E Sans cumpriu a promessa, a garota ficou o dia todo trancada, ele até estranhou o silêncio, pensou que ia ouvir Chara reclamar, mas era apenas o silêncio.
Cuidou de algumas transações e entregou pacotes, ignorou as perguntas de Brian e suspirou quando abriu a porta.
Ela estava aconchegada em sua cadeira, se enrolou na jaqueta e roncava baixinho.
— Pirralha?
— Cuzão... — Ela murmurou enquanto abria os olhos e cruzava os braços. — Tomara que enfiem um cano na sua bunda.
— Pare de reclamar, eu estou cuidando bem de você. — Sans disse enquanto fechava a porta e jogava um saco de papel na mesa. — Trouxe comida.
Jogou-se no sofá e soltou um longo suspiro.
— Eu tô cansado, então vê se não late muito a noite.
Chara o encarou por alguns segundos, então levantou e caminhou até onde o rapaz estava. A garota sentou ao lado do mais alto e virou o rosto.
— Dia difícil? — Perguntou enquanto cruzava os braços. — Não que eu me importe, você é um cachorro idiota.
— Nada, nada... — Suspirou. — Só aqueles inúteis que não sabem fazer nada que presta.
— Não deveria chamar seus esqueletinhos de inúteis.
— Mas são inúteis mesmo. — Sans levantou-se e bufou. — Ainda precisei ter dor de cabeça por causa da Lilyana, já disse que ninguém pode fazer encomendas sem minha permissão, ainda mais no meu nome.
Chara o puxou pelo braço para voltar a sentar do seu lado, então ergueu ambas as mãos e massageou os ombros do mais alto.
— Ela.... É sua namorada? — Perguntou tentando não transparecer a inquietude na voz. — Bem, é como diz o ditado....Cachorros não dão um passo sem uma cadela.
— Não, não é minha namorada. — Sans fechou os olhos e soltou uma risada baixa. — Só é uma prostituta que já abriu as pernas pra gangue toda e acha que tem algum poder sobre mim.
O rapaz suspirou e encarou Chara.
— Por que? — Sorriu sarcasticamente. — Você se importa?
A garota o encarou por vários segundos, então ergueu a mão e puxou o nariz do albino.
— Como se eu fosse me importar com o que um vira lata faz.
Sans soltou uma risada e levantou-se, foi até sua mesa e tirou um dos cigarros de cannabis da gaveta. Jogou-se em sua cadeira e o acendeu. Pôde perceber que Chara o encarava, então soltou a fumaça no ar e sorriu.
— O que? Você quer um?
Chara virou o rosto e cruzou os braços.
— Não. — Afastou-se do rapaz e sentou em frente a porta. — Quero ir embora.
— Mas não vai. — Deu uma tragada no cigarro e soltou a fumaça. — Disse pros policiais que você está morta, nem queira imaginar o que fariam comigo se soubessem que menti.
Sans era egoísta, fazia tudo para que sua reputação não caísse e jamais se mostraria fraco diante às situações ou problemas. Por isso não se apegava à ninguém, pois sabia que quem o odiasse usaria essa pessoa para vê-lo sofrer, e ele não queria isso. Esse foi um dos motivos por ter saído de casa, por ter abandonado seu irmão, Papyrus, que nem ao menos sabia que Sans existia.
Chara levantou e caminhou até o rapaz, então segurou-lhe o rosto sem usar força e soltou um suspiro.
— Você...É muito frio. — Ela murmurou enquanto pegava o cigarro e o esmagava com o pé.
Chara sentou na mesa do mais alto e apoiou as pernas nos braços da cadeira.
— É, eu vou decifrar você. Cachorros não podem ter tanto mistério, muito menos um poodle como você.
Sans a encarou por alguns segundos e mordeu o lábio inferior, então soltou uma risada baixa e desviou o olhar.
— Claro, cachorros não podem ter tanto mistério. — Redirecionou seu olhar para Chara e puxou-a pela gola da camisa. — Eu digo o mesmo de você então, cadelinha.
— Mas eu não tenho mistério. — Chara sorriu e mordeu a bochecha do rapaz. — A única diferença entre suas vadias e eu, é que não vou ceder, suas piadinhas e joguinhos de palavras não são efetivos.
A garota levantou e encostou propositalmente o rosto do mais alto em seu pescoço, tratou de sussurrar em seu ouvido: — Espero que você também seja imune a mim.
Após sorrir com sarcasmo, Chara deitou no sofá e fechou os olhos, limpou algo que escorreu de seu nariz na manga da blusa, que foi imediatamente manchada de vermelho. Ela virou o corpo e decididamente, iria dormir.
Sans olhou para o teto e soltou um longo suspiro, girou sua cadeira e ficou de frente ao sofá, observando a menina.
Era tão bonita e ousada, dizia e fazia coisas que ninguém de sua gangue se atreveriam a fazer, pois sabiam o preço de desafiar o poderoso líder dos The Skeletons. Sabia que, sequestrando a líder da Delta Rune, as consequências viriam logo, pois Asriel poderia ser mais fraco que Chara, porém quando se tratava se alguém especial ele não importava-se em correr riscos.
Aconchegou-se em sua cadeira e fechou os olhos.
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