História Maldição Cigana - Larvas

Meu corpo ardia,era como se eu estivesse pegando fogo, mas ao mesmo tempo senti um incontrolável frio. O cheiro ao meu redor era de chá de hortelã e perfume masculino,reconheci imediatamente o lugar, antes mesmo de abrir os olhos. Jack estava sentado na ponta da cama com a cabeça apoiada nas mãos. O que estava acontecendo?

 -Amor? - sentei na cama - o que aconteceu?

 Ele se virou rápido, seus olhos estavam fundos e vermelhos. 

 -Alice - escutar meu nome vindo da sua boca me deixou nervosa - Eu não sei dizer. 

-Desculpa, mas não estou entendendo. Ele levantou e se sentou ao meu  lado. -Você não se lembra,não é? - ele parecia cansado. Neguei com a cabeça. 

-Amor - ele passou os braços envolta de mim - Eu..te amo.   

Senti um peso,como se essa frase fosse uma despedida ou só inapropriada.  

 Nós deitamos quietos,fechei os olhos e me esforcei pra lembrar do que tinha acontecido. Meu corpo agora ardia de forma diferente,como se as ondas de calor levassem a um único lugar. Respirei fundo e tentei só sentir,ela vinham do alto da minha cabeça e iam descendo,passando por todo corpo,mas quando chegavam nos meus pés voltavam e ardiam intensamente no meu pulso esquerdo. Levantei o meu braço e olhei meu pulso, onde antes nunca houve nada,agora tinha uma pequena tatuagem de dois relógios : um era maior,seus ponteiros eram mais trabalhados e em um espaço no meio haviam linhas,já o outro era menor e ficava dentro do relógio maior.

 -Jack? - o cutuquei - Quando eu fiz isso? 

 Ele abriu os olhos e sentou na cama em silêncio. Sentei também e encarei meu pulso. 

-Amor,estávamos no parque,aconteceu algo bem  estranho.

 -As ciganas? - minha cabeça começou a latejar.

 -Sim, aquela cigana começou a falar coisas bens estranhas pra você. - ele suspirou - Então você teve.. 

-Tive o que? - minha cabeça estava a ponto de explodir. 

  As lembranças vieram todas de uma vez : no parque,a cigana falou e a ardência começou, me deu falta de ar e dor de cabeça. Meus joelhos começaram a tremer e abaixei a cabeça, mas quando eu levantei olhei para os olhos do Gabriel e por alguma razão vi seu passado,suas fases,seus prováveis futuros,suas mortes,seu corpo morto apodrecendo,as larvas comendo seu corpo e seu rosto ficando amorfo. Foi neste momento que a "tatuagem surgiu", após isso eu desmaiei.   

As lágrimas saíram de forma involuntária, eu não conseguia entender. Não sabia o que era aquilo e se voltaria a acontecer. Só que tinha medo de olhar nos olhos das pessoas. E se isso acontecesse quando eu olhasse pro Jack ou pra minha mãe? 

 -Jack - minha voz saia entre soluços - Eu preciso ir embora. Levantei rápido peguei minha bolsa e corri para fora de lá. Escutei ele me chamar e até mesmo vi ele me seguir até a porta. 

 Corri,sem rumo nervosa

ulpa. Parei ao chegar em um beco sem saída. Encostei na parede. Estava acontecendo mais uma vez,vi aquele beco se transformar em um campo, sendo habitado ao mesmo tempo vi um enorme avanço tecnológico e ele sendo o que era. De alguma forma eu ia para o futuro,passado e continuava no presente exatamente ao mesmo tempo. As lágrimas corriam pelo meu rosto,eu só queria que tudo voltasse ao normal.

 -Alice? - era a voz de uma garota. Sequei as lágrimas, pois elas não me deixavam ver.

 -Quem..é você? - me subiu um arrepio.

 -Oi Alice,me falaram o que aconteceu com você hoje. - ela sorriu- Eu sou Ayder,vem comigo.