Algumas horas se passaram e o rosto de Mahiro já se curado por completo. Emono no Tori estava sentado dentro do que restou do templo enquanto observava o local onde a Relíquia Sagrada que lhe foi confiada deveria estar.
— Emono no Tori-san. – dizia Masamune que se aproximava do Tengu.
— Já disse para me deixar sozinho. – respondeu o Tengu.
— E no que isso vai te ajudar? – indagou Masamune. — Ficar aqui sozinho não vai te ajudar a recuperar a espada.
— Quer que eu faça o que?! – o gigante barbudo gritou. — Quer que eu saia por ai perguntando as pessoas se elas viram um homem de terno segurando um pedaço de madeira?!
— Não precisa se preocupar, nós sabemos onde ele vai usar a espada e vamos recuperá-la. – disse Masamune. — Ele vai até Tóquio para usar a torre com satélite.
— Errado, ele vai usar a Tsutenkaku como satélite. – dizia Irina que se aproximava
— A torre de Osaka pode ser alta, mas não possuí o topo pontiagudo para que o ritual funcione. – Masamune a corrigiu. — E depois a Torre de Tóquio é quase sete vezes maior que a de Osaka, vai facilitar muito a vida dele.
— Mas o Mahiro disse que a Tsutenkaku era a segunda maior da Ásia.
— Sim, mas isso foi há anos. – disse Masamune.
— Então o Mahiro...
— Não, eu não menti. – dizia Mahiro que entrava pelo buraco que ele havia criado ao atacar Netzach pela primeira vez. — Apenas dei uma informação errada.
— Isso significa que ele vai até Tóquio? – perguntou Emono no Tori.
— Não, ele vai usar a Tsutenkaku. – respondeu Mahiro.
— Sua audição está danificada por acaso? – Masamune perguntou irritado.
— Sim, ela está, mas você viu o que ele é capaz de fazer com as correntes? Fazer uma antena não deve ser muito difícil para ele! - respondeu Mahiro.
— De qualquer maneira, eu ainda acho melhor irmos até Tóquio para...
— Quer ir para Tóquio?! Então vai! Só que vai sozinho! – Mahiro gritou. — Eu vou ficar aqui e vou esfregar na sua cara quando eu arrancar a cabeça daquele escamoso filho de uma puta!
Mahiro saiu deixou o local abrindo outro buraco pelas paredes. Irina confusa e sem reação encarou o caolho e depois voltou o olhar para onde Mahiro havia saído e o seguiu.
— O que houve? – perguntou Yukimura que entrou após ouvir o barulho.
— Acho que perdemos a Irina-chan – respondeu.
Já fora do templo, Mahiro andava em direção às escadas enquanto tentava acender um cigarro que de alguma maneira havia sobrevivido mesmo depois de tudo pelo o que ele havia passado.
— Mahiro espere! – dizia Irina que corria para alcança-lo.
— O que foi? – Mahiro perguntou.
— Eu... Eu vou...
— Desembucha!
— Certo! Eu vou ficar aqui em Osaka com você. –ela disse com o rosto um pouco avermelhado. — Não é como se eu preferisse ficar aqui com você ou algo do tipo é só que nós temos um acordo e se você tem certeza que ele Netzach ainda está aqui só me resta confiar em você.
— Tem certeza? Eu posso estar errado. – disse Mahiro.
— Como eu disse: Só me resta confiar em você, se estiver errado eu dou um jeito. – ela sorriu ainda meio envergonhada.
Mahiro se sentiu estranhamente bem, coisa que ele não sentia há muito tempo.
Soltando um riso abafado ele disse:
— Se que sabe. – se virou começou a subir as escadas.
— Ei! Espere! – disse Irina.
Enquanto isso, Masamune e Yukimura observavam em silêncio a cena de longe até que Emono no Tori se aproxima e quebra o silêncio.
— O que pretendem fazer?
— Não sei... – respondeu Yukimura.
— E eu muito menos. – disse Masamune.
Levou quase que uma hora para que Mahiro e Irina pudessem chegar à casa do primo de Mahiro. Ao chegarem, Irina foi tomar banho para limpar o corpo da sujeira e do pouco sangue que ela tinha no corpo, mesmo que quase nenhuma ferida, logo após ela sair, Mahiro entrou, ele mesmo não tinha nenhuma ferida, mas ainda podia sentir a dor e a ardência dos golpes de luz que ele havia levado.
Após o banho, Mahiro trocou de roupa e notou que por alguma coincidência, Irina estava vestindo roupas iguais, camisa branca e calça moletom. Ela quando notou isso não deixou de soltar uma risada alegre.
Ambos se sentaram no sofá e ficaram em silêncio por alguns minutos, até que Irina resolve quebra o silêncio.
— Ei, o que pretende fazer agora? – Irina perguntou.
— Apesar da personalidade sádica dele, acho que ele não vai querer invocar um anjo em público, com certeza vai fazer isso quando a torre estiver vazia. – Mahiro respondeu.
— E mais ou menos quando ela fica vazia?
— Ela fica aberta ao público até às nove da noite. Ele provavelmente pretende invocar o tal anjo entre as nove e meia e as onze. – ele respondeu.
— Sei... E mesmo que ele não queira que alguém veja o ritual, ele quer que as pessoas vejam o anjo ser invocado. -
— E nesse horário, por incrível que pareça, as ruas estão movimentadas. – o garoto completou.
— Você sabe bem das coisas, né? – Irina brincou.
— Passei muito tempo da minha vida fazendo merda, a gente até se acostuma. – ele soltou uma breve risada.
Os dois novamente ficaram em silêncio.
— Por que aceitou me ajudar? – Irina perguntou.
— E por que confiou em uma cara como eu?
— Senti que era de confiança, mesmo com sua personalidade arrogante, tendências violentas e o fato de ser um vampiro, eu enxerguei você mais no fundo, sabe? Te enxerguei com outros olhos. – Irina respondeu. — E você? Ainda não me respondeu.
— Bem, eu meio que recebi um incentivo de alguém em quem confio. – Mahiro respondeu. — Ainda fiquei meio hesitante no inicio, mas acho que comecei a “gostar” de você, por isso hoje lá no parque eu decidi continuar a te ajudar, pois eu normalmente iria dizer chega e te mandar embora.
— Ainda que você “gosta” de mim... Espera! Como assim você “gosta” de mim? – Irina perguntou confusa e com o rosto levemente corado.
— Te namoraria se tivesse uma chance. – rápido e direto, o suficiente para a cabeça de Irina quase explodir de tão vermelha que ela ficou.
— Espera! Espera! Nós nos conhecemos há menos de três dias, como pode pensar assim?!
— Sei lá... Eu vi em você o que faltava em mim. – Mahiro olhou para o teto. — Você é sempre alegre, brincalhona e corajosa, até mais do que eu consigo ser.
Irina se pôs em silêncio, confusa e sem saber o que falar, a declaração que Mahiro acabará de fazer para ela foi simplesmente confuso. Por mais que ela tenha entendido a mensagem, ela ainda se questionava em relação aos seus próprios sentimentos, como ela iria encarar Mahiro depois disso. Sem perceber, sua mão se moveu sozinha e se pôs em cima da mão de Mahiro que a olhou confuso.
— Irina? – Mahiro perguntou.
— Oi? Ah... – ela percebeu o que havia acabado de fazer. — Desculpa.
Ela retira sua mão, mas Mahiro a segura e a encara com um olhar diferente do que ela estava acostumada, seus olhos escarlates não estavam assustadores como eram de costume, eles brilhavam de maneira hipnotizante.
— E-Eu... – Irina sem reação acaba devolvendo o aperto de mão de Mahiro e começou a aproximar seu rosto do dele. — Eu... Também... Gosto... De... Você...
Mahiro abriu um rápido sorriso seguido de um longo beijo. De inicio, Irina não sabia o que sentir, mas decidiu apenas ser levada pelo momento e pela sensação calorosa que Mahiro lhe passava naquele momento.
— Fico feliz por saber disso. – disse Mahiro.
— Devo dizer o mesmo. – disse Irina.
Naquela tarde, horas antes de partirem para a Torre de Osaka, Mahiro e Irina se tornaram um. Ela se sentiu mulher pela primeira vez, a sensação lhe era ótima. Assim como ela, Mahiro se sentiu amado por alguém pela primeira vez. Amado pela mulher que ele amava.
Já era noite, e Irina estava deitada na cama de Mahiro dormindo até que o jovem loiro se senta ao seu lado e a acorda com gentis cutucadas no rosto.
— Irina, vamos acorde. – dizia Mahiro.
— O que houve? – Irina se levantava.
— Está quase na hora, vá se arrumar. – respondeu. — Ah, eu pedi uma pizza, coma alguns pedaços antes de irmos.
— Sim!
— Ah, se importa se... Formos de mãos dadas? – ele cora um pouco.
— Sim! – Irina abriu um enorme sorriso.
— Sei... Vai logo! – ele quebra o clima.
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