Assim que entrou em sua sala, pôde ver a garotinha sentada em sua cadeira, abraçava um papel que julgou ser a carta do irmão e olhava pela janela.
— Quer saber uma coisa engraçada? — Ela murmurou enquanto olhava algo que estava na rua. — Eu estou aqui agora, mas seguindo as coisas que faço, vou morrer em menos de cinco anos. Talvez até dois.
Antes que Sans pudesse dizer algo sarcástico, ela prosseguiu.
— Asriel acabou de fazer 17 anos... Eu queria que ele fizesse faculdade, tivesse família... Mas é só um cachorrinho, igualzinho a você.
— Espera...como assim...morrer? — Sans perguntou, visivelmente tenso.
Chara sorriu, então levantou e caminhou em direção ao mais velho, colocou o indicador sobre o peito do mais alto e deixou uma risada curta escapar.
— Eu amo... ouvir o coração das pessoas, o barulho sempre foi mágico na minha concepção. — Encostou o rosto sobre o peito do mais velho e ficou em silêncio enquanto ouvia seu coração bater.
A menina sorriu, então ergueu o olhar e encostou os lábios na bochecha do mais alto, mas então, antes que pudesse dar-lhe um beijo, deslizou levemente sua atenção para o queixo do albino, deixou ali um beijo curto, mas lento.
— Não se preocupe, ok? Apenas.... Acho que estou na TPM, deve ser isso.
Sans estalou a língua e passou a destra entre os cabelos de Chara, bagunçando-os.
— Bem...eu vou tomar um banho. — O rapaz murmurou enquanto sorria levemente.
O que ela quis dizer com "morrer"? Ele sabia que tinha algo a mais nisso e não era só TPM. A preocupação que teve naquele momento simplesmente ofuscou o que sentiu com aquele beijo suave em seu queixo. Pela proximidade, pôde sentir o perfume natural da moça, o que apenas o deixou mais desconcertado.
Abriu seu armário e separou uma camisa branca e calça preta com listras brancas nas laterais. Nem se importou, apenas sorriu e retirou sua camisa, deixando suas tatuagens expostas.
Chara arqueou a sobrancelha, então tocou cada tatuagem com calma, parecia sorrir, queria estar ao lado dele a todo minuto.
— O banheiro não tem porta, sabia?
— Oh, sério? — Perguntou e sorriu de forma maliciosa, então foi até a porta e a trancou. — Por isso sempre devemos trancar a porta, nunca se sabe quando alguém pode entrar.
Sans pegou uma toalha e sorriu mais uma vez para Chara. Ora, se ela queria provocar, por que ele não poderia também? Guardou a chave no bolso de sua calça e foi para o banheiro.
— Espera. — Ela sorriu e correu atrás do mais alto, então retirou a coleira que colocara nele e deu um sorrisinho. — Depois eu quero ver melhor as tatuagens, adoro homens tatuados.
Chara deixou o banheiro e jogou-se no sofá, estava com uma vontade indescritível de vê-lo novamente, de abraçar aquele homem mais uma vez, mas precisava ignorar a sensação, queria ir embora e... Ela ainda queria ir embora?
Chara fechou os olhos, apenas tinha que esquecer.
Após alguns minutos, Sans saiu do banheiro com sua calça e sem camisa, com a toalha ao redor de pescoço. Ele realmente não se importava se alguma pessoa lhe visse assim, ainda mais se fosse a Chara.
Sans foi em direção ao sofá que a menina estava deitada e sentou-se na pontinha.
— Oi, cadelinha.
A garota abriu os olhos com a expressão sonolenta e direcionou sua atenção para o albino, sorriu e ergueu as mãos, passou-as nas tatuagens do mais alto e parou quando viu uma pequena cicatriz em seu abdômen.
Por um instinto que nem mesmo ela soube dizer qual era, abraçou Sans com um pouco de força e deitou-se sobre seu corpo.
— Oi, cachorrinho.
Sans novamente sentiu seu coração bater demasiadamente, entretanto, tratou de sorrir e bagunçar os cabelos de Chara.
Ele não era um homem carinhoso, isso era fato, mas inexplicavelmente passou a acariciar as madeixas da menina, como se fosse algo extremamente precioso.
Mordeu o lábio inferior quando a viu lhe encarar com aqueles belos olhos rubros e beijou suavemente sua testa.
Chara fechou os olhos e apertou o mais alto, então segurou-lhe a mão e beijou o ombro de Sans e respirou fundo.
— Vamos dormir um pouquinho...Só um pouco.
Pôde ouvi-lo rir, então tocou levemente o peito ao sentir seu coração bater em um ritmo acelerado, ela gostava desses momentos?
— Faz de novo? — Ela sussurrou enquanto segurava a mão de Sans e colocava sobre sua nuca, sorriu ao sentir o carinho.
Aquele homem a tirava do sério, disso ela tinha certeza.
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