Já era meia-noite quando me levantei para ir ao aeroporto. Me arrumei e esperei Ragnor e Catarina aparecerem. Os minutos foram passando e nenhum sinal deles.
- Morreram no meio do caminho só pode- disse para mim mesmo enquanto andava de um lado para o outro esperando eles chegarem. Olhei meu relógio - seu eu perder o vôo, eu vou matar o Ragnor - Bufei, até que ouvi uma busina
Suspirei aliviado e, depois de trancar a casa, fui até o carro.
- até que enfim - digo depois de colocar a mala no porta-malas e entrar. Bati a porta - achei que não viriam mais.
- a gente quase não veio - disse Catarina e a encarei sério - não me olha desse jeito, foi culpa do Ragnor que não colocou o relógio pra despertar - revirei os olhos.
- Acho que acabei de descobrir o plano dele de me fazer perder o vôo - disse quando uma fumaça branca começou a sair do capô e o carro parou - por que paramos? - perguntei meio assustado.
" Droga, a vida adora colaborar comigo " resmunguei irônico.
- Acho que temos problemas - disse Ragnor indo em direção ao capô do carro - e pra sua informação - Gritou - se eu quisesse fazer você perder o vôo, eu teria outros meios
- tipo fingir que o carro quebrou? - disse Catarina enquanto saíamos do carro - achei que você fosse mais esperto que isso
- docinho - disse Ragnor para Catarina. Ele a chama assim desde criança, o motivo eu não sei. Mas agora era um momento ruim para perguntar - o carro quebrou mesmo - sorriu
- era só o que me faltava - digo indo até o painel do carro e vendo as horas, já eram quase 1:30 da manhã - vou perder a merda do avião por sua culpa, Ragnor - digo meio irritadiço
- a culpa não é minha se o carro quebrou - disse o mesmo e Catarina o encarou espantada
- eu te vi desligando alguns cabos, esperteza - disse Catarina, fazendo Ragnor resmungar - agora arruma isso que nosso amigo precisa ir logo
- eu não posso deixar ele fazer isso, é burrice - disse Ragnor - e você sabe muito bem disso, Catarina.
- você não pode decidir por mim - disse quase chorando, não podia correr o risco de perder Alec para sempre... eu iria dar um jeito, só a morte poderia nos separar - é a minha vida, Ragnor, quem decide sou eu - disse sentindo meus olhos marejarem
- Parem, os dois - pronunciou-se Catarina, que até então estava calada - Nós só estamos preocupados com você, Magnus - me encarou séria - e você - disse para Ragnor - arruma isso daí e dirige logo - Ragnor permaneceu onde estava, em silêncio.
- Ragnor - à essa altura as lágrimas corriam soltas por meu rosto - por favor - solucei - por favor.... eu o amo - Ragnor baixou o olhar e suspirou
- sinto muito - colocou a mão no meu ombro - eu te levaria até lá, mas o carro quebrou mesmo - me olhou com pena.
Minha vontade naquele momento era de gritar, de quebrar tudo o que eu visse pela frente, de xingar Ragnor por ter feito tal coisa comigo, só para que eu não pudesse viajar. Que tipo de pessoa faria isso com o melhor amigo? Exatamente, ninguém.
O olhei com raiva, podia sentir o arrependimento dele exalando no ar. E, de repente, toda a raiva se esvaiu de mim. Eu sei que poderia esperar mais algumas horas até o próximo vôo, mas só a ideia de saber que poderia estar cada vez mais longe de Alexander se embarcasse mais tarde, já era uma tortura. Eu conseguiria esperar, mas isso só estaria acabando comigo a cada minuto longe dele.
Alexander era como uma droga, mas uma droga boa. Aquela droga que você necessita de pelo menos um pouco para continuar vivo a cada dia. Só a ideia de nunca mais vê-lo estava me matando aos poucos. Eu precisava dele, precisava sentir seus lábios nos meus de novo, sentir seu cheiro, ouvir sua voz, sentir sua pele contra a minha. Era demais pra suportar, uma vida sem ele não era tortura, era como um suicídio, lento e doloroso.
- Magnus - disse Catarina - já liguei pra um táxi, ele chegará em alguns minutos - caminhou em minha direção - você está bem?
De repente tudo começou a rodar, perdi o chão, a respiração ficava cada vez mais difícil e eu era bombardeado por uma série de imagens de Alexander. Mas descobri, um pouco tarde, que não eram imagens, e sim lembranças. Foi então que senti o impacto do chão.
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