Brinco com a chave dourada entre os dedos. A professora McCoy está explicando a importância das poções aos outros alunos enquanto eles brincam com alguns tubos de ensaios e béqueres. Alice terminou a poção e saiu da sala. Meus olhos pesam com o tédio do ambiente. E resolvo descansar a cabeça sobre o livro de poções. Estou dormindo mais do que o normal. Será algum efeito colateral da imperfectus?
Tudo está bagunçado. Estou aqui porque minha mãe me condenou a esse destino. Sinto sua falta. Mas, a vida ativa aqui me preenche. As coisas estão particularmente ruins, meu cérebro me dá um sonho estranho. Uma visita ao mar do norte da Europa. Um fleche de luz, avisto um rosto mal iluminado. Enrugado pelo cansaço e pela falta de luz solar. Ele se encolhe à medida que me aproximo. Sua voz rouca sai com um berro “Saia daqui! Não se aproxime!”. Olho-o curioso, sem entender. Esbarro-me nas grades de ferro defronte a mim. E o homem se afasta desesperadamente. Ele continua a berrar “Não se aproxime! Eu o matei, eu o matei!” Fito-o incrédulo. Queria perguntar onde estávamos e seu nome, mas a cólera invadiu meus olhos e uma voz melódica acordou-me do sonho.
A lentidão impregna todo o meu corpo, como se houvesse pedras em minhas veias. Olho de esguelha e avisto uma menina de cabelos castanhos e olhos cor de café.
-Pelas cuecas de Merlin. Acorde! – ela diz afagando meu cabelo bagunçado.
Dou de ombros e levanto a cabeça.
-Desculpe. – digo esfregando os olhos. – Apaguei por muito tempo?
-A aula acabou. E como monitora já era para você está no dormitório. – ela diz ajeitando os livros com a varinha.
-Droga! – resmungo. – Dormi muito. – passo a mão sobre o cabelo. – Espera, está fora do dormitório está proibido, certo?
-Certíssimo. – ela diz compenetrada organizando os tubos de ensaios.
-E o que você faz aqui? – indago amigável.
-Bom... É... que eu... – ela pigarreia. – Costumo vir aqui aprender no horário não autorizado.
Cruzo os braços.
-Uma monitora que não segue as regras? Punição está a caminho.
-Engraçadinho, como se eu não soubesse. – ela retruca rapidamente. – Sou Victória Carter. – ela estende a mão.
-Williamsom. – digo apenas e aperto seus dedos finos.
Ela sorri. Victória parece ensimesmada por alguns minutos antes de dizer.
-Você é um Diggory, certo?
As palavras prendem-se ao ar. Minha boca abre com um O e alguém invade a porta. Era a Inquisidora em seus trajes purpuras. Ela nos fita severa e faz movimentos com as mãos para que a seguíssemos. Victória e eu nos encaramos surpresos e seguimos a senhora.
-Droga! Tinha esquecido que ela inspecionava as salas. – sussurrou Vic.
-Deveria ter se lembrado cedo! – rebato sussurrando.
Depois de seguir algumas escadas e uma fila de corredores chegamos à sala da Inquisidora. Nós sentamos acuados. Com receio da punição. Observo e percebo que é o lugar mais rico em que já estive, com tapetes grossos e espessos, um sofá de veludo e cadeiras. Tudo que minha mãe gostaria de ter, mas a luxuosidade foi lhe tirada.
A inquisidora cruza as mãos diante da mesa de mármore. E suspira.
-Senhor Diggory, esta é a segunda vez em três dias. – ela parece impaciente. – Senhorita Victória! Você é uma monitora deve seguir as regras afincadamente.
-Desculpe. – diz Vic de cabeça baixa.
-Como punição. Ambos terão que vagar pela floresta proibida.
Um homem de cabelos brancos e olhos híbridos: Verde e dourado. Entra na sala, trajado de sua capa preta e roupas da mesma tonalidade. Ele parecia entediado, seus olhos estavam semicerrados e segurava a varinha em sua mão.
-Madame Inquisidora, perdoe-me o atraso. – diz ele formalmente. – Crianças, sou o professor de trato das criaturas mágicas. Chamo-me Renno Davos.
-Sua primeira viagem à floresta proibida será com o professor Davos. Por favor, não cometam loucuras novamente, ou as punições serão mais severas. – argumenta a Inquisidora.
-Sigam-me. –ele nos puxou pela orelha. – Com sua licença, madame.
Minha orelha sentiu uma leve ardência pela puxada do professor. Mas passou. Chegamos a tal famosa floresta proibida. Ouvi da Victória que é a floresta que circunda o castelo de Hogwarts. Também não é permitido aos alunos entrar nela, a não ser em caso de punição. Como é o nosso. Victória também mencionou que a floresta fica a leste do castelo. Observo-a e concluo que é uma floresta densa e escura, com arvores de todos os tipos. Fora da trilha, é quase impossível caminhar pela floreta, pois a vegetação é bastante fechada.
A lua estava cheia consegui distingui-la apesar das imensas copas das arvores. O cheiro do medo invadia meu corpo, aquela era uma floresta sinistra e repleta de animais perigosos. O professor caminhava a passos largos e Victória o seguia, eu estou mais atrás. Observando-os enquanto conversam sobre a floresta.
Um galho quebra ao longe. Viro-me e alcanço a varinha no bolso. Não senti uma ligação com essa varinha, mas é melhor do que não ter nenhuma. Ela era moldada de pelos de unicórnio. Espremo os olhos na vil tentativa de enxergar na escuridão. Os passos tornam-se vorazes e cada vez mais perto. O medo invade as extensões do meu corpo. Minhas pernas balbuciam quando avisto olhos negros e cintilantes no luar. Um rosnado estridente formou-se em meus ouvidos. E larguei a varinha com o soar agressivo.
O lobisomem avança e com suas enormes patas atinge-me no rosto. Caio sobre a vegetação alta e corro o mais rápido possível. Victória e Renno gritam ao longe, mas não consigo entendê-los. Caio sobre algumas raízes robustas. O animal cheira o ar e procura no arbusto que cai anteriormente. Levanto devagar, olho-o de esguelha e avisto um pedaço de papel sobre as garras afiadas. Que merda é essa? Mais pistas confusas? Será que devo pegá-la ou deixa-la de lado? Droga!
Se tiver algo que pode me ajudar a montar esse quebra-cabeça não devo deixa-la de lado. Além do mais, não é da minha natureza desistir sem lutar, mesmo quando as coisas parecem insuperáveis. O lobisomem sente a minha presença e olha para o lado. Como um predador corre desesperadamente em minha direção arrancando galhos e folhas que estão a sua frente. Tomo o caminho contrário me esbarrando nas raízes infindáveis da floresta.
Continuo correndo apesar de as panturrilhas doerem. A fera é bem maior do que eu e bem mais forte. Deveria usar a inteligência nessas circunstancias. O medo formava uma barreira em meu cérebro, como se eu não soubesse de mais nada a não ser correr. Vejo fleches de luzes passando em meu lado. A minha frente avisto uma árvore estranha e robusta. Aquela sinistra e grandiosa árvore era minha única salvação para sobreviver. Suas raízes formam um arco entre suas raízes enterradas de um modo estranho. O lobisomem prepara-se para o bote e rosna selvagem. Escorrego pelo chão seco, as folhas ao redor voam e adentro no buraco a minha frente escondido nas raízes.
Passo por um túnel íngreme, e recebo alguns arranhões nas bochechas. Caio abruptamente depois de uma longa descida. O chão estava rodeado de raízes com musgos, bato minhas costas e fico ali por um tempo. A dor impede-me de movimentar qualquer musculo. Merda! Fito acima, a queda fez um buraco sobre os vários cipós acima. O lobisomem rosna ao longe e consigo ouvir seu uivo. Preciso levantar para pegar aquele bilhete.
Mas estou muito exausto depois dessa fuga inesperada. Estou esgotado para começar qualquer plano detalhado por hora. Minhas feridas estão sarando em um fulguro enegrecido. Ao que parece estou a salvo. Então percebo, pela primeira vez, o quão sozinho estou. Não tenho nada a não ser a imperfectus, poder na qual não tenho se quer conhecimento. Tudo no que posso me agarrar agora são nessas drogas de pistas. Talvez eu possa conseguir uma luz no fim do túnel com as pistas. Ou talvez seja mais uma má ideia.
Ouço uma voz feminina ao longe. Seu corpo quase cai sobre as raízes, ela empunhou a própria varinha em sua direção e gritou rapidamente:
-Wingardium Leviosa.
Victória vem ao meu encontro e descansa minha cabeça sobre seu colo.
-Você está bem Will? – indaga com preocupação.
-Estou. Apenas com uma dor de cabeça insuportável como se minha mente rasgasse à medida que respiro. – digo de olhos fechados.
-Pelas cuecas de Merlin então você está com sérios problemas! – ela diz pegando meu braço esquerdo.
-O que foi? – indago e fito a capa rasgada diante de mim.
O tecido rasgou e minha pele ficou a mostra com uma ferida profunda. Por que a imperfectus não curou? Da última vez, ela curou uma flechada em minha panturrilha e agora... Por que não? Essa magia me confunde completamente. Me ludibria tanto. É incompreensível assim como o chapéu seletor me falou. Agora o entendo melhor. Tenho que ajuda-lo de qualquer forma. E a melhor coisa a se fazer é pegando o bilhete. Essas feridas feitas pelo lobisomem não irão me parar.
-Victória. E o lobisomem?
Ela ajeita os cabelos castanhos para o lado.
-Está com o professor. Ele meio que está o afastando de nós.
-Obrigado, mas preciso daquele lobisomem. – digo e levanto com dificuldades. Minha cabeça gira.
Filha da mãe! Dor de cabeça maldita!
-Pode me levar até lá em cima? – indago.
Ela assente e posiciona a varinha. Suspiro.
-Pronta para agir? – indago tirando a capa rasgada dos meus ombros.
Vic sorri. Pode-se ver o brilho de excitação nos seus olhos. E ela diz “Wingardium Leviosa”. Voo um pouco antes de chegar ao túnel íngreme. Me espremo no barro e chego à saída. O professor não está muito longe, pois consigo ver fleches de magias não muito longe daqui. Ele grita como se estivesse gostando de algo. Corro o mais rápido possível. E o que vejo é inacreditável. O professor Renno Davos está cortando seu alvo com o feitiço “Diffindo”. Um sádico? – pensei. Aproximo-me do professor e ele me dá minha varinha. O lobisomem está estirado no chão com espasmos de dor, a boca ensanguentada e o corpo cortado em vários cantos.
-Professor, eu acho que já chega! – repreendo-o.
-Certamente jovem Diggory. Relatarei o acontecido a madame Inquisidora imediatamente. – ele vira jogando a capa preta para trás. – Por favor, mantenha-se afastado da fera. Voltarei agora. Ele não irá mais causar problemas.
Ele some na escuridão.
Examino a criatura com preocupação. Normalmente lobisomens são pessoas, não poderia distingui-lo em trouxas ou bruxos. Mas, ainda sim era humano, apesar de uma noite sem lucidez. A criatura grita de dor. Examino a garra com o bilhete. Quem quer que tenha sido, sabia que hoje era lua cheia e que eu seria punido. Um vidente? Não... Isso seria loucura. Abro o papel.
“Zanakab”
Ótimo. Tenho um nome, uma chave e um sonho estranho. Que pistas sensacionais. O que? Acham que eu sou Sherlock Holmes? Ou o desgraçado de algum detetive profissional? – resmungo em minha mente. Sinceramente estou num mato sem cachorro. Porque tem um lobisomem... Haha, piada sem graça. Guardo o papel no bolso. Victória chama meu nome entusiasmada ao longe e acena.
-Victória, gostaria de saber mais coisas sobre a morte do meu pai.
-O quê? – ela indaga, surpresa.
Passo a mão sobre a cabeça dolorida.
-Qualquer coisa que você tenha ouvido sobre a morte dele.
Ela parece pensar.
-Soube que seu pai foi morto por Pedro Pettigrew. – ela releva com a mão no queixo. – Inexplicavelmente Pettigrew foi morto pelo lorde das trevas. Mas outros dizem que ele vaga por aí como um rato que foi outrora. Mas, você pode achar pistas mais sólidas conversando com a Inquisidora. Afinal ela é a diretora de Hogwarts.
-Obrigado de qualquer forma. Conversarei com ela assim que possível. Por ora temos que voltar, nenhum lobisomem maníaco vai nos atacar agora.- digo fitando a criatura no chão.
-É eu acho que não.
Nós caminhamos pela trilha.
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