito então? Me deixava de pau duro.



Pov’s Loreen


Fui liberar minha raiva contida com algo que não fazia a muito tempo: correndo. E no fim eu tinha ganhado, mas alguém tinha que querer tomar meu prêmio, certo? Precisava me deixar ainda mais raivosa.

Dei-lhe o que achei justo. Dois balaços de ouro, um na perna e outro na cabeça quando ele se curvou.

Ainda tive que ignorar apelos de misericórdia vindos de Alison. Desculpe, mas ninguém nunca tivera misericórdia por mim. Fossem meus pais com sua negligência ou fosse Coringa quebrando meu coração e minha alma a cada dia. Não deixaria que mais nada fosse tomado de mim.


Enquanto voltava para casa. Sozinha. Peguei meu celular e disquei o número da última pessoa que pensei que voltaria a falar.


— Sim. - a voz masculina carregada pelo sotaque russo me fez estremecer.

— Alexander. - tornei minha voz firme num tom elevado de cumprimento. — Já faz um tempo.

— Achei que não a ouviria nunca mais. Ascrav sente sua falta.


Dissimulado. Alexander foi o primeiro a atirar pedras sobre mim quando decidi fugir da máfia. Quando voltei para Gotham e me ergui sozinha. Nunca gostei de organizações criminosas justamente porque os ditos superiores não querem ver seu crescimento.


— Ascrav me abomina. Espero que não esteja me rastreando, perderia seu tempo, estou em movimento.

— Você pensa muito mal de mim.

— Eu te conheço. - sorri ladino.

— Mas me ligou. Devo julgar que quer voltar para nós Johnson? Dominic vai adorar tê-la rastejando de volta para os braços da família.

— Detesto decepcioná-lo. Quero falar de negócios, por isso te liguei.

— Não estou em Gotham para falarmos pessoalmente, mas o que te faz pensar que Ascrav faria negócios com você?

— Você é o braço direito de Dominic. Só precisa convencê-lo.

— E qual seu trunfo? Eu não farei nada se não me disser o que quer e o que eu ganho por isso.

— Eu tenho uma lista de clientes que adorariam colocar seus dedinhos cheios de anéis de diamantes em algumas das melhores armas que vocês podem oferecer. Além dos serviços especializados em livrar caminhos que vocês possuem. Vamos Alec, Ascrav é grande, sabe que posso expandir seu território e trazer uma fortuna. Tenho muitos contatos.

— Posso fazer isso, mas você me dará algo em troca.

— O que seria? - perguntei desconfiada.

— Estarei em Gotham daqui a três dias. Como forma de agradecimento por meu favor quero seu belo corpo por uma noite. Será apenas eu, você, uma garrafa de vinho e a cama.


Nenhum pouco original. Rolei os olhos com tal proposta. Alexander não era exatamente o meu tipo, tinha a típica aparência dos homens russos. Olhos azuis, cabelos castanhos, uma altura digna das passarelas. Nada de extraordinário.

Sua personalidade também não era surpreendente, fazia o tipo inteligente que se faz de sonso. Mas eu teria que admitir, o filho da puta era ótimo em invadir softwares alheios.


— Uma noite? - ouvi ele concordar do outro lado da linha. — Uma noite então. Mas eu quero quarenta por cento dos lucros.

— Está achando que sou o mágico de Oz?

— Quer transar comigo Alec? - eu poderia imaginá-lo salivar com a ideia. Não era de hoje que eu sabia de sua atração para comigo. — Quarenta por cento dos lucros e aquele advogado que tirou Dante da guilhotina.

— Dubrovisk? Você deve estar metida numa merda muito grande. - riu desdenhoso.

— Acabei de matar um homem em frente às câmeras de segurança da Avenida Principal. Pelas minhas contas em até três horas a polícia estará me caçando e eu não tenho um bom esconderijo em Gotham.

— Como? Não tem aliados? Você está em Gotham, é o paraíso do crime.

— Aconteceram coisas hoje. Estou sozinha, Alec.


E quando não estive? Mas agora eu aceitava este fato e traria isso ao meu favor. Estar só não é uma coisa ruim, assim não é preciso se preocupar com cada pessoa ao seu redor, evitaria decepção e frustração desnecessária. Veja se você não concorda comigo: nós nunca somos traídos por nossos inimigos, deles esperamos qualquer coisa. O problema está nas pessoas em quem confiamos, são essas as únicas que podem nos apunhalar pelas costas.


Acertei alguns detalhes com Alec, afinal em breve eu estaria atrás das grades sem poder algum. Não acreditava que Coringa viesse ao meu socorro quando na manhã seguinte os jornais anunciariam que a famosa executiva Loreen Johnson tinha enlouquecido e atirado num pobre cidadão. E tinha certeza que meu pai acharia aquilo justo, não me tiraria da cadeia, embora eu fosse rejeitar qualquer ajuda dele.


É… eu estava na merda. Mas só percebi isso quando a porta do meu carro foi arrancada e um vulto se jogou dentro me fazendo perder a direção por alguns segundos.

Cara, eu devo estar abalando como criminosa! O próprio Batman vinha me prender.


— Pare o carro, Loreen! - sua voz com timbre rouco trouxe lembranças de sua última visita.

— Para você me jogar no Arkham? - ri com desgosto. — Não sou louca meu anjo!

— Você está fora de controle. Precisa me contar o que aconteceu.

— Ok. - dei de ombros. Já estava pouco.me fodendo. — Acabou morcegão! Coringa e eu não temos mais nada.

— Você matou aquele homem!

— Eu precisava descontar em alguma coisa. - inclinei minha cabeça para olhá-lo e sorri. — Ninguém vai sentir falta daquele vagabundo.

— Loreen, está se ouvindo?

— Blá blá blá! Vai me dar sermão?

Freei o carro e me virei o máximo que pude para vê-lo.


— Você já me deu um sermão, que a propósito, eu já rebati. - suspirei antes de abrir a porta do carro e sai com plena tranquilidade surpreendendo o homem. — Não vou fugir, mas é porque eu não quero.

— Você enlouqueceu.

— Não! Eu apenas abri meu olhos. - levantei meus braços como se estivesse me alongando. — O problema não está no mundo querido morcego. O mundo continua o mesmo. São as pessoas, elas se tornam piores a cada dia. - levei minhas mãos à altura do meu coração e apertei minha blusa ali para tentar expulsar um pouco da dor. — É preciso esquecer a humanidade para conseguir viver nesses tempos difíceis. Olhe para mim! Essa figura patética é o reflexo de uma boneca usada. - minha voz embargou, mas não chorei, não havia mais lágrimas. — A verdade é dolorosa…

— Você não está falando coisa com coi…

— Cale a boca! - alterei minha voz com raiva. Ainda tirei a arma presa em minha cintura e apontei pra ele, mas não engatilhei. — Escuta a minha profecia. Eu vou renascer, Batman e a minha ascensão fará Gotham tremer a ponto de chorar lágrimas de sangue que banharão cada centímetro desse asfalto. E preste bem atenção, não vai tardar para que isso aconteça.


O que me deixou mais fula foi o olhar daquele imbecil. Quase podia ouvir seus pensamentos, algo entre louca e louca pra caralho. Apesar da minha vontade ser de dar mais um tiro hoje me contive, mas não o deixaria me jogar no Arkham, agora eu precisava ir para o Centro de Contenção Provisória, lá eu esperaria por um julgamento e pela vinda de Dubrovisk.


— Quero fazer um acordo. - não tinha nada a perder mesmo. — Eu vou de livre e espontânea vontade, em troca você não me leva pro Arkham.

— Eu te disse antes. Te avisei.

— E eu estou ignorando pela segunda vez. - falei impaciente. — Sei que errei. - forcei um tom de arrependimento. — Eu me deixei levar pela situação, mas isso não significa que eu perdi a lucidez.


Não sei se o que ouvi foi um suspiro, mas num instante me vi algemada por uma coisa muito mais resistente que as algemas policiais.


Eu aceitei que fosse levada até o Distrito Policial de Gotham. Adivinhem quem adorou me ver? Isso mesmo o velhote Gordon. O filho da mãe me recebeu com palmas, cuspindo palavras do tipo “eu disse que te pegaria”, me calei quando pensei em rebater dizendo que ele não fez porra nenhuma, porque o morcego quase arrancou minhas mãos com o empurrão que me deu para burlar os fotógrafos. É, a notícia se espalhou bem rápido.



[...]


Quero poupá-los de alguns acontecimentos entediantes. Como por exemplo a minha festa de aniversário que teve de ser adiada por tempo indeterminado ou o fato da minha empresa ter sido pega dando os canos em impostos, mas dessa vez a culpa caiu em Grigory.

Perdoem-me! Ex-empresa. Parece que agora ela pertencia ao governo.

Bem, vejamos… eu ainda estou no Centro de Contenção Provisória, vestindo um moletom sem graça e sem direito a televisão. Droga, estudem meus anjos, para que quando forem presos tenham direito a uma cela com televisão.


O que mais?

Ah sim! A porra do meu julgamento tinha sido adiado porque a cidade ainda estava alarmada com as ameaças do Coringa. Mas ao que parece ele tinha adiado seus planos.

As vezes eu sentia sua falta como se fosse o oxigênio que preciso respirar, mas queria torná-lo uma memória ressentida que eu massacraria em breve.

Mas deixe-me contar o mais legal. Após puxarem um histórico da minha vida e descobrirem sobre meu caso amoroso com o Rei trataram de chamar um especialista para traçar o meu perfil psicológico. Ironicamente o escolhido foi Dilan e eu achei muito fofo ele tentar ser profissional.

No final de algumas sessões ele disse algo sobre dependência e influência negativa como se eu fosse uma adolescente na puberdade.

Depois veio Dubrovisk com sua pose de fodão e incríveis olhos verdes. Infelizmente ele não conseguiu me livrar do julgamento e cá estou eu. No fórum, enquanto decidem se vou para o Arkham me reabilitar e voltar para a sociedade, ou se me jogam em Blackcate.


— O júri… - o juiz estava prestes a declarar minha sentença. Eu sabia que seria ruim, mas o meu advogado parecia bem seguro com o que se sucederia.


Até que uma janela de vidro foi quebrada e uma bomba de fumaça foi lançada fazendo todos começarem a tossir. Mais três bombas foram lançadas. Olhei para Dubrovisk e ele retirava duas máscaras de carbono ativo da maleta. Colocou uma em si e depois em mim.


— Nós vamos pelos fundos. - falou me entregando uma pistola com silenciador.


Nesse momento policiais entraram junto com um bando de homens vestindo máscaras iguais a minha, mas estes desceram pelas vidraças atirando contra o idiotas fardados. E só então caiu a ficha: armaram a minha fuga. Dá até vontade de derramar umas lágrimas de emoção.

Mas ao invés de me emocionar atirei em um guarda do outro lado da sala enquanto Dubrovisk nos guiava para fora.

Não sei quantas pessoas morreram nesses minutos. Eu mal consegui enxergar se os funcionários ou se aqueles que tinham ido assistir ao julgamento tinha conseguido sair.


Tudo aconteceu muito rápido. E eu já estava sentada no banco traseiro de um carro preto, com meu advogado de um lado e um velho conhecido do outro. Dominic Hünnt vestindo um terno preto de alta costura que o deixava mais perigoso do que me lembrava.

Seus olhos castanhos me encaravam sérios enquanto ajeitava o cabelo preto já perfeitamente penteado.


— Tomei a liberdade de colocar algumas responsabilidades em suas mãos. Está na hora de deixar de ser uma criança rebelde, Loreen. Não te treinei para se auto afundar, te treinei para acabar com nossos inimigos. - me olhou de rabo de olho. — Espero que não tenha enlouquecido como dizem.

— Deixemos meu caos mental para que eu resolva. Quero falar de negócios.

— Bom. - Dominic soltou a fumaça do charuto que fumava. — Não quero uma subordinada. Até onde sabemos, você é péssima para seguir ordens. Mas Ascrav precisa de uma aliada como você fazendo negócios. Tenho uma lista de clientes interessantes para alguns de nossos serviços.

— Vai me dar carta branca para atuar em Gotham?

— E em Metrópolis e Starling City.

— Sabe quem vive nesses lugares? Superman e o Arqueiro Verde.

— Isso é medo na sua voz?

Ri sarcástica.

— Você está duvidando de mim. Não deveria, Dominic. - pisquei ainda sorrindo. — Aceito, mas quero uma boa parte dos lucros se vou ficar com o território. Acho que setenta por cento basta.

— Johnson. - advertiu com um olhar duro.

— Sessenta então, e Andrei como meu assistente pessoal.

— Sou um advogado. - Dubrovisk comentou na defensiva.

— Pago o triplo do que você ganha.

Ele maneou a cabeça aceitando.

— Ótimo.


O carro parou em frente a uma casa estilo veraneio muito bonita, nos limites de Gotham, longe o suficiente de olhares curiosos. E ao redor haviam muitos homens trajando terno e segurando fuzis.


— Estes homens estão sob seu comando. Faça por onde.


Ignorei suas palavras enquanto saia do carro com Andrei ao meu lado. Fechei os olhos sentindo o vento tocar minha pele.

— Não sinto a brisa desde que fui presa.

— Um mês e quatro dias. - respondeu mecanicamente recebendo um olhar frio. — E agora, Loreen?

— Agora eu vou tomar um banho, me encontrar com Alec e depois vamos até o porto de Gotham irritar meu ex.

— E como exatamente faremos isso?

Abri um sorriso maldoso.

— Matando alguns dos empregados e roubando a sua mercadoria.

Andrei me olhou incerto, mas concordou dizendo que reuniria os homens e prepararia o carro.

— Estou morrendo de saudades, meu amor...



Notas Finais


Espero que tenham gostado. Sei que prometi mais Loreen e Coringa, mas preciso fazer história povo hahahaha
Beijos!!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...