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História Magoar, Perdoar e Esquecer (Edição de Ouro) - Epílogo


Escrita por: GSilva

Capítulo 28 - Epílogo


Fanfic / Fanfiction Magoar, Perdoar e Esquecer (Edição de Ouro) - Epílogo

EPÍLOGO

            Olhei para o prédio à minha frente. Eu nunca tinha visto-o, não de perto, porque quase nunca precisei ir até o centro da cidade, então parei para dar uma boa olhada nele a fim de absorver todos os detalhes. As paredes se erguiam a uma distância muito alta, com inúmeros andares, janelas brilhantes e uma aparência ótima. Um hotel cinco estrelas. Coloquei na minha cabeça que iria perguntar para ele sobre onde conseguiu tanto dinheiro para se hospedar num hotel daqueles.

            Virei-me para trás rapidamente. Do outro lado da rua, o carro dos meus pais estava estacionado, e eles sinalizavam para mim. A cabeça de Lucas apareceu por uma das janelas traseiras, toda sorridente. Eu sorri de volta e voltei-me para o prédio.

            Algumas pessoas entravam e saíam, trazendo bagagens, todas animadas. Eu tentei não trombar em alguém enquanto entrava. Empurrei a porta giratória, entrando naquele local extremamente luxuoso.

            O ar do lado de dentro era diferente, mais fresco, aparentemente sem toda aquela poluição aérea da cidade. O chão estava decorado com um carpete vermelho, da mesma cor das paredes, e o teto era de uma madeira escura que eu não reconheci. Logo ao lado da porta, havia vários certificados de excelência do hotel, como se eles pudessem provar que aquele era um bom local.

            Logo na entrada, havia o restaurante. Mesas e mais mesas arredondadas se enfileiravam pelo salão, com algumas pessoas comendo animadamente. A primeira coisa que senti foi o som dos pratos, copos, talheres e conversas. Timidamente, aproximei-me do restaurante e logo apareceu um funcionário do hotel.

            — Com licença. — Disse ele. — Eu poderia ajudar?

            Eu olhei para ele. Era um garoto, provavelmente da minha idade, vestindo o uniforme avermelhado do local – uma camisa social branca, com as mangas dobradas até os cotovelos, e uma calça social bordô. Ele parecia cansado.

            — Sim. — Respondi. — Eu tenho uma mesa reservada. No nome de Andrew Leigh.

            Senti-me estranho por falar o sobrenome do Andrew, pois este era muito raramente mencionado. O garoto pegou uma prancheta do balcão mais atrás e procurou, com olhos perspicazes, pelo nome dito. Ele sorriu e se virou para mim.

            — Ah, sim. Mesa 13, por favor. — Disse ele, colocando gentilmente a mão no meu antebraço.

            Deixei que ele me conduzisse para o interior do espaço onde as mesas estavam, mas apenas conseguia pensar em Andrew. Por que ele tinha me chamado para um lugar tão estranho? Por que não pôde me encontrar fora daquele hotel?

            Conforme nos aproximávamos do fundo do salão, ouvi uma singela música de piano tocando. Achei lindo. Eu sempre adorei piano, ainda mais quando era tocado ao vivo – não que eu já tivesse ido a algum concerto. O garoto parou ao lado de uma mesa redonda, cuidadosamente decorada com uma toalha branca, um pequeno vaso de flores e duas taças, e sinalizou.

            — É esta aqui. — Disse ele. — Sente-se. Iremos avisar ao Sr. Leigh que o senhor está aqui.

            Senhor Leigh. Nunca tinha escutado alguém se referir a Andrew com tanta disciplina, como se ele fosse alguém mais importante do que um príncipe. Eu sorri para o garoto enquanto ele se virava e ia embora.

            Fiquei quieto por um tempo, apenas avaliando o lugar ao redor. As pessoas comiam, bebiam, conversavam e riam sem nem imaginarem o que estava se passando comigo. Gostei disso. Gostei do anonimato, de ir a algum lugar onde as pessoas não sabiam o meu nome ou o que havia acontecido. Sentei-me e passei minhas mãos pela toalha branca, notando sua incrível maciez, e fiquei olhando a rosa no vaso de flores, escutando o piano, enquanto esperava por Andrew.

            Peguei-me pensando no que ele queria falar para mim. Até onde eu sabia tudo tinha voltado ao normal. Sério, tudo estava indo completamente como queríamos. Eu e Lucas tínhamos voltado, superamos o luto por Larry, Alexia não tinha se suicidado, como era seu plano original, e Andrew realmente foi embora. Na verdade, ele não foi embora, por assim dizer. De fato, ele se mudou para outro país (Estados Unidos, para ser mais exato), mas nós ainda conversávamos todos os dias, praticamente todas as 24 horas de todos os dias desde que tudo aconteceu. Estava tudo indo otimamente ótimo. Melhor impossível. O que ele queria dizer para mim?

            Fui assustado por uma aproximação que consegui ver de soslaio. Senti uma ansiedade horrível, comecei a tremer e minhas mãos começaram a suar. Respirei lenta e profundamente, afastando qualquer imaginação de que algo ruim poderia acontecer. Será que ele iria brigar comigo? Será que ele iria falar que eu matei a Alexia? Não, ele não faria isso, não se dispunha a vir para o país antigo apenas para discutir comigo. Greg, pare, pensei.

            — Greg? — Uma voz conhecida falou atrás dos meus ouvidos. Virei minha cabeça apenas para olhá-lo. Era ele.

            Quase não o reconheci de cara. Ele estava muito mais diferente do que eu me lembrava: usava um terno de aparência muito cara, cabelos penteados para trás, sobrancelhas finas, pele perfeita. Não parecia ele, não de verdade. Eu sempre estive acostumado a ver marcas nele, marcas causadas por seus problemas pessoais, desde algo físico, como um arranhão no maxilar, até algo espiritual, como seu modo de olhar. Naquele momento, ele estava perfeito. Havia uma luz nos seus olhos, alguma esperança desenterrada por todo esse tempo de distanciamento. E ele estava lindo.

            — Andrew. — Respondi, sem me levantar. Ele se aproximou e sorriu para mim. Seu sorriso estava mais lindo do que nunca, mais do que eu me lembrava.

            Ele caminhou até a outra ponta da mesa, puxando a cadeira e se sentando. Ficamos frente a frente, cada um olhando para o outro. Eu já tinha planejado o que iria falar para ele quando o reencontrasse, é claro, mas simplesmente fiquei sem palavras. Foi como um branco ou um bloqueio criativo: não consegui pensar em nada para falar. Ele não parecia se sentir diferente, com aqueles olhos verdes me encarando e a boca sorrindo.

            Finalmente, ele se remexeu na cadeira e quebrou nosso silêncio.

            — E então, como você está? — Perguntou ele. Sua voz soou como música aos meus ouvidos, mais linda do que qualquer toque de piano.

            — Eu estou bem. — Respondi. — E você?

            — Eu também.

            — E Alexia?

            — Ah, ela vai bem. — Disse ele. — Tentei achar a melhor clínica de reabilitação para ela.

            Pensar naquilo me deu enjoo, pois eu era a causa de todo o sofrimento dela.

            O silêncio nos atingiu novamente. Foi desconfortável, principalmente porque nós já tínhamos sido tão próximos, tão íntimos. E nunca foi do feitio dele ficar em silêncio.

            — Não vamos ficar em silêncio, vamos? — Perguntou ele. Eu sorri. — Porque eu esperei muito para revê-lo.

            — Desculpe. — Respondi. — É que eu não sei o que falar. Também planejei esse momento, mas perdi as palavras.

            Respondi o que estava sentindo. Esse foi um hábito que eu aperfeiçoei durante todo o meu tempo de convívio com ele ou com Larry: falar o que se sente. Percebi, ao longo das semanas que passamos juntos, que Andrew não gostava quando se escondia algo dele.

            — Eu sei como é. — Respondeu ele. — Eu também me sinto assim agora.

            — E, aliás, sobre o que podemos falar? — Eu comentei, sorrindo. — Tudo voltou ao normal.

            — Sim, tudo. Mas eu ainda preciso saber se você está realmente bem.

            — Eu estou, Andrew, sério. — Respondi. — Eu não teria vindo falar com você se achasse que ainda precisava de mais tempo.

            — Ok. — Respondeu ele.

            Nesse momento, um garçom surgiu trazendo uma garrafa de vinho. Andrew assentiu lentamente enquanto o funcionário enchia as nossas taças com o líquido roxo. Eu nunca fui muito de beber, mas havia algo naquele momento – algo muito íntimo – então não pude ficar desanimado.

            — Me explique uma coisa. — Eu disse, pegando a taça quando o garçom se afastou.

            — Sim?

            — Quem é você e o que fez com o Andrew? — Perguntei, quase gargalhando. Ele sorriu. — Sério. Você não é mais o Andrew, é o Sr. Leigh.

            — O que quer dizer com isso? — Ele arqueou as sobrancelhas.

            — As pessoas te tratam como “senhor” agora, você está hospedado nesse hotel muito caro, está vestindo roupas caras, e até sua expressão mudou. — Respondi. — O que houve?

            Ele se aproximou da mesa e agarrou a taça de vinho. Em duas belas goladas ele esvaziou o copo.

            — Ah — Disse ele. — Eu devo isso a meus parentes distantes. Eu tinha uma herança e nem sabia disso. Alguma coisa sobre uma ramificação da família Leigh em Cambridge.

            — Cambridge? — Perguntei.

            — Sim. Tipo, lá em Harvard e tudo o mais. — Respondeu ele. — Aparentemente meu bisavô já foi casado com uma tal de Annelise Paulsson, ex-dona de uma das famílias mais ricas de lá.

            — Isso é ótimo.

            — É. E, se serve de elogio, você também não está tão mal. — Ele disse, mudando o tom de voz para algo mais íntimo, mais pessoal.

            Essa foi a minha vez de arquear as sobrancelhas.

            — O que quis dizer com isso? — Perguntei, tomando um pequeno gole do vinho. A bebida alcoólica desceu por minha garganta com uma ardência incomum. Agradeci por ter feito dezoito anos recentemente.

            — Você está lindo, Greg. — Disse ele. Seus olhos brilhavam, iluminados pelas luzes da sala, mas havia algo a mais lá, algo que não consegui identificar o que era. Parecia uma espécie de afeto, misturado com alegria e admiração. Paixão.

            — Obrigado. — Respondi. — Você também está.

            — Eu sei. — Disse ele, todo orgulhoso.

            Ficamos em silêncio, contornados por nossas palavras não pronunciadas. Eu queria dizer para ele o quanto ele parecia lindo, mais lindo do que minhas palavras poderiam explicar, mais lindo do que qualquer estrela poderia ser. Mas fiquei em silêncio. Senti que não deveria falar aquilo, não deveria deixá-lo confuso. Eu mesmo me sentia confuso, porque pensei que não o amava mais, porém...

            — E então, como o Lucas está? — Perguntou ele, rompendo nosso silêncio. Mal pude conter meu espanto. Das coisas que eu imaginei que ele iria perguntar, a última era sobre como meu namorado estava.

            — Bem, eu acho. — Respondi. — Nós voltamos. Ele parece feliz, e eu fico feliz por isso. Acho que nunca conseguirei alguém como ele. Mas, e você?

            Ele engoliu em seco. Eu sabia que não deveria tocar nessa ferida dele, pois sabia o quanto machucava. Após o desastre com a Alexia, ele e ela terminaram o relacionamento – até porque a garota entrou num estado de choque tão grande que mal falava ou olhava para ele – e desde então Andrew nunca mais falou sobre se apaixonar de novo. Eu achei isso incrivelmente lindo, porque significava que ele nunca mais se apaixonaria por outra pessoa além de mim e de Alexia. Nunca mais.

            — Tsc. Essa é uma parte que eu prefiro não falar. — Disse ele. — Mas, sim, eu conheci alguém novo. Um garoto. Ele é meu vizinho e nós quase não nos vemos direito.

            — Hmmm...

            — O nome dele é Oliver e, além disso, eu não sei mais nada. — Ele respondeu, com um sorrisinho no canto da boca. Eu estreitei os olhos e ele pareceu consternado. — Sério, eu não sei mais nada. Não é como se eu estivesse apaixonado por ele. Não transamos ou coisa parecida. Apesar de...

            — Apesar de?

            — Nada. — Respondeu ele, gargalhando. — Você não precisa saber.

            — Claro que preciso! Andrew, me conte. — Eu supliquei. Ele limpou a garganta.

            — Bem — disse ele —, eu estou planejando chamá-lo para sair ou algo assim.

            — Ah, isso é ótimo. — Respondi, concordando que aquilo realmente parecia ótimo. — Você precisa encontrar outra pessoa, Andrew. Ninguém merece morrer sozinho. Você precisa esquecer de tudo o que aconteceu.

            — E você, Greg, já esqueceu?

            Ele perguntou com um tom estranho na voz. Senti o que aquela pergunta não dizia, todo o significado implícito. Ele queria saber se eu já tinha me esquecido de como o amava, se já tinha parado de amá-lo.

            — Não. — Respondi. — E nunca vou esquecer.

            — Eu também não. — Ele disse. — Não tem como esquecer tudo aquilo.

 

            De repente, assustando-me de uma forma inesperada, ele se levantou e veio na minha direção, estendendo a mão para mim. Eu olhei para ele com uma pergunta no olhar e me contive em segurar em seu braço.

            — Vamos. — Disse ele. — Eu quero te mostrar o meu quarto.

            Eu sorri e segurei lentamente na mão dele. Um calafrio percorreu o meu corpo. Senti minha pressão despencando e de repente todo o mundo tornou-se único e exclusivamente nosso.

            — Você sabe que isso parece uma cantada, não sabe? — Eu perguntei.

            — Pode ser. — Respondeu ele, bem-humorado.

            — Andrew Leigh, você está flertando comigo? — Perguntei. Ele sorriu e começou a me puxar por entre as mesas das outras pessoas.

            — Talvez. — Ouvi-o responder.

            Andamos até o lado esquerdo do salão, onde três elevadores se abriam eventualmente, deixando várias pessoas. Ele apertou os botões impacientemente, pensando que poderia acelerar o elevador se o fizesse. Eu queria perguntar por que ele estava tão ansioso, mas decidi ficar em silêncio.

            Eu gostei daquilo, daquele aperto de mãos. Ele segurava a minha mão como se fosse um pedaço de cristal, como se ambos pudéssemos explodir se colidíssemos. Eu gostava do toque da pele dele na minha, da proximidade dele, mas apenas tinha me esquecido de como era estar perto dele.

            Na verdade, talvez eu quase tenha me esquecido dele.

            Uma vez dentro do elevador, ele pareceu ficar mais tenso. Estávamos sozinhos lá dentro, apenas acompanhados pela câmera de segurança, uma espelho e o painel de navegação. Há algo estranhamente íntimo em ficar sozinho com alguém dentro de um elevador, quase como ficar sozinho com alguém dentro de um carro. Imaginei-o largando tudo e avançando para cima de mim, suas mãos nas minhas omoplatas, seu corpo contra o meu, exatamente como uma das cenas de Cinquenta Tons de Cinza. Contive um sorrisinho.

            O elevador se abriu para o corredor do décimo andar. Ele saiu primeiro, puxando-me para o interior do corredor. Tudo parecia cuidadosamente decorado, como o salão no primeiro andar, mas com mais portas. Algumas portas se intercalavam em intervalos regulares pelo corredor e eu fiquei imaginando qual era a do quarto dele. Porém, nunca descobri, porque ele parou de repente.

            — Andrew, aconteceu alguma coisa? — Perguntei, vendo a dor em seus olhos. Ele respirou fundo e se virou para mim, pegando minha outra mão, que pendia livre ao lado do meu corpo.

            — Tudo bem. Eu só... — Disse ele. — Eu só queria dizer como estou me sentindo.

            Deixei que o silêncio dominasse a fala dele. Não disse nada, esperando por uma explicação. Ele levantou os olhos para mim e eu pude ver a dor neles, dor por algo que Andrew não havia me contado.

            — A verdade é que eu sinto muito, muito a sua falta. — Disse ele. — Eu nunca vou conseguir encontrar outra pessoa igual a você. Eu pensei que amava a Alexia, pensei mesmo, mas... Mas não foi ela quem eu amei. Foi você. Greg, eu preciso de você, eu quero estar com você, mas não podemos...

            — Shhh — Interrompi. — Está tudo bem.

            Eu o puxei para perto, indo para trás. Bati minhas costas contra a parede e a batida pareceu desencadear algo em mim. Uma lembrança. Lembrei-me de mim mesmo chocando minhas costas contra a parede, Larry se aproximando, seu corpo quente contra o meu, seus lábios sobre os meus. Mas não eram mais os lábios de Larry contra os meus, eram os de Andrew. Na verdade, eu o beijei.

            Deixei nossos corpos colidirem, e aquele cristal que mencionei há pouco realmente se estilhaçou. Senti cada dor dele naquele beijo, dor por ter perdido dois amores em uma única vida. Não é à toa que as pessoas tentam procurar UM amor na vida, porque ninguém suportaria perder dois amores. Ele suportou. Pelo menos aparentava suportar.

            Eu o beijava com força, mas ele parecia desconfortável. Senti-o tremer. Estávamos fazendo algo errado, eu sabia disso, mas também estávamos fazendo algo errado quando ele me beijou pela primeira vez, no banheiro do colégio. As circunstâncias é que estavam diferentes.

            — Greg. — Sussurrou ele, afastando-se. A dor na voz dele se transformou em agonia e a musicalidade em seu tom tornou-se um pedido de socorro.

            — Eu sei por que você está se sentindo assim. — Respondi. — Você sente que me ama, sabe que ama, sabe que precisa de mim, mas também sabe que eu não posso abrir mão do Lucas.

            Ele ficou em silêncio por um tempo e depois respondeu:

            — Sim.

            — Andrew, não me leve à mal, mas você está certo. Não podemos. Não podemos ficar juntos. — Respondi. — Eu também te amo, também quero ficar com você, mas, sei lá, eu sinto algo estranho. Sinto que não daríamos certo, por alguma razão. Já percebeu que sempre que nos aproximamos, algum de nós acaba se machucando? Eu consigo ver que você está machucado, que se machucou a partir do momento que me reencontrou.

            Fiz uma pausa, olhando-o.

            — Eu quero ficar com você. — Respondi. — Mas não posso desapontar o meu namorado. Desculpe-me por estar terminando tudo isso dessa maneira. Você não merece esse tratamento. Merece alguém que cuide de você, que não te traga problemas. E eu não sou essa pessoa.

            — Você nunca me trouxe problemas. — Disse ele.

            — Não. Eu sou o seu problema. Um problema para você, uma bola de neve que cresce cada vez mais. — Respondi. — Vai chegar num momento que ambos iremos quebrar, e não vai ser algo legal de se ver. Percebeu que ambos nos curamos por causa do distanciamento? Nós nos amamos, mas isso não significa que devemos ficar juntos. Somos tóxicos um ao outro.

            — Mas...

            — Andrew, por favor. — Interrompi. — Eu não gostaria de repetir tudo. Falar tudo isso já me dá uma dor muito grande. — Fiz outra pausa. — Eu quero que continuemos distantes, que conversemos apenas pelo celular. Desse jeito vamos nos curar, é o único modo. Eu sei que não estou morrendo, mas Deus sabe que precisamos nos curar assim. Então chame esse tal de Oliver para sair. Vocês podem conversar, podem brincar, brigar, namorar, transar, casar, viver, amar. Eu quero que você seja feliz.

            Ele ficou parado, sem dizer uma única palavra e mal se curvou sobre mim. Eu segurei sua mão e sorri, com lágrimas nos olhos.

            — Eu descobri como é amar alguém. — Respondi, beijando a mão dele suavemente. Depois continuei: — É uma mistura de coisas, para falar a verdade. Não se trata apenas de querer ficar com uma pessoa. Trata-se de realmente querer viver com a pessoa, e isso significa que também se devem resolver todos os problemas. Eu aprendi a magoar alguém, a perdoar alguém, a esquecer alguém. Eu aprendi... Eu não sei como terminar essa frase.

            Comecei a me distanciar, mas o aperto na minha mão se intensificou. Ele me olhava com uma tristeza gigantesca quando virei-me para olhá-lo.

            — Espere. Eu ainda preciso te dizer. — Ele falou.

            — O quê?

            — Eu te amo. — Disse ele. Olhando para seus olhos, eu sorri. Virei-me de costas, mirando o elevador que se abria. Em instantes, os braços de Lucas estariam me envolvendo e eu iria fingir que nada aconteceu dentro do hotel. Em instantes eu daria as costas para o amor da minha vida. Em instantes eu esqueceria.

            Sem me virar para trás, concluí.

            — Eu também te amo, Andrew.

 

            E isso foi tudo.

     

 


Notas Finais


E, desta forma, "Magoar, Perdoar e Esquecer" chega ao fim!

Agradeço a todos os que leram, comentaram ou favorizaram. Essa é a minha história mais importante, pois sua essência foi baseada na minha própria vida, então o suporte e o apoio de vocês sempre foi mais do que necessário. Foi um longo caminho desde fevereiro até aqui, desde quando comecei a escrever a primeira parte, Como Magoar Alguém. Muitas coisas aconteceram daquele tempo para cá, coisas que me inspiraram a escrever mais e mais capítulos. Agradeço a todos, do fundo do meu coração.

Queria fazer outro capítulo extra, contendo mais informações sobre essa história, mas, se você a leu, sabe tudo o que eu penso ou sinto. Muito obrigado! <3

P.s.: essa história está sendo encaminhada para seu lançamento oficial em formato de livro impresso, então, mediante um futuro contrato com alguma editora, terei que excluir a história da internet. Peço que leiam o mais rápido possível, se ainda não tiverem lido. Ainda não tenho uma data prevista para o lançamento do livro, mas posso dizer que aparentemente será em breve. Muito obrigado novamente.


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