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História Madness Queen - VI. Naughty Girl


Escrita por: GloriusCatTree

Notas do Autor


Eu amo vocês, bando de gente linda, puta que me pariu! Muito obrigada pelos comentários dos capítulos passados, sério!!! *---*

Eu sei que vocês querem ler logo, mas eu preciso desabafar: foi difícil pra mim escrever isso, eu explico o porque nas notas finais :))

Espero que gostem e não me matem ahahahaha

Bora?

Capítulo 6 - VI. Naughty Girl


Fanfic / Fanfiction Madness Queen - VI. Naughty Girl

Eu não vi quando chegamos porque acabei dormindo no meio do caminho. Na verdade, eu não me lembro nem de ter saído do carro. No entanto, de ter dito várias merdas pro Coringa eu lembrava perfeitamente. Caralho... eu estava bem ferrada.

Outra vez eu estava naquele quarto, deitada em sua cama de lençóis negros, com seu cheiro exalando dos travesseiros e me inebriando.  No entanto ele não estava aqui, ouvia sua voz distante ordenando alguma coisa para seus homens, mas isso apenas significava que ele estava em outro cômodo do lugar desconhecido.

 

Que dor de cabeça! Parecia que um trator havia moído meu cérebro e uma navalha rasgado meu nariz.

 

E quer saber…? Eu até pensei em me levantar, procurar uma saída e fugir. Mas pra que? Qual o sentido de fazer isso se ele podia me rastrear? Eu pensei ser bem pior se ele me pegasse dando uma fuga.

 

Então eu voltei a afundar meu rosto no travesseiro sentindo um pouco mais do seu cheiro tão bom. E enquanto estava de olhos fechados ouvi a porta sendo aberta, Coringa passou por ela desabotoando o colarinho da camiseta social azul e depois dobrou as mangas até os cotovelos.

Estava compenetrado em seu pensamento que me parecia deixá-lo nervoso.

 

— Eu sei que está acordada. - ele falou sentado na ponta da cama, do lado contrário ao que eu estava.

— Estou. - disse em um fio de voz com medo de irritá-lo ainda mais

— Me parece com medo, amor. - virou a cabeça em minha direção com um sorriso aberto. — Está com medo de mim? Pois deveria estar. - seu sorriso sumiu e ele se levantou da cama. — Você é mesmo uma vagabunda! - Coringa explodiu, pegou um vaso de cristal que estava na cômoda e jogou no chão. — Eu sempre tive as minhas suspeitas sobre você, mas a Luz Vermelha... - ele forçou uma gargalhada. — Você achou que eu não fosse descobrir que você estava em um dos limites de Gotham? Eu até pensei que você seria idiota em tentar fugir, mas sabe qual foi a minha surpresa? Ver a minha linda boneca jogada na rua, bêbada e chapada!

— Eu n…

— Cala a boca! - gritou vindo em minha direção. Coringa pegou meu rosto com força apertando sua mão em minhas bochechas causando-me dor. — Cala a boca! - seu rosto estava próximo ao meu. — Se você abrir essa boca eu não vou me contentar apenas em arrancar suas cordas vocais. - ditou baixo me fazendo tremer de medo.

 

Coringa soltou meu rosto com brutalidade e se endireitou. O vi levar a mão tatuada até os fios verdes de sua cabeça, passou os dedos entre eles arrumando-os e inspirou o ar profundamente em busca de controle.

Mas o meu pavor era devido ao brilho ameaçador que emanava de seus olhos e me queimavam sinalizando o perigo eminente… não parou por aí.

 

— Mas eu quero ouvir da sua boca. - tocou meu queixo de leve. —  O que você foi fazer lá? - eu não conseguia responder, me desvencilhei do seu toque e do seu olhar. Eu não queria falar, era constrangedor saber que hipóteses como aquela haviam passado por minha mente. Eu nunca desejei tanto um buraco para me enterrar.

 

— Não me faça repetir!

 

Senti sua mão bater em meu rosto causando um estalo alto, Coringa agarrou meus cabelos com força. Eu não consegui conter um soluço, doía muito e não era o meu rosto recém machucado, era a minha alma que parecia se quebrar com suas palavras desgostosas e seu olhar enojado em minha direção.

 

— Não vai falar? - controlou sua voz enraivecida, mas o aperto em meu cabelo era um claro sinal de que sua tentativa de manter a calma falhara. — Eu vou te mostrar o que acontece com garotas más, amor. E você pensará duas vezes antes de me desobedecer novamente.

 

Coringa aproximou seu rosto do meu como muitas vezes antes, mas desta vez... o seu sorriso, seu olhar, tudo em si me causavam apenas um medo muito maior do que eu já sentia. Sua língua passou por minha bochecha me fazendo estacar, ele continuou até chegar á minha orelha onde mordeu-me devagar e com força. Eu gritei de dor e ele se afastou rindo.

 

Suas mãos terminaram de desabotoar a camisa e eu finalmente compreendi o que ele iria fazer. Tentei fugir desta vez. Pulei da cama e corri para a porta, as lágrimas vieram junto com meu desespero ao ver que estava trancada

 

— Não! - eu me negava a acreditar no que estaria prestes a acontecer. — Me solta! - gritei quando ele novamente me pegou pelos cabelos.

— Eu já não mandei você ficar quieta? - me jogou no chão. Tão perto da cama que bati a cabeça na ponta da madeira. — Você não é um uma cadela, hum? - ele se aproximou de mim outra vez lembrando-se de minhas palavras ao telefone. Ele me puxou em sua direção segurando meu braço, sua força era tanta que eu não duvidava do futuro aparecimento de hematomas. — Você acha que não é, porque ninguém nunca te colocou no seu devido lugar. - e largou meu corpo no chão novamente.

 

Eu já estava tonta por bater a cabeça daquele jeito, mas a falta de ar que senti quando Coringa me chutou contribuiu para que a nitidez dos meus sentidos fossem embora. Tudo o que eu conseguia distinguir era medo, pavor e o gosto férreo do meu próprio sangue em minha boca, além da dor que subia por minha barriga.

 

Ele estava furioso, mas nunca tirava aquele sorriso sádico. Me machucar era a sua grande diversão nesse momento, agora eu era a sua piada.

 

Coringa se afastou para encher um copo de whisky e consegui vê-lo pegar uma pequena faca de cabo preto em uma gaveta do bar. Ainda estava estatelada no chão quando ele voltou para perto de mim. Pensei que meu coração fosse parar ao tê-lo arrastando a lâmina por meu rosto lentamente sem me ferir.

 

— Para… - eu pedi no meio daquele choro.

— Você não me parece tão corajosa agora, Senhorita Johnson. - disse baixo levando a ponta afiada da faca para o meu pescoço. — Eu poderia cortar sua jugular… - seus olhos atentos em minha pele focaram agora nos meus. — Talvez a sua carótida. - pressionou a faca bem acima de onde estaria minha artéria. — Mas esse carpete ficaria sujo e eu teria de trocá-lo.

— Por favor, para. - eu pedia entre pequenos soluços sem me importar se ele me comparava a uma sujeira.

— O que você foi fazer lá? - indagou descendo os olhos azuis para os meu lábios trêmulos esperando por minha resposta.

 

Mas eu não poderia responder, eu não queria e ele só ficaria mais puto depois de ouvir.

 

— Me diga… você foi atrás de sexo? - soltou uma risadinha nervosa. — Uma garota tão bonita e inteligente com você precisando pagar para ser traçada. - sua voz era carregada de sarcasmo. — Você é uma pervertida, amor.

 

Outra vez sua mão agarrou meus cabelos fazendo-me gritar de dor quando ele me arrastou pelo quarto até me jogar na cama novamente. Eu não tive tempo de me levantar, quando pensei em correr ele pegou em meu tornozelo e me puxou para si encaixando seu corpo entre as minhas pernas. Me remexi tentando afastá-lo sem sucesso, Coringa irritou-se e estapeou-me outra vez.

Ouvi seu riso quando prendeu minhas mãos com uma espécie de fio de aço que me cortava toda vez que movia minhas mãos, a dor era lancinante.

 

Ele ignorava todos os meus apelos, ria feliz como se tivesse ganhado na loteria. Era horrível!

 

E foi ainda mais quando ele levou sua mão direita ao meu pescoço forçando a minha passagem de ar impedindo-me de respirar, eu só conseguia pensar que preferia ter morrido aquele dia no farol. Que entre nós dois eu deveria ser a mais doente, porque eu não o odiava, eu queria que ele parasse com aquilo, que não me machucasse, mas eu não o odiava.

 

Coringa ainda me sufocava e aproveitando meu desespero em busca de ar cortou meu bore e o arrancou com facilidade do meu corpo. Seu olhar queimava minha pele, me devorava com toda a sua fúria.

 

— Sempre me questionei como você seria sem esses pedaços de pano. - levou a faca ao meu sutiã vermelho e cortou as alças.

— Não! Não faz isso! - implorei em um golfada de ar quando ele largou meu pescoço.

— Fica quieta! - mandou ao cortar o fecho que prendia a peça. — Quer que te bata novamente, querida? Eu posso fazer muito melhor do que apenas te dar tapas.

 

Sua mão, a mesma que antes quase arrancara meus cabelos tocou meu seio desnudo. Não tinha nada de bom, tudo o que ele me fazia não passava de doloroso e medonho. Seu toque se tornou um aperto forte e então um tapa tão rápido que nem percebi quando mais um grito cortou minha garganta. Por puro reflexo tentei me encolher, entretanto aquele fio em meus punho me lembraram que não tinha muita escolha a não ser ficar parada ou ter minhas mãos decepadas.

 

— Que pele branca, amor. Por que não a deixamos um pouco mais corada? Você fica tão bonita de vermelho. - um sorriso de escárnio se fez em sua face.

 

A ponta de sua língua quente e úmida tocou em meu mamilo causando-me um curto arrepio, que logo foi substituído por mais uma avalanche de dor quando ele prendeu minha carne sensível entre os dentes metalizados com força.

 

— Chega! - gritei afundada em desespero. — Pelo amor de Deus. Para. - engasguei no meu próprio choro quando ele levou a mão a minha saia, arrancou-a e em seguida puxou a única peça que me cobria. Eu nunca me senti tão exposta em toda a minha vida e a sensação era péssima, eu queria morrer. — Para…

 

Ele me bateu outra vez no rosto e rosnou enraivecido. Então eu soube que era tarde mais quando senti seu membro, duro como rocha, me invadir de uma vez arrancando de mim mais gritos dolorosos, afinal, eu não estava excitada, úmida e muito menos confortável.

Tudo não passava de um gesto de covardia.

 

Enquanto que Coringa arrematava com força em mim, eu chorava já sem esperança alguma de que ele parasse. A dor se tornara excruciante, era como se ele me rasgasse por dentro. Eu já não o olhava mais, apenas deixava lágrimas silenciosas caírem molhando a cama sentindo seu pau pulsar a cada estocada.

Novamente forçou seus dentes contra meu outro mamilo a fim de arrancar mais de meus berros, só que eu já estava sem voz, eu sentai ele apertar-me com força entre as placas de metal, mas não esbocei reação que não fossem caretas de dor.

 

— Você está muito calada, amorzinho. - ditou ofegante sem nunca deixar seu cinismo de lado.

 

Eu não rebati, continuei derramando minhas lágrimas em silêncio até ele finalmente gozar e sair de dentro de mim. Coringa se deitou ao meu lado provavelmente sorrindo de seu feito, eu não quis ver. Agora eu só queria deitar em minha própria cama e lamber minhas feridas.

 

Coringa tinha conseguido o que queria, uma boneca.

 

— Tem certeza que não vai me dizer o que estava fazendo naquele lugar? - não sabia dizer se seu tom era de ameça, não me importava mais se ele iria voltar a me machucar. Eu já tinha desistido de qualquer coisa a esse ponto, seria muito melhor caso ele finalmente me matasse.

— Estava procurando por você. - minha voz embargada saiu carregada de arrependimento por ter feito tudo aquilo na noite passada, por não conseguir tirá-lo da minha cabeça, por não odiá-lo como deveria.

 

Não virei meu rosto para encará-lo, não queria saber qual expressão carregava.  Ele não falou mais nada.

 

— Quero ir embora. - sussurrei baixo pensando se ele teria ouvido.

— Não. - respondeu simples.

 

Senti a cama se movimentar, era ele se levantando enquanto arrumava a calça.

Coringa em momento algum me olhou, andou pelo quarto atrás de alguma coisa que eu não fiz questão de saber o que era, ele demonstrava não se importar com o que havia acontecido e sua distância nesse momento era um novo conforto para mim.

 

Mas durou pouco, ele se voltou para mim com a pequena faca. Por um momento eu pensei que ter aquilo enfiado na minha garganta seria uma boa, doeria menos do que ser estuprada por ele. Ter uma arma na minha cabeça ou receber a notícia de ter um explosivo em mim não havia sido pior do que sentir meu corpo ser violado com violência e brutalidade.

Sem olhar para meu rosto Coringa cortou os fios que me feriam os punhos, a esse ponto eu já nem me lembrava mais da existência daquela coisa.

 

Cortados, meus dois punhos possuíam uma linha fina avermelhada do qual brotava algumas gotas de sangue.

 

— Por favor, me deixa ir. - tentei outra vez recebendo sua atenção.

— Não me faça perder a paciência outra vez, Loreen. - disse com rispidez e se encaminhou para a porta. — Mandarei preparar um banho para você.

 

Após a sua saída uma mulher entrou com um olhar preocupado direcionado em meu corpo nu, abaixou os olhos em direção aos meus punhos e então minha roupas rasgadas no chão. Sua expressão era de puro horror, mas não falou nada e não se aproximou de mim, apenas seguiu para uma outra porta que havia no quarto.

Qual seria o problema dela para trabalhar pra um maníaco? Me passou pela cabeça que, ou ele tinha ameaçado a família dela, ou ela não tinha onde cair morta. De toda forma a empregada não parecia ter muitas escolhas.

 

Ouvi o barulho de água cair e um cheiro doce de cereja exalar do local em que ela estava, minutos depois a vi sair e sem me encarar disse que meu banho estava pronto.

 

Eu precisava tirar os rastros que Coringa deixara em meu corpo, toda essa sensação de estar suja me fazia lembrar dos seus toques tão brutos.

 

Andar foi um sacrifício, minha intimidade estava ardida e dolorida, e quando me coloquei de pé senti o sêmen descer por minhas pernas acompanhado por um pouco do meu sangue. Mas eu consegui - lentamente - chegar ao banheiro totalmente branco. Pude ver então uma banheira de três lugares cheia de água quente com sais de banho.

 

Ter meu corpo submerso no líquido cheiroso foi renovador. E o silêncio… nunca era bom ficar a sós com a meus pensamentos, agora por exemplo algo dentro de mim gritava para que eu afundasse meu corpo e ficasse dentro da banheira até ter meus pulmões cheios de água. Era tentador, eu poderia acabar com toda a minha tortura. Eu nunca mais o veria e ele nunca mais me machucaria, o rancor que se formava em meu âmago iria embora junto à minha vida.

 

Eu faria isso se não fosse tão covarde, se não tivesse tanto medo de sentir dor novamente. Por isso eu fiquei na banheira até ter as pontas dos dedos enrugados, com a água até o limiar do meus pescoço. Quando finalmente criei coragem me levantei e enrolei uma toalha branca em volta do meu corpo.

 

Minha surpresa foi que ao sair do banheiro vi Coringa sentado na poltrona de camurça, ele segurava um copo de whisky e tinha as pernas cruzadas. Me olhava atentamente deixando-me constrangida e contrariada por tê-lo no mesmo ambiente que eu.

Mesmo assim não o questionei, era tão desnecessário para mim falar com ele, isto apenas serviria para me fazer sofrer ainda mais.

 

Quando ele percebeu que eu não diria nada gesticulou com seu copo em direção a cama. Assim que olhei vi sobre ela uma das suas camisas, esta era de um cinza muito bonito, mas eu não a vestiria. Agora eu não suportaria a ideia de ser tocada por ele, mesmo que fosse uma blusa, não queria nada dele perto de mim.

Então voltei para o banheiro e vesti um roupão de algodão que tinha visto pendurado num gancho de metal.

De volta ao quarto, Coringa me encarou fixamente antes de se levantar depositando o copo na mesinha ao lado da poltrona.

 

— Por que estava me procurando? - o passo que ele utilizou para se aproximar de mim, eu usei para me afastar. — A alguns dias atrás você não estava fugindo de mim? Então, o que quer? - seu sorriso voltou, cínico como se nada tivesse acontecido.

— Não sei. Já não sei mais o que estou fazendo, não sei para onde estou indo. - revelei baixo olhando para o chão onde eu estivera antes, as cenas dele me chutando passaram pela minha mente causando uma dor dilacerante que me impediu de conter as lágrimas.

— Você está indo para o único lugar em que uma pessoa sã pode ir. - aproximou-se de mim outra vez e antes que eu conseguisse fugir ele agarrou e puxou meu braço em sua direção com força o suficiente para fazer meu corpo impactar-se no seu. Com o outro braço Coringa enlaçou minha cintura. — Está caminhando lentamente em direção a loucura, amor. - sorria de forma psicótica para a minha figura estática. — Agora, me mostre que você é uma boa menina e coma.

 

Coringa afrouxou o aperto em minha cintura e eu me afastei rápido, ainda pude ouvir um riso anasalado dele antes de ver uma bandeja de prata com o que seria o meu… jantar? Eu não sabia que horas eram.

E também não queria mais ficar ali para saber. Por que eu não podia ir pra casa? Ele já tinha feito toda essa merda comigo, por que ainda me forçava a ficar?

 

— Não tenho fome. - murmurei indo em direção à cama, deitei e afastei as cobertas de mim, elas me lembravam daquele ato cruel… do seu toque nojento em minha pele.

— Não perguntei se tem fome.

— Me deixa em paz, por favor. - não exigi, de nada adiantaria fazer isso. — Não estou te enfrentando. - pisava em cima do meu próprio orgulho. — Só estou pedindo um momento, você já fez o que queria, então por favor... - eu sentia que se continuasse falando logo choraria então me interrompi afundando o rosto no travesseiro negro.

 

Coringa ainda reclamou qualquer coisa antes de sair do quarto.

 

Eu podia estar sendo obrigada a ficar, mas ele não me obrigaria a comer. E o desgraçado era tão esperto que não deixou os talheres na bandeja, antes de fechar a porta ouvi ele os pegando. Talvez ele tivesse medo de que eu o atacasse, o que nesse momento é algo bem provável que eu faça.

 

Tentei afastar algumas ideias para um homicídio, afinal um corpo ferido e uma mente quebrada contribuíam muito para que o sono me abraçasse.

Foi um sono conturbado, meus sonhos sempre convergiam para um único ponto em comum, a violência que a pouco tinha sofrido, e toda vez que me mexia acabava despertando por causa da dor incomoda em meu rosto e corpo.

 

Meu curto momento de paz - para mim foi extremamente curto e inútil - acabou-se quando a porta dupla de madeira foi aberta de supetão.

 

— Já terminou o luto, querida? - Coringa disse ao voltar para onde me deixara sozinha, continuava debochado. — Nunca ouviu dizer que águas passadas não movem moinhos?

— Vai me deixar ir? - indaguei com uma irritação escondida por trás da minha máscara de apatia.

— Oh linda, vai correr para os braços do papai? Contar que o homem mau te machucou? - inclinou o corpo para frente ao gesticular e riu de forma bizarra. — Você vai para casa, não se preocupe. Até parece que não aprecia minha companhia, pirralha.

— E não aprecio. - me levantei da cama e fui em sua direção.

— Sério, amor? - Coringa pegou a arma dourada presa no coldre e engatilhou olhando-me com cansaço. Puro fingimento desse desgraçado. — Nós vamos mesmo brigar de novo? Agora que nosso relacionamento está tão bom?!

— Qual é o seu problema? - falei afastando-me dele com medo, mas ainda assim puta da vida com seu teatrinho. Como ele podia agir assim? Depois de toda a sua monstruosidade.

— Alguns dizem ser sociopatia, ou simplesmente me chamam de psicopata, mas estão todos errados. - e mais uma vez pude contemplar a seriedade em seu rosto.

— Estão? - arqueei uma sobrancelha ignorando meu medo.

— Frio, sarcástico e sem coração… - falava balançando a arma em sua mão tatuada num gesto um tanto que teatral. — Foi no que eu me tornei. - e então outro sorriso sádico emoldurou a face pálida. — E só agradeço à sociedade por isso.

 

Toda essa conversinha só servia para me deixar ainda mais impaciente. E esse jeito de agir, Pelo amor de Deus, o filho da puta tinha acabado de me violentar, como ele podia me dizer para esquecer? Se eu pudesse esqueceria até mesmo o dia em que nos conhecemos, voltaria para a minha vida supérflua e pararia de reclamar, mas saber que meu corpo foi feito de brinquedo por um desgraçado daquele só fazia eu me sentir suja e enraivecida.

 

— Eu não tenho nada haver com o que eles fizeram com você. - me segurei para não gritar, porque a minha vontade era de voar no pescoço daquele bosta. — O que você quer de mim afinal? Você já tomou minha conta bancária, já transformou minha vida num inferno, feriu uma pessoa importante pra mim e agora tomou meu corpo a força. Não tenho mais nada, Coringa! Não há mais nada para você tirar de mim.

— Claro que tem! E eu tomarei tudo o que eu quiser. - piscou para mim e guardou a arma. — Agora, por exemplo, nós vamos usar essa sua carinha linda e se você for boazinha, fazer tudo o que eu mandar, quem sabe você não termine essa noite em sua confortável cama? - ah, eu odiava quando ele falava comigo como se eu tivesse dez anos. Fazia meu sangue ferver. —  Então, Senhorita Johnson, como logo e vista-se, nós temos um compromisso. - ele estava de sacanagem comigo, né?

— E você acha que eu tenho roupa pra vestir? - peguei meu bori cortado no chão e joguei em sua direção, era pra ter batido em seu rosto, mas ele segurou e riu da minha raiva.

— Não se preocupe, amor. - Coringa assoviou e dois dos seus cachorros enumerados entraram pela porta com duas caixas cada um. — Eu te disse que cuido bem dos meus brinquedos.

 

Quando os homens deixaram os pertences sobre a cama eu me aproximei curiosa, abri uma caixa menor que estava por cima de outra, esta era branca com alguns detalhes em preto, nada demais comparado ao seu conteúdo. Porque assim que a abri senti o ar me faltar, dentro da caixa havia um par de Christian Louboutin da coleção Rich Strass, nem eu tinha um daqueles.

 

— Isso são…

— Brilhantes? - interrompeu-me com uma pergunta divertida. — É, são.

— Mas isso é muito caro. E como você sabia meu número? - perguntei olhando os solados vermelhos para conferir a numeração.

 

Coringa não me respondeu, estava entretido demais com as minhas súbitas mudanças de comportamento. Até eu estava, mas tinha um par de Louboutin edição limitada na minha frente, somente três pares haviam sido lançados, meu coração ia parar, eu acho.

E não parou por aí, ao abrir a caixa de baixo, a maior de todas, encontrei nada mais, nada menos que um Alexander McQueen. Um vestido vermelho que mal tinha sido adaptado para se usar fora das passarelas, meu Deus, ainda nem tinham lançado aquilo.

 

Mas eu recobrei a consciência no minuto seguinte.

 

— Você não vai me comprar com isso. - soltei o tecido macio sobre a caixa e me virei para ele demonstrando estar ofendida, porque sim, eu estava ofendida mesmo. O maldito acha que pra concertar uma merda dessas é só chegar com presentes caros? Ah, se aquela faca estivesse aqui.

— Eu não preciso comprar algo que já é meu. - sorriu de canto esbanjando charme enquanto seus olhos continham um brilho genuíno de diversão.

— Eu não te pertenço. - balbucie trêmula ao constatar sua repentina aproximação. — Eu nunca te deixaria me ter, não sou louca. - minhas palavras não passavam tanta confiança quanto eu gostaria que passassem. Coringa havia feito tudo aquilo comigo e mesmo assim eu conseguia ficar nervosa em sua presença.

— Você sabe o que sou capaz de fazer quando as coisas não ocorrem como eu quero. - abriu a menor caixa, tirando dela um colar de ouro delicado demais para os seus gosto. Coringa deu a volta até ficar atrás de mim e empurrar meus cabelos para a  frente dos meus ombros. Confesso que nessa hora eu gelei esperando um puxão de cabelo ou coisa parecida, mas não, ele apenas colocou o colar em meu pescoço e dedilhou minha nuca com sua estranha delicadeza causando malditos arrepios indesejáveis por toda a extensão do meu corpo. — E você sabe que eu não hesito em fazer qualquer coisa para ter o que quero.

 

Foi o que ele disse antes de me deixar novamente sozinha no quarto com toda a sua regalia para mim.


Notas Finais


Então, se vocês lerem isso eu gostaria de dizer algumas coisas sobre o capítulo.

Primeiro: eu não romantizo nenhum tipo de tratamento abusivo, estupro ou afins.
Segundo: foi muito difícil pra mim escrever uma Loreen fragilizada e não sei se pretendo fazer outra cena parecida, porque ao meu ver ela é - apesar de perdida na vida - uma mulher forte e destemida.

É isso, eu acho hahahaha. Obrigada pelos comentário - novamente - puddinzinhos lindos hahaha

Beijão pra vocês fofurinhas. Bando de lindos!


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