Uma figura se desenhava por entre as brumas logo no amanhecer de todos os meses ao de longos quatro anos.
Aquele jovem de aparências sutis e calmas se iluminava por conta própria ao parar no meio de uma ponte e encarar de forma longínqua o lago cristalino logo abaixo de seus pés. Adicionava-se um copo de café fervente em suas mãos e o homem era terminado com seu sorriso hermético e perdido em suas meditações.
Minseok via aquele indivíduo durante todos os dias enquanto pintava calmamente diante de uma rua pouco movimentada. E todas às vezes percebia que desenhava as linhas da alma daquele homem.
Ele parava por um momento e começava a contemplar de modo embevecido o jovem de cabelos negros como azeviche. Em alguns momentos naquela admiração, Minseok sentia a tinta escorrer por entre seus dedos e pintar a rua de pequenas lágrimas coloridas, e ele sorria para si mesmo, rindo de sua própria idiotice.
Era assim todos os dias, virou uma rotina na qual ele não queria sair.
E naquele dia não foi diferente.
Minseok pôde contemplar a beleza daquele rapaz de vestes suntuosas e olhos que tinham um mar de escuridão embutido no brilho.
Com agilidade e rapidez, o pintor começou a desenhar os traços dele, descendo suas mãos sobre o cavalete e tentava decifrar cada milímetro de seu semblante pétreo.
Minseok não sabia seu nome, sua idade e nem o que ele fazia da vida; no entanto, ao encarar aquelas feições calmas e finas, ele sentia que aquela figura somente queria um abraço, um carinho.
Então ele parou por um momento, voltando-se a fitar a fisionomia do rapaz.
Começou a traçar rapidamente as vestes do rapaz para, em seguida, finalizar com cores escuras em contrastes com a paisagem de primavera.
Entorpecido pela beleza do rapaz passada na tela do cavalete, Minseok não pôde perceber a presença do mesmo se aproximando aos passos lentos e longos. Portanto, foi pego de surpresa quando teve seu primeiro contato com o belo jovem, que lhe tocara o ombro para chamar sua atenção.
— Senhor... Minseok? — ele perguntou com a voz aveludada enquanto lia em uma plaquinha postada no chão o nome do pintor. — Por quanto vende essa obra? — apontou para a tela jazida no cavalete.
Minseok sentiu o pômulo da bochecha ser adornado por uma cor rosada enquanto se endireitava no banco de madeira.
— Sinceramente? Eu jogaria isso fora, não gostei dos traços — a verdade era que Minseok tinha vergonha. A pintura centralizava no homem a sua frente e não na paisagem; as cores sobressaltavam naquele homem.
— Como?!
— É... Eu não gostei, não achei que passaria o sentimento que queria, mas...
O rapaz de cabelos azeviche encarou a pintura de Minseok detidamente antes de se virar para o pintor. Seus olhos encontraram seus traços embutidos com leveza no quadro e um sorriso modelou os lábios vermelhos.
— Você estava me pintando? — ele perguntou e Minseok sobressaltou, encarando sua tela e comprimindo os lábios. Deveria ter escondido isso!, exclamou em seus pensamentos enquanto negava lentamente.
— Eu estava pintando a paisagem, então como você estava parado... Não tive como tira-lo, eu...
— Está bonito.
O olhar de surpresa mostrara o quanto Minseok havia se assustado com a afirmação do homem.
— Sim, está bonito. Nunca havia percebido como a paisagem era tão... Bela. Para mim era só um lugar para pensar — ele respondeu.
O jovem pintor arqueou levemente as sobrancelhas e deixou um bico modelar os lábios superficialmente pálidos.
— Já que gostou eu irei presenteá-lo — desta vez um sorriso afável desenhou nos lábios de Minseok. — Posso saber seu nome?
— Kim Jong Dae.
Minseok virou a tela e rapidamente escreveu algo, dando a Jongdae sua pintura.
— Espero que possa desfrutar o máximo dessa obra.
O jovem de cabelo azeviche agradeceu e andou poucos metros até parar, encostando-se a uma parede de uma casa e virando o quadro na direção oposta, vendo uma caligrafia opulenta no canto inferior.
“Kim Jong Dae.
O homem que se tornou o protagonista de todas as minhas obras”
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