História Mais do que melhores amigos - Say You Won't Let Go

NOTAS INICIAIS

NOTAS INICIAIS

NOTAS INICIAIS

Luna P.O.V

   Saí com Simon às pressas do Roller, queria deixar Nina e Alan resolverem seus problemas. Se eu estava curiosa? Claro. Mesmo assim esperaria até Nina me contar o que aconteceu com Alan. Expliquei para Simon o que havia acontecido, ele ficou mais confuso do que eu, mas no final ele entendeu. Eu estava levando Simon para um dos parques perto do Blake, um pouco de ar livre não seria ruim, não é? Simon sempre foi alguém que eu poderia contar com a sua presença.

   Não importa quantas vezes brigamos ou brigaremos, sempre vamos nos dar bem. Ele me apoiou quando eu vim para o México, mesmo sabendo que aquilo lhe doeria mais do que em mim, ele me apoiou nas competições de patins e os Open Music. Quando ele cantou Eres para mim, eu senti uma coisa diferente, sabe? Era como se todas as células do meu corpo duplicassem, depois triplicassem. Lembro-me de como meu coração palpitava, por um segundo pensei que ele pularia para fora de meu peito e sairia por minha boca. Naquela época eu não sabia o que sentia por ele.

   Sim, eu tinha consciência do quão bonito, encantador e fofo que ele era. Também sabia que aquela mania que ele tem de ficar passando as mãos entre seus fios de cabelo, ou quando ele trava o maxilar, eu sabia que aquilo era muito atraente, as vezes eu até me encontrava babando. Sabe quando você encara tanto uma coisa só para ter certeza de que ela é real? Então você esquece que está encarando essa pessoa com a maior cara de “apaixonada”? Às vezes eu ficava assim. Lembro perfeitamente do dia em que minha mente se transformou em confusão a respeito do Simon. Eu estava treinando com a corda para uma de minhas primeiras competições no Roller, Simon vivia dizendo para mim que aquilo não era seguro e que eu deveria tomar cuidado e desistir dessa ideia maluca. Mas como todos me conhecem, eu sou muito teimosa. Principalmente quando as coisas se tratam dos meus sonhos. E então eu continuei a treinar mais e mais, até que, bem, eu caí. Me desequilibrei e acabei caindo, mas seria mentira se eu dissesse que eu não gostei de ter caído. Aliás, caíra nos braços de Simon, meu anjo da guarda. Quando ele me segurou e olhou nos meus olhos, jurei que o mundo a minha volta havia parado, lembro dos rostos próximos, misturando as respirações.

Não me lembro se foi nesse dia também que Simon arriscara um beijo. Quando ele fizera isso, eu havia encarado a forma de como seus lábios — que se aproximavam dos meus — eram tentadores, queria senti-los. Recordo de que um desejo insano de tocar seus lábios percorrera em mim, em cada canto de meu corpo. Porém, em um piscar de olhos, meu consciente parecera trazer-me de volta a realidade, fazendo com que eu me afastasse.

   Como eu dissera antes, não sabia de meus sentimentos por Simon na época, por isso muitas das vezes que me senti confusa sobre ele, me obrigava a esquecer a confusão. Não sabia dos sentimentos de Simon por mim, então uma insegurança de começar a gostar de meu melhor amigo e não ser correspondida surgiu. Quando questionava sobre meus sentimentos por ele, repreendia-me por isso. Aliás, melhor amigo. Não que isso fosse algo impossível de se sentir, não é só porque Simon era meu melhor amigo que eu não poderia me apaixonar por ele, afinal, olhe onde estamos agora. Juntos, namorando. Mesmo assim, prendia meus sentimentos de confusão apenas para mim. E tinha os dias em que Nina ou Âmbar me perguntavam sobre meus sentimentos por ele, ou se erámos apenas amigos. Minha resposta em voz alta era um “Não”, por dentro era “Não? ” Ou um “Será? ”. Aos poucos meus sentimentos por Simon começaram a se tornar intensos, uma coisa não surge de uma hora para outra... a não ser que ele sempre tenha estado lá. Digo isso porque, talvez, meus sentimentos por Simon já existiam antes, mas foram escondidos por uma camada de insegurança. Talvez quando eu me sentia confusa sobre ele, eu já deveria estar apaixonada, mas ao mesmo tempo eu deveria negar aquilo para todos e, para mim. Soava um pouco assustador se apaixonar por seu melhor amigo e não ser correspondida, e então, a amizade mudar. Eu não queria que minha amizade com Simon mudasse por causa de uma paixonite minha, então deixei por esquecer. Meses depois, Simon havia cantado Eres, e depois as coisas desandaram por causa de Matteo. Agora, com tudo resolvido entre Simon e eu, sinto um alívio. Fico feliz em estar ao seu lado, principalmente sabendo que sou sua namorada. E ele, meu namorado.

— Então, o que viemos fazer aqui? — Indagou Simon olhando aos arredores do parque.

— Respirar, tomar um ar livre — rodei em volta do parque olhando calmamente, virei-me de frente para Simon, agarrando suas mãos e olhando para ele com meu sorriso bobo. — Passar um tempo juntos.

— Gostei da sua ideia — disse Simon me puxando para mais perto, ele pegou meus braços e colocou-os envolta de seu pescoço e pôs suas mãos ao redor de minha cintura — Eu quero muito te beijar agora — aquela frase, creio eu, que foi mais para ele do que para mim.

— Então, que seja feita a sua vontade — o puxei para mim, selando nossos lábios.

   O beijo era calmo, não queríamos que aquele momento acabasse. Estávamos aproveitando cada segundo, presos ali, em nossa própria bolha, sem que ninguém nos atrapalhasse. Aquele frio na barriga e o coração acelerado, aquela sensação de estar preenchida. Por todo um tempo, quando não estava por perto de Simon, eu sentia um vazio. Eu estava bem, minha vida também. Mas, a falta de Simon quando me mudei para Buenos Aires, era tão grande quanto podia imaginar. Estar ali, em seus braços, era como estar nas nuvens. Me sinto tão apaixonada por Simon que chega a ser maior do que eu.

— Não sei se um dia vou me acostumar com isso — olhei torta para Simon, com os lábios curvados e a testa enrugada, acostumar com o que?

— O que quer dizer? Acostumar com...?

— Você — inclinei minha cabeça rapidamente para trás antes de trazê-la para frente, Simon ficou louco de uma hora para outra?

— Eu? — Perguntei inclinando minha cabeça um pouco de perfil, arqueando minha sobrancelha. Simon jogou sua cabeça para trás e riu alto, voltando mais depressa do que havia ido, mordendo o lábio inferior disse:

— Sim, você. Nunca vou me acostumar com o jeito que meu coração para quando você sorri, ou quando você agarra minha mão e ela fica quente. Com o jeito que você olha quando está patinando, com sua mania de ser distraída. Ou com o jeito fácil de como você fica feliz. Nunca vou me acostumar com as reações do meu corpo quando te vejo. Seja ela arrepio, um coração acelerado, um olhar apaixonado, ou até mesmo más coisas — o canto de seu lábio curvou-se formando um sorriso malicioso, e um olhar carregado de malícia acompanhado com um lábio mordido, caiu intensa e pesadamente em minha boca.

— Acho que eu me sinto assim com você também. Suas manias que me deixam louca, seu jeito apaixonado pela música, e por mim. Seu romantismo — mordi meu lábio inocentemente, olhando cautelosamente cada detalhe perfeito de seu rosto, tão lindo. — Me sinto tão apaixonada por você, tão apaixonada, você não faz ideia Simon. Não faz ideia do quanto... — deixei aquela frase pairando no ar, fechei meus olhos sentindo ser preenchida mais uma vez pela sensação de estar apaixonada por Simon.

— Sim, eu faço. Faço ideia disso desde que pus meus olhos em você, desde que viramos amigos quando criança, desde que... desde que você e o Matteo se beijaram. Aquele dia eu me senti quebrado, queria que tudo o que eu sentia por você fosse embora, sumisse de uma vez por toda. — Simon virou seu corpo e passou a mão entre seus fios casanho escuros. — Só que eu não podia, eu estava tão perdido em amor por você que era tarde demais para sair disso. E ainda bem que não o fiz.

   Saber que Simon se sentia daquela forma quando Matteo fez o que fez, era uma péssima coisa de se ouvir. Para ele e para mim. Qualquer contato que eu tinha com Matteo eu cortaria para ficar com Simon. Porque é por Simon que eu vivo, é por ele que meu coração bate. Por ele que minhas mãos tremem. Nunca me apaixonaria por Matteo. Sei que eu e Matteo e eu tivemos vários momentos amigáveis e ótimos juntos, mas isso não chega nem perto de Simon e eu. Nem nunca chegará. O que tenho com Simon, minha amizade, conexão e química com ele, e em especial o amor, é único. Mesmo ele contando-me sobre o quão péssimo havia se sentido por conta de Matteo, era ótimo escutar que ele não desistiu de mim.

— Como você pode ser tão fofo? — perguntei mordendo meu lábio contendo um sorriso maior.

— Como você pode ser tão linda? — se algum dia eu souber como Simon faz para me ter em suas mãos assim, fácil...

— Você não para nunca, não é mesmo? Sempre me conquistando, me fazendo ficar mais apaixonada por você. Você é minha perdição...

— E você, a minha. — Um silêncio confortável se instalou ali por pouco tempo — Luna, eu sei que o clima está excelente aqui. Mas, eu quero te levar a um lugar.

— E que lugar é esse?

— Vai descobrir, curiosa.

   Simon me arrastou para longe do parque depressa, estávamos indo em direção ao Roller. Questionei a Simon sobre o porquê de estarmos voltando, ele apenas respondeu que queria pegar seu violão. Que inclusive, eu que dera para ele. Depois de pegar seu violão, Simon me levou para um parque não tão longe do anterior, mas que eu nunca havia ido. Era um parque rodeado de flores, rosas, tulipas, todas que pudessem imaginar. Tinha um banco de madeira sob uma árvore com flores rosas, com uma perfeita vista para o lago que tinha ali. Era lindo.

— Simon, o que você está fazendo? — Ri enquanto ele me sentava no banco e depois fazia o mesmo.

— Calma.

   Ele pegou seu violão e o tirou da capa, posicionando-o em sua coxa. Primeiramente, pensei que ele cantaria Eres. Mas me enganei, Simon começou a tocar alguns acordes suaves, o som invadiu meus ouvidos de forma calma. Não demorou para que eu reconhecesse a música que Simon tocava. Sua voz tomou a música, cantando-a para mim. Ouvir Simon cantando “Say you won’t let go” com certeza ia para a lista das melhores coisas do mundo.

I met you in the dark          — Simon —
You lit me up
You made me feel as though
I was enough
We danced the night away
We drank too much
I held your hair back when
You were throwing up

Then you smiled over your shoulder
For a minute, I was stone cold sober
I pulled you closer to my chest
And you asked me to stay over
I said, I already told ya
I think that you should get some rest

   Um pouco antes da parte do refrão, comecei a cantar com ele, olhos uns nos outros e vozes preenchendo o espaço. Ali, olhando e cantando junto de Simon, eu percebi que não a nada e nem ninguém que me faça sentir tão especial como ele, tão livre.

I knew I loved you then          — Luna e Simon —
But you'd never know
Cause I played it cool when I was scared of letting go
I know I needed you
But I never showed
But I wanna stay with you
Until we're grey and old
Just say you won't let go
Just say you won't let go

As vozes em uma perfeita harmonia, timbres bem encaixados e acordes bem tocados. Lembro que Simon tentara me ensinar a tocar violão quando ainda estávamos no México. Também me lembro em ser péssima nisso, sempre seguia os conselhos que ele me dava sobre o instrumento. Como deixar um vácuo no braço do violão para os acordes saírem mais limpos, ou como treinar a mudança dos mesmos todos os dias, lentamente, um por um. Para quando eu aprendesse alguma música eu já ter o domínio perfeito da troca de acordes, não os atrasando. Enfim, várias dicas. Graças a ele — e suas dicas —, hoje eu consigo tocar diversas músicas, claro que não sou tão boa quanto ele, mas dá para se contentar. Mesmo que Simon saiba tocar violão, guitarra e até mesmo bateria, ele nunca conseguiu aprender a tocar teclado, e olha só, adivinha quem sabe. Exatamente, Luna Valente. Quando era mais nova, tive aulas de teclado na escola. Considerava o teclado como minha terceira paixão. A primeira era e ainda é os patins, a segunda é cantar, a terceira é o teclado.

Minha mãe e meu pai sempre me apoiaram em todas as atividades esportivas ou musicais que eu queria fazer, sendo assim me apoiaram quando me interessei por teclado. Dominei fácil e rapidamente o dom do instrumento. Já tentei de todas as formas ensinar a Simon, mas com toda a certeza do mundo, teclado não é para ele. Não ainda, já que ele tem me pedido para mim para que eu voltasse a ensina-lo. Obviamente o farei.

I wake you up with some breakfast in bed          — Luna —
I'll bring you coffee
With a kiss on your head
And I'll take the kids to school
Wave them goodbye
And I'll thank my lucky stars for that night

When you looked over your shoulder
For a minute, I forget that I'm older
I wanna dance with you right now, oh
And you look as beautiful as ever
And I swear that everyday you'll get better
You make me feel this way somehow

Simon deixou que eu cantasse as duas estrofes da música solando-as.

I'm so in love with you          — Luna e Simon —
And I hope you know
Darling, your love is more than worth its weight in gold
We've come so far my dear
Look how we've grown
And I wanna stay with you
Until we're grey and old
Just say you won't let go
Just say you won't let go

   Nessa estrofe, cantamos juntos, olhando nos olhos um do outro. Como se estivéssemos — e estávamos — falando aquilo verdadeiramente um para o outro. Que estamos perdidamente apaixonados, e que nosso amor é mais valioso que ouro. De como havíamos crescido e chegado longe, tanto com nossos sentimentos quanto com nossa amizade. E que queríamos ficar juntos, independente do que acontecesse. Só precisávamos ficar.

I wanna live with you          — Simon —
Even when we're ghosts
Cause you were always there for me
When I needed you most

   Simon cantara essa parte sozinho, com os olhos fechados, deixando que sua paixão pela música o invadisse. Eu me perdia quando ele fazia isso. Era tão lindo e puro o sentimendo de amor que ele tinha pela música. Aquilo não só era seu trabalho ou sua fonte de inspiração, mas também era sua vida. Tudo que ele sentia, ele colocava em uma música. É tão interessante o fato de que, em apenas alguns segundos, com apenas algumas palavras, a música define muita coisa. Tão lindo como nos identificamos com ela, em tão pouco tempo. Tão intenso. Se você está triste, você escuta uma música que deixe expressar suas tristezas, sem que você diga nada. Se está feliz, a música te faz ficar mais feliz ainda. A música é algo tão importante para nossa vida, para alguns ela é mais e para outros nem tanto. Para Simon a música representava tudo, exatamente tudo que tinha a ver com ele.

I'm gonna love you till          — Luna e Simon —
My lungs give out
I promise till death we part
Like in our vows
So I wrote this song for you
Now everybody knows
'Cause that is just you and me
Until we're grey and old
Just say you won't let go
Just say you won't let go

Just say you won't let go
Oh, just say you won't let go

Terminamos a música encarando-nos intensamente. Por que tão perfeito, Simon?