História Make me feel something - 3

Acordo-me as 5:47 AM, toda babada, com o celular no chão, uma pantufa em cima da cama e o cabelo no rosto. Nada novo sob o sol.

Não, eu não levantei rápido, tomei banho, escovei os dentes e coisas que pessoas normais fazem.
Eu só fiquei ali, com os olhos grudadinhos, pensando em como eu fui parar nessa vida que tenho hoje. Não achei a resposta. Pelo menos era sexta-feira.

Após uns... 20 minutos apenas tendo aquela típica crise existencial, criei coragem para levantar da minha amada cama e ir tomar um café. Vesti meu uniforme - a propósito era confortável -, peguei a chave do carro, dei um oi e um tchau rápido para meu pai e saí. Podemos ver que mesmo sendo filha do chefe, sou uma das primeiras a chegar na empresa. ESPERO SER RECOMPENSADA POR ISSO UM DIA, mas enquanto isso não acontece, seguimos o baile.

Chegando perto do meio dia, recebo a porcaria de um e-mail, já pensando que era mais trabalho - poxa, logo no meu almoço? - abri o anexo. Era um convite para um... show beneficente (?)
Pelo que pude entender uma banda iria tocar e arrecadar fundos para uma instituição de pesquisa sobre Câncer - não sei do que especificamente - ... achei nobre.
O engraçado era que, estava interessado para Misu, meu "colega" de departamento.
Me perdoe, mas interessei pelo convite. Anotei o endereço e dados gerais sobre o tal evento. Logo após anotar, chamei Misu, na maior inocência para explicar que havia recebido um e-mail por engano que interessava a ele. Misu apenas me agradeceu e pediu para que o enviasse para ele.

Finalmente, depois desse inusitado convite roubado por interesse meu, resolvo almoçar. Era um sushi de... uns dois dias atrás (?)
Sinceramente, preciso começar a comer melhor.

Como ainda tinha mais ou menos uma hora de almoço sobrando - administração tem uma hora e meia de almoço, dá vontade, né @? - resolvi passar no café, que era exatamente na frente da empresa.
Peguei meu caderno de esboços e fui.

Para descontrair do estresse diário causado pelas malditas papeladas e relatórios não terminados, costumo desenhar rostos desconhecidos. Como se eu fosse criar pessoas novas, amigos novos ou até mesmo, inimigos.

Não me ache estranha, cada um com suas manias.

Sentei na minha mesa - digo "minha mesa", pois a mesma está sempre vazia, nao sei o porquê, é um ótimo lugar da cafeteria, próximo a janela e também da máquina de café, dá até pra sentir o cheirinho... - peguei meu lápis 6B e comecei um rosto totalmente aleatório.

Após alguns minutos - não sei exatamente quantos - Hydde apareceu, com aquele sorriso de ressaca estampado no rosto.

- Oi, como você tá? *digo sem tirar o olhar do desenho*

- De ressaca. *disse passando a mão nos cabelos louros*

- Bem feito. *dou um sorriso irônico*

- Vá se catar. *ele revira os olhos*

- Me dê uma pá.

*nós dois soltamos uma risada*

- Ei... tá afim de ir à um show beneficente esse final de semana?

- Desde quando você curte shows beneficentes? *soltou uma risada*

- Desde que eu roubei um convite... *pisco um olho e dou um sorriso bobo*

- Nossa, que rebelde você.

- Eu sei. *digo terminando o desenho e largando o lápis* mas e aí, vai querer?

- Quero né... não tenho mais uma pitanguinha pra beijar. Triste vida que eu tenho... *disse olhando pro nada*

- Me liga mais tarde então pra combinarmos... *olho no relógio* Tenho que voltar pra empresa, bichinho de ressaca, tchau! *digo enquanto me levanto correndo passando a mão de leve por seu rosto*

Cheguei na empresa faltava exatamente 1 minuto para acabar meu almoço. Ah... deu tempo, nem acredito!

18:00 

Mais um dia de trabalho termina. Chegando ao carro, me lembro de algo que não devia ter esquecido. ONDE ESTÁ O MEU CADERNO DE DESENHOS?