História Maldito Jeon Jungh...Jeongguk! - A vida me odeia

“Jungie, me diz, o que a vida tem contra mim?” Junghyun pausou o filme que via e se apoiou ao meu lado na janela. Ele tinha uma expressão confusa e eu, bem… Provavelmente estava com a mais melancólica do mundo.

“Contra você acho que nada. Mas contra mim por me dar uma irmão pamonha, acho que tudo.” Quis lhe socar, mas nem ânimo para isso eu tinha.

Ontem quando Taehyung foi embora eu estava radiante; entrei dentro de casa e Junghyun me olhava esquisito, como se presenciasse a cena mais nojenta da sua vida. No entanto, eu apenas ignorei e fui correndo para o meu quarto verificar a previsão do tempo e soltei um berro interno ao ler “grandes chances de pancadas de chuvas logo pela manhã, tarde e noite.”, e dormi radiante por ter total certeza de que amanhã eu iria a um encontro como Jeongguk, e não como Junghyun.

Entretanto, eu murchei total ao abrir a janela do meu quarto - na esperança de ver poças já formadas no asfalto, - e me deparar com um sol rindo de mim e acenando, jogando na minha cara que não era hoje que eu teria um encontro fodido com Kim Taehyung.

Por isso cheguei a conclusão de que a vida me odiava.

“Bendita seja as esteiras de fumaça dos aviões e aquelas previsões do tempo enganosas.” E como se o drama da minha vida por si só já não bastasse, eu me virei de costas e escorreguei até o chão deixando que toda a melancolia me carregasse para o inferno.

“Jeongguk, só não tá chovendo. E cara, você nem gosta de chuva, para que esse drama todo? Eu hein, garoto esquisito. Me fez pausar o filme pra nada.” E saiu murmurando mais coisas das quais eu nem tinha interesse. E eu nem tinha pedido pra ele parar a droga do filme novo da Frozen, sejá lá o que era aquilo. Meu irmão às vezes era o esquisito da história.

Decidi pegar meu celular e falar com o meu novo amigo - lê-se o menino do Omegle, - e contar toda a merda que aconteceu.

@tomeinochu para @springsunshine:

A vida, ela me odeia.

@springsunshine para @tomeinochu:

Ai o que foi agora guri?

@springsunshine para @tomeinochu:

A vida me odeia por ter me  feito entrar no Omegle ontem e ter te arrumado

como encosto.

@tomeinochu para @springsunshine:

Era pra chover hoje, mas não

tá chovendo. Como que eu vou sair

com o meu senpai?

@tomeinochu para @springsunshine:

E foi você quem me pediu o

meu user, então não venha com essa ‘^’

@springsunshine para @tomeinochu:

Mas não era suposto sair de

casa com sol, e não chuva?

Vocês são estranhos, mas vem cá

vai sair como Jeongguk?

@tomeinochu para @springsunshine:

:o :) :D

“Eu não acredito que o Jimin me emprestou um DVD arranhado, eu vou matar aquele garoto!” Meu irmão saiu esbaforido porta afora com uma caixinha de DVD em mãos. Se eu contar para todos que eu não estou entendendo o dia de hoje, certamente haveria compreensão pela parte de todos.

“Aish…”

@springsunshine para @tomeinochu:

Eu tava torcendo pra dar tudo errado.

Mas agora você vai sair com o 'senpai’ e eu vou ficar chupando o dedo.

@springsunshine para @tomeinochu:

Talvez eu deva baixar o Tinder.

Jung Hoseok também era um garoto peculiar, mas eu não iria conversar sobre isso agora. Não quando olhar para a rua com o sol saindo entre as nuvens cinzentas tendia a sair ainda mais e jogar na minha cara que eu não ia desencalhar tão fácil.

Já eram quase duas da tarde, o que eu iria fazer? Eu tinha três cartas na manga, que consistiam em: 1) sofrer; 2) comer e sofrer; 3) comer, sofrer e assistir anime shoujo.

Talvez eu optasse pela terceira, assim eu sofria pelo casal dando certo e não me culpando por acreditar nas previsões do tempo.

Me arrastei até o sofá que antes habitava o meu irmão e me deitei no mesmo. A TV já estava desligada e eu sentia preguiça até de ligar ela.

Eu era muito dramático mesmo.

No final não escolhi nenhuma das minhas três opções, e pulei já para uma quarta, que era dormir até o cu fazer bico.

X

“Oh Jeongguk, seu merda, tira a bunda desse sofá.”

“Só saio daqui se estiver chovendo!” Decretei e senti a almofada do sofá bater com tudo na minha cabeça. Junghyun não me deixa em paz nunca mesmo.

“Então levanta porque faz tipo, uma meia hora que tá chovendo e eu quero assistir a porcaria dos meus filmes.” Levantou três caixinhas com filmes infantis. Entretanto, antes mesmo de olhar quais eram, eu corri para o meu quarto a fim de trocar de roupa e passar um perfume, e quando notei que realmente que estava chovendo, sorri de orelha a orelha, pegando um guarda chuva na soleira e colocando meus sapatos ao mesmo tempo.

Meu irmão gritou algo para mim de dentro de casa, mas eu estava mais preocupado em chegar no playground de uma vez, do que escutar mais uma de suas piadas sem graça.

Taehyung estava ainda mais despojado do que nas outras vezes que saímos; as calças mais largas ainda, com uma blusa e alguns rasgos perto da gola e uma camisa meio extravagante por cima. Uma bandana adornava sua cabeça deixando algumas mechas caída sobre seu rosto. Extremamente lindo. Extremamente único.

Ele estava debaixo de uma casinha, batendo os pés contra as poças d'água que a pequena calha fazia; parecia perdido em seu próprio mundo enquanto cantarolava alguma música da qual não faço ideia. Embora tenha sido poucos momentos juntos, poucos encontros, eu já não me sentia mais tão culpado por ter começado a nutrir sentimentos desse tipo para com o Kim.

Ajeitei meus cabelos e me aproximei rapidamente do mesmo que, assim que me viu, abriu aquele sorriso que eu tanto adorava.

“E-eu te fiz esperar muito?” Maneou a cabeça de um lado para o outro mordendo o lábio inferior. Ele parecia tão diferente.

“Quando começou a chover eu fiquei desesperado. Achava que não choveria e me praguejei por ter sido tão convicto ontem.”

“Eu também achei que não iria chover.”

“Queria ter um encontro com você. Não era para mim estar nervoso, eu sei, mas eu estou. Não é Junghyun na minha frente, mas sim Jeongguk. Isso é louco, mas tão bom ao mesmo tempo.” Taehyung se aproximou de mim visivelmente animado, eu não estava diferente, tenho certeza.

Encarar aquelas bolotas amendoadas que eram seus olhos me fez tremer por dentro; eu não tinha visto aquele brilho ali antes. Não sei se era porque eu não conseguia lhe encarar muito nos olhos.

“Eu me sinto nervoso desde o primeiro dia!”

Ele apenas riu e engatou o seu braço com o meu, era uma cena bem romântica, me sentia num dorama. Estávamos dividindo um guarda-chuva enquanto Taehyung cantava baixinho alguma ost que não lembro o nome no momento. Percebi que o loiro adorava cantar para si, mesmo que estivéssemos lado a lado, ele ainda parecia em seu próprio mundo.

Achava que íamos sentar no mesmo local que o dia anterior, no entanto, parece que ele trocou os planos e seguiu uma trilha que eu jamais tive curiosidade de entrar - também porque não fazia muito tempo que eu estava de volta a Busan.

A chuva já não era tão forte como antes, era uma leve garoa. Meu ombro direito molhava um pouco, mas não era como se com o Kim não estivesse diferente. A barra de suas calças largas estava molhada também, e um pouco suja pelo barro.

“Gosto de vir aqui quando chove.” Fechei meu guarda-chuva e o deixei pendurado em um gancho na pequena varandinha.

Não era um local muito grande; era quase como se fosse um quiosque, com alguns bancos já gastos, acredito que pela maresia e afins. Era um lugar bonito e calmo, não parecíamos em meio a cidade grande.

“É bonito.” Sentei-me ao seu lado; Taehyung não parecia em seus dias normais, aparentava estar mais nervoso que o normal, e isso me incomodava um pouco.

“Desculpe, é um lugar simples.”

“Nah, nem pareço no meio do caos da cidade grande. Gostei daqui.” Meu sorriso foi retribuído no segundo seguinte. “Hyung, e-eu gosto de você assim, okay? Não fique nervoso, por favor!”

“É que essa situação é diferente.”

“Não tem nada de diferente, eu só tenho o rosto do Junghyun, mas em momento algum eu agi como ele. Não sei como você não desconfiou.”

“Eu desconfiei.” Seu tronco virou-se completamente para mim. “Você tem essa pintinha adorável embaixo do lábio inferior, uma pequenina no nariz e dentes mais avantajados. Quando eu perguntei ao seu irmão porque eu nunca vi aquela pinta, ele me disse que escondia com maquiagem.”

“Você acreditou?” Taehyung então concordou, olhando para um ponto fixo e franzindo o cenho.

“Eu só comecei a desconfiar mais quando fomos interrompidos por aquele amigo seu.”

“Namjoon!”

“Esse mesmo.”

Eu sorri acanhado e Taehyung fez o mesmo. Pouco depois ele se aproximou mais de mim pousando sua cabeça meu ombro. Pendi um pouco minha cabeça para o lado onde minha bochecha encostou seus fios macios, e inspirei o cheirinho doce de seus cabelos. Era tão gostoso ficar daquela forma.

Se me perguntassem algumas semanas antes se eu gostaria de ser o meu irmão para sair com alguma pessoa, eu certamente diria que não. No entanto, ser obrigado a isso talvez tenha sido a melhor coisa que eu tenha feito.

“Caralho Jeongguk, quando que você vai me beijar?” Tomei um susto sim. Taehyung parecia bem indignado e fofo ao mesmo tempo. O cenho franzido e a boca levemente aberta davam um ar engraçado a ele. Eu ri, eu mesmo e acho que acabei com todo o clima, que vida desgraçada.

“Eu não sei?”

“Aigoo. Vem cá.” Me chamou com as mãos e eu me inclinei um pouco mais para perto de si. “Rápido, vem!” Não imaginei que ele poderia ser tão impaciente a esse ponto, mas descobri que sim quando ele me puxou pelos ombros e colou nossas bocas de uma maneira carinhosa.

Porra, fazia tanto tempo que eu não trocava uma saliva que acho que já tinha desaprendido a mexer a boca conforme os conformes. Entretanto, surpreendentemente, minhas mãos seguraram a sua cintura fortemente e me deixei ser guiado.

Taehyung beijava bem pra caralho, imagino o quão experiente e quantas bocas ele já beijou na vida. Eu sei, eu sei que 'Jeongguk qual é o seu problema em ficar pensando coisas do tipo quando tá beijando o seu senpai?’, e eu te respondo: porque eu sou um otário.

O loiro puxou meu lábio inferior com aqueles dentes lindos e me selou uma última vez antes de cortar por completo o nosso beijão que certamente não era de dorama.

“Por que você me beijou?” Não era exatamente esse tipo de pergunta com esse sentido, mas eu queria saber se era por ser eu, e não o meu irmão. Embora não pareça, ainda sim eu estava inseguro com tudo aquilo, eu tinha a mesma fisionomia que Junghyun, o que eu poderia pensar?

Entretanto, eu sei que Taehyung não era uma pessoa dessa forma, não seria tão vago assim, não é?

“Porque era você!”

“Desculpe esse tipo de pergunta, é que você era apaixonado pelo meu irmão até pouco tempo.”

“O que? De onde você tirou isso?” Taehyung riu, ele realmente riu alto, e segurou minha mão fortemente. “Eu nunca disse em momento algum que estava apaixonado pelo seu irmão, eu não sou bobo Jeon, eu sei que ele nunca foi muito com a minha cara. Eu o tratava como amigo, mas ele sempre se esquivava e saía com cara feia.”

“Então por que pediu para sair com ele?”

“Queria provar que eu não era aquilo que ele pensava, mas aí ele, que no caso era você, estava tão diferente e tão doce, que eu não me controlei. Eu o achava bonito, mas naquele dia ele estava dez vezes mais. Só que no final era você o tempo todo, então não tinha problema.”

“Não ficou chateado?” Passei os dedos pelas linhas de sua mão, não queria bater um ataque de timidez, mas era exatamente isso que estava acontecendo.

“Fiquei um pouco sim, não precisava dessa mentira toda.” Suspirou. “Meu irmão entendia tudo errado também, ele achava que eu gostava de Junghyun, e os dois acabaram fazendo bosta.”

“É verdade.” Sorri.

“Mas no final eu conheci você, então não foi de todo ruim. Eu fiquei chateado comigo mesmo depois por não perceber que uma personalidade convergia com a outra e percebi que eu estava mesmo gostando de você. Do Jeongguk e não do Junghyun.” Aí eu não tremi só por dentro, como também tremi por fora. Encarei ele assustado e ao invés de sorrir, ele selou meus lábios gentilmente e segurou minhas bochechas.

“Eu me sinto idiota porque na minha cabeça quem tinha que ser assim com você, era eu.” Qual é, não me julguem, mas eu tinha que ser um pouquinho romântico. “Você me encanta desde primeiro momento que coloquei meus olhos em você.”

“Eu sei, você nem tentava disfarçar.” Estalei a língua no céu da boca e me praguejei por ser tão óbvio.

“É que você é demais hyung, eu não tenho culpa.” E adivinha? Fui eu quem beije sua linda boquinha. “Agora eu preciso fazer algo, aguarde um segundo?” Ele concordou e eu peguei meu celular no bolso traseiro de minha calça. Só então eu percebi que eu parecia com mal de parkinson, Jesus Cristo.

@tomeinochu para @springsunshine:

JUNG HOSEOK O SENPAI ME NOTOU.