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História Mais Além - Início


Escrita por: Nosei

Notas do Autor


Feliz Ano Novo! :)

Capítulo 2 - Início


Fanfic / Fanfiction Mais Além - Início

— Você sabe que sou impaciente e ainda fica de conversa fiada, Thomas! – Meu pai dizia enquanto estávamos no trânsito.

— E você deveria conversar mais, ao invés de só reclamar, pai. – Falei calmo. Diego apenas observava no banco de trás. O resto do percurso fora bem silencioso. Meu pai não reclamou mais e eu fiquei na minha.

(...)

— Ah, não tô no clima, Patrícia.

— Qual é, Thomas? Já faz dias que não nos vemos!

— Nos vimos no Sábado, Patrícia. – Era Segunda.

— Dois dias! Por favor...

— Olha, me desculpa, mas não. Tchau. – E desliguei e voltei a jogar minha bola na parede do meu quarto.

     Bom, Patrícia é minha namorada. Ele é meio chata às vezes – às vezes, quase sempre – e tava me chamando pra sair. Nesses últimos dias não estou muito bem. O clima aqui em casa tá meio pesado. Meus pais brigando o tempo todo e tudo por culpa do meu querido pai. Ele simplesmente se acha a última bolacha do pacote só porque é um advogado renomado e a “Sampaio advocacia” é popular, acha que pode tratar os outros de qualquer jeito. E o pior, quer que a gente seja do mesmo jeito.

     Só que não, papai.

     Minha mãe já é mais de boa, ela não liga para status na sociedade e essas baboseiras todas, não sei como ela e meu pai são casados.

     — Hey, posso entrar? – George, meu irmão do meio, batia na porta.

     — Claro, entra aí! Qual é a boa?

     — Vim te pedir um conselho, cara. – Parei de jogar minha bola na parede e olhei para o meu irmão largado em minha cama.

     — Um conselho? -  Arqueei as sobrancelhas.

     — Sim. – Fiz sinal para ele prosseguir – Então, eu tô gostando de alguém, porém não sei como agir! Eu pareço um retardado quando tô perto da pessoa, não consigo dizer o que quero dizer. Fala sério, eu sou horrível! – Ele enfiou o rosto travesseiro. Eu gargalhei.

     — Calma, cara! Pelo jeito cê tá gostando mesmo dessa pessoa pra tá assim.

     — Talvez. Mas sei lá, cara. Isso é meio novo pra mim. Você já se sentiu assim? – Ele fez uma pausa, mas logo recomeçou. – Claro que já, né. Afinal, você namora.

      — Sério mesmo? Acho que nunca me senti assim.

      — Ué, mas...

      — Ah, cara, sei lá. De verdade, acho que cometi um erro namorando a Patrícia. Mas enfim, o assunto aqui é você, não eu, e bom...relaxa! Na hora certa tudo vai acontecer. Preocupa não. Só tenta ficar menos nervoso perto dela. – Eu ri fraco.

      — Perto da pessoa, você quer dizer, né? – Ele perguntou.

      — Claro, ué. - Franzi o cenho. – E ó, vê se não força a barra. Vai com calma, criando intimidade, sabe? Deixa acontecer naturalmente. – Pisquei pra ele e bati de leve em suas costas.

       — Você tem razão. Valeu, cara. – Fizemos toques nas mãos e ele saiu.

    Já era noite e tava um grande tédio em casa, então resolvi sair – só não queria sair com a Patrícia mesmo – fui um pouco longe da minha casa, precisava espairecer e longe disso tudo. Cheguei numa espécie de pracinha com um playground onde haviam algumas crianças brincando, fui em direção a grama e avistei uma pessoa que não me era estranha.

    

POV’s Lorena

   Era noite e, à propósito, a lua estava maravilhosa. E quando digo maravilhosa, é maravilhosa mesmo! Estava enorme, com um tom amarelado e toda iluminada ao redor. Dava até pra ver São Jorge de verdade lá dentro, como minha mãe me dizia quando eu era criança.

    Saudades, infância.

    Resolvi então sair pra pracinha aqui perto. Cheguei e sentei-me na grama e fiquei admirando a lua. Talvez eu estivesse parecendo uma lunática em seu sentido literal, só talvez. De vez em quando eu ficava observando as poucas criancinhas brincando no playground, até que elas foram se dispersando e eu tava quase sozinha, exceto por um casal que se encontrava à alguns poucos metros de mim, em um banco.

    ­      — Oi – Meu Deus, é você? Digo, o Senhor, que está falando comigo? Penso comigo mesma ao ouvir uma voz. Olho pros lados e não vejo ninguém.

        ­— Meu Deus, se não foi você quem falou comigo, quem será que foi?! – Ouço umas risadas e olho pra trás. – Muito engraçadinho você. – Sorrio amigável.

        ­— Lembra de mim, né?

    ­     — Claro. Thomas, não é? – Ele assentiu. – Senta aí. – Ele se aproximou e sentou. – Você não mora aqui perto, né? – Franzi o cenho olhando pra ele.

        —  Não, não. – Ele sorriu. – É um pouquinho longe até, mas eu precisava sair um pouco e tinha que ser pra lugares diferentes dos que eu já estava acostumado – Nos encaramos – daí vim parar aqui. E você mora aqui? – Arqueei as sobrancelhas num tom brincalhão. – Digo, nesse bairro? - Sorri.

     ­     —  Sim. Bem ali. – Apontei para a minha casa. Ele assentiu. – Vim só pegar um ar fresco e admirar a lua. Olha isso! É fascinante! – Vibrei e ele riu.

        —  É realmente bem bonita.

        ­—  Mas e seu irmão? Como tá o joelhinho dele?

        ­—  Ah, ele tá ótimo! Nem lembra mais. – Sorri.

        ­—  Que ótimo! Pelo visto ele gosta bastante de você, pra ir correndo te encontrar.

        ­—  Gosta sim. – Ele sorriu – Ele é bem travesso, às vezes, mas também gosto dele.

        ­—  Sei como é. Tenho uma irmãzinha mais nova, talvez seja da mesma idade dele. É bem danadinha quando quer, mas também gosto bastante dela. – Nos entreolhamos e sorrimos.

   Então o silêncio se instalou ali, meu olhar se alternava entre a lua, o playground vazio e o Thomas. E de vez em quando nossos olhares se encontravam e soltávamos alguns risos. Que coisa engraçada.

        ­—  Então...você sempre vem nessa praça? – Ele perguntou quebrando o gelo.

        ­—  De vez em quando. Aqui é o lugar onde eu me sinto bem confortável, digo, quando eu preciso ter uma conversa comigo mesma, digamos assim.

        ­—  Ah, entendi. Eu não te atrapalhei, né?

        ­—  Não, não. – Sorrimos – Hoje eu vim por vir.

        ­—  E seus amigos?

        ­—  Ah, eles moram em bairros distantes. E a que mora perto tá viajando.

        ­—  Entendi.

        ­—  Mas e você? Pelo visto não tem um lugar de refúgio, já que veio parar aqui. – Nos encaramos.

        ­—  Na verdade, até tenho. Mas hoje não dava pra ficar lá. Porque o problema está lá.

    Ele disse olhando para um ponto fixo qualquer. Percebi seu olhar distante, seu semblante preocupado, um pouco triste. E aquilo mexeu comigo, mais do que o normal entre duas pessoas compartilhando problemas. Não sei o porquê. Eu permaneci em silêncio por alguns instantes, olhando pra ele, então ele prosseguiu.

        ­—  Sabe quando você olha para todos os lados e não consegue se achar? E as pessoas ao seu redor não te entendem, e você fica naquele meio rodeado de pessoas, porém sozinho. Entende? – Ele me olha. Eu ainda o encarava perplexa, até ele desviar o olhar. – Desculpa, eu nem devia...

 ­—  Eu entendo sim. – O interrompi. Ele voltou a me olhar. – Sei como é se sentir estranho e não saber exatamente o porquê. E se perguntar porque você tá assim e não obter resposta. Porque é somente você com o seu próprio eu. E a gente busca se refugiar de alguma maneira. E aquilo passa, mas depois volta. Mas sabe? Acredito que todo mundo tem isso. Não exatamente isso, mas algo parecido. Dias em que nada te satisfaz, e você se encontra perdido. Mas aí Deus vem e cuida de tudo, e na sua saída de fuga, acaba voltando feliz pra casa. E com pequenas coisas. É como se você saísse pra aliviar e uma simples lua te alegrasse. É mais ou menos isso. – Olhei pra ele que me encarava com os olhos brilhando.

       ­—  Ou uma simples pessoa. – Ele disse.

       ­—  Como?

       ­—  É. Uma simples pessoa pode mudar seu dia. Ou sua noite, no caso. – Eu sorri. – Talvez eu devesse ter vindo aqui há mais tempo.

       ­—  As coisas acontecem na hora certa. Talvez você precisasse aprender algumas coisas antes de chegar aqui.

       ­—  Talvez. Obrigada, Lorena.

       ­—  Obrigada?

       ­—  É. A nossa conversa me ajudou bastante. Você me ajudou bastante.

       ­—  Disponha. Devo dizer o mesmo. Obrigada, Thomas. – Ele sorriu e eu sorrio de volta. – Acho que já tá na hora de ir. – Ri pelo nariz e me levantei.

        ­—  Nossa! – Ele olhou no relógio. – Nem percebemos o tempo passar. Posso te acompanhar até em casa. Se você quiser, é claro. – Ele riu fraco.

        ­—  Tudo bem.

    Fomos em silêncio até a porta da minha casa, que era bem perto. Ele havia deixado o carro bem próximo, o que facilitou pra ele. Chegamos e ficamos de frente um para o outro.

       ­—  Então... – Ele suspirou - Até amanhã, Lorena.

       ­— Até amanhã, Thomas. – Sorri.

    Então ele foi em direção ao seu carro e seguiu rumo sua casa. Entrei e me aprontei para dormir. Minha mãe já estava dormindo. Deitei-me na cama e fiquei pensando. Hoje fora uma noite bem diferente da minha rotina. E com certeza irei lembrar dela. Como uma das minhas melhores lembranças.



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