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História Mãe - Dia das mães


Escrita por: ImaginesLand

Notas do Autor


Eu amo dedicar as one shots que eu escrevo, e com essa a história não é diferente! Eu poderia escrever o nome de todas as pessoas lindas que me acompanham, porque vocês merecem, é graças a vocês que eu não parei de escrever fanfics... sempre tenho seu amor e seu apoio, e acho que é o mais importante em ser um escritor <3
Apesar de tudo isso, quem me sugeriu fazer essa fanfic foi uma leitorinha louca que me acompanhava desde a época da minha primeira fanfic do Law - uma vergonha, espero que vocês nunca encontrem essa fanfic - e nunca parou de me agraciar com suas loucuras - drogas - em forma de comentário UAEHUAHEUEAH @DarkAnn, eu tenho um carinho enorme por ti, e espero que sempre permaneça ao nosso lado nessa vida <3 você é uma princesa louca, e eu adoro você!
Enfim, eu espero que todo mundo goste *U* e por favor, não chorem, senão vou ficar com o coração partido </3 se chorar só se for de alegria *----------* amo todos vocês, seus lindos!

PLUS ULTRA!
Pixel_Aizawa

Capítulo 1 - Dia das mães


Aquele dia era geralmente quieto quando não passava despercebido. Para a família Todoroki, era uma data ignorada, escondida em um escândalo familiar, debaixo de lençóis sujos de lágrimas e sangue. Era indiferente, não significava quase nada. Era um dia como qualquer outro. 

Entretanto, sempre havia uma mesma rotina naquele dia. As irmãs Todoroki preparavam o almoço, em silêncio, sorrindo. Era como um ritual de praxe, gravado em suas memórias. Preparavam algo interessante, gostoso, como se fosse uma comemoração... mas quem era a pessoa honrada naquela festa?

Todoroki Shouto almoçou, como usual. Não esperou seu pai, como suas irmãs estavam fazendo. Elas geralmente o esperavam para comer, como se ele fosse a pessoa especial naquele dia. Não era como se fosse dia dos pais, era?

Ele era a figura que restou para aquelas garotas. Era a influencia mor, quem cuidava delas e provinha o que precisavam. Shouto via os rostos de suas irmãs, sorrindo, escondendo algum sentimento que não gostavam de trazer à tona, mas quando eram abordadas sobre o assunto, geralmente ficavam quietas. O garoto pensou em perguntar, cogitou mesmo confrontar as irmãs sobre o que tanto lhe aflingia... mas infelizmente não deu tempo. Lá estava Endeavor, preparado para o almoço. Engraçado... ele quase nunca almoçava em casa, ocupado na agência. Shouto abaixou os olhos bicolores para sua comida, ansioso para terminar logo e refletir sobre o que faria o resto de seu dia. Evitou o assunto que ele discutia com as filhas, e agradeceu por receber uma mensagem de texto de alguém.

Por debaixo da mesa leu a mensagem. Ainda era muito educado para utilizar o celular na mesa do almoço diante de sua família. Abriu um pequeno sorriso, talvez o primeiro sorriso em seu dia ao ver que a mensagem pertencia a pessoa que mudou sua vida para uma nova perspectiva. Era aquela jovem, feliz e divertida, a mesma que o fez reconhecer o valor que ele mesmo tinha. Foi quem amou seu lado esquerdo como propriedade dele.

O sorriso infelizmente não durou muito com o conteúdo da mensagem. Ela perguntara exatamente o que ele queria perguntar as irmãs antes da chegada de Endeavor. Perguntou o que ele não saberia responder.

"Vai visitar sua mãe hoje? É dia das mães, acho uma boa ideia"

— Nada de celular na mesa, Shouto! —disse uma de suas irmãs entre colheradas de comida. Não disse com tom de repreensão, mas aquilo assustou Shouto.

Ele devolveu o celular ao bolso, aquela resposta pendente. Voltou a atenção a comida, mas quase sem fome alguma. Engraçado... aquela era uma pergunta simples, inocente, e verdadeira, mas por que pesava tanto para responder? Devia ser fácil, afinal, ele já havia visitado sua mãe antes. Ficara anos sem vê-la, muitos dias das mães longe daquela que lhe deu a vida. Por que ir agora faria tanta diferença?

Shouto jamais se importara com aquela data. Era uma data simbólica, puro marketing do consumismo... mas aquela data também lhe trazia uma reflexão importante. Não era naquela data em que os filhos compravam flores e presentes para lembrar as mães o quanto apreciavam seu amor? Era obrigação dos filhos fazer aquilo todos os dias, não era?

Sem querer, Shouto fechou os olhos. Não escutou seu pai falando, nem suas irmãs. Só tinha aquele conceito preso em sua mente, aquela memória nunca existente, uma lembrança que machucava. Nunca dera devido valor à sua mãe talvez porque ela o odiasse de alguma forma... por culpa de Endeavor. Foi sua mãe que lhe deu aquela cicatriz no olho esquerdo. Ela tinha medo... ela estava ferida, talvez mais do que ele.

Era verdade. Foi sua mãe quem se machucou verdadeiramente naquela história. Sofreu durante aquele casamento, sendo obrigada a gerar os filhos daquele homem com o intuito de criar um grandioso herói... que absurdo. Era terrível ver as coisas daquele ponto de vista.

— Com licença  —ele pediu, levantando-se. Não dirigiu-se a ninguém em específico, mas arrancou o silêncio de todos. — Preciso sair.

Endeavor rosnou quase em silêncio, mas foi audível para Shouto. O rapaz parou no ato de seguir em frente, mas não inclinado a desistir pelo desagrado de seu pai.

— Onde vai essa hora, Shouto?

O garoto podia responder, contar a verdade e arrancar alguma reação desconhecida de seu pai e de suas irmãs... mas será que valia a pena com toda aquela situação que estava passando? Valia a pena encher o coração com ódio quando apenas mágoa o preenchia? Travou, por poucos segundos antes de devolver um olhar vazio para a família.

— Sair com a [Nome].

Endeavor fingiu desinteresse no exato momento. Já ouvira falar de [Nome] outras vezes, a garota com quem Shouto namorava. Foi um dos maiores desgostos na vida do herói número dois. O filho simplesmente escolhera uma garota sem uma peculiaridade boa, aparentemente sem graça e sem muitos atrativos físicos. Parecia que tinha escolhido namorar aquela garota apenas para o contrariar. Era irritante, mas o que poderia fazer?

O homem destilava seu veneno aos poucos na alma de Shouto, ciente de que um dia tal veneno pudesse consumí-lo por inteiro. Abriu um meio sorriso, um gesto que fez com que os olhos bicolores do garoto se arregalassem infimamente.

— Você vai perder o interesse nessa garota em breve, e quando isso acontecer, Shouto... vou te apresentar uma pessoa mais adequada —ele disse, bebendo um copo de vinho logo em seguida como se fosse água. Foi impagável ver a expressão do filho após isso. — Tudo isso é uma fase. Você não sabe o que é melhor pra você ainda.

Todoroki Shouto conseguia enfrentar as provocações de seu pai com certa frequência. Construíra uma espécie de armadura invisível de gelo contra o veneno de Endeavor. Após começar a trabalhar em sua agência, percebeu um lado diferente de seu pai, o lado heroico, aquele que era considerado o número dois no mundo... entretanto, fora do ambiente de trabalho, ele era a mesma coisa. Era aquele que magoou sua mãe, que a obrigou a ter filhos com ele. Obrigou. Shouto jamais seria capaz de uma atrocidade de tamanha proporção.

Apertou o punho, encarando a expressão vitoriosa de seu pai. Notou que suas irmãs mantinham as cabeças baixas, quietas como sempre. Elas gostavam de [Nome] e jamais aprovariam outra pessoa para o irmão caçula... mas só quem podia ir contra Endeavor era ele mesmo.

— Foi o mesmo com a minha mãe? —ele perguntou, como uma pergunta retórica. O pai assumiu um olhar sério, e Shouto soube que chegou onde queria. — Você se cansou dela e então a internou? Eu não sou como você, mesmo que você acredite com tanta fé nisso. Eu amo a [Nome], e como você não sabe o que é amor, não vai entender o que isso significa.

Insolente. Shouto só poderia devolver o veneno de seu pai sendo insolente. Não precisava de respeito naquele instante, não precisava ocupar a mente com uma mágoa retraída de como aquele homem gostava de humilhar sua namorada quando podia. Aquele dia não era para aquilo. Ele já tinha muito com o que se preocupar. A honra de [Nome] seria defendida quando ele a trouxesse para almoçar algum dia. Endeavor não saberia lidar com a bomba que era [Nome].

Shouto não esperou para ver como o pai rebateria aquela ofensa, portanto apenas seguiu para a saída. Estava bonito, elegante e simples. Enfiou as mãos nos bolsos, lá estavam sua carteira e o celular, que vibrara exatamente no mesmo momento. Surpreso, ele se lembrou de que não respondera a mensagem da namorada. Provavelmente ela estava uma fera por aquilo.

Eram duas novas mensagens: uma enviada logo após a primeira mensagem que recebera dela e outra enviada naquele exato momento.

"Espero um bom motivo pelo vácuo. Vou te dar um cascudo quando chegar na sua casa. Estou a caminho"

Ele sorriu. Foi o segundo sorriso que dera daquele dia.

"Chegando. Prepare a cabeça de gelo"

Lá estava ela. Caminhava até a casa dele. Realmente, foi bom que ele tivesse saído. Não era hora de Endeavor conhecê-la... ele estava almoçando, vulnerável, talvez não conseguisse lidar com ela. Talvez não... Shouto tinha certeza.

Ele sorriu pra ela. Era um sorriso pequeno, mas cheio daquela alegria que ele guardava somente por ela. Precisava daquilo em um dia tão importante. Sorriu pela forma com que ela se vestira também... aqueles jeans, os tênis velhos e estilosos e um belo suéter cor de salmão. Estava divina, como sempre.

Ela esperou, fora dos limites da mansão Todoroki. Recebeu o rapaz com um abraço, um cumprimento como ela gostava de dizer... mas havia algo diferente, e ela não precisou de muito tempo para perceber.

Shouto abraçou sua cintura e não soltou. Abaixou a cabeça e a apoiou em seu ombro, aspirando o cheiro de óleo de banho de macadamias. Ele ficou ali, como se dormisse em seu colo, afogando uma mágoa que não pertencia a um adolescente, um peso que era mais duro que carregar parte do sangue de Endeavor. Talvez fosse relacionado ao fato de que ele não respondera aquela mensagem de texto.

Era aquele dia. Ele não fizera diferença antes... mas passara a fazer quando um dia [Nome] o questionou sobre sua mãe e a importância do menor dos atos na vida dela. Ouvira a história de Shouto, chorara por ele, e plantou uma semente de reflexão em sua mente. [Nome] mudara a vida de Shouto como uma avalanche, trouxera novas sensações, emoções diferentes... trouxera uma nova carga de vida. Apresentara a ele o fato de que ele podia fazer parte da vida de sua mãe novamente. Bastava que ele permitisse.

Ela fez um afago nos cabelos bicolores e depositou um beijo na bochecha exposta. Aquilo sempre deixava Shouto sem jeito, sempre o surpreendia. Ele ergueu a cabeça, soltando o corpo dela devagar, mas sem deixá-la completamente. Olhava agora para o chão, cheio de incertezas, mas sem medo de compartilhar.

— Eu nunca fiz nada por ela nesse dia. Acho que em dia nenhum... isso nunca significou nada —ele disse, uma das mãos segurando a dela, finalmente conduzindo-a para caminhar junto dele, lado a lado. — Eu continuaria não me importando se não tivesse me dito a importância disso.

[Nome] sabia que tinha colocado algo na cabeça de Todoroki quando comentara com ele sobre o dia das mães. Não foi um assunto prolongado, não foi uma revelação... foi simplesmente um lembrete.

"Shouto... mães são mães. Algumas são cruéis, outras são boas... mas mães são todas iguais. Elas nos amam incondicionalmente... basta que a gente permita esse amor. Elas raramente decepcionam quando deixamos que nos amem"

— Você não precisa fazer nada por ela, Shouto —ela disse, entrelaçando os dedos com os dele enquanto caminhavam. Era guiada por ele, mas sabia pra onde iriam. — Só precisa deixar que ela volte para a sua vida. Você mesmo disse... ela se culpa todos os dias pelo que fez com você.

Ela fitou a cicatriz no rosto do rapaz. Aquela cicatriz que há muito o machucava, como se ainda queimasse. O ato que a fez o envergonhava ainda mais. Era a parte que ele tinha de Endeavor, o homem que machucara sua mãe sem piedade alguma. Devia tê-la ferido muito para ser capaz de sentir ódio daquele pedaço de seu filho.

O rapaz franziu os lábios. Pensar naquilo apenas o perturbava... mas passara a compreender as atitudes de sua mãe. Saber que ela se culpava muito por ter feito aquilo a ele parecia um fardo doloroso para se carregar. Depois de tudo... quem era o culpado daquilo era Endeavor. Ele não sentia nada... mesmo quando a mãe de Shouto era a única que ainda era atingida pela culpa.

Não, aquilo devia acabar.

Ficaram em silêncio até a chegada no hospital. Finalmente lá, [Nome] soltou a mão do rapaz, gelada, mesmo que fosse a mão esquerda. Ela fizera bem em ter ficado em silêncio durante o caminho, pois sabia que ele refletia profundamente em suas palavras. Já conhecia a rotina também. Ficava na recepção aguardando por ele, afinal, Ainda estava cedo para que elas se conhecessem.

Entretanto, daquela vez as coisas ocorreram de forma diferente. Shouto a conduziu até a recepcionista e identificou os dois para que subissem ao quarto da senhora Todoroki. [Nome] não compreendeu, mas não questionou. Ele estava determinado, os olhos dele tinham um brilho diferente... brilhavam demais.

— Shouto...

Eles se afastaram das recepcionistas. Foram até o elevador, onde a expressão de Todoroki não mudou. Os olhos ainda brilhavam intensamente. Não era comum, não era um brilho novo... ela conhecia aquele tipo de olhar.

Hoje isso tudo tem que mudar

— Ela vai adorar te conhecer... vai gostar de saber que eu escolhi alguém que eu amo —ele abaixou a cabeça, engolindo um seco. Apertou o número do andar, ciente do olhar curioso e extremamente confuso de [Nome]. — Acho que a melhor coisa que eu posso fazer por ela é mostrar que eu não sou ele.

[Nome] sentiu o coração palpitar. Não imaginava que conheceria a mãe de Todoroki... não naquela situação. Não sabia se estava pronta para aquilo, nem se ele mesmo estava... mas confiou nele. Confiou naquele olhar cheio de culpa... confiou que aquela expressão mudaria, relaxaria após aquele encontro. Ele tinha muito o que resolver naquele dia das mães.

Deve ter sido doloroso... olhar para o próprio filho e ver a figura de quem machucou... ver os olhos de um monstro, da crueldade. Devia ter sido doloroso dar à luz três filhos com base em um casamento arranjado... com base em individualidades específicas. Não foi uma união estável, a mãe de Todoroki certamente não deve ter se sentido amada na lua de mel. Era um descaso, um absurdo pensar naquilo.

Como um homem podia se considerar um herói tornando a vida de outra pessoa um inferno? Aquela mulher era uma boa pessoa, disse a Shouto que ele poderia ser um herói, que ele poderia fazer o que quisesse. Colocou-se diante dele quando viu que este estava cansado demais para prosseguir treinando... apanhou por ele algumas vezes, recebeu o peso novamente daquela crueldade. Talvez fosse um alívio a ela estar naquele hospital, longe do homem que arruinou sua vida... que a obrigou a ter filhos com ele...

— Shouto... estou tão feliz por ter vindo —ela disse, sentada na cadeira de frente a janela, um genuíno sorriso estampado nos lábios.

Ele entrara no quarto sozinho ainda, e aquela frase o fez parar na frente da porta. E se... no meio de todo aquele caos... os filhos realmente fossem um presente? E se ela não os queria e depois aprendeu a amar? Todoroki se lembrou... suas irmãs quase não se pareciam com Endeavor... elas nunca receberam uma cicatriz como a dele. Era culpa daquele lado esquerdo... mas aquele lado era apenas dele agora.

E a mãe via daquela forma agora.

— Oi mãe... eu... queria que a senhora conhecesse alguém —ele disse, aproximando-se com cuidado, como se a presença de sua mãe queimasse. Talvez fosse o olhar carinhoso dela... aquele olhar que recebia quando era apenas um bebê. — É uma pessoa especial pra mim.

Em que universo o tal Endeavor teria alguém especial em sua vida? Tal indagação fez brilhar os olhos da senhora Todoroki. Aquele sorriso nunca desapareceu, permaneceu printado em seu rosto cansado. Será que tivera dificuldades para dormir naquela noite? Será que ela sabia que era dia das mães na cultura americana? 

Shouto não esperou convite. Sentou-se próximo dela, na ponta da cama. Teve dificuldades em encarar seus olhos, e na verdade não conseguiu fazer quase nada. Será que devia desejar feliz dia das mães? Ou então não comentar nada e convidar [Nome] para entrar? Era complicado... era tudo difícil de se encarar. Shouto queria ser o melhor dos heróis... mas como conseguir se nem ao menos salvara a própria mãe daquele infortúnio? Ela ainda se culpava? Da ultima vez que conversara com ela, ouviu desculpas, e ele mesmo pediu outras... mas ainda faltava algo... faltava reclamar o que antes era dele, e falta também doar o que deveria.

Amor.

Não devia mais pensar na culpa. Não devia se deixar tomar por um sentimento tão ruim. As coisas mudariam se ele quisesse... ele mesmo mudaria aquela situação. Não havia mais lugar para sofrimento. Pelo menos não naquele dia.

— Você está tão bonito, Shouto —ela disse então. Era engraçada a sensação que a voz de uma mãe causava no coração de um filho. Era incrível como parecia uma canção, uma segurança. Era aquilo que sua mãe era... ela representava aquilo na melhor das descrições. Como pudera viver sem aquilo uma parte tão grande de sua vida? Foram anos sem ela... foram anos cultivando mágoa e raiva. Seu pai era culpado de tudo, aquilo ainda era uma verdade... e hoje em dia a mulher sabia daquilo. — Não me espantaria se trouxesse uma namorada para me conhecer.

Todoroki sorriu. Terceiro sorriso naquele dia, agora na presença da mãe. Era uma vitória gigantesca. 

— Isso é verdade —ele concordou. Sentiu um pouco de vergonha, uma timidez inocente diante dela. Sua mãe sabia pouco de sua vida, não a incluíra em momentos importantes, mas dividir seu maior presente e conquista com ela era impagável. Tinha até um gosto na boca por aquela satisfação. Era um grande presente. — Ela é a garota mais gentil e carinhosa que já conheci. Ela me lembra muito a senhora.

A senhora Todoroki não mais conhecia a ansiedade, mas tal sentimento voltou a si com a informação. Após ouvir crianças indo para os quartos vizinhos berrando "Feliz dia das mães" para suas mamães, ela não imaginava que seria abençoada por tal momento. Era muito mais do que ela poderia pedir. Nem mesmo conseguia responder o filho, dizer alguma coisa, ou mesmo convidar a moça para entrar... só conseguia olhar para os olhos dele e vê-lo como quando ele nasceu. Não houve lugar para ódio no dia que ele nasceu... não havia Endeavor para lhe cegar. 

Ergueu a mãozinha magricela e tocou o rosto do garoto. Tocou o lado esquerdo, e recebeu dele um olhar surpreso, talvez receoso. Aquela marca... ela fizera aquilo ao próprio filho, tão brilhante, tão bonito, tão inteligente... aquela marca não doeria mais do que seu coração por toda a vida, mesmo recebendo um perdão silencioso do garoto. 

Não queria que ele se sentisse daquela forma diante de seu toque novamente. Se aproximou quieta e beijou seu rosto, não uma, duas vezes. A testa foi o último ponto, e ao fazê-lo, pôde sentir novamente o calor de ser mãe após tanto tempo. Aquele certamente seria o melhor dia das mães do mundo. Era o prazer de ser mãe com o prazer de ser filho.

Shouto queria esconder o rosto corado. Aquele calor... aquele sentimento... por que vivera tanto tempo sem ele? Jamais deixaria Endeavor estragar novamente sua vida.

— Quero conhecer essa moça —a mãe finalmente disse. Os cabelos brancos foram colocados atrás da orelha pelo filho em um gesto inocente e rápido. 

Ele sorriu e chamou [Nome], que entrou quietinha, andando devagar. Não sabia o que dizer a mãe de seu namorado. Ouvira tantas histórias... conhecera todas as trincheiras do sentimento do rapaz a cerca da mãe e da infância. Sabia de uma coisa sobre aquilo: ela ficaria feliz por saber que Shouto escolheu quem amava, que agiu completamente diferente de seu pai. Aquele era ele, feliz e renovado, de pazes com seu passado, pronto para construir um novo futuro. Nem havia muito o que dizer... não com o rosto da senhora Todoroki, sorrindo como se visse um anjo diante de si. Aquela era a nora que ela tanto queria? Era a moça que ela deveria ser? Seu filho não era Endeavor... eles seriam felizes, com toda a certeza.

— Feliz dia das mães, senhora Todoroki —ela disse, sentando ao lado do namorado. 

O dia das mães nunca mais seria uma data ignorada e triste. A dor acabaria aos poucos. 


Notas Finais


Ok, eu chorei litros quando escrevi isso i.i não tenho nem o que dizer nessas notas finais, só agradecer a quem leu e quem foi tocado por isso <3


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