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História Magoar, Perdoar e Esquecer (Edição de Ouro) - Alguém soube


Escrita por: GSilva

Capítulo 24 - Alguém soube


ALGUÉM SOUBE

            Palavras trancavam minha garganta, deixavam-me sem ar, mas não podia simplesmente dizê-las. Não tinha para quem dizê-las e as pessoas que me rondavam mal pareciam notar a minha ansiedade. Eu estava com coisas trancando minhas cordas vocais, coisas que eu precisava falar, e a pior parte foi descobrir que não podia dizê-las.

            O plano estava quase completo. Eu nem havia parado para pensar em como aquilo tinha sido tão automático, tão normal, como se já estivéssemos preparados para a situação. E não estávamos. Mas quando Larry me indicou o plano, nas mesinhas de xadrez, eu não pude simplesmente discordar. Eu precisava descobrir a verdade, porque, principalmente, não queria acreditar que aquilo tinha saído da boca do Lucas Matheus. Eu sabia a verdade, sabia que ele tinha dito aquilo porque sua voz era inconfundível, mas simplesmente não queria acreditar que ele estava falando o que pensava.

            Larry disse:

            — Ok, eu posso ter um meio de ajudar.

            Ele arqueou as sobrancelhas e me fez parar no meio do gramado, segurando a xícara de chá frio.

            — Como? — Perguntei. — Vai ir atrás do Thomas?

            — Não. — Disse ele. — Não eu. Ele nunca contaria a verdade para mim. Precisamos de alguém que ele não conheça.

            Eu franzi o cenho, olhando para o garoto brincalhão e feliz parado na minha frente. Naquela hora, pensei em como Anne tinha sorte por tê-lo.

            — Larry, agora não está na hora de brincadeiras, nem de planos malucos. Eu... — Respondi. — Eu tenho quase certeza de que Thomas está falando a verdade.

            — Ele não está. — Larry rebateu. — Pode ter certeza disso. Qualquer um que visse você e o Lucas juntos poderia dizer que ele te ama.

            — Ele mesmo já disse isso.

            Larry comprimiu os lábios.

            — Sério? Ele já disse que te ama? — Ele perguntou, semicerrando os olhos.

            — Já.

            — E o que você respondeu?

            — Que também o amo. — Eu disse, analisando o rosto dele. Podia ter sido uma miragem ou uma alucinação, mas juro que vi os lábios dele se contraindo mais e até um pequeno espasmo de raiva nas pálpebras. Qualquer que tenha sido o sentimento dele naquele momento, sumiu em milésimos.

            — Então o que te faz acreditar que Thomas está falando a verdade? — Larry rebateu. — Pelo que entendi, ele é um garoto muito ciumento e mimado. Não gostei dele no primeiro momento em que o vi.

            — É verdade. Eu vi a sua reação. — Respondi, lembrando-me de como a primeira troca de olhares entre Thomas e Larry tinha sido muito intensa: Larry parecia um animal acuado, porém corajoso, frente a um predador em potencial.

            Ficamos em silêncio por um tempo, a pergunta não dita pairando no ar. O que eu deveria ter feito? Não via nenhuma solução além do plano.

            — Então o que você sugere? — Perguntei. Ele deu um sorrisinho e se aproximou para contar como o plano seria.

            — Precisaremos de toda a ajuda possível. — Respondeu ele.

 

            Quase quatro horas depois, estava eu, sozinho, na entrada do pavilhão do ensino técnico. Alunos e mais alunos andavam em volta de mim, cumprindo suas aulas extras e seus horários de grupos de estudo. Eu nunca tive um grupo de estudo – não que não me importava com meu aprendizado, até me importava, mas nunca tinha pensado em formar um grupo de estudo.

            Pensar nisso me acalmou, tirou a sensação de que algo maior estava ocorrendo. Eu já tinha feito a minha parte do plano, e ela estava devidamente cumprida, cabia à Larry explicar o restante para Alanis. Eles estavam longe, conversando em outro ponto longe de mim. Aqua, Alison e Alicia estavam matando aula (estávamos quase no final da quinta aula) e também se preparavam para o plano. Elas não eram necessárias, para falar a verdade, mas quiseram ajudar de alguma forma.

 

            — Você conhece alguém que não conhece o Thomas? — Larry perguntou, horas mais cedo.

            — Tenho, eu acho. — Respondi com as sobrancelhas franzidas, minha mente voando inexplicavelmente para Ryan e Alanis.

            — Precisamos dessa pessoa. — Disse ele.

            — Por quê?

            — Vamos fazer o Thomas confessar, mas ele não faria isso para mim, nem para você ou para alguma de suas amigas. — Larry respondeu. — Precisamos de alguém que ele não conheça.

            — Meu irmão pode fazer isso. — Respondi, já formulando uma explicação para Ryan que o levasse a nos ajudar.

            — Acho que não, seria muito evidente. — Ele respondeu. — Precisamos de alguém que ele realmente nunca tenha visto.

            — Alanis, então. — Respondi. — Talvez eles até se conheçam, mas nem eu nem ele nos lembramos de alguma amizade assim. — Continuei. — É a minha última tentativa.

            — Ok, pode ser ela.

            Por um momento, Larry não tinha mais sido o Larry. Ele estava diferente, fitando o chão com olhos vazios e sobrancelhas cerradas, a respiração muito perto de mim. Ele parecia mais como um detetive ou alguém comprometido a resolver algo. Mas mais do que tudo, ele parecia um amigo preocupado.

            — E como sugere que façamos isso? — Perguntei.

            — Essa sua amiga, Alanis, deve encontrar o Thomas na hora da saída. — Ele respondeu. — Ela deve falar que é uma de suas inimigas.

            — Pelo visto, eu tenho muitas... — Respondi sarcasticamente, brincando com a minha própria situação social.

            Larry sorriu.

            — Talvez.

 

            Olhei para o lado no exato momento que Larry cruzava a passarela para entrar no pátio do ensino técnico. Meu coração disparava, pois aquilo significava que 75% do plano já tinha se cumprido. Apenas restava esperar, nós simplesmente tínhamos que ficar escondidos para não levantar suspeitas.

            Eu só esperava que o celular de Alanis não ficasse sem bateira de repente.

            Ele veio caminhando rapidamente para mim, com um sorriso no rosto, mas seus olhos pareciam centrados no meu rosto, sérios como um assassino.

            — Aqua, Alison e Alicia já estão posicionadas. — Disse ele quando se aproximou. Eu sorri.

            — Aposto que nunca pensou que iria dizer algo assim um dia. — Respondi.

            — Não. Não mesmo.

            Como sempre, o olhar dele me deixou sem palavras. Não foi um olhar normal, foi carregado de uma felicidade estranha, algo completamente novo. Eu nunca tinha visto-o com aquele olhar. Sempre quando nos olhávamos, o peso social recaía sobre ele e ele parecia me olhar com indiferença, com medo que seus “amigos” o julgassem por ter uma amizade comigo. Mas naquele momento, ele pareceu ignorar todos os problemas sociais e realmente olhou para mim. Prendi a respiração.

            — E agora? — Perguntei.

            — Vamos esperar. — Respondeu ele. — Venha.

            Ele esticou o braço em direção do lugar que levava ao lado do pavilhão e eu entendi o recado. Sem relutância, comecei a seguir ele para o lugar mais vazio do colégio, onde nós conversamos horas mais cedo.

 

***

 

            Como o esperado, não havia um único aluno ou funcionário naquele ponto do colégio. Tudo parecia igual há horas atrás, lixo espalhado pelo chão, grama alta, as mesinhas de xadrez abandonadas.

            Larry caminhou até a extremidade do local, onde uma pequena casinha de tijolos (que teoricamente era para ser a dispensa do Colégio Vargas) e se encostou ao muro de concreto. Ele apoiou a cabeça na superfície do muro e olhou para mim. Eu simplesmente não soube o que fazer.

            — Quando tempo acha que vai demorar? — Perguntei, aproximando-me com um leve sorriso.

            — Se essa sua amiga for convincente, poucos minutos, eu acho. — Respondeu ele.

            — Provavelmente. — Comentei.

            Uma explosão de sentimentos ocorria dentro de mim. Não apenas uma, mas várias explosões. Eu queria gritar, queria brigar com o Lucas, com o Thomas, e queria... Supreendentemente, eu queria sorrir. Não sei por que, mas apenas não conseguia tirar o sorriso do rosto. Eu não sabia dizer se era por nervosismo ou não, mas realmente queria ficar sorrindo o tempo todo.

            — Está ansioso? — Perguntou ele.

            Eu me aproximei antes de responder, em voz baixa:

            — Claro.

            — Acalme-se. — Rebateu ele, como se já tivesse ensaiado esse texto. — Eu não sei o que vamos descobrir, mas tenho quase cem por cento de certeza que seu namorado não mentiu.

            — Eu não teria tanta certeza... Todos que se aproximam de mim querem me machucar de alguma forma.

            Larry piscou os olhos freneticamente, batendo a cabeça no muro e estreitando os olhos. A voz dele soou indignada quando respondeu:

            — Eu nunca quis te machucar, exceto uma vez, você sabe.

            — Sim. — Concordei. — E acho que as pessoas nunca tentariam me machucar se eu não fosse tão repreendido.

            — Não fale assim.

            — Mas é a verdade. Larry, eu te magoei. Lembra-se? — Respondi, elevando a voz. — Eu já menti pra você, já quebrei seu coração uma vez, e ele nem era meu para que pudesse quebrar.

            Larry ficou em silêncio por um tempo. Ele parecia estar pensando em algo para responder. Se eu não o conhecesse direito, diria que ele ficou magoado novamente, por qualquer coisa que eu tenha dito, mas conhecia-o o suficiente para saber que ele era mais forte do que um diálogo verdadeiro. Ele arqueou as sobrancelhas.

            — Faz tempo que a gente não conversa sobre esses assuntos. — Larry disse.

            — Verdade.

            — Qual é o problema, Greg? — Ele perguntou, com um tom curioso. — O que te aflige?

            — Larry... — Comecei a protestar, mas ele me interrompeu com um sorriso, deixando-me sem palavras como sempre.

            — Ah, qual é, Greg, desde quando escondemos coisas um do outro? — Ele continuou. — Lembre-se, eu sou o garoto no parque, aquele que preza a sua amizade. Você pode falar qualquer coisa para mim.

            — Eu sei, é só que... — Hesitei. Nossos olhares se encontraram e eu vi, novamente, o desejo de ajudar que tanto havia nos olhos dele. Afinal, se ele estava disposto a ajudar-me em meus problemas, por que eu deveria não falar? — É muito confuso. Eu... Eu não sei o que estou sentindo. Por um lado, eu amo o Lucas, quero ficar com ele para sempre, mas por outro... não consigo esquecer o Andrew. Ou você. É muito confuso.

            — Espere. — Larry disse, com os olhos brilhando e um sorriso se formando no rosto. — Você ainda gosta de mim?

            Esperei para responder, pensando. Nesse pequeno milissegundo, todos os pensamentos possíveis para aquela situação vieram à minha mente. Lembrei-me de como ele tinha se aproximado de mim no parque, em como nossa situação era mais do que vergonhosa, mas também me lembrei do Lucas. Pensei que Alanis já deveria ter descoberto a verdade, e, naquele momento, estava voltando para nós.

            — Um pouco. — Respondi. — Não posso dizer que te esqueci completamente, porque não seria verdade, mas também não sinto algo tão forte como sentia antes.

            — Realmente, muito complicado. — Ele respondeu, aproximando-se. — Deve estar sendo difícil pra você.

            — Está. — Concordei. — Eu quero que a Alanis descubra a verdade, quero mesmo, mas não sei como reagirei no momento que ouvir da voz dela. Eu quero muito que Lucas esteja falando a verdade, mas, ao mesmo tempo, não quero. Eu sei que não há nem uma chance entre mim e você, Larry, mas... É confuso. Acho que eu gostaria que ainda tivesse 0,01% de chance.

            Larry deu um sorrisinho, olhando para o céu cinzento. Com as nuvens bloqueando parcialmente a luz do sol, os olhos dele pareciam mais negros do que o normal, passando de um castanho-escuro para um preto acinzentado. Olhei para o rosto dele por um tempo, já acostumado com a forma de seus lábios, a falha na sobrancelha esquerda, os cílios longos, os pequenos fiozinhos de barba no maxilar. E então ele sorriu de verdade.

            — Acredite, há mais do que isso. — Disse ele. — Mais do que 0,01%.

            — O que você quer dizer com isso? — Perguntei. Ele não respondeu.

            Digamos, ele se ocupou em responder de outra forma.

            Estávamos a um passo de distância, de modo que eu mal podia sentir sua presença. Mas, subitamente, senti-o se aproximar, com a respiração tocando o meu rosto. Seu perfume inundou o ar quando ele chegou mais perto. Sua forma tomou conta de toda a minha visão. Tudo o que eu via era ele, tudo o que eu sentia era ele. Eu apenas estava ali por ele, e, graças a ele, conseguiria descobrir a verdade. Mas por mais que soubesse que aquilo estava sendo complicado... Não, Larry nunca foi previsível, ele tinha que deixar mais complicado ainda. Nossos corpos se aproximaram. Mantive minhas costas apoiadas ao muro enquanto ele se pressionava contra mim. Olho no olho. Face a face. Nossos lábios se encontraram gentilmente, lentamente, evoluindo para algo mais gélido, carregado de emoção e força. Ele se pressionou contra mim por um momento, com seus lábios se movendo levemente, suas mãos contra meu quadril. E eu o senti por completo naquele instante.

            Foi apenas quando ele se afastou que percebi o que havia acontecido. Ele tinha... Larry me beijou.

            — Larry! — Exclamei, fazendo-o se afastar como um animal arisco.

            Os olhos dele não estavam mais transmitindo aquela doçura ou aquele desejo, estavam arregalados singelamente.

            — Ai meu Deus. — Disse ele. — O que eu fiz? Greg, me desculpe...

            Ele começou a se afastar, desviando o olhar envergonhadamente. Eu não consegui me aproximar dele. Nunca tinha visto aquele Larry, aquele que sentia vergonha per ter feito alguma coisa irracionalmente. Ele sempre foi tão inconsequente, e, ainda assim, nunca se envergonhava por suas inconsequências.

            — Eu não... — Disse ele, obviamente pasmo. — Eu não sei por que fiz isso.

            Havia algo na voz dele, algo que clamava por minhas desculpas. Não consegui mais ficar parado. Aproximei-me dele, mas talvez ele estivesse com medo de me beijar de novo se ficasse a menos de um metro de distância, pois se afastou novamente.

            — Larry, está tudo bem. — Eu respondi.

            — Não, não está. Eu... te beijei. Você tem seu namorado, eu tenho a minha namorada...

            — Está tudo bem. — Respondi. Ele novamente desviou o olhar, dessa vez olhando-me seriamente. Eu vi um pouco de dor ali.

            — Greg, eu...

            — Shhh — Repreendi-o. — Nada aconteceu aqui. Ninguém viu. Eu só não entendo... Você disse pra mim, na festa da Iliana, que era 100% hétero. Nessas mesmas palavras.

            — Eu sei. — Respondeu ele.

            Um silêncio desconfortável se formou entre nós, algo que nunca acontecia entre a gente. Larry era a segunda pessoa (a primeira era o Lucas) com a qual um silêncio desconfortável nunca se formava. Eu nunca me sentia deslocado ao lado dele.

            — E então? — Perguntei novamente.

            — Eu menti, ok? — Larry rebateu. — Eu menti. Menti porque estava magoado, porque não queria... Porque não estava pronto para ficar com você. E tecnicamente isso foi uma “meia-verdade”. Eu sou bissexual.

            — Está explicado. — Respondi, lembrando-me de todas as aproximações que ele já tinha feito, de todos os olhares e sorrisos. — Você... Você disse que era diferente.

            Pela primeira vez desde o beijo, o sorrisinho voltou à seu rosto.

            — Todos nós somos.

            — Mas isso não significa que algo precisa mudar entre nós, significa? — Perguntei, franzindo as sobrancelhas. — Tipo, eu vou continuar com o Lucas, e você vai continuar com a...

            — Sim, sim. Eu vou continuar com a Anne. — Ele interrompeu, mexendo a cabeça levemente e semicerrando os olhos. — Nada precisa mudar entre a gente. Eu só... Só precisava saber como era.

            — Como era me beijar? — Perguntei sorrindo, mas a resposta dele me fez arrepiar.

            — Não. Precisava saber como amar alguém.

 

            Nesse momento, enquanto nos entreolhávamos e todos nossos desejos e ambições emergiam pelos olhares, um para o outro, naquele mínimo espaço entre nós, Alanis chegou ao pequeno lugar abandonado do colégio. Ela trazia o celular na mão e um sorriso no rosto.

 

***

 

            Aqua, Alison e Alicia se juntaram a mim, Larry e Alanis nas mesinhas de xadrez. Todas as meninas olhavam para mim com sorrisos e olhos acesos pela determinação da descoberta da verdade, mas elas nem sabiam o que havia acabado de acontecer. Eu tentei ao máximo manter o segredo.

            Quando Alanis apareceu, segurando aquele celular nas mãos e exibindo um sorriso no rosto, eu praticamente corri até ela.

            — E então? — Perguntei animadamente. Ela levantou o aparelho na minha direção e o chacoalhou como se fosse um brinquedo.

            — Parabéns, Greg. Seu namorado não está mentindo. — Disse ela.

            Decidi esperar as outras garotas para ouvir a gravação, pois elas também mereciam saber a verdade, por terem participado do plano voluntariamente. O tempo em que ficamos esperando foi a pior parte, além de demorado, se tornou um caos de pensamentos. Alanis me perguntava várias coisas, sobre a minha vida pública e a minha vida pessoal, e eu respondia com indiferença; não porque não queria responder, mas porque minha mente girava em torno de Larry. Ele se afastou de mim quando Alanis chegou, ficando excluído num cantinho do local, com as sobrancelhas franzidas e as mãos nos bolsos da bermuda. Eu contive minha vontade de abraçá-lo. Ele parecia tão excluído.

            Quando as outras garotas apareceram, nos reunimos em torno de uma das mesas de xadrez e Alanis desbloqueou o celular para que pudéssemos ouvir. De acordo com ela, tudo tinha sido gravado e as falas de Thomas não eram nada agradáveis, mas eu já esperava que fosse ser assim. Nunca confiei muito nele desde que brigou com o Andrew. Se bem que, se ele tivesse falado a verdade, tudo teria ficado muito, muito mais complicado.

            O áudio começou como um ruído sem distinção, eu não ouvia nada. Alanis estava sorrindo, provavelmente se orgulhando de seus dotes de espionagem. Fiquei ouvindo aqueles ruídos, que mais faziam parecer que a garota estava esfregando o celular em algum lugar, até que escutei a voz de alguém. Thomas.

            No áudio a voz dele estava diferente.

            — Com licença. — Disse Alanis na gravação. — Você é o Thomas, não é?

            Silêncio. De repente, ele respondeu:

            — Sim. Você é...

            — Alanis. — Ela interrompeu. — Nós não nos conhecemos, mas temos interesses em comum.

            — Como assim? — Thomas perguntou, provavelmente pensando que a garota queria dar em cima dele. Eu pagaria para ver.

            — Ah, você sabe, sobre uma história recente sobre esse tal de Greg... — Ela respondeu indiferentemente. — Tem um áudio dele circulando por aí.

            — Sim, e? — Thomas perguntou.

            — E eu gostei. Sério. Ele merecia ser humilhado. — Ela respondeu. Meu coração se contraiu. Foi estranho ouvir aquela voz tão doce, vinda de uma pessoa tão gentil, falando algo tão horrível sobre mim. Troquei olhares com Larry, que estava na extremidade oposta do círculo. Ele parecia levemente enjoado. — Sabe, eu também não gosto dele. Nem um pouco.

            — Sério? — Thomas perguntou curiosamente.

            Fez-se silêncio por um tempo e eu fiquei me perguntando como deveria estar a cabeça da Alanis naquele momento: no que ela estava pensando em perguntar para ele?

            — Confesse. Foi você, não foi? Foi você que espalhou o áudio... — Ela continuou, na gravação.

            — Não, claro que não.

            — Thomas, todos sabemos que foi você.

            Silêncio novamente.

            — Ok, fui eu. — Disse ele.

            — Mas, como conseguiu fazê-lo confessar aquilo? — Alanis perguntou. Thomas pareceu um pouco relutante em responder, ficando em silêncio por mais alguns segundos, e repentinamente ela continuou com uma voz mais doce: — Vamos, pode falar para mim. Eu quero ajudar a humilhar o Greg.

            Mais silêncio. Meu coração batia forte naquele momento, pois não sabia o que ia ouvir. Mas, a julgar pelo sorriso no rosto das minhas amigas, pude saber que era algo bom.

            — Tudo bem. — Thomas respondeu. — Eu o forcei a falar.

            — Forçou? Como assim?

            — Eu o ameacei. Ele nunca quis falar aquilo.

 

            O áudio parou por aí. Eu sentia que ia vomitar, com uma agitação muito estranha ocorrendo dentro de mim. Primeiramente pensei que poderia ser o nervosismo agindo, alguma crise de ansiedade ou algo assim, mas, depois, percebi que era o medo. Medo de perder o Lucas, pois isso foi o que quase aconteceu. Eu quase destruí meu único relacionamento saudável graças a uma mentira sórdida de Thomas. Revirei os olhos e olhei para Larry. Ele estava com uma expressão sugestiva que dizia “conte”.

            — Ok. — Eu respondi, enquanto Alanis guardava o telefone em um dos bolsos da jaqueta. — A história bate.

            — O que Lucas disse pra você? — Aqua perguntou impaciente.

            — Ele falou a verdade. — Respondi, lembrando-me do olhar dele, das lágrimas enquanto ele me contava a história e eu apenas bufava de raiva. Eu quase o destruí. — Lucas me disse que foi forçado. Ele falou que estava indo para a sala quando foi abordado por Thomas. O meu “ex-amigo”, com muitas aspas, o levou para um lugar isolado e o pressionou contra a parede, literalmente. Ele continuou dizendo que o Thomas tinha feito alguma espécie de ameaça, uma ameaça muito horrível.

            — Qual? — Larry perguntou, falando comigo pela primeira vez em minutos.

            — Thomas ameaçou o Lucas dizendo que podia me machucar. Diz o Lucas que o Thomas ameaçou a minha vida, afirmando que faria comigo a mesma coisa que fez com o Andrew, ou seja, eu seria espancado (de novo) caso meu namorado não mentisse na gravação. — Respondi, referindo-me à Lucas como “namorado” pela primeira vez. — Então Lucas aceitou.

            Ficamos em silêncio por um tempo. As garotas pareciam não saber o que falar.

            — Então, sabe o que isso significa? — Larry rompeu o silêncio. — Significa que ele deixou que o relacionamento de vocês acabasse para te deixar seguro. Significa que ele realmente te ama.

 

***

 

            Achamos melhor voltarmos para casa, após descobrirmos sobre a verdade da situação, para não levantarmos suspeita. Ninguém sabia para onde Thomas tinha ido, nem Alanis, o que nos deixava numa situação bem complicada. Ele não podia descobrir que mentimos. Por outro lado, já era tarde demais. Eu já tinha descoberto.

            Felizmente, Ryan não me fez perguntas, nem meus pais. Seria muito estranho explicar a situação para eles – algo como “eu tenho um namorado secreto que quase terminou comigo por causa de uma mentira contada por outro garoto, mas tudo bem, porque eu descobri que era tudo uma farsa”.

            Andrew também não tentou conversar comigo. Achei isso especialmente desconcertante, pois ele geralmente falava qualquer coisa, todos os dias, para manter contato. Receber um “oi” ou só ver que ele estava online me fazia pensar que ele estava bem. “Estava” é uma boa colocação.

            Pude pensar nos meus argumentos para jogar na cara do Thomas no dia seguinte. O que deveria dizer? Deveria ser superior e apenas dizer que tinha descoberto a verdade ou deveria me rebaixar ao ponto de criar uma confusão na sala, talvez até uma briga? Decidi que faria um pouco dos dois. Afinal, ele praticamente pediu por isso. Tentou me enganar, me magoar, me humilhar, mas o feitiço voltou contra o feiticeiro.

            Ainda assim, por mais que eu quisesse apenas pensar em como me “vingaria” de Thomas, não conseguia esquecer o fato de que quase afastei meu namorado definitivamente. Eu poderia ter perdido o Lucas para sempre. Meu coração acelerava e minha pele parecia fervilhar cada vez que pensava na possibilidade de nunca mais vê-lo ou na sensação de nunca mais ter aquelas mãos me tocando.

            Com o coração quase pulando pela boca, tranquei-me no quarto logo após a minha chegada. Pude ouvir as reclamações da minha mãe, mas ignorei. Minhas mãos estavam tremendo, mas mesmo assim agarrei meu celular com todas as forças. Eu precisava conversar, com qualquer pessoa que não viesse com perguntas acusatórias (ou seja, meus pais), mais especialmente Larry, Andrew ou Lucas. Procurei no aplicativo de mensagens pela letra L. Dois deles estavam lá, Larry e Lucas, mas meu olhar voou diretamente para o nome do meu namorado.

 

            Eu: “Lucas, vc está aí?”

                   “Precisamos conversar”

 

            Mensagem enviada. Meu corpo todo tremia com medo da reação dele. E se ele tivesse se cansado de mim? E se ele tivesse se magoado mais do que eu? E se...

            Tirei as perguntas da minha mente. Não podia ficar pensando nisso, nessas indagações, pois já estava ansioso o suficiente. Deixei a tela acesa até ver que ele “ficou online”. Mensagem lida, porém ignorada. Fiquei esperando pela resposta, por aquela palavrinha, digitando, que sempre aparecia quando alguém estava respondendo. Mas a palavrinha não veio, assim como a resposta dele.

            Foi inevitável pensar no pior. Eu não entendi porque ele não queria falar comigo. Ele provavelmente tinha se magoado mais do que eu, realmente.

            Com mais nervosismo, saí da “conversa” com Lucas e entrei na do Larry. Ele estava online há vinte minutos, o que me deixou esperançoso, mas não significava que iria responder. Fiquei com medo, mais medo, de que ele decidisse fazer igual meu namorado: ignorar-me. Digamos, depois do beijo, Larry nem tinha o direito de me ignorar. Ele me devia explicações, por mais que já tivéssemos deixado mais do que claro que nada ia mudar entre nós.

           

            Eu: “Larry”

                   “Eu preciso conversar com alguém”

 

            Outra mensagem enviada. Outra mensagem vista imediatamente e não respondida. Isso gerou um aperto muito grande no meu coração. Fiquei imaginando qual dos Larrys estava atrás daquela tela: o Larry socialmente aceito, jogador de futebol e pegador, ou o Larry amoroso que sempre me ajudava. Aposto que não era nenhum dos dois. Larry tinha uma personalidade que eu ainda devia estudar muito minunciosamente para entender. Num momento ele poderia estar feliz, amoroso e até aberto a conversar sobre qualquer coisa; em outro, poderia ficar mais fechado e recluso, talvez até magoado. Isso explica o porquê de seu comportamento explosivo quando falei a verdade na festa da Iliana, sobre como ele se afastou tão selvagemente.

 

***

 

            No dia seguinte, fui para o colégio com meu irmão num ritmo normal, para não levantar suspeitas de que eu estava mais do que ansioso para algo. É horrível quando você se sente ansioso por algo que nem tem certeza se vai acontecer. Muito mais do que felizmente, ele não fez perguntas – o que achei estranho, porque, principalmente, tínhamos chamado sua namorada para fazer algo suspeito. A súbita falta de interesse dele por meus problemas pessoais me deixou mais calmo, porém com suspeita.

            Quando chegamos, vi as pessoas olhando para mim imediatamente. Elas não sabiam que tudo tinha sido uma mentira, que Thomas havia enganado a todos. Provavelmente se perguntavam por que eu estava tão feliz considerando que meu namorado queria me humilhar, mas as pessoas não sabiam. Continuei com a cabeça erguida e o olhar firme até o sinal tocar.

            Minha frequência sanguínea aumentou, com o coração batendo forte contra as costelas. Senti que estava sendo mergulhado num barril de água quase congelada. Em momentos como este, eu poderia pedir ajuda à Larry, Andrew ou Lucas, mas nenhuma deles estava ali. Larry tinha me ignorado, Lucas também, e Andrew tinha ido embora. Engoli em seco e aceitei o fato de que estava realmente quase sozinho. Por mais que não quisesse admitir, quase que involuntariamente todos os que eu amava se afastaram de mim novamente. Mas desta vez seria diferente porque eu havia mudado, não estava mais tão ingênuo.

            Deixei Ryan ir para a sala dele e continuei a andar pela passarela. As pessoas me encaravam, algumas riam, outras apontavam, mas a maioria ainda olhava para mim. Eles não percebiam o quanto isso machucava. Continuei até chegar ao final do caminho, entrando no pátio do ensino técnico. Subitamente, lembrei-me de meses atrás, quando encontrei Larry pela primeira vez, neste mesmo lugar. Ele esbarrou em mim enquanto corria e não percebeu que nossas vidas colidiram ali. Naquele mesmo dia, reencontrei o Andrew, segundos mais tarde, depois de toda aquela história com a Alexia. Lembrar-me de tudo isso não me acalmou.

            Poucas coisas podiam me acalmar. Música era uma delas, mas nem sempre podia ficar com os fones de ouvido. Então tive que recorrer a outro modo. Amizade. Apertei o passo, esperando encontrar minhas amigas na sala de aula, e, surpreendentemente, nenhuma delas estava lá.

            Senti mais nervosismo ainda. Entrei na sala com rapidez, olhando para o lado. E congelei. Larry também não estava lá. Anne estava sozinha. “O que diabos está acontecendo?”, eu me perguntava, embora sentisse que todos tinham me abandonado. Eu não queria pensar nisso, que tinha sido deixado para trás, mas também não podia excluir tal possibilidade.

            Caminhei lentamente até meu lugar e me sentei, esperando por algum sinal de vida do Larry. Nada. Nem Anne parecia se importar muito. Até que vi Aqua entrando pela porta.

            E então, depois de horas, meu coração pôde se acalmar.

 

***

 

            — Você já falou com ele, não? — Perguntou Aqua, quando a conversa na sala se elevou e finalmente pudemos conversar, olhando singelamente para o lugar onde Thomas estava sentado.

            Eu franzi as sobrancelhas.

            — Ainda não. — Respondi. — Estou esperando pelo momento perfeito.

            — O que acha que ele vai falar?

            — Acho que ele vai negar primeiro, mas depois vai acabar confessando. Eu quero que ele faça isso na frente de todo mundo, para todos poderem ver que eu nem sempre estrago os meus relacionamentos.

            Aqua olhou para mim e sorriu rapidamente, abaixando o olhar.

            — Eu só queria que as outras garotas estivessem aqui, mas elas preferiram faltar hoje. — Ela disse um pouco triste.

            Eu dei de ombros e me virei para Thomas. Fiquei encarando-o, esperando que ele virasse para mim, esperando pela conexão de nossos olhares. Queria que ele me olhasse nos olhos pelo menos uma vez antes de me contar a verdade, antes de eu confrontá-lo com os fatos. Eu pensei no que poderia acontecer. Poderíamos criar uma briga (eu, pelo menos, queria brigar com ele), poderíamos ser suspensos ou até mesmo expulsos, mas não me importava. A única coisa que importava a mim naquele momento era o fato de que ele mentiu novamente. Aparentemente, mentir era a única coisa que ele sabia fazer.

            — E o Lucas? Já conversou com ele? — Aqua rompeu o silêncio novamente. Eu desviei o olhar de Thomas para ela.

            — Não.

            — Por quê? — Ela rebateu, deixando a voz uma oitava acima.

            — Porque ainda não estou pronto. — Respondi. — Eu quase destruí o nosso namoro, seria muito estranho.

            — Mas ele iria gostar. Coitado, Lucas é um garoto tão bom. Ele deve ter ficado arrasado. — Respondeu ela. — E ele realmente deve gostar de você, igual o Larry disse, porque arriscou o relacionamento de vocês para te deixar seguro.

            — Sim, concordo. Mas... Acho que ele não deveria ter falado nada. Me pouparia energia. — Respondi.

            Ficamos por um tempo olhando para as pessoas da sala. Cada uma parecia um setor isolado, com seus próprios problemas e afazeres. A maioria dos alunos estava sorrindo, conversando animadamente, alguns estavam me encarando, mas eu não pude deixar de pensar como tudo era muito mais complicado do que aparentava. Você nunca sabe a batalha interna que alguém está travando, nunca sabe o que a pessoa passou para estar ali, aonde seus olhos enxergam. E se algum dos alunos já passou por algo tão ruim quanto eu? Esse pensamento me fez estremecer.

            — Por que Larry não está aqui, aliás? — Aqua rompeu o silêncio pela terceira vez. Meus olhos saltaram instintivamente para o local onde ele costumava se sentar. Como o esperado, ele não estava lá, apenas Anne, sozinha, conversando com Pierre e Aimee.

            — Eu não sei. — Respondi. — Não conversamos desde ontem.

            — Aconteceu alguma coisa entre vocês? — A garota insistiu. — Tipo, quando chegamos, vocês pareciam tão deslocados. Você parecia ter visto um fantasma e ele parecia ligeiramente deprimido.

            — Não, não. Não aconteceu nada. — Interrompi rapidamente, antes que a pergunta dela se tornasse mais íntima.

            — Sério? — Ela rebateu. — O jeito que ele te abraçou quando te viu chorando... Acho que Anne ficou com ciúmes.

            Fitei os olhos dela por um instante, vendo que eles estavam carregados de uma perversidade animada. Ela não tinha feito a pergunta com más intensões, embora não tivesse percebido que aquilo era íntimo demais para se perguntar.

            — Não, Aqua, não aconteceu nada. — Confirmei. — A gente apenas ficou conversando e ele bolou o plano. Só isso.

            — Ok. — Ela arqueou as sobrancelhas. — Se você diz... Mas acho muito estranho ele ter faltado. Ele nunca falta.

            Não respondi por um tempo. Por um lado, ela estava mais do que certa. Foi estranha a ausência dele, pois já tinha me acostumado em olhar para o lado e vê-lo sentado na outra extremidade da sala. E apesar disso, não pude deixar de pensar que a falta dele tinha sido causada por nosso beijo no dia anterior.

            — Vou tentar conversar com ele quando voltar para casa. — Respondi. Aqua balançou a cabeça gentilmente e não fez mais perguntas.

 

***

 

            A hora do intervalo pareceu demorar uma eternidade para chegar. As aulas estavam se arrastando umas contra as outras e eu contava os minutos até o sinal tocar. E então ele veio.

            Levantei-me rapidamente, olhando para Aqua com uma expressão de “vou falar com o Lucas”, e saí praticamente correndo da sala. Esbarrei fortemente em alguns alunos que também deixavam as salas no momento, mas não pedi desculpas e nem eles pareceram muito desconcertados. Segui o fluxo de pessoas pela passarela principal até o pátio central do colégio.

            Meu coração parecia disparado, embora não houvesse a típica agitação causada pelo nervosismo. Eu não tinha revelado o plano para o Lucas, pois seria arriscado, e não podia deixar de pensar que ele talvez nunca mais quisesse me ver pessoalmente.

            Desci um curto lance de escadas que levava ao pavilhão do ensino médio e parei. O choque foi instantâneo. Lucas estava parado na frente da porta do pavilhão, encostado ao vidro. Usava uma jaqueta branca, capuz e a calça do colégio. Fones de ouvido estavam pendurados em seu pescoço. Seus olhos estavam vermelhos e, apesar do capuz, podia ver que seus cabelos estavam desgrenhados. Ele parecia péssimo, porém lindo.

            — Lucas... — Sussurrei, aproximando-me.

            Ele não pareceu perceber que eu estava ali até que ficamos frente a frente. Então o olhar dele se acendeu, repleto de uma chama verde como a cor de seus olhos, com alegria e paixão. Esperança.

            — Greg. — Ecoou ele.

            Ele parecia que estava chorando há minutos atrás. Eu até teria perguntado o motivo, se já não soubesse qual era. Não consegui me conter.

            Corri até ele, abrindo os braços. Ele se desencostou da porta do pavilhão e veio na minha direção, preenchendo meus espaços com seu abraço. Senti sua presença imediatamente, o contorno de seus músculos, seu perfume, seu calor, sua estática. Meu coração parou. A pele dele fervilhava, senti à distância.

            — Me desculpe, me desculpe, me desculpe... — Cochichei num pedido desesperado. Ele apoiou a cabeça no meu ombro e não disse nada. — Me desculpe, eu deveria ter acreditado em você. Por favor, me perdoe.

            Ouvi seus soluços, evidenciando sua emoção.

            — Eu perdoo. — Ele respondeu. Foi um prazer ouvir a voz dele dizendo aquilo para mim. Arrepiei-me, com lágrimas surgindo em meus olhos.

            — Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo muito. — Eu disse, afastando-me um pouco, sem soltá-lo, para olhá-lo nos olhos.

            Ele parecia um borrão causado pelas lágrimas.

            — Eu também te amo. Muito. Muito. Muito. — Respondeu ele.

 

            Realmente, você só percebe que precisa de alguém quando o perde. Eu senti, naquele momento, que ele era a pessoa mais especial, mais importante para mim.

            Nossos lábios se encontraram numa explosão de sentimentos. Senti-o hesitar e, logo após, retribuir.



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