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História How Far Does The Dark Go? - Bônus - O que aconteceu no passado? (Completo)


Escrita por: SlendernaticaBR

Capítulo 18 - Bônus - O que aconteceu no passado? (Completo)


Fanfic / Fanfiction How Far Does The Dark Go? - Bônus - O que aconteceu no passado? (Completo)


   Eu acordei com a luz da lua, estava assustada, tinha acabado de ter um pesadelo. Levantei da minha cama, indo em direção ao banheiro, não estava com um bom pressentimento sobre meu pesadelo. Eu estava morrendo. Conhecendo a jovem garota com talentos especiais que eu sou, sei que isso teria um grande significado.
   O dia se iniciaria daqui algumas horas, precisava começar a me arrumar. Não que eu queira ir mais uma vez para escola, mas ou eu ia, ou Dave me mandava de volta para os meus pais, o que não é uma opção, já que eu congelei eles e todo um país lá fora, só para fugir. Essa é uma longa história, não tenho tempo para contar.
   Algo em mim dizia que esse novo dia seria incrível. Mas o sentimento de que algo ruim possa acontecer, prevalecia com certa frequência. Limpei minha mente e fui direto para meu closet, pegar minha roupa do dia. Assim que me troquei, desci as escadas até a cozinha. Têm poucos meses que me mudei para cá, não fiz muitos amigos, na verdade só tenho Jane.
   Jane é o tipo de amiga louca, que você não gostaria nunca de ter como inimiga, mas agradece por ter como amiga. Ela morava na casa da frente, tínhamos uma amiga que morava na casa ao lado, ela se mudou tem uns dois meses.
   Assim que terminei de me arrumar, procurei por meu pequeno diário e o coloquei na bolsa, ajeitei a saia e o cabelo antes de sair de casa. Abri a porta e caminhei até o ponto de ônibus. Durante o caminho, escrevia algumas coisinhas no celular, estava tão distraída, que tropecei e quase caí no chão, mas parei no meio do ar. Levantei novamente, olhei para os lados, ninguém tinha visto aquilo. Se não fosse meus poderes, teria sido uma queda feia.
   Quando cheguei perto da escola, só tinha que atravessar a rua. Um calafrio invadiu meu corpo, um carro passou por mim, dentro dele tinha uma família, um casal e dois garotos. Não deu para ver direito, passaram muito rápido, junto a um caminhão de mudanças.
   Chegando na escola, fui direto para meu armário, pegar minhas coisas. Jane veio por trás de mim, me dando um mega susto.
   - De novo, você quer me matar do coração?! - gritei.
   - Que nada! - ela riu.
   O Sinal tocou.
   - Vamos para aula?
   - Vamos.
   A primeira aula passou voando, para piorar meu dia eu ainda tive que fazer dupla com o Randy. Randy era o típico valentão da escola e ele tem uma leve queda por mim, mas deixei bem claro que não gosto dele. E ele continua inssistindo.
   Como sempre, ele chegou atrasado, não falou nada a aula inteira. As horas passaram rápido, quando percebi estava no horário de saída. Teria que voltar sozinha, Jane saiu com a mãe dela. Andei pelas ruas, só queria estar logo em casa. Coloquei os fones de ouvido, fechei os olhos por alguns segundos e quano abri, cai nos braços de alguém. Olhei ao redor, estava na minha rua, na casa ao lado da minha.
   - Ok... Isso é meio embaraçoso! - falei me levantando e ajeitando a roupa - me desculpe por isso, eu não te vi!
   - Eu nem te vi chegando - ele riu. Confesso que foi o riso mais lindo que já vi - Não tem problema, eu estava distraído também. Meu nome é Jeffrey, mas pode me chamar de Jeff.
   - Eu sou a Rebeca.
   Estendi minha mão para ele, o mesmo apertou minha mão. Vi aquelas milhares de caixas empilhadas no jardim da frente, depois voltei minha atenção para Jeff.
   - Então... Seremos vizinhos? - perguntei.
   - Você que mora na casa ao lado?
   - Sim! - falei sorrindo.
   - Jeff, vai ficar ai conversando ou vai me ajudar com essas caixas? - gritou um garoto loiro. Suponho que sejam irmãos.
   - E esse é meu irmão, Liu - Jeff apontou para o loirinho.
   - A sim! - soltei uma risadinha fraca. - Por quê se mudaram?
   - Meu pai conseguiu uma promoção e tivemos que nos mudar.
   - Vocês vão gostar daqui, é um ótimo bairro - falei já pegando minhas coisas para voltar para casa. - bom... Já vou indo, tenho lições para fazer. Foi um prazer conhecer vocês!
   Me despedi e voltei para casa, sentei no sofá e assisti televisão por um tempinho.
   Jeff POV
   Enquanto desenpacotava as coisas, uma mulher que mora no fim da rua veio nos comprimentar. Se apresentou dizendo que seu nome era Bárbara e nos mostrou seu filho, Billy.
   - Bem - disse minha mãe - eu sou Margaret, esse é meu marido Peter e meus filhos Jeff e Liu.
   As duas iam conversando, Bárbara logo nos convidou para o aniversário do seu filho. Eu e Liu estávamos prestes a recusar, quando nossa mãe disse que adorariamos ir. Quando terminamos de desempacotar as coisas, fui até minha mãe.
   - Por que aceitaria um convite para uma festinha? Não somos mais crianças!
   - Jeff, nós acabamos de nos mudar pra cá; devíamos mostrar que queremos passar um tempo com nossos vizinhos. Agora, vamos à festa, e ponto final.
   Não poderia discordar, quando minha mãe dizia algo, era aquilo e pronto. Terminei de fazer minha parte, desempacotando as minhas coisas e pondo-as no lugar depois que escolhi meu quarto. Desmoronei na cama, após esse dia longo. De repente, senti algo muito estranho, não uma dor e sim um sentimento estranho. Ignorei aquilo como se fosse um sentimento qualquer.
   Ouvi alguém cantarolar próximo a janela, olhei para o lado e lá estava Rebeca, na sua pequena varanda, lendo um livro e ouvindo música nos fones. Fui até minha varanda, para observá-la melhor ou até mesmo conversar. Me apoiei na grade, chamando a atenção dela.
   - Você me assustou! - ela falu sorrindo - como está a mudança?
   - Tudo está certo e por ai?
   - Tudo certo também. - ela levantou da cadeira, se aproximando. - gostou da casa nova?
   - Maior do que minha casa antiga - ri.
   - Desculpa se te incomodei. Tenho o costume de ficar cantando aqui fora, enquanto leio um livro ou fico esperando o tempo passar.
   - Não me incomodou.
   Houve alguns segundos de silêncio, que ficamos parados encarando um ao outro. Os olhos dela pareciam brilhar com a luz do sol refletida. Seu sorriso era puramente branco, seus dentes caninos eram os que mais se destacavam. Essa garota realmente sabe chamar atenção.
   - Vamos estudar na mesma escola? - perguntei.
   - Creio que sim, lembro-me e ver dois nomes a mais na lista de chamada. Então, além de ser da mesma escola, seremos da mesma sala! - falou toda entusiasmada.
   Um barulho de batida ecoou, vindo da casa dela. Ela olhou para trás, como se estivesse checando algo. Bufou como se já soubesse o que ou quem estava lá.
   - São seus pais? - perguntei.
   - Oi?
   - Seus pais chegaram?
   - Ah! Sim, sim! - ela falou muito rápido, indo em direção a porta da varanda - eu tenho que voltar para dentro, nos vemos amanhã?
   - Nos vemos sim. Tchau! - acenei.
   - Adeus, jeff! - ela entrou e trancou a porta. Eu voltei para o meu quarto, deitando novamente na cama.
   Rebeca POV
   No momento que entrei em casa, respirei fundo, contei até 10 e desci as escadas. Dei de cara com Jane e Dave. Eles pareciam preocupados com algo.
   Dave era um amigo, não um grande amigo e sim um instrutor enviado para me ajudar a controlar meus poderes. Ele que me ajuda com muitas coisas. Moramos juntos, ele se passa por meu pai, já que a casa é dele. Mas quase nunca está em casa. Quando aparece, sei que não vêm com boas notícias.
   - O que aconteceu?
   - Quem era aquele cara? - Jane perguntou me zombando.
   - Agora não, meninas! - Dave falou impaciente - eu acho que você não deve ficar aqui por muito mais tempo.
   - Por que?
   - Seus poderes, são maiores do que pensei! Chegam em um nível absoluto, que nunca vimos antes... Rebeca, nós achamos que Graciele passou os poderes dela para você!
      - Acha que eu sou a última? - olhei para os dois, completamente ofegante só de pensar no tamanho poder que eu teria.
   - Rebeca... - Jane chamou minha atenção para seus olhos castanhos - Nós temos a total certeza de que é você!
   Jeff POV
   Acordei cedo no outro dia, desci as escadas para tomar café da manhã e ir para escola. No segundo que me sentei para comer, tive o mesmo sentimento estranho do dia anterior. Só que agora estava mais forte. Tive uma pequena dor, como um puxão, mas ignorei novamente.
   Eu e meu irmão tivemos a sorte por estar no começo do ano, assim não perdemos nada. Assim que terminamos o café da manhã, andamos até o ponto de ônibus. Olhei por longos segundos a casa de Rebeca. Não sabia se ela já tinha ido para escola ou ainda iria.
   - Você gostou daquela garota, né? - Liu.
   - Não sei do que está falando! - me fiz de desentendido.
   - Sabe sim! - insistiu - Mas me responde uma coisa... De onde ela veio? Lembro de estar olhando pra rua e quando pisquei, ela estava em seus braços.
   - Ela disse que estava andando distraída, então nos esbarramos.
   - Estranho! - ignorei seu comentário e prossegui caminho.
   Sentamos no banco do ponto de ônibus, esperando. Então, do nada, um garoto de skate pulou por cima de nós, por apenas uns centímetros de nossas cabeças. Demos um salto, surpresos.
   - Mas que porra é essa? - falei com o susto.
   O garoto deu a volta, vindo até nós. Ele deu um pisão na ponta do skate, pegando na mão. Coisa boa não viria dali.
   Rebeca POV
   Acordei totalmente atrasada. Levantei da cama toda apressada e tropeçando em todos os lugares possíveis. Bati minha cara na parede com toda essa pressa. Peguei minhas botas e minhas roupas, indo direto pro banheiro. Tomei o banho mais rápido da minha vida.
   Comi um pedaço de torrada e um copo de suco. Durante o caminho, andava toda atrapalhada com minhas coisas. Cheguei na escola, fui direto para sala, fiquei por lá conversando com Jane.
   Meu corpo ficou todo arrepiado por um instante. Sabia que algo estava acontecendo ou iria acontecer. Era um sentimento horrível de que o perigo estava próximo. De repente, todas as coisas ao meu redor começaram a mudar. Me via em um lugar completamente diferente, com roupas completamente diferentes.
   Havia um homem segurando uma faca e uma arma. Não conseguia ver seu rosto, as sombras cobriam. O barulho do gatilho e da bala que foi disparada invadiu todo o ambiente. Senti uma grande dor no estômago. Olhei para baixo e vi meu vestido branco, agora corrigido com o vermelho. Estava perdendo todo o ar de meus pulmões, a última coisa que vi, foi um colar no outro canto da sala, perdendo seu brilho.
   Acordei com a voz de Jane me chamando. Só então reparei que a sala já estava cheia. Minha atenção foi de Jane para a porta, em que estavam Jeff e seu irmão Liu. A cara deles não era das melhores.
   Jeff POV
   - Ora, ora, ora. Parece que temos carne nova no pedaço. - falou o garoto do Skate que passou por cima de nós.
   De repente, mais dois garotos apareceram. Um super magro e o outro era enorme. Os três nos cercaram, impedindo nossa passagem.
   - Bem, já que vocês são novos aqui, gostaríamos de nos apresentar; aquele ali é o Keith - olhamos para o magrinho. Ele tinha uma cara de lerdo. - e o outro é o Troy.
   Troy era o garoto gordo, que provavelmente não fez um exercício físico na vida até hoje desde que começou a engatinhar.
   - E eu... - Disse o garoto do Skate - Sou Randy. Agora, deixe-me explicar; para todas as cianças nesse bairro há um preço pequeno para a passagem de ônibus, se é que você me entende.
   Liu se levantou, pronto para socar o garoto até que se virasse do avesso, quando um dos amigos daquele tal de Randy puxou uma faca e apontou para nós.
   - Pensei que fossem colaborar conosco, mas parece que vamos ter que fazer do jeito difícil.
   Randy se aproximou de Liu, tirando a carteira do bolso dele. Nesse momento, tive aquele sentimento estranho de novo. Mil vezes mais forte, como se estivesse me queimando por dentro. Levantei, Mas Liu pediu para que eu me sentasse novamente. Ignorei e andei em direção ao garoto.
   - Ouça aqui,seu merda, devolva a carteira do meu irmão ou...
   - Ou o quê? - Randy perguntou rindo, enquanto guardava a carteira em seu bolso.
   Não consegui me conter, uma força me dominou, fazendo com que eu fosse pra cima dele e socasse seu nariz. Quando ele tentou tocar o rosto, peguei seu pulso e quebrei. Ele gritou, então peguei a faca de sua mão. Troy e Keith correram para me pegar, mas eu era bem mais rápido. Joguei Randy no chão. Keith tentou me atacar, mas abaixei e apunhalei a faca em seu braço. Ele deixou a faca cair no chão, assim como seu corpo. Troy já vinha para cima de mim, mas nem precisei da faca, apenas o soquei no estômago, o fazendo cair de joelhos. Quando caiu, vomitou tudo para fora.
   Liu não conseguia dizer nada, nem ao menos se mover, apenas ficou parado olhando tudo aquilo assustado.
   - Como fez isso? - foi tudo que ele disse, até o momento que vimos um ônibus se aproximar.
   Pegamos nossas coisas e corremos o mais rápido que conseguiamos. Enquanto corriamos, olhamos para trás várias vezes e vimos o motorista do ônibus ir socorrer eles.
   Durante o caminho, fiz um acordo com Liu, de não contarmos isso para ninguém. Chegando na escola, fomos recebidos com milhares de olhares curiosos. Torci mentalmente para não estar sujo com o sangue daqueles idiotas.
   Fomos para secretaria, pegar nossos horários. Fomos atendidos por uma senhora de idade, que parecia meio perdida. Quando ela nos olhou, só faltou ter um ataque com o susto. Ela nos entregou os horários, o número dos armários e alguns materiais. Agradecemos e fomos em busca de nossos armários.
   Guardamos nossas coisas e fomos em direção da nossa primeira aula. No momento que entrei na sala, meu olhar rondou todo o local, até se fixar com os olhos dela. Por Deus, seu olhar era completamente hipnotizante, além de eletrizante!
   Rebeca POV
   Sorri para eles, como se estivesse surpresa em vê-los. É bom de se ver um rosto amigável quando se é novo em algum lugar. Eles se apresentaram para turma e sentaram em dois lugares vagos, um na minha frente e o outro na frente de Jane. Aqueles eram os lugares de Troy e Randy. Surpreendentemente não vi os dois desde que cheguei na escola. Isso era meio estranho.
   Comecei a ficar inquieta novamente. Tinha algo muito errado acontecendo. Aquela inquietute toda não era só minha. Meus poderes descontrolados fazia com que eu sentisse as coisas que alguém ao meu redor sente. Graças as aulas de magia com Dave, sei como identificar quem é. Toquei o ombro de Jeff, assustando ele. O mesmo se virou para trás.
   - Está tudo bem? - perguntei.
   - Sim e com você?
   - Estou bem. Mas você parece nervoso! - ri da situação.
   - É o primeiro dia de aula, norrmal estar nervoso. - ironizou ele.
   Fomos interrompidos pela diretora, que entrou na sala para dar um comunicado importante.
   - Sinto em lhes informar de uma trágica notícia! - olhei para Jane tentando entender alguma coisa, mas a face dela estava tão surpreendida quanto a minha - Três estudantes foram encontrados feridos no caminho para escola. Foram esfaqueados. A polícia os identificou como Troy, Keith e Randy.
   Senti todo o meu corpo se arrepiar.
   - Peço que todos tomem cuidado ao sair da escola essa tarde!
   Assim que ela saiu da sala, todos começaram a comentar sobre o assunto. A tempestade está se aproximando e tenho medo do que ela pode vir junto...
   As outras duas aulas passaram voando, no horário do intervalo, peguei meu dinheiro no armário e fui para lanchonete. Peguei uma bandeja com a comida do dia e fui me sentar na minha habitual mesa de sempre. Jeff e Liu pareciam meio perdidos em meio a multidão, acenei para que eles se sentassem comigo.
   - Obrigado! - Liu agradeceu pelo meu gesto, não pude deixar de sorrir.
   - Como está sendo o primeiro dia de vocês? - perguntei toda curiosa.
   - Está sendo realmente corrido! - brincou jeff.
   Ficamos conversando até o fim do intervalo, muitas vezes eu flagrava Jeff me observando com certo olhar curioso. Conversamos bastante o resto do período. Voltamos juntos para casa depois, tirando Jane que teve que sair.
   - Terminaram de desempacotar as caixas? - perguntei, puxando assunto.
   - Ainda não, faltam algumas que chegaram essa manhã. - Liu.
   - Eu posso ajudar vocês se quiserem! - ofereci minha ajuda, não tinha muito o que fazer o resto do dia.
    - Não precisa, a gente se vira! - Jeff tentou me convencer a não ir, mas eu já tinha tomado minha decisão, então fui até a casa deles e os ajudei a desempacotar as caixas que sobraram.
   A mãe dos dois me recebeu de braços abertos. Ela se apresentou, seu nome era Margareti. Ela disse que faria o almoço e que logo logo estaria pronto. Peguei uma caixa de roupas que tinha o nome de Jeff, então levei para seu quarto. Me surpreendi ao ver que ele decorou em tão pouco tempo, estava cheio de posters, a maioria de bandas de rock.
   Tirei as roupas da caixa e fui dobrando, minha atenção focou em um moletom branco. Ele parecia bem interessante, apesar de ser um simples moletom normal. Cheguei em um certo ponto que tinha cansado de dobrar as roupas, então estendi a mão e me concentrei, fazendo todas as roupas se arrumarem sozinhas e se guardarem. Nível de preguiça? Mais de 8 mil!
   Jeff entrou sem aviso prévio, me assustando. Coloquei a mão no peito, tentando acalmar meu coração.
   - Você me assustou! - dei um soquinho no ombro dele, rindo.
   - Você arrumou minhas roupas?
   - Arrumei! Algum problema?
   - Não! É que foi muito rápido, tipo... Muito rápido!
   - Eu tenho pressa em fazer as coisas.
   Ficamos em um minuto de silêncio totalmente constrangedor e nesse um minuto, pude notar que ele estava incomodado com algo.
   - Aconteceu alguma coisa, Jeff?
   - Não, eu só estou cansado mesmo.
   - O almoço está pronto! - Liu gritou do corredor.
   Abri a porta e desci as escadas até a sala de jantar. Após o almoço, tive que ir embora. Precisava fazer meus deveres de casa. Me despedi de Jeff e Liu, no momento que sai pela porta, senti uma força me puxar de volta. Olhei para trás e não avistei nada, além de Liu.
   - Está tudo bem? - ele perguntou.
   - Sim está! - sorri para ele e fui caminhando de volta para casa.
   Olhei uma última vez para trás, pensei ter visto a casa inteira em chamas, mas quando pisquei novamente, tudo estava normal. Entrei em casa, tomei um banho e troquei de roupa. Ouvi o barulho da porta da frente, logo percebi ser Dave. Terminei de me arrumar e desci as escadas. Ele trouxe consigo uma caixa de pizza e um refrigerante.
   - Vai ficar aqui essa noite de novo?
   - Achei melhor fazer uma pausa em meu trabalho no outro mundo. - ele falou todo sem graça - tudo bem pra você?
   - Você trouxe comida, está tudo ótimo!
   - Esfomeada!
   - Sou mesmo. - falei toda convencida - vou lá em cima buscar um cobertor, está ficando frio aqui.
   - Rebeca, eu achei algo interessante com uma amiga esses dias.
   - O quê?
   - Isso! - ele tirou uma caixinha de seu bolso e abriu, revelando um lindo colar de lua mingante, com uma pedra no meio, que parecia ter uma galáxia.
   - É lindo! - falei admirada, enquanto observava o colar.
   - Essa é uma pedra de sombra, na verdade, a única existente. Pois é uma antiguidade do outro mundo.
   - Eu já vi isso antes... Graciele tinha um em seu pescoço quando estava viva. Achei que fosse uma simples jóia.
   - Esse colar fornece proteção contra demônios, magia negra e qualquer tipo de perigo. Além de aumentar os poderes de quem o possuir.
   - Por que está com ele?
   - Descobri que ele pode te ajudar a controlar seus poderes, ainda mais agora que eles estão se desenvolvendo.
   - Obrigada, Dave!
   Tentei pegar o colar em mãos, mas no momento em que o toquei, senti minha pele arder em chamas.
   - Isso é ruim? - perguntei um pouco assustada.
   - Olhe sua mão.
   Fiz o que pediu e olhei. O formato do colar havia ficado em minha mão direita, mas logo foi brilhando e sumindo aos poucos.
   - As vezes eu me sinto lerda por não notar as coisas rápido! - afirmei, lembrando o significado daquilo. - Eu sou mesmo a última né?
   - Sim, você é a última!
   Aquele foi o momento em que senti todo o peso do mundo em minhas costas. O resto da noite foi baseado em Dave tentando me manter calma, pois eu me sentia completamente eufórica.
   Acordei no meu horário habitual, fui tomar meu banho e comer algo antes de sair. Dave me aguardava na porta, com as chaves do carro.
   - Quer me levar para escola?
   - Sim, tenho que conversar com a diretora da escola.
   Concordei e fui abrindo a porta de casa, Jane já tinha ido com sua mãe, então iria sozinha. Eu achava totalmente desnecessário ir de carro até a escola, sendo que eu sempre vou andando...
   [...] Duas semanas haviam se passado, fiquei bem mais amiga de Jeff e Liu nesse tempo. Conversávamos todos os dias e saímos algumas vezes. Essa tarde, após a aula, os dois iriam lá para casa. Temos um trabalho em grupo, de história. Disse para eles que poderia fazer sozinha, mas insistiram tanto.
   - Podem deixar suas bolsas em cima do sofá.
   Fui até a cozinha, preparar algo que a gente possa comer. Os dois me seguiram e se sentaram na bancada que ficava na divisa entre a cozinha e a sala de estar.
   - Bom, vou fazer comida para nós. Depois começamos o trabalho. - falei pegando um pote de vidro do armário.
   - Onde estão seus pais? - O pote caiu no chão, se quebrando em milhares de pedaços. Olhei para Liu com a cara mais assustada que tinha.
   - Meus pais?
   - Sim, você nunca nos falou deles, na verdade nunca vimos ele.
   - Meus pais? - repeti. - Ai meu Deus.
   - O que foi?
   - É que...
   A porta da frente abriu e de lá apareceu Dave.
   - Pai! - gritei, indo em direção a ele. - Chegou muito cedo!
   - Está tudo bem Rebe... - apontei com a cabeça para Jeff e Liu, fazendo com que Dave entendesse - Filha! Não me contou que traria visitas para casa.
   - Foi de última hora. Vamos fazer um trabalho de escola.
   - Vou estar no meu quarto se precisar de alguma coisa. - eu fazia gestos, meio que implorando para ele ficar, mas não adiantou em nada.
   Voltei para cozinha, com uma cara frustrada, pego a bandeja do chão, cheia de nachos. Os dois me olharam como se tivesse visto um fantasma.
   - O que foi?
   - A bandeja tinha quebrado! - Jeff apontou para a mesma.
   - Não estava não.
   - Sim estava! - Liu rebateu.
   - Vamos fazer logo esse trabalho.
   Comemos e fizemos o trabalho bem rápido, estávamos no tédio então resolvemos assistir um filme. No meio do filme me senti estranha, minha mão estava meio que formigando, olhei e lá estava a marca do colar, bem exposta. Fiquei um pouco enjoada, tentei me segurar, mas tudo parecia estar girando.
   Levantei do sofá e andei até as escadas, atraindo os olhares de Jeff e Liu sob mim. Fui até o quarto de Dave, abrindo a porta com tudo.
   - O que é isso? - mostrei a palma da minha mão para ele, estava ardendo de mais.
   - Não era para estar acontecendo isso. - ele pegou na minha mão, analisando mais de perto. - por acaso hoje é noite de lua cheia?
   - Sim, por que?
   - Tem que dizer para seus amigos irem embora!
   - O que vai acontecer?
   - Preciso levar você para um lugar o mais rápido possível.
   Concordei com ele e desci as escadas correndo, não percebi o último degrau e quase cai de cara no chão, mas fui pega por Jeff. Se não fosse por ele, teria sido um tombo muito feio. Senti meu rosto queimar, provavelmente estava toda corada.
   - Seria um tombo feio! -  ele comentou rindo.
   - Sim, seria! - ri.
   - Se beijem logo! - Liu gritou lá do sofá.
   Assim que pedi para os meninos irem embora, arrumei minhas coisas para sair com Dave. Ele me esperava no porão, com um grande livro. Já tinha visto aquilo em algum lugar, não me lembrava onde.
   - Pronta?
   - Aonde vamos?
   - Seja bem-vinda a Scary! - assim que ele disse isso, um grande portal se abriu.
   Do outro lado havia várias árvores e parecia estar de dia. Atravessei o portal e o mesmo se fechou atrás de mim. Olhei ao redor àquela grande e majestosa floresta.
   - O que fazemos aqui em Scary? Você vivia me dizendo que é super perigoso pra mim.
   - É noite de lua no outro mundo. Agora que você foi marcada, isso pode te afetar de formas imagináveis.
   - Vou virar um cachorro? 
   - Não, você não é uma lobisomem! Mas até que aprenda a controlar seus poderes, quero que nas noites de lua você fique aqui.
  - Tudo bem...
   Caminhamos um pouco até chegar em uma pequena casa. Escureceu rápido do lado de fora, a floresta parecia bem assustadora de noite. Não queria ficar do lado de fora para saber o que acontece por ali de noite.
   Me acomodei em um dos quartos da casa e fiquei por lá alguns momentos. Sentia como se estivesse presaa por correntes e ninguém pudesse me libertar do eterno tédio.
   - Não é tão ruim quanto parece. - Dave falou entrando no quarto.
   - Aqui não tem pessoas e internet. E eu não posso usar meus poderes! Então me diga como isso não é tão ruim quanto parece!?
   - Quem disse que não tem internet? - ele apontou para um roteador Wi-Fi.
   - Scary não é tão antigo como pensei. - ri.
   - A senha está em cima da mesa.
   Concordei e fui buscar. Digitei a sequência no celular e no computador, sentei na ccama e comecei a ver minhas notificações. Estava com vontade de conversar com Jeff, mas não tinha seu número ainda, por sorte tinha o de Liu. Dias atrás, ele colocou seu número em meu telefone pois iamos todos ao centro, comprar algumas coisas.
   "Hey, Liu! Como estão as coisas por ai?" - mandei a mensagem e esperei ansiosamente por sua resposta. Até que mostrou que ele estava online e digitando.
   "Rebeca! Só faz algumas horas que nos vimos, já está com saudades?"
   "Sempre, loirinho! kkk" - ele nem é convencido né? - "Você poderia me passar o número do Jeff? É que eu queria conversar com ele um pouco."
   "Tudo por minha futura cunhada!"
   "O QUE??"
   " Kkkk Aqui está o número."
   - Besta! - falei comigo mesma, rindo. Adicionei o número aos contatos, e fui direto ao seu perfil, mandar uma mensagem. Pensei no que Liu falou e fiquei envergonhada. Tomei coragem e logo mandei mensagem.
   "Hello Stranger!"
   "Rebeca?"
   "A única e exclusiva! kkk"
   " Tudo bem com você? Como conseguiu meu número?"
   "Liu me passou ele agora pouco... Estou ótima e você?"
   "Estou bem! Para onde você foi?"
   "Tive que sair com meu pai, alguns problemas familiares, mas voltarei logo pela manhã."
   Digitando...
   " Lembra de duas semanas atrás, quando nos conhcemos?" - perguntei.
   "Lembro, você surgiu do nada, caiu nos meus braços, foi muito constrangedor!"
   " Muito mesmo! Fico envergonhada só de pensar!"
   Conversamos por horas e horas, até que adormeci. Estava morta de cansaço, esse mundo era bizarro, no momento que entrei aqui, senti como se estivesse faminta e cheia de energia ao mesmo tempo, era estranho. Acordei no meio da noite um pouco entediada, fui até a cozinha buscar um copo d'água. A casa estava um completo silêncio. Fiquei observando a água no copo, logo ela começou a se mover, formando um tentáculo que ia para fora do copo em minha direção.
   levei ela até o copo de novo e a tomei normalmente. Ia caminhando de volta para o quarto, quando meu colar começou a brilhar, olhei mais ao fundo e vi uma porta que não tinha notado antes. Abri com certa cautela, havia uma mesa cheia de velas, com um grande livro. Se aquilo já não era estranho, vários morcegos surgiram, abaixei colocando as mãos no rosto, tentando o proteger. Eles simplesmente sumiram e apareceu uma pequena borboleta, passando por cima de cada vela, as acendendo.
   - Acho que fui drogada, só pode!
   Me aproximei da mesa e o grande livro se abriu sozinho, me assustando. Ele foi se folheando, até parar em uma página com várias escrituras e símbolos. As letras pareciam se mover sozinhas. Foquei em algumas que estavam paradas e com mais destaque.
   - Magias proibidas?
   - O que faz aqui? - Dave abre a porta e, automaticamente, o livro se fechou.
   - A porta estava aberta, achei que não tinha problema.
   - Fique longe desse livro!
   - Por que? - antes dele responder, senti algo grudar em meu pescoço. - O que foi isso?
   Fui até Dave. Ele afastou o cabelo do local e examinou. Por sua cara, não era coisa boa. Procurei por um espelho para ver o que era. Achei um espelho de mão, olhei para meu pescoço e estava meio vermelho, prestei mais atenção e vi algo se movendo. Era uma pequena aranha. Larguei o espelho, que caiu no chão e se partiu em milhares de pedaços.
   - O que é isso no meu pescoço? - perguntei em pânico.
   - Você foi marcada! Por um dos feitiços proibidos.
   - O que vai acontecer comigo?
   - Por enquanto nada, só aconteceu antecipadamente... - ele sussurrou a última parte.
   - Devo me preocupar?
   - Não, ainda não. Volte a dormir, amanhã teremos um longo dia. Essa semana será longa aqui em Scary.
   - Essa semana? Não iremos voltar amanhã quando a lua tiver ido embora?
   - Infelizmente não poderemos voltar ainda.
   - Por que?
   - Vamos treinar e tenho que te mostrar algumas coisas sobre esse mundo, coisas que um dia podem salvar sua vida.
   Não iria discutir sobre isso de jeito nenhum. Queria voltar logo para casa, mas aquilo era necessário.
   Uma Semana Depois
   Finalmente de volta para casa! Foi uma longa semana que eu prefiro esquecer por um longo temo, de preferência para sempre. Mas já passou, agora posso finalmente descansar. Deitar na minha cama e relaxar, sem me preocupar que algum monstro entre no meu quarto.
   - Enfim, em casa!
   - Não sei para quê isso, se ainda vai continuar trancada em casa sem fazer nada. - revirei os olhos com seu comentário.
   - Quem disse que eu ficarei em casa? - larguei minha bolsa no canto e estralei os dedos, mudando de roupa. - tenho assuntos inacabados no centro.
   - Tome cuidado!
   - As pessoas que deveriam ter cuidado comigo. - ri enquanto saia pela porta da frente.
   Andei até o ponto de ônibus, ouvindo música em meus fones de ouvido. A vizinhança parecia mais calma do que o normal, vários pássaros voando e crianças brincando pela rua. Minha cabeça começou a arder em chamas, isso foi doloroso de uma forma inimaginável. Demorou alguns segundos para voltar ao normal. Olhei meu reflexo em um dos carros parados. Meus olhos mudaram de cor, estavam violetas, logo voltaram ao normal. Sabia o que aquilo significava. Segui caminho sem pestanejar.
   [...] Me teleportei de volta para casa, subi as escadas e fui direto para o banheiro tomar o maior banho da minha vida. Estava muito cansada e precisava relaxar. Assim que sai do banho, andei até a varanda cantarolando Young God - Halsey. Sentei na cadeira e olhei para o céu. O dia estava realmente lindo, só faltava um pequeno toque, um grande arco-íris no céu. Estralei os dedos e um apareceu, tão lindo e tão nítido. Houve um barulho de porta se abrindo, olhei para o lado e lá estava ele, Jeff. Seus cabelos escuros e olhos claros.
   - Rebeca?
   - Jeff! - levantei surpresa ao ver ele, depois dessa longa semana. - como você está?
   - Bem e você? Esteve fora por uma semana!
   - Problemas famíliares.
   Ficamos em um silêncio constrangedor por alguns segundos, até que começamos a conversar sobre essa última semana. Jeff me contou que a semana foi um pouco corrida devido a alguns trabalhos e testes. Descobri que Liu tinha uma queda por Fernanda, uma garota da escola. Quanta coisa acontececendo eim! Jane até que se enturmou um pouco mais com os dois. Ele se apoiou na grade e me olhou mais fixamente nos olhos.
   - Está afim de entrar para jantar?
   - Está tão cedo...
   - Pode ficar por aqui e jogar alguma coisa comigo e com Liu.
   - Eu adoraria. - sorri e voltei para dentro. Avisei Dave que estaria na casa ao lado e saí.
   Bati na porta, que foi imediatamente aberta por Jeff. Levei um pequeno susto, não pude deixar de rir. Ele deu espaço para mim entrar.
   - Foi rápido! - comentei.
   - Ele ficou na porta esperando! - Liu gritou do outro lado da sala. Corei um pouco e fiquei constrangida.
   - É bom te ver também, Liu. - ele lançou um beijo no ar.
   Não sabia direito o que fazer, por impulso, abracei Jeff. Ele me abraçou de volta em certo momento, depois voltamos ao normal.
   - Não quer se sentar?
   - Claro! - concordei, indo até o sofá.
   Peguei um dos controles e comecei a jogar contra Liu, foi uma partida difícil no começo, mas logo me acostumei. 
   - Pois é, Liu. Parece que eu ganhei novamente. - falei vitoriosa.
   - Você estava roubando!
   - Eu roubando?
   - Toda vez que eu ia fazer algo incrível, você me empurrava.
   - No jogo vale tudo, maninho. - Jeff disse se levantando - vou no meu quarto e já volto.
   - Eu vou com você.
   Subimos as escadas entramos em seu quarto e ele foi buscar algo em seu guarda-roupa. Sentei na cama, observando a luz do sol, refletida na varanda. Me senti meio estranha, como se naquele quarto tivesse uma energia negativa que logo passou. Ignorei isso voltando aos meus pensamentos. Até que Jeff se senta ao meu lado.
   - O que acha desse lugar? - perguntei.
   - Não estamos aqui a tanto tempo, mas tenho meus motivos para gostar daqui.
   - Quais? - falei me virando para seu rosto, que estava bem próximo ao meu.
   - Não iria acreditar.
   - Tente!
   Nossas respirações foram se juntando em uma só. Estávamos tão próximos, até o momento que finalmente nos beijamos. Foi um momento misturado de sentimentos, com as borboletas no estômago. Jeff me empurrou para trás, fazendo com que eu me deitasse na cama, ele ficou por cima de mim e continuamos nosso beijo. As coisas foram ficando mais quentes, suas mãos deslizavam pelo meu corpo criando calafrios por onde passavam. Algo me dizia para não continuar com aquilo, então parei e olhei em seus olhos.
   - Não estou pronta, Jeff. - ótimo, tantas coisas para se falar e eu solto logo esse clichê.
   - Tudo bem. - ele saiu de cima de mim, deixando um espaço para que eu pudesse me levantar.
   Ajeitei minhas roupas e meu cabelo. Olhei no espelho e não conseguia parar de sorrir. Virei para trás e esbarrei em Jeff. Ele me segurou pela cintura e iniciou outro beijo, aquilo foi maravilhoso. Nos separamos por falta de ar e  por sermos interrompidos por uma voz no corredor.
   - Filho, a comida está pronta! - Margaret gritou.
   Dei um selinho nele e sussurei um " Depois conversamos sobre isso". Ele concordou e descemos as escadas para jantar. Na minha opinião, era muito cedo para jantar, mas não sou de recusar comida, então não ligo.
   - Rebeca, por onde esteve essa semana? Não vi você sair de casa. - Peter perguntou.
   - Eu estava doente. Muito, muito doente. Meu pai me levou até o hospital algumas vezes.
   - Se sente melhor?
   - Muito melhor, obrigada.
   Jantamos e conversamos, depois fomos ver um filme. Margaret e Peter tveram que sair para resolver alguns assuntos da casa, Liu subiu para o quarto, afirmando estar muito cansado. Fiquei na sala junto com Jeff, assistindo Independence Day.
   - O que aconteceu mais cedo... - ele começou a dizer. - desculpe se não gostou, foi por impulso.
   Eu ri de seu nervosismo, me levantei e sentei em seu colo. Coloquei suas mãos em minha cintura, seus olhos pareciam brilhar, mesmo no escuro, me aproximei de seus lábios e o beijei de uma forma que não queria parar, ignorando minha falta de ar.
   - Eu adorei o que aconteceu mais cedo, adorei mesmo.
   - Gostaria de repetir?
   - Ainda pergunta? - e assim se iniciou uma longa noite.
   Jeff POV
   Acordei com Rebeca ao meu lado na cama. Ontem de noite, meus pais acabaram chegando, então ela voltou para casa. Mas no meio da noite, pulou a varanda e se deitou comigo. Não levem para o mau caminho.
   Conversamos a noite toda, ficamos um pouco, até que adormecemos. Levantei agora da cama e fui me arrumar para escola. Tomei meu banho, coloquei minha roupa e quando voltei para o quarto, Rebeca já estava acordada se olhando no espelho.
   - Bom dia! - disse toda alegre como sempre.
   - Bom dia! Dormiu bem?
   - Muito bem. Já está pronto para escola?
   - Me arrumei enquanto você dormia. Acho que você deve correr, se quiser ir também hoje.
   - Tem razão. Nos encontramos por lá? - Assenti. Ela se levantou e foi até a varanda, pulando a mesma.
   Senti uma grande pontada no coração, esse sentimento estava ficando cada vez mais forte, não saberia explicar o que era. Terminei de me arrumar e me olhei no espelho tentando buscar uma resposta para uma pergunta que ainda não fiz e nem mesmo pensei em fazer. Desci as escadas para tomar café da manhã, estava todo apressado, peguei alguns cookies e sai pela porta puxando meu irmão.
   - Por que tanta pressa? - perguntou.
   - Não estou com pressa, só quero chegar logo na escola antes que o dia piore.
   Pegamos o ônibus e fomos até a escola. No segundo que chegamos, demos de cara com Rebeca e Jane. Estranhei isso pois, quando sai, Rebeca ainda se arrumava em seu quarto, não tinha como chegar primeiro do que eu.
   - Bom dia, meninos. - as duas falaram rindo. Rebeca me encarou com aqueles lindos olhos e seu sorriso maravilhoso.
   - Como você está? - pergunteis sem desviar meu olhar do seu.
   - Me sinto ótima e você?
   - Igualmente!
   Liu fez um sinal para Jane e os dois se retiraram. Rebeca segurou na minha mão e foi se aproximando cada vez mais, iriamos nos beijar novamente. Estava ansioso por isso, mas uma grande rajada de vento surgiu, fazendo as coisas voarem. Ela olhava para os lados assustada. Pegou um papel do chão, ajeitou o cabelo atrás da orelha, leu o papel com atenção, voltou a olhar para os lados como se tivesse visto algo. Nesse momento, tudo parecia estar sem som e em câmera lenta. Ela amassou o papel, jogou longe e saiu caminhando sem dizer nada, por alguns segundos pensei ter visto seus olhos mudarem de cor e uma marca em seu pescoço.
   Tentei ir atrás dela, mas era como se estivese paralizado. Jane chegou perto de mim e me segurou pelo rosto.
   - O que você viu, Jeff?
   - Jane, você que conhece ela a mais tempo, o que tem de errado com ela?
   - Nada.
   Ela disse e se retirou também. O sinal tocou e fomos para sala de aula. Sentei em meu lugar, aguardei pelas duas que apareceram de seguida. Rebeca não parecia estar muito bem, estava pálida e cambaleante. Por um momento quase caiu, até que a peguei pelo braço.
   - O que aconteceu com você?
   - Me sinto fraca.
   - Vou te levar para enfermaria! - ela negou, mas eu a peguei no colo e carreguei até lá.
   Atraimos bastante olhares para nós dois. Isso pouco me importou, estava preocupado com ela. Não tinha ninguém na enfermaria, tivemos que esperar o pai dela chegar para levá-la ao hospital. Assim que o tal de Dave chegou, ajudei ele a colocá-la no carro. Insisti que deveria ir junto mas ele negou, dizendo que estariam bem.
   Não conseguia confiar nele de jeito nenhum. Rebeca estava muito mal e parecia sentir dor. Ela me observava da janela do carro, com tristeza em seu olhar. De repente ela vomita uma coisa azul, misturado com vermelho. Não deu tempo de questionar. O carro partiu e agora eu tinha a total certeza de que havia algo de errado com aquela garota.
   Rebeca POV
   O papel que peguei minutos mais cedo tinha um recado diretamente de alguém do mundo Scary. Estava escrito um feitiço, não sabia dizer qual, mas no momento que li, as coisas ficaram estranhas... Deixei Jeff falando sozinho, fui até o lado de fora da escola e fiz uma ligação.
   - Rebeca?
   - Dave, algo aconteceu e isso está...
   Parei de falar quando senti uma grande dor no peito, como se tivessem me dado um tiro. Minha visão foi escurecendo, o ar escapando, voltei para escola e fui direto para sala. A última coisa que me lembro é de Jeff me carregando para enfermaria.
   Acordei e estava em casa, deitada no meu sofá. Olhei em volta, Dave estava parado, segurando o grande livro que estava no porão.
   - O que aconteceu?
   - Você me ligou, sabia que tinha algo de errado quando a escola me ligou de volta. Fui te buscar e você desmaiou.
   - Jeff?
   - Ele ficou na escola. Disse que te levaria para o hospital, então ele não se preocupou tanto. Temos que descobrir o que você tem, antes que Scary perceba algo errado.
   [...] No relógio marcava quatro da tarde, estava cansada de ficar deitada naquele tédio. Dave estava na cadeira ao lado da minha cama, lendo aquele grande livro em busca de algo. Virei de um lado para o outro, no total tédio e bufando toda hora.
   - Se eu sou a dona de todos os poderes existentes e a última escolhida...
   - E lá vamos nós de novo! - ele me interrompeu.
   - Eu posso ser uma sereia, vampira, fada ou qualquer coisa do tipo?
   - Sim, Rebeca! Já disse que pode ser o que você QUISER.
   Levantei, peguei o grande livro da mão de Dave e dei uma folheada. Haviam coisas muito interessantes. Li algo sobre a destruição dos mundos e o poder da escolhida, sabe o que entendi? Isso mesmo, nada!
   - O que é essa tal destruição dos mundos?
   - Uma antiga lenda do mundo Scary, em que eles viam vários lugares sendo destruídos, por conta da morte da escolhida. Isso desequilibrou o estado natural das coisas.
   - Interessante... - passei adiante.
   O tempo começou a fechar, peguei um guarda-chuva e saí na rua. Precisava andar um pouco e relaxar. Fui até o ponto de ônibus, sentei no banco e esperei. Meu corpo vibrou intensamente, várias vezes, até voltar ao normal.
   Para minha sorte, o guarda-chuva quebrou e eu fiquei toda molhada. Não me incomodei com isso, fiquei por lá de qualquer jeito. Estralei os dedos e a chuva parou, repeti meu movimento e  me sequei num passe de mágica.
   - Beca?
   - Liu? O que faz aqui?
   - Estava vindo pegar o onibus, vou sair com Fernanda.
   - Fernanda é? - ele concordou - e todo esse tempo eu achei que era o amora da sua vida! - fiz drama, fingindo estar chorando.
   - Eu nunca roubaria o amor da vida do meu irmão. Mas ainda sim você é minha favorita! - rimos descontroladamente. - Por falar em meu irmão, ele me espera no shopping, quer vir junto?
   - Adoraria.
   O ônibus chegou e fomos direto ao shopping. Assim que chegamos, demos de cara com Jeff segurando uma sacola, parecia ter um embrulho de presente.
   - O que faz aqui, Rebeca? Pensei que estivesse no hospital.
   -Eu... estava, mas voltei para casa logo, já me sentia melhor. E você?
   - Eu vim comprar algumas coisas.
   - Pra quem é o presente? - balancei a cabeça negativamente, afastando milhares de pensamentos. - pretende fazer alguma coisa o resto da tarde?
   - Vim encontrar Liu, para irmos ao cinema.
   - Liu me disse que ia encontrar com Fernanda.
   Viramos para questionar Liu e ele já estava do outro lado do shopping. Ele armou pra gente, não acredito nisso.
   - Ta afim de assistir um filme?
   - Claro, mas só se eu pagar! - insisti e ele aceitou.
   Compramos os ingressos e passamos em uma loja antes. Lá encontrei com Jane, na verdade esbarrei com ela. Levei um grande susto.
   - Jane? O que faz aqui?
   - Vim por causa de uma promoção, não vejo você a dias, por onde esteve?
   - Em Scary, treinando novos poderes e coisas do tipo.
   - Esteve em Scary? Como é lá? Tem muitos monstros?
   - Fiquei em uma área protegida, invisivel para outros monstros.
   - Que sorte! - conversamos por alguns minutos, até Jeff voltar com alguns chocolates.
   - Você gosta de qual? Ah, oi Jane!
   - Olá, Jeff. Estão juntos?
   - Juntos, como? - perguntamos ao mesmo tempo.
   - Vocês ficaram né?
   - O que? - gritamos juntos novamente. - Claro que não!
   - É ficamos... - falei por fim.
   - Desculpe atrapalhar o encontro de vocês.
   -  Isso não é um encontro, ou é? - perguntei para Jeff.
   - De qualquer forma, já vou indo para casa. Nos vemos amanhã na escola.
   Nos despedimos de Jane e subimos para o cinema, entregamos o ingresso para o moço e entramos na sala. Sentamos bem no fundo, em um lugar de dois. O filme começou e fizemos várias piadas e comentários sobre os trailers e o filme. Era um filme de ação e comédia, então dava para se divertir bastante. Em alguns momentos, Jeff e eu nos beijamos algumas vezes, mas sem segundas intenções.
   Ouvimos alguém gritando do outro lado do cinema, olhamos e era Liu junto com Fernanda. Aquele safado armou tudo isso! Ótimo plano, Liu. Ótimo plano. Jeff disse para ignorarmos ele, então deixamos os dois de lado e voltamos ao que estávamos fazendo.
   Quando o filme acabou, fomos para a praça de alimentação. Pegamos alguns lanches e ficamos sentados conversando. Até que Jeff tocou em um assunto delicado.
   - Pensei que tivesse viajado nessa semana que esteve fora.
   - E viajei.
   - Quando foi lá em casa, disse ao meu pai que estava doente e foi para o hospital.
   Soltei os talheres no prato, fazendo um barulho estridente, por sorte ninguém além de nós conseguiu notar o barulho. Pensei em milhares de formas de fugir desse assunto. Ajustei o colar em meu pescoço.
   - Como disse, problemas familiares, doença na familia, acabei sendo contaminada. Mas não foi nada grave. - ele parou pra pensar e apenas concordou com o que eu disse.
   - Hoje cedo você não estava muito bem, melhorou?
   - Sim, só precisava de um tempo... - ficamos em silêncio, até que me lembro do que Liu fez - Liu realmente quer ver nós dois juntos!
   - Ele acha que somos ótimos juntos.
   - E o que você acha?
   - Já que comentou - ele segurou minha mão e olhou fundo em meus olhos. - O que acha de nós dois? Nos dariamos bem, juntos?
   - Jeff, o que está sugerindo?
   - Quer namorar comigo?
   Sabe quando seu coração para e você sai da terra por alguns momentos? Era assim que eu me sentia, não conseguia responder de primeira. Pisquei várias vezes, tentando acordar, mas aquilo não era um sonho. Jeff ainda esperava uma resposta.
   - Então, o que me diz?
   - Eu adoraria!
   [...] Acordei no meio da noite, após um pesadelo horrível, não me lembrava dos detalhes. Virei para o lado e abracei Jeff, ele dormiu na minha casa essa noite, depois que voltamos do cinema. Ele pulou a varanda e ficamos conversando até cair no sono. Levantei para ir na cozinha berber um copo d'água. Estava com tanta preguiça e dores insuportáveis em meu peito, fiz o copo aparecer.
   - Como fez isso? - Jeff me assustou, fazendo derrubar o copo no chão.
   - A quanto tempo está acordado me observando?
   - Senti você se mover na cama.
   - Seus pais vão ficar preocupados com você ou ficar muito bravos. Não acha que deveria voltar para casa?
   - Estou melhor aqui.
   Terminei de beber minha água e voltei a dormir. Minha mente estava cheia de pensamentos. Não sei se era um pesadelo ou se estava tendo visões do futuro como sempre faço. Acordei no outro dia com barulhos vindos do andar de baixo, Jeff ainda dormia, então sai sem acordar ele. Peguei algumas roupas no armário e fui direto para o anheiro tomar um banho, quando voltei para o quarto, Jeff já tinha partido. Mandei mensagem para que me esperasse do lado de fora.
   - Trouxe aquele garoto para cá ontem de noite né?
   - Não sei do que está falando, Dave!
   - Rebeca!
   - Sim, ele passou a noite aqui, mas não fizemos nada!
   - Tem que tomar cuidado com ele.
   - Ele nunca me maxucaria.
   Tomei café e sai pela porta cantarolando, Jeff estava no ponto de ônibus, juntamente a Liu. Eles pareciam rir de alguma coisa. Cheguei ao lado deles e logo os cumprimentei. Liu parecia todo alegre, não saberia dizer o motivo.
   - Pela sua cara, Jeff já deve ter contado!
   - Nem precisei, Liu me viu entrar pela janela hoje cedo.
   - Típico. - ri. - Já que não temos nada para esconder, vamos seguir caminho? Não sei por que vamos de ônibus sendo que a escola é logo ali.
   - Somos preguiçosos! - Liu. - mas já que insiste, vamos andando.
   Assim fizemos, andamos até a escola e no momento que chegamos, atraímos milhares de olhares. Eu estava adorando toda aquela atenção. Várias pessoas falando e falando. Osinal tocou e fomos diretamente para sala.
   - Bom dia, Jane! - falei me sentando ao seu lado.
   - Bom dia.
   - Faz muito tempo que não conversamos, como está?
   - Está namorando com Jeff?
   - Sim! - disse toda feliz.
   - Quando pensou em me contar?
   - Ia te contar agora...
   - Não pode ficar com ele, Beca!
   - O que vai fazer se um dia ele descobrir quem você é?
   - Ele não vai descobrir!
   - O que eu não vou descobrir?
   Jeff estava bem atrás de mim, acho que entrei em pânico, apontei minha mão para ele e um feixe de luz saiu, por sorte não o atingiu, ou sabe Deus o que teria acontecido. Ele se abaixou como se estivesse se desviando.
   - O que foi isso?
   - Isso o que? - tentei disfarçar.
   - Essa luz!
   - Eu não vi nada, você viu alguma coisa Jane? - ela revirou os olhos e negou.
   Ele continuou a insistir, mas desviei o assunto pelo resto do dia. No intervalo ficamos sentados em nossa mesa de sempre, Jane estava meio irritada com alguma coisa. Não consegui entender de principio, até que me caiu a ficha. Jane estava com ciúmes, porque ela gosta de Jeff.
   - Sei que consegue ler minha mente - essa era Jane falando comigo telepaticamente - estou indo até ai.
   - O que há de errado com você? - perguntei assim que ela chegou na mesa.
   - O que tem de errado comigo? O que tem de errado com você!? - ela gritou batendo na mesa.
   - Meninas, o que aconteceu? - Liu gritou.
   - Têm que ficar longe dele, Rebeca! É perigoso.
   Me levantei para partir para cima dela. Estava ficando furiosa com aquela situação. Liu segurou meu braço e sussurrou um "Não vale a pena". Me soltei de sua mão e continuei andando, conforme eu passava pelos corredores, as coisas se descontrolavam ao meu redor. Respirei fundo, contei até três e fui até a biblioteca. Ouvi passos atrás de mim, não virei para saber quem era. Estava tão appressada que nem notei que esbarrei em uma prateleira.
   - Rebeca!
   - Virei para trás e vi Jeff chamar por mim, juntamente a Liu.
   A estante de livros caiu sobre mim, ergui minhas mãos e impedi que isso acontecesse. Usei meus poderes, fazendo com que a estante ficasse parada no ar, poucos centímetros de mim, por sorte nenhum livro atingiu meu rosto ou qualquer outra parte do meu corpo. Isso não é hora de pensar em seu rosto, Rebeca!
    - Jeff, Liu, eu posso explicar! - tentei dizer, mas aquela estante estava realmente difícil de segurar - podem me ajudar aqui, por favor!?
   Eles correram até mim e levantaram a estante, ajudei com um pouco da minha magia. Suspirei pesadamente quando já estava de pé. Limpei minha roupa, afastando toda a sujeira do meu corpo.
   - Como fez aquilo? - Liu foi o primeiro a se manifestar. Jeff ainda estava tentando processar tudo.
   Olhei para os dois e para estante, não consegui pensar em nenhuma desculpa. Por mais que eu me arrependa disso futuramente, tenho que contar a verdade para os dois.
   - Me encontrem em casa depois da escola, eu conto tudo para vocês! - os dois concordaram.
   Peguei minhas coisas e saí da escola. Fui para a delegacia conversar com Dave sobre Jane. Entrei na sala dele já batendo a porta, toda irritada.
   - O que aconteceu agora?
   - Jane! Ela está estranha. Não sei se podemos confiar nela novamente... - Dave ficou quieto apenas ouvindo, ele deve saber de algo. - O que não quer me contar?
   - Jane têm razão!
   - Oi?
   - Não pode ficar perto dele, Rebeca. É perigoso!
   - Não vou machucá-lo.
   - Mas ele pode machucar você!
   - Ele não faria isso! - meus olhos começaram a se encher de lágrimas. - Jeff é um garoto normal, um ótimo garoto.
   - Sabe o que esse "bom garoto" fez com alguns meninos de sua escola?
   - Ele fez em total defesa!
   - Não é o que testemunhas dizem.
   - Nos dê uma chance, Dave! Só uma! 
   - Tudo bem. Agora vá para casa, eu cuido de Jane.
   Concordei e estalei os dedos, me teleportando de volta para casa. Tomei um banho, troquei de roupa e fui direto para a porta no segundo em que senti eles se aproximando. Abri a porta antes mesmo deles pensarem em bater.
   - Entrem antes que Jane os veja!
   - Como fez aquilo com a estante? - perguntaram já entrando na casa.
   - Por mais estranho que seja, tem uma explicação para isso, mas talvez não acreditem em mim.
   - Tente! - Liu.
   - Eu tenho poderes.
   - É uma feiticeira? - Jeff.
   - Mais ou menos isso. Sou uma bruxa, feiticeira, etc.
   - Etc?
   - Tenho uma linha de poder infinito. Posso fazer várias coisas, como aparecer ou desaparecer. Me teletransportar, mover objetos ou água. Transformar coisas em outras... Posso mostrar se quiserem.
   Eles concordaram.
   Fiz aparecer um copo d'água, coloquei sob a mesa, estiquei minha mão me concentrando, a água começou a se mover no ar. Fiz vários movimentos com ela e a coloquei de volta no copo.
   - Por que nunca me contou? - Jeff.
   - Não é algo que simplesmente se diz da boca para fora! É um segredo de "família".
   - Isso é incrível! Como faz isso? Me ensina? - Liu se empolgou de novo.
   - Liu, você não têm magia em seu sangue! - ri um pouco. - Espero que isso não incomode vocês... Espero que isso não mude nada sobre nós dois. - falei mais especificamente para Jeff.
   - Esse detalhe não vai mudar o que sinto por você!
   Semanas depois
   Finalmente era sábado novamente! Não aguentava mais ir para escola essas semanas. Estive bem longe de Jane e bem próxima de Jeff. Mas estava tudo estranho, tudo calmo até de mais. Jeff, Liu, eu e Fernanda saindo. Fernanda não ficava muito com a gente, mas saia de vez em quando por causa de Liu. Ela era uma boa garota apesar de ser um pouco sonsa na maioria das vezes.
   O fato de não ver Randy, me deixa bastante preocupada, principalmente sabendo o que Jeff fez. Randy daria um jeito de se vingar de alguma maneira ou outra.
   Fiquei a manhã toda deitada assistindo televisão. Não tinha nada para fazer, Jeff estava dormindo ainda.
   - Não! - gritei.
   - Nem sabe o que eu vou sugerir! - Dave diz entrando no quarto.
   - Vai dizer pra gente treinar um pouco. Não to afim, "papai".
   - Larga de ser chata! - mostrei a língua pra ele. - agora está sendo infantil.
   - Me deixa vegetar em paz! Hoje é sábado.
   - Nada de vegetar! Vamos passar o resto da tarde treinando seus poderes.
   - Não to afim. - me virei para o lado e tentei dormir novamente, mas ele me puxa pelo pé. - Me larga! - comecei a gritar.
   - Vamos logo, Rebeca! São só 3 horas.
   - Não! São três horas de pura tortura!
   - Se for treinar comigo, eu te dou o livro.
   - Agora estou ouvindo. - ele revira os olhos. - se me der o livro e o deixar por total custódia minha, treino com você sempre que quiser!
   - Se eu te der o livro, têm que me prometer com seu coração e alma que vai cuidar com sua vida.
   - Eu prometo!
   O resto da tarde nós treinamos por horas e horas. Quando a noite chegou, pedimos uma pizza e ficamos vendo filme. Por um momento lembrei que ainda não disse para Dave que Jeff e Liu decobriram meu segredo.
   - E nem precisa dizer! - ele disse como se estivesse lendo minha mente. - Sim, estou lendo sua mente!
   - Isso é invasão de privacidade!
   - Não no meu ponto de vista, sendo que você faz o mesmo.
   - E você sempre me bloqueia com algum encanto ou sei lá!
   - É para o seu próprio bem.
   - Sei.
   ~ Dias depois ~
   Evitei ao máximo as pessoas. Não fui para escola, não sai de casa, fiquei trancada. Fechei todas as portas e janelas da casa, que agora permanece em um completo escuro. A não ser pela luz do abajur acesa. Troquei as fechaduras para que Jane não entrasse. Desliguei os telefones, tudo.
   Estava assim tem 4 dias. Sentada no sofá da sala fitando o nada. Tentando ao máximo esvaziar a mente, para que não saísse do controle. Mas minha mente estava uma bagunça. Por fora eu parecia um vegetal lobotomizado. Por dentro eu estava em caos. Tudo isso graças ao treinaento intensivo de Dave e ao livro. Descobri coisas que ninguém poderia imaginar. Jeff veio aqui em casa algumas vezes, mas não cheguei a abrir a porta.
   - Você deve ir para escola hoje, a direão me ligou perguntando o motivo de você não ter ido esses 4 dias.
   - Não posso voltar, não com o que eu descobri.
   - Rebeca, sabia que era cedo de mais para te dar o livro. Deveria ter insistido mais para que não o lesse.
   - Está tudo bem... - fiz uma pausa - você têm razão, devo voltar para escola. Mas antes, me faça um favor?
   - Suma com o livro, vá com ele para o mais longe possível e o guarde em um lugar seguro que ninguém possa achar.
   - O que aconteceu, Rebeca?
   - Eu vi alguém roubando o livro e isso gerou um caos.
   - Está tendo visões?
   - Estive treinando isso. - levantei do sofá e fui trocar de roupa.
   Peguei uma calça branca, botas de salto com cano curto e uma camiseta azul. Arrumei o cabelo e peguei minha bolsa. Tudo parecia estar em ordem, até Dave pegar o grande livro.
   - Não têm como eu esconder ele agora e não podemos deixá-lo aqui em casa sozinho.
   - Fala como se o livro fosse um cachorro! Me dê. Levarei ele comigo. Nos vemos mais tarde? - ele concordou. Guardei o livro na bolsa e me teleportei para escola.
   Apareci no corredor, ao lado do banheiro. Entrei para me olhar no espelho, estava tudo certo. Até meu colar começar a brilhar e o livro se mover dentro da bolsa. Bufei derrotada e entrei no banheiro de deficientes. Fiquei no cantinho, para não chamar atenção caso alguém entre no banheiro. Abri o livro e ele foi folheando até a página de feitiços proibidos.
   - Feitiço da eternidade? Mas isso é impossível!
   Ouvi o barulho da porta se abrindo, fechei o livro rápidamente e saí de lá. No meio do caminho até a sala de aula, esbarrei com Liu, ele ficou muito surpreso em me ver, como se não tivessemos nos visto em meses e meses.
   - Rebeca? Por onde esteve, de novo?
   - Longa história, mas preciso ir para sala agora.
   - Eu te acompanho, temos a mesma aula. - concordei.
   O caminho parecia tranquilo, até que viramos o corredor e vi Jane junto com Randy. Eu realmente não entendi aquilo. Havia algo muito errado com ela, agora isso!?
   - Jane, o que faz com eles?
   - São meus amigos.
   - Amigos? Eles são uns... Isso não importa agora! Preciso da sua ajuda.
   - Fica longe dela! - Troy ficou na minha frente, enquanto Randy segurava Jane pela cintura próximo ao seu corpo. Me afastei, apenas afirmando com a cabeça e aceitando tudo aquilo.
   - Vamos, Beca! - Liu me puxou pelo braço, mas não pude deixar de ouvir o comentário de Troy.
   - Vocês viram os olhos dela? Ficaram vermelhos...
   Isso era um péssimo sinal.
   Quando fomos para sala, estranhei não ter visto Jeff a manhã toda, então Liu me contou que ele resolveu ficar em casa essa manhã, não estava se sentindo muito bem.
   - Mas e ai, me conte mais sobre seus poderes!?
   - O que quer saber?
   - Posso ter também?
   - Você com poderes? - rimos - imagine o estrago que isso seria! Mas respondendo sua pergunta, sim, qualquer um pode ter poderes, mas é difícil consegui-los. E é preciso de um grande ser poderoso para isso.
   - Quais são as vantagens de ter poderes?
   - Várias e várias, mas as desvantagens conseguem ser maiores.
   - Por que?
   - Segredos, manter pessoas fora disso para não se machucarem e etc... Pois como nos filmes, sempre tem os bonzinhos e os vilões.
   - Isso é realmente complexo!
   - Nem imagina. - conversamos durante as aulas e o intervalo. Na saída, iamos embora juntos. - E existêm também aqueles seres mitológicos e etc.
   - E o que mais predomina?
   - As lendas, nãos as boas, aquelas que todos temem, tipo as famosas Creepypastas.
   - Lendas da internet?
   - Bizzarro, não!?
   - Muito!
   - E aqui estamos, de frente para nossas devidas casas.
   - Quer ficar consco hoje?
   - Se não for encomodo.
   - Você é a namorada do meu irmão, é bem vinda sempre que quiser.
   - Liu, por que demorou tanto para chegar? Seu irmão foi ao mercado comprar algo para você comer, seu pai foi para o escritório e eu tenho que ir no banco.
   - Eu fui ajudar Rebeca com uma surpresa para Jeff, mãe.
   - Olá, Rebeca! - sorri para Margaret e a abracei. - tudo bem com você? Desculpe a pressa, mas estou muito atrasada mesmo.
   - Posso imaginar! Mas tenho certeza que chegará no tempo certo.
   - Espero que sim, até mais tarde!
   - Até. - nos despedimos.
   - Surpresa para o Jeff? Até que não seria uma má ideia! - falei entrando na casa. - acho que vou fazer alguns doces.
   - Deixa eu lamber a tijela?
   -Deixo, agora vêm me ajudar.
   Meia hora depois, estávamos Liu e eu assistindo um programa de comédia. Até o momento que Jeff chegou. Liu desligou a televisão e subiu para seu quarto, dando a desculpa de que precisava fazer o dever de casa.
   - Hello Sweet! - falei de forma tão meiga, com um sorriso no final. Ele largou as sacolas no sofá e me deu um grande abraço. - desculpe ter sumido, de novo.
   - Senti sua falta, pensei que estava em perigo.
   - Eu estou bem! Fui para escola hoje, mas você não estava lá.
   - Não estava em clima de escola, ainda mais com aqueles caras, trombei com eles na rua e... - ele balançou a cabeça, tentando esquecer o que aconteceu. - Mas enfim...
   Puxei ele para mais perto, selando nossos lábios em um loongo beijo. Senti falta do beijo dele, desde a última vez. Paramos por causa da maldita falta de ar.
   - Ai meu Deus! Esqueci os bolinhos no forno! - sai correndo para cozinha, quando cheguei, Liu já estava comendo um deles - Mas quem mandou o senhor comer os bolinhos?
   - Se não fosse por mim, eles teriam queimado enquanto vocês dois se comiam na sala. - falou todo convencido.
   - Ah, então é assim? - ele assentiu. Levantei minha mão direita, repetindo algumas rimas em minha mente, isso fez com que um balde d'água ficasse por cima da cabeça dele e despejasse todo o líquido sobre ele. - O que você disse mesmo?
   - Isso foi rude, Darling e terá volta! - Nós não conseguíamos parar de rir, por nenhum segundo. - Olha... Estou todo ensopado, não quero molhar toda a casa, você podderia me ajudar?
   - Qual a palavrinha mágica?
   - Por favor? - estendi a mão e repeti novas rimas, em um segundo, Liu estava com roupas novas e completamente seco. - Muito obrigado!
   - Não por isso!
   Peguei os bolinhos, para conferir se já estavam no ponto, de fato estavam. Coloquei em um grande prato, nos servimos e ficamos sentados no chão da sala. Não colocamos nenhum filme, apenas conversamos, como sempre, vieram as curiosidades sobre meus poderes.
   -Existem fadas?
   - Possivelmente, Dave diz que são seres muito fáceis de se extressar, então deve-se ter cuidado.
   - Vampiros?
   - Muito agressivos, dependendo da espécie.
   - O que mais deveriamos saber? - Jeff pergunta meio hesitante.
   - Têm algo que não mencionei... - olhei no espelho antes de prosseguir, meus olhos foram do castanho claro ao cinza, mas logo voltaram ao normal. - O equilíbrio dos dois mundos da-se por uma pessoa especial, que possui todos os poderes existentes.
   - Todos os poderes existentes? - perguntaram juntos.
   - Absolutamente todos que conseguir imaginar. Continuando, essa pessoa especial é chamada de "Escolhida". O dever da escolhida é manter o mundo na linha, evitar certas catástrofes. Sem ela, os mundos estariam perdidos. Por ter grandes poderes, muitos têm o desejo de matá-la ou de roubar seus poderes.
   Respirei fundo, me lembrando da história que Dave me contou sobre a morte de Graciele.
   - A penúltima escolhida, foi Graciele, era uma ótima pessoa, uma bruxa incrível, fazia coisas com sua magia que ninguém conseguia imaginar.
   - O que aconteceu com ela? - Jeff perguntou.
   - Ela morreu têm um tempinho.
   - Mas você não disse que se a escolhida morre, o mundo entra em caos? - Liu.
   - Os videntes, eles previram a morte dela. Como eu disse, ela foi a penúltima escolhida. Estava previsto que depois da morte dela, surgiria a última escolhida. Um ser indestrutível, poderoso e imortal.
   - O que isso têm haver com você?
   - Eu sou a última! - um silêncio instalou-se na sala, foi meio constrangedor. - Descobri isso na semana em que nos conhecemos.
   - Grandes poderes vêm grandes responsabilidades. - Jeff citou. - Então... Você é imortal?
   - Sim, não, depende! É uma história complicada.
   - Por que brigou com Jane?
   - Nosso relacionamento - apontei para mim e para Jeff - ela disse que seria perigoso e que poderiamos nos machucar.
   - Eu nunca te machucaria.
   - Nem eu a você... - pensei por alguns segundos e fui até minha bolsa, tirei de lá o meu grande livro e suspirei. - Preciso pedir um favor para vocês. - abracei o livro enquanto eles assentiam - algo grande vai acontecer, posso sentir isso, tenho que proteger esse livro, não posso deixar em casa, por causa de Jane e outros. Mas se eu deixar aqui, mesmo que a poucos metros de distância, sei que vai estar seguro de todos, principalmente de mim.
   - Pode confiar em mim! - Liu finge uma tosse - Em nós!
   - Muito obrigada!
   Um pouco mais tarde, os pais de Jeff chegaram, ajudei Margaret a arrumar a cozinha para preparar o jantar. Subi para o quarto de Jeff, ficamos deitados em sua cama, conversando sobre coisas muito aleatórias. Pensei ter ouvido barulhos de sirenes não muito longe, tive uma visão que me fez levantar abruptamente.
   - Rebeca? Está tudo bem?
   - Sirenes... Não consegue ouvir? Algo está errado.
   A campainha toca no andar de baixo, nos entreolhamos por longos segundos. Isso não era bom sinal, não mesmo.
   Ouvimos Margaret chamar por Jeff no andar de baixo. Descemos as escadas e encontramos dois policiais parados na porta e Margaret não estava com uma de suas melhores expressões, olhava para o filho muito zangada. O policial mais alto me chamou atenção, era Dave. Se ele estava lá, então as notícias não são boas.
   - O que faz aqui, pai? - perguntei.
   - Não se envolva nisso, Rebeca! - ele disse rudemente e eu me calei.
   - Jeff, esses policiais me disseram que você atacou três crianças. E que não foi uma briga normal, eles foram esfaqueados!
   - Isso é verdade? - perguntei.
   Ele olhou para o chão, evitando nos encarar nos olhos, mostrando que aquilo de fato era verdade Estava incrédula de que ele poderia ter feito algo assim.
   - Explique isso! - insisti a Dave.
   - Encontramos três garotos, dois esfaqueados e um com uma contusão no estômago. Temos testemunhas de que você estava na cena. Agora queremos saber o que têm para nos contar.
   - Eles tinham facas apontadas para mim!
   Ele sabia que seria inútil, poderia dizer quantas vezes fossem necessárias de que foi atacado, mas não haviam provas de que ele não atacou primeiro, então não poderia defender-se.
   Queria fazer algo para impedir aquilo, qualquer coisa, mas não conseguia pensar em nada no momento.
   - Senhor, fui eu! - confessou, percebendo que não tinha mais como mentir. - eu agredi aqueles garotos.
   - Sabe que isso lhe custará um ano no centro de detenção Juvenil...
   - Não podem fazer isso com ele! - insisti novamente.
   - Não se intrometa, Rebeca. - Dave mostrou discretamente uma marca em seu pescoço, a marca da previsão, aquele momento foi previsto em nosso mundo...
   Liu surge no topo da escada, segurando uma faca bem afiada em mãos. O que aquele garoto iria fazer?
   - Fui eu, eu bati naqueles garotos idiotas! Tenho marcas para provar isso. - ele levanta a blusa, revelando várias marcas de briga.
   - Coloque a faca no chão! - o policial gritou e Liu obedeceu suas ordens.
   Tudo foi tão rápido, os policiais pegaram Liu e o levaram para viatura. Em questão de segundos, eles sumiram.
   Jeff POV
   Faz três dias que Liu foi levado pela viatura. Aquilo foi culpa minha, completamente culpa minha. Por causa do ocorrido, logo todos ao meu redor estavam sabendo. Foi difícil ir para escola e estar em casa nos últimos dias. Meus pais estavam em prantos, não conseguiam dizer uma única palavra sobre o caso ou qualquer outra coisa.
   Rebeca não saiu do meu lado nesses dias. Tentava ao máximo me apoiar das melhores maneiras possíveis. Tentei parecer agradecido, mas não conseguia. Ela parecia muito preocupada com algo, mas não queria me dizer o que acontecia.
   - Se importaria se eu fosse embora por mais um tempinho? Tenho que fazer uma viagem de emergência.
   - Têm algo haver com seus poderes? - ela hesitou por alguns segundos, pensando em uma resposta, obviamente pensava em alguma mentira.
   - Não necessariamente. Mas volto o mais rápido que puder.
   - Rebeca, seu pai a espera do lado de fora. - o professor anúnciou.
   - Promete não fazer besteira?
   - Sim. - ela se abaixou para me dar um beijo e logo se retirou da sala. Eu estava sozinho novamente.
   Até que Jane se senta ao meu lado.
   - Típico de uma cúmplice! - ela pigarreou.
   - Como assim?
   - Acha mesmo que Liu foi preso por causa da agreção? Ela quis se livrar dele, assim que as coisas funcionam para a escolhida.
   - Escute, Jane. Não sei o que têm de errado com você ou o que têm contra ela, mas nunca mais invente mentiras sobre Rebeca e meu irmão ou se verá comigo!
   Tempos depois ~
   - É hoje Jeff. - minha mãe gritou enquanto abria as cortinas. 
   Um mês inteiro tinha se passado , desde que Rebeca e Liu se foram. 
   - O que é hoje? - perguntei sonolento. 
   - É a festa de Billy. 
   - Mãe, você está brincando, né? Você não espera que eu vá para a festa de alguma criança depois... 
   - Jeff, nós dois sabemos o que aconteceu, acho que esta festa pode ser a coisa que vai iluminar os dias passados. Agora, vá se vestir. 
   Ela saiu do quarto e foi se arrumar. 
   Lutei para me levantar. 
   Peguei uma camisa qualquer , uma calça jeans e desci as escadas. Vi meus pais extravagantemente vestidos. 
   - Isso é tudo que vai vestir? - perguntou minha mãe. 
   - Melhor que usar algo exagerado. - disse. 
   Resmunguei e voltei para o meu quarto. Encontrei um par de calças pretas e uma camiseta escrita ''Fuck''. Finalmente encontrei um moletom branco jogado na cadeira e vesti. 
   - Vai assim? - ambos disseram. 
   - Bom , não da mais tempo de mudar . Vamos embora. - minha mãe disse enquanto nos puxava. 
   Andaram até o final da rua , até a casa de Barbara e Billy. 
   Nos comprimentamos e entramos na casa. Eu só via adultos. 
   - As crianças estão lá fora, no quintal. Jeff, que tal você ir conhecer as crianças? - disse Bárbara. 
   Sai para o jardim e vi crianças correndo com armas de plástico. 
   Não muito longe, vi uma garota de costas, observando as crianças brincarem. Na palma de sua mão estava a marca de uma lua minguante, com uma pedra ao meio, era cheia de detalhes e simplesmente incrível. Em um piscar de olhos, a garota sumiu. Uma chama surgiu em meu peito, uma chama de esperança. Aquela poderia ser Rebeca.
   Voltei para dentro da casa e peguei um pouco de refrigerante. Aquela casa era realmente enorme. Subi as escadas para explorar mais , acabei trombando com a mesma garota, ela me olhou e senti suavidade em seu olhar. Adorei ainda mais o fato de perceber que era ela
   - Saudades minhas? - ela correu para me abraçar. Logo começamos a nos beijar. Peguei ela no colo e prenssei na parede.
   - Você não têm noção do quanto!
   Tivemos um momento de noção de espaço e local, não poderiamos fazer aquilo na casa de alguém, em uma festa de crianças. Seria constrangedor de mais! Paramos pela falta de ar e rimos por  causa de nossos pensamentos.
   - Acho melhor a gente descer para a festa. - ela concordou e fomos.
   Fomos para o jardim e ficamos vendo as crianças brincarem. Um garotinho se aproximou de mim e me entregou uma arma e um chapéu.
   - Quer brincar? - disse o garoto.
   - Não mesmo, pirralho. Sou muito velho para essas coisas. - ele insistiu.
   - Como resistir a uma carinha dessa? - Rebeca disse com uma voz fofa.
   - Tudo bem! - desisti.
   Coloquei o chapéu e fingi atirar nas crianças. A princípio achei tudo uma besteira, mas depois comecei a me divertir.
   Rebeca POV
   Houve um barulho de rolamento. Então algo bate em Jeff. Randy, Troy e Keith pularam a cerca, assim como seus skates. Jeff deixou a arma falsa cair e arrancou o chapéu. Randy o olhou com ódio. Minha respiração foi ficando ofegante, aquilo estava errado, muito errado.
   - Olá, Jeff! - Randy diz se aproximando - Nós temos alguns assuntos inacabados.
   - Eu acho que estamos quites. Te dei uma surra e você levou Liu para o reformatório.
   - Eu não jogo para empatar e sim para ganhar. Você pode ter acabado com a gente no outro dia, mas não hoje.
   Jeff correu e Randy foi atrás dele. Os dois caíram no chão. Randy socou o rosto de Jeff repetidas vezes, sem parar. Peguei um dos bancos da cozinha e taquei em Randy, ele caiu no chão furioso. Assim que fiz isso, deu vontade de repetir a ação, mas me controlei. Alguém me pega por trás, virei e dei de cara com Troy. Ele tentou me acertar, eu fui mais rápida e o derrubei no chão.
   - Nunca mais toque em mim!
   Randy se levantou, sacando uma arma. Todos presentes começaram a gritar desesperados. Troy e Keith também puxaram sua armas do bolso.
   - É melhor ficarem parados ou tripas vão voar!
   - Randy, você não precisa fazer isso! - pedi.
   - Esse garoto realmente amoleceu você, Rebeca. Ou já se esqueceu de quem você é? E do que você fez?
   - Como se você soubesse de alguma coisa! - indaguei.
   - Na verdade, a última conversa que tive com sua amiguinha, me rendeu bons segredos a respeito de você, bruxa!
   - Não sabe do que está falando. Qual é, Randy? Isso tudo não é necessário. - ele ri.
   - Segurem ela! - Keith segurou meus pulsos com força. - Pois bem, temos o famoso casal aqui e o que fazemos? Que tal machucá-los um pouco?
   - Não toca nele! - Randy tirou uma faca do bolso e apunhalou o ombro de Jeff. Jeff tentou resistir ao máximo, mas foi em vão.
   Keith se aproxima de Jeff e o chuta repetidas vezes. Levantei e empurrei os dois, Jeff vomitou um pouco de sangue. Senti uma lâmina cruzar meu estômago, olhei para trás e vi Troy. Cai no chão automaticamente. Minha visão estava limitada, fiquei no chão enquanto tentava me curar. Consegui ver Randy quebrar uma garrafa na cabeça do Jeff, provavelmente de alguma bebida alcólica.
   Meus poderes não estavam me curando, mas ainda sim consegui usá-los para afastar Troy e Keith de perto de mim.
   - Vamos Jeff, olhe para mim! - Jeff olha para cima, com o rosto cheio de sangue. - Seu irmão está no reformatório por minha causa, não vai fazer nada quanto a isso? Deveria se envergonhar.
   Jeff se levanta.
   - Finalmente! Levante e lute! - Jeff agora está de pé, sangue e vodka no rosto. - Senhoras e senhores, agora ele está finalmente de pé!
   Randy corre na direção dele. É quando acontece, como se o psicológico dele tivesse sido destruído, todo o pensamento racional se foi, tudo que ele consegue fazer é espancar Randy. Soco após soco, sangue jorra do corpo de Randy, até que ele dá seu último suspiro e morre.
   Levantei com muito esforço, me apoiei na bancada e vi toda aquela cena. Nesse momento, todos olhavam para Jeff. Os pais, as crianças chorando, até Troy e Keith. Apesar de estarem apavorados com tal cena, não deixaram de apontar suas armas para nós dois.
   Olhei para Jeff e fiz um sinal com as mãos. As armas deles caíram no chão, isso deu uma brexa para que fugíssemos. Subimos as escadas e eles atiraram contra nós, todos os tiros perdidos. Assim que subimos as escadas, uma figura sapi de um dos quartos e empurra Jeff para o banheiro, como se num passe de mágica.
   - Desgraçada! - falei ao ver que a tal pessoa era Jane.
   - Surpresa! - falou sorrindo e apontando a arma para mim. - Eu avisei que essa história não terminaria bem. Mas você não quis me ouvir. Sofra as consequências, amiguinha. Os outros dois subiram as escadas e me seguraram pelos braços.
   - Se tivesse me escutado antes, poderiamos ter evitado tudo isso, sabe? - ela cravou uma faca no mesmo lugar em que estava ferido. Urrei de dor, mas ela não desistiu, pegou a arma e mirou no meu peito. - a gente se vê no inferno!
   Ela atirou, de principio não senti nada, depois meu corpo foi arremessado escadas a baixo, perdi a visão, por alguns segundos, não antes de ver algo terrível...
   Jeff POV
   Não sei o que me empurrou para o banheiro, mas logo depois vi Keith entrar no banheiro, junto a Troy.
   Troy move sua faca em minha direção, me afasto e bato com o toalheiro no rosto de Troy. Ele cai duro no chão, agora só resta Keith. Ele é mais ágil do que Troy e desvia quando tento acerta-lo. Ele larga a faca e me pega pelo pescoço, empurrando-me contra parede. Uma coisa como água sanitária, que estava na prateleira, caiu sob nós dois. Ambos sentimos a pele queimar. Comecei a gritar, tentei limpar meus olhos da melhor forma que pude. Empurrei Keith e o espanquei milhares de vezes. Antes que ele sangrasse até a morte, deixou escapar um sorriso sinistro.
   - O que há de tão engraçado? - perguntei.
   Ele pegou um isqueiro e ligou-o.
   - Você está coberto de água sanitária e álcool. - arregalei meus olhos no momento que ele jogou o isqueiro em mim.
   Em segundos eu estava completamente em chamas. Gritei por conta de toda a dor que sentia. Tentei rolar para fora das chamas, mas não adiantava. Fui pelo corredor até cair das escadas e bater com a cabeça no chão. Por um segundo, senti as chamas pararem, olhei para o lado com muita dor, Rebeca estava segurando minha mão, ela fez as chamas pararem, depois de alguns segundos ela desmaiou e parou de reagir, assim como eu.
   Quando acordei, meu rosto estava todo enfaixado por um molde de gesso. Não conseguia ver nada, mas senti todo o meu corpo enfaixado. Tentei levantar, mas alguém chega para me impedir de tal ato.
   - Eu não acho que possa sair da cama ainda. - ela disse, enquanto me colocava na cama novamente.
   Não tinha nenhuma visão do local em que estava, mas tinha certeza de que estava em algum hospital. Depois de horas, ouvi uma voz familiar. Era minha mãe.
   - Querido, você está bem? - ela perguntou, mas eu não poderia responder. - Querido, sei que está acordado, então tenho uma boa notícia. Depois que todos na festa disseram a policia o que viram, decidiram soltar Liu.
   Liu estava livre?
   - Irei buscá-lo amanhã, vocês finalmente estarão juntos novamente.
   Ela pareceu pensar por alguns segundos, até voltar a falar.
   - Não queria dizer isso agora... Mas aconteceu uma coisa com Rebeca. - senti meu peito apertar. O que aconteceu com ela? - Ela foi esfaqueada muitas vezes e levou um tiro no peito.
   Ela não poderia estar... Ela disse que era imortal!
   - Ela não está morta, mas está gravemente ferida. - me aliviei um pouco nessa parte. - Aqueles monstros jogaram ela da escada, fazendo com que batesse a cabeça muito forte mesmo. Ela está em coma. E quando ela acordar, se ela acordar, talvez não se lembre de você, talvez não se lembre de nada disso!
    O que?
   - Sinto muito, filho!
   Fiquei em conflito com minha mente, era muita coisa para degerir. Mais tarde, minha mãe foi embora, me deixando completamente sozinho com uma Rebeca em coma. Ela me disse que Beca estava ao meu lado no quarto.
   As semanas seguintes foram formadas apenas por minha família me visitando. Até o dia em que iriam retirar meus curativos e ver como meu rosto tinha ficado. Meus pais e meu irmão estavam lá anciosos para ver o resultado.
   Senti os curativos serem retirados, um por um. Até chegar no último. Fiquei completamente ansioso, não aguentava mais esperar.
   - Vamos esperar o melhor - o médico disse. Ele rapidamente puxa o último curativo e agora meu rosto estava amostra.
   Abri meus olhos e demorou uns segundos para me acostumar com a claridade do local, fixei meu olhar na minha família e eles estavam horrorizados.
   - O quê? O que aconteceu com meu rosto? - perguntei, mas nenhum deles respondia.
   Levantei, ignorando a tontura e corro para o banheiro. Olhei no espelho e vi a causa da aflição de todos ali presentes. Meu rosto estava... Detonado! Meus lábios foram queimados a um profundo tom de vermelho, meu rosto ficou em um tom puro de branco, como se fosse papel e meu cabelo, que antes era castanho, foi corrigido pelo preto. Me surpreendi, pois achei que o fogo teria o queimado.
   - Jeff - Liu se aproximou de mim. - Não é assim tão ruim...
   - Está brincando? É maravilhoso! - todos se espantaram com minha resposta.
   - Jeff, você está bem?
   - Bem? Eu nunca me senti tão vivo! - comecei a rir descontrolavelmente.
   A loucura de Jeff foi enterrompida pelo contador de batimentos cardíacos de Rebeca. O coração dela estava parando. De repente, tudo se congela ao redor de Jeff, ele olha para o corpo de sua namorada. Ela abriu os olhos e se levantou, ficando de frente para ele.
   - O que aconteceu com você? - ela disse se sentando na cama.
   - Eu estou vivo!
   - Se sente mais vivo? - perguntou pausadamente. Assenti com uma risada maníaca. - Não estou aqui por isso. Tenho pouco tempo, preciso te dizer algo.
   - O que?
   - Eu estava em estado crítico, precisava fazer algo, então usei um feitio proibido.
   - Qual deles?
   - O da eternidade. Não tenho tempo de explicar, mas tudo que posso dizer é que teve grandes consequências. - respirou fundo com dificuldade. - Não sei quando vou acordar, ou se vou acordar. Mas uma coisa é certa, quando eu acordar, não vou me lembrar de você  e por consequência, não vai se lembrar de mim também. É para sua segurança.
   - Por que está contando isso?
  - Queria me despedir! Talvez a gente se encontre algum dia, Jeffrey.
   - Veremos. - ela riu e voltou para cama. Logo ouvi as vozes de minha família novamente.
   - Doutor - disse minha mãe - Meu filho, você sabe, está bem da cabeça?
   - Sim, este comportamento é típico para os pacientes que tomam muitas grandes quantidades de analgésicos. Se seu comportamento não mudar em poucas semanas, traga-o de volta aqui, e nós vamos dar-lhe um teste psicológico.
   Voltei a rir descontroladamente. Olhei para todos no quarto, tentando lembrar de algo ou achar alguém, mas apenas ignorei.
   - Obrigada, Doutor! - ela veio até mim - Jeff, querido. É hora de ir para casa.
   Ela me segurou pelos ombros e foi me guiando para fora. Pegamos minha roupa. Deixamos o hospital, sem imaginar que aquela seria nossa última noite.
   Mais tarde, naquela noite, minha mãe acordou com um som vindo do banheiro, como se alguém estivesse urrando de dor. Ela abriu a porta para ver o que era, teve uma visão horrível. Eu tinha pego a faca e esculpido um sorriso em meu rosto.
   - Jeff, o que você está fazendo?
   Olhei para ela.
   - Eu não conseguia me manter sorrindo. Doeu depois de algum tempo, mas agora eu posso sorrir para sempre.
   - O que aconteceu com seus olhos?
   - Eu não podia ver meu rosto. Comecei a ficar cansado e meus  olhos começaram a fechar. Eu queimei as pálpebras para então me ver pra sempre; este meu novo rosto. - ela ficou sem palavras e foi se afastando. - O que tem de errado? Não me achou bonito?
   - Sim, filho - ela disse - Você é lindo... Deixe eu ir chamar o seu pai para ver seu lindo rosto.
   Ela correu para o quarto e sacudiu meu pai, até que ele acordasse.
   - Querido, pegue a arma nós... - ela parou até que me viu na porta, segurando uma faca.
   - Você mentiu para mim! - foi a última coisa que os dois ouviram enquanto corria na direção deles e esfaqueava ambos.
   Por conta do barulho, Liu acorodu, assustado com os gritos. De repente, silêncio. Ignorou tal fato e virou-se para o lado, tentando dormir. O observei ao longe, segurei firme a faca e avancei em cima dele. Ele olhou para cima e me viu. Cobri sua boca. Lentamente, ergui a faca pronto para matá-lo.
   - Shh! - pedi por seu silêncio - Vá dormir!
   Cravei a faca em seu peito várias vezes, até ele ficar completamente sem vida. Me levantei e fui para fora da casa.
   Foi assim que começou, foi assim que toda uma história começou...


Notas Finais


Confira o trailer da fanfic: https://youtu.be/fweCnS_LdIY
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