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História Maldição - Fourteen


Escrita por: TSky

Notas do Autor


~Boa Leitura

Capítulo 14 - Fourteen


Minha perna já tinha se curado, e eu, finalmente, andava sem a ajuda de ninguém. Estava certa quando presumira que uma cicatriz horrorosa estaria ali para sempre, mas por sorte, eu tinha trazido várias calças que eram suficientes para esconder essa marca.

Nathan continuava distante de mim, e mesmo de seu irmão, Ravi. Falava conosco somente quando necessário, e passava o resto do dia se esgueirando pela mata, observando a pedrinha verde-brilhante-controladora-de-monstros e cochichando com Luna (que também estava distante de nós dois, passando boa parte de seu tempo sempre com Nathan).

Ravi e eu estávamos numa espécie de relacionamento não-assumido. Não havido tido nenhum pedido de namoro ou coisa do tipo, mas nós dois sempre aproveitávamos o tempo em que estávamos sozinhos (Coisa que era muito fácil. Ficávamos sozinhos o dia inteiro, literalmente) para conversar e, bem, nos beijar.

Na verdade, meu relacionamento com Ravi era mais uma coisa física. Nós não conversávamos muito já que não tínhamos assuntos em comum. Ravi só entendia muito bem de administração de um reino e de seus súditos, estratégias de guerra e revoltas políticas, enquanto eu, bem, não entendia e não me interessava por nada daquilo. É verdade que, algumas vezes, eu tinha feito um esforço e dado minha opinião em assuntos políticos, e sempre que isso acontecia, Ravi sorria de ponta a ponta e me dizia como eu poderia ser facilmente, uma rainha exemplar.

Esses acontecimentos estavam me assustando. Ravi sorrindo sempre que eu dizia algo sobre política, ou prestava atenção no que ele falava pareciam denunciar que ele não estava a fim só de aproveitar-se de uma de suas súditas. A perspectiva de ser usada é horrorosa, e por isso meu plano era não levar esse relacionamento longe, no entanto, a perspectiva de um futuro rei querer algo sério comigo é assustadora.

Ter me metido com a realeza só me trouxe problemas até agora.

 

 

Tínhamos voltado a andar pela floresta a procura de qualquer coisa que pudesse nos dar uma direção a qual seguir, ou alguma coisa para procurar. Essa estratégia não é vantajosa, mas é melhor do que ficar sentado esperando que as coisas aconteçam.

Ver coisas estranhas acontecerem é perturbador, mas não vê-las acontecer é ainda pior, por isso, eu, secretamente, já tinha pedido outras duas vezes que a pedrinha verde-brilhante me mostrasse o caminho pelo qual deveríamos seguir, ou qualquer coisa que pudesse nos ajudar a chegar em algum lugar, mas eu só via o mesmo que da primeira vez. Quatro senhores numa estrada de terra, uma discussão entre eles, uma cidadezinha, o desprezo dos cidadãos para com eles e o acolhimento da mulher grávida. Sempre as mesmas imagens sem pistas ou explicação nenhuma sobre o que estava acontecendo.

Mas, depois de três vezes vendo as mesmas coisas, notei algo que não nos ajuda a desvendar coisa alguma, mas que talvez nos dê uma direção.

A visão acaba muito abruptamente. Depois que a grávida aceita os velhos maltrapilhos dentro de sua casa, e eles fazem menção de entrar, as imagens escurecem e eu volto ao normal, mas é estranho, como se aquele não fosse o fim da história, mas como se ela tivesse sido cortada, e uma outra parte, que talvez mostre o que vem depois daquilo, estivesse esperando para ser encontrada.

E é aí que a coisa fica perturbadora.

Minha memória não é das melhores, mas nós costumamos nos lembrar das coisas assustadoras e marcantes que nós acontecem, mas as vezes, com o passar do tempo, nossa mente se ocupa com outras coisas, e acaba esquecendo. Foi o que aconteceu comigo. Eu me esqueci de um detalhe que faz toda a diferença. Mas minha consciência, ou algo maior do que eu possa imaginar, me fez lembrar.

Estou tendo sonhos estranhos em quase todas as noites. As maiorias são pequenos flashbacks, bem como o último que tive. Um flashback de logo depois da minha chegada ao castelo. Um sonho que tive quando desmaiei.

 

 

“E então eu estava numa sala. Uma sala de estar. Grande e luxuosa, mas não estava sozinha. Havia um homem sentada no sofá. Ele lia o jornal. Ou fingia que lia. Também havia uma mulher ao seu lado, ela se levantou. Ele lhe deu um tapa na bunda, e ela sorriu e depois de retirou. Então ele olhou para mim. Não sei como isso foi possível, mas eu sentia, em cada milímetro do meu corpo que ele olhava diretamente para mim;

 

-Acredita agora? – Ele sorriu- Toda a destruição que você viu é real, amor. É o futuro, caso você não entre no jogo – Ao seu lado havia uma caixinha de madeira, esta que ele pegou, abriu e virou para que eu pudesse ver. Era uma caixa de pingentes! Quatro lugares, mas um só ocupado, um pingente  pequeno, e que não parecia valer muito – O jogo é dividido em quatro fases- Ele voltou a falar- E eu sinto muito, ou não, lhe dizer que estou uma fase a sua frente!”

 

 

A pedrinha que encontramos não é uma pedrinha. É um pingente.

Um pingente que se encaixa com outros três, que juntos, com certeza podem mostrar a história por completo.

Quatro fases

O homem do sonho, seja ele quem for, é um inimigo, e já está com um dos pingentes, bem como nós.

É isso.

É a explicação para tudo.

Temos que achar quatro pingentes.

Juntos, eles nos mostrarão alguma coisa.

Esse é o objetivo.

É o que pode salvar Rajaram da destruição.

É a profecia.

 

 

A noite se mostrava calma e gélida, e minhas pernas já não aguentavam mais andar. Queria parar, deitar-me e dormir, e acordar, quem sabe, no Estado 6, descobrindo que tudo isso só foi uma ilusão causada pela ansiedade em fazer o teste.

Quem sabe.

A propósito, não contei aos príncipes sobre minha descoberta.

Não posso. Não na presença da ninfa. Não enquanto ela ainda estiver seguindo Nathan como uma sombra. Minha desconfiança para com ela só aumenta com o passar dos dias.

Ravi para abruptamente, me fazendo esbarrar em suas costas.

-O que é aquilo?- Ele aponta para um lugar um pouco á frente.

-Aquilo o quê?- Rebate Nathan, como um expressão de impaciência. Ele parece tão cansado e ávido para parar e dormir como eu (mas não tenho coragem para ir perguntar diretamente).

-Não veem?- Pergunta Ravi, olhando para mim. Balanço a cabeça em negativa. É verdade, não vejo nada nessa escuridão.

-Parece como...não sei, mas tem algo caído no chão, bem ali!

-Deve ser só um tronco de árvore, estamos numa floresta, florestas são cheias disso –Nathan comenta em um tom que mistura sarcasmo e cansaço.

-Sei reconhecer uma árvore caída quando vejo uma, aquilo não é uma árvore!

-Ah, você consegue reconhecer uma árvore quando a vê? Mas cá entre nós, não é como se estivesse vendo muita coisa!

Ravi saca a espada que estava carregando e, por um milésimo de segundo, penso que ele vai atacar seu irmão, mas tudo que ele faz é ignorar os comentários e ir até o local que estava apontando.

-Tome cuidado! –Murmuro um pouco alto, sinto Ravi sorrir com meu comentário, enquanto Nathan se escora numa árvore, me encarando como se eu estivesse cometendo um crime.

-É um acampamento abandonado!- Ravi grita depois de alguns minutos.

-Acampamento abandonado? Quem viria até tão longe?-Pergunta Nathan enquanto nos aproximamos.

Quando chegamos até o local, Ravi está com uma lanterna em mãos, e a luz está refletindo um símbolo pintado em todas as mochilas abandonadas.

Oh não.

-Sulistas viriam até tão longe.

-Isso não é bom-concluo.

Sulistas são rebeldes extremos. Eles surgiram do antigo “Estado Islâmico”, derrotado na guerra  que devastou o mundo e nós fez voltar a monarquia. Sulistas são contra qualquer tipo de governo que não seja o deles, e por isso eles destroem o que encontrarem pela frente.

Nathan se abaixa e analisa o acampamento. Ele olha tudo minuciosamente.

-Acredito que não haja perigo. Tudo aqui parece muito antigo. Tem comida pobre dentro dessa sacola, e mofo embaixo de todas as mochilas. Os Sulistas que ficaram por aqui devem ter encontrado um outro lugar para morar, ter fugido de algo ou alguém ou, quem sabe, terem morrido.

-Qualquer uma das opções está boa para mim, contanto que eles estejam longe- digo.

Ninguém diz nada. Percebo que Luna está tão quieta que nem noto sua presença, pois ela só olha para determinada direção, como que esperando que algo aconteça.

-Está bem, Luna?-Pergunto- Parece esperando por algo- Digo isso num claro tom de desconfiança disfarçada de preocupação, e todos parecem perceber isso.

Não é segredo para ninguém para não confio na ninfa. Nem para ela mesma.

-Tudo bem, Aria- Ela sorri- Só estou olhando por precaução, caso haja algum sulista por aqui.

-Acho que você está um pouco distraída, não? Nathan acabou de dizer que este acampamento deve estar abandonado há muito tempo.

-Eu ouvi sim, obrigada. Mas nunca se sabe, Aria, quando um Sulista pode ter montado um “velho acampamento” falso para distrair ou enganar alguém, até que ele ataque! Vocês não acham melhor nos afastarmos?-Ela aponta para o caminho atrás delea- Andar por mais alguns minutos, ficar longe desse lugar!

-Andar mais do que já andamos?- Nathan pergunta, abismado- Já é noite, e andamos o dia inteiro!

-Talvez Luna esteja certa em achar que devemos nos afastar, se existiram Sulistas aqui, podem haver Sulistas perto daqui-Diz Ravi.

-Não!-Digo desesperada. Era só o que me faltava ter de andar mais ainda, e a noite- Os Sulistas que estavam aqui já eram, morreram, e eles não tem uma parte demarcada nessa floresta como “Lugar onde Sulistas acampam”! Podiam haver Sulistas em qualquer canto dessa floresta! Nós vamos ficar fugindo e nos esquivando de pessoas que ninguém nunca viu, só estão deduzindo que devem estar aqui ou ali? Nós precisamos dormir!

-Ela está certa- Nathan se levanta e esfrega as mãos na calça, tirando a terra grudada- Já andamos durante todo o dia, se queremos acabar isso como pessoas e não como zumbis, temos que dormir!

Ravi intercala seu olhar entre mim, Nathan e Luna.

-Tudo bem, continuamos andando amanhã. Mas vamos nos afastar pelo menos um pouco, acho que não conseguiria dormir num lugar sabendo que Sulistas já estiveram aqui, mesmo que há muito tempo.

-Vamos voltar para onde estávamos- Dou a sugestão. Ravi acena e nós começamos a andar até o local onde ficaríamos.

Geralmente, Ravi e eu fingimos estar dormindo até que os outros adormeçam, depois levantamos e ficamos conversando, mas hoje eu estava tão cansada que nem cogitei essa ideia. Rapidamente montamos três barracas, Luna desapareceu numa porção de vapor e cada um de nós adentrou em sua barraca, prontos para dormir. Lembro-me ter dormido quase que instantaneamente.

 

Acordei num solavanco.

Ainda era noite, e eu não conseguia entender porque não estava dormindo, já que tudo estava num silêncio devastador. Mas por mais que tentasse, não conseguia voltar a dormir. Decidi que andar um pouco talvez pudesse me ajudar, mas eu não me afastaria nem um pouco.

Devia estar de madrugada, e o frio era tanto que decidi andar enrolada em minha coberta. Não havia vento algum, e as únicas coisas que iluminavam a floresta eram umas poucas estrelas.

Comecei a achar estranho quando percebi que eu não estava ali, andando sozinha numa floresta no meio da madrugada porque eu queria, e sim porque algo dentro de mim, minha consciência, me dizia que eu tinha que fazer isso.

O silêncio era tanto que eu pude ouvir o barulho de folhas sendo pisadas. Afinal, eu não estava sozinha. Esperei, sem mover nenhum músculo, que o som voltasse para que eu conseguisse identificar de onde vinha. Quando voltou, cada célula que constitui meu corpo deve ter estremecido com a certeza.

O barulho vinha do acampamento sulista.

Eu deveria voltar correndo para minha barraca, ou melhor, acordar um dos príncipes e dizer que o que tinha ouvido e o que achava que era, mas não. Eu queria descobrir o que era aquilo sozinha.

Peguei minha adaga (Não que eu soubesse lutar, mas tínhamos achado melhor que eu também estivesse armada caso algo acontecesse) e fui, silenciosamente, até o acampamento abandonado. Me escondi atrás de uma árvore para observar o que estava ali.

Era o príncipe Nathan.

-Nathan?- Deixei minha adaga cair aos meus pés- Acordado há esse hora?

Ele me olhou, mas era um olhar triste e vazio.

Então percebi a garrafa ao seu lado.

-Ei, o que está bebendo?

Me aproximo rápido. Mexo em Nathan, ele está mole, como uma pessoa...bêbada. E o líquido dentro da garrafa ao seu lado cheira a...

-Uísque? Nathan! Nathan!- Ele me olha- Onde encontrou essa garrafa de Uísque?

Ele aponta. Não acredito. Ele pegou de uma das mochilas sulistas.

-Como você pôde?-Digo irritada- Olhe para mim! Por que está bebendo? Olhe para mim!

Nathan me olha com seu olhar vazio, e começa a chorar. Ele me abraça forte.

-Por que sempre ele? Por que?- Ele aperta mais o abraço- Por que eu sempre perco tudo para ele...

-Calma, se acalme...-Acaricio seus cabelos - Perde tudo?

-É. É sempre assim! Eu acho que conquistei algo mas, quando me dou por mim, já é dele! Por que ele é sempre melhor? Por que ele é sempre o favorito? Por que ele é o herdeiro...?

-Não é bem assim, Nathan...Seu irmão não é o melhor em tudo...

-É sim!- Ele altera o tom, mas as palavras seguintes vem como um sussurro- Eu perdi para Ravi até o que eu tinha certeza que nunca poderia perder, que nunca me abandonaria...- Ele aperta o abraço como uma criança desesperada.

-E o que é?-Pergunto.

-Você.

A palavra vem como um soco direto na minha cara. E então eu penso em como deve ter sido difícil ter vivido sempre as sombras do irmão herdeiro do trono, sempre como segundo plano, sempre sem ninguém nunca ter te levado a sério. Meu coração se aperta quando percebo como Nathan se apegou rápido á mim, como ele sempre foi sozinho, como ele só precisava de um pouco de atenção, como eu estava o abandonando, brigando com ele por motivos fúteis.

-Desculpe por estar tão distante...-Sussurro- Você não está me perdendo, ainda somos amigos...

Nathan ri, mas é um riso triste, e que misturado com seu choro fica mais triste ainda.

-É claro- Ele diz-Amigos. Sempre amigos...

Não entendo o que ele quer dizer com isso, ou pelo menos, prefiro pensar que não entendo.

Ficamos abraçados por mais um tempo, até eu perceber que minha coberta não é o suficiente para nós dois.

-Vamos! Vamos dormir.

O ajudo a levantar e a andar ate onde nossas barracas estão. É um período longo, já que Nathan está fraco e apoia boa parte de seu peso em mim. Quando chegamos, lhe ofereço um pouco de água gelada para amenizar o efeito da bebida (já que é tudo que temos) e lhe digo para tomar uma bom banho assim que acordar amanhã (ou hoje, no caso) para tirar esse cheiro de uísque. Nathan concorda com tudo como uma criança, e me deseja uma boa noite com um beijo na bochecha que eu percebo ser um beijo triste, mas escolho ignorar esse detalhe. Volto para minha barraca e durmo. Até ser acordada novamente.

Várias horas depois. E dessa vez por Ravi.

-Não queria te acordar, sei que está cansada, mas...acho que deveria ver isso- Ele diz enquanto andamos para algum lugar.

-Não precisa se desculpar- respondo- Nathan ainda está dormindo?

Ravi parece estranhar minha pergunta.

-Sim, está dormindo como uma pedra. Deve ter ido dormir tarde.

-É. Deve ser-Concordo- Mas o que você queria me mostrar?

-Isso. Foi para aqui que Luna disse, ontem á noite, que deveríamos vir. Estranho, não acha?

Olho em volta, é impressionante. E assustador.

-Eu não sei você, Aria, mas eu nunca vi um ferro-velho instalado no meio de um floresta.

 

 

 

 


Notas Finais


-Vim dizer que o fim da fanfic já está decidido, e que ela terá 19 ou 20 capítulo (É curtinha mesmo).
-Ou seja, começamos a entrar na reta final, as coisas vão começar a acontecer agora HUAHAUAUHAU
-Tenho mais coisas para falar, mas estou com tanto sono que não me lembro.
-Desculpem qualquer erro.
-COMENTEM.

~Beijo e até a próxima


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