1. Spirit Fanfics >
  2. Mar Revolto >
  3. De Volta ao Cabo Sunion

História Mar Revolto - De Volta ao Cabo Sunion


Escrita por: Madison_Mermaid

Notas do Autor


Boa noite gente,

Mil perdões por ter atrasado a publicação dessa fic esta semana. Acontece que me arrumaram um curso pra fazer no trabalho e precisei me dedicar. Mas enfim já acabou e aqui estamos! Espero que gostem! Este cap terá um pouco mais de ação do que de costume, pois estamos entrando na reta final da história.
Queria agradecer de todo o meu coração à todos que tem lido e também pelos comentários e favoritos. Esta semana cheguei à 50 favs, e isso me deixou tão feliz e realizada! Escrever é para mim uma terapia, e saber que ajudo a quem ler a passar um tempinho e se divertir não tem preço!
Muito obrigada mesmo, gente! Vocês são show e devo tudo ao carinho e ao incentivo que recebo.
Nas notas finais algumas observações.

Queria agradecer à @Danimel, essa querida e talentosa pessoa que betou pra mim esse cap. Com a correria da semana e a outra fic que tenho que publicar, esse carinho dela comigo ao me ajudar foi muito essencial. Obrigada linda flor ;*

Agora vou ficar quieta pra irmos logo pra esse cap.

Beijos!

Madison

Capítulo 22 - De Volta ao Cabo Sunion


Fanfic / Fanfiction Mar Revolto - De Volta ao Cabo Sunion

(Dia 09/15)

Fenrir e seus lobos corriam pela floresta, pulando pedras, galhos e tantos outros obstáculos quantos apareciam em sua frente, e indo de encontro à localização da estátua de Odin.

Os olhos dourados do Guerreiro Deus a tudo observavam, e logo ele percebeu não estar só.

_ Calma, Ginge... vamos nos preparar. Algo muito maligno está por aqui... - disse para a loba, cuja testa marcada pela lua era sua mais fiel companheira, ao sentir a mesma presença estranha que ela havia sentido e lhe fazia rosnar.

A matilha se pôs em formação, com Alioth em seu meio, tendo suas poderosas garras à postos.

Logo o chão começou a se mover sob seus pés.

Os animais rosnaram ainda mais, assim como ele próprio quando do solo, os cadáveres começaram a sair.

_ Draugr! - Gritou, vendo a tão temível lenda sobre os mortos-vivos do extremo norte tornando-se realidade bem à sua frente.

E quando eles avançaram, os lobos assim também o fizeram. Pularam, buscando os membros e pescoço, mordendo, rasgando, dilacerando com suas presas e garras a carne putrefata dos inimigos.

Fenrir também partiu para o ataque, com Ginge furiosa ao seu lado. Eram uma dupla magnífica e atacavam com extrema maestria.

A luta que se seguiu foi sangrenta.

Os animais eram ágeis, destemidos. Com as poderosas mandíbulas, usadas com sabedoria e tática, logo aquele pequeno exército de moribundos estava vencido. Fenrir lutava com seu cosmo, porém, sem usar seu maior golpe. Procurava preservar a floresta, que era para ele um lar.

E assim que venceram, os lobos e o jovem mal puderam crer quando mais mortos deles se aproximaram e novos cadáveres se formaram dos pedaços que jaziam ao chão.

_ Mas que inferno! - bradou - Abram caminho! - gritou para seu bando, sendo obedecido imediatamente pelos canídeos.

Fenrir começou a concentrar o cosmo em suas mãos, inflamando em seguida as enormes  garras afiadas de sua armadura que dali se projetavam.

_ Seus malditos, voltem para os túmulos de onde jamais deveriam ter saído! GARRAS DO LOBO ASSASSINO!

Sua cosmo energia, impulsionada por seus punhos em forma de vários raios, violentamente se dispersou em uma infinidade de golpes que rasgaram os corpos, que sendo débeis e sem vontade própria não se esquivaram do poderoso ataque.

Ao fim do golpe Alioth estava ofegante, e xingou alto ao ver mais draugrs se levantando do chão.

A luta recomeçou, e quanto mais mortos ele e a matilha matava, mais se levantavam.

_ Que bruxaria maldita é essa? - gritou.

Alguns dos lobos já demonstravam cansaço, e assim estavam prestes a serem eles as presas daquelas criaturas,  que só sabiam atacar e destruir.

Fenrir lutava com gana e coragem, mas logo começou a temer pelos animais.

Viu então Ginge a atacar. A  alpha cerrava as poderosas mandíbulas em torno de um fétido pescoço quando sofrendo um poderoso golpe em seu estômago foi atirada longe, batendo-se violentamente contra uma árvore.

A Estrela Épsilon gritou de raiva, explodindo o azulado cosmo, derrubando árvores, mortos e tudo ao seu redor, e finalmente sepultando de uma vez por todas os que jamais deveriam ter se levantado.

Correu então até a loba, e vendo que ela estava ferida se preocupou.

_ Tudo bem… tudo bem minha amiga… - disse para o choroso animal, alisando a marca de lua. - você vai ficar bem.

Colocou-a nos ombros, e juntamente com os demais seguiu seu caminho.

 

E enquanto Fenrir lutava na floresta, no centro de Asgard a cena era igualmente desesperadora.

Siegfried ainda segurava Hilda pelo pescoço, deixando arroxeada toda a pele da Estrela do Norte.

_ Siegfried… - dizia ela em um fio de voz.

_ Mulher tola! - ele respondeu, rindo - Achas que teu amado pode fazer algo ao ouvir teu agoniante chamado?

_ Eu… eu sei que pode... Siegfried… me escute...

_ Sinto o desespero dele em meu coração, o que só aumenta ainda mais minha vontade de lhe liquidar! Esse amor de vocês, que sinto tão intensamente, me enoja...

Dub cuspiu sinalizando seu asco por tal sentimento e a apertou mais.

Hilda gritou mais alto.

E dentro dele, Siegfried lutava para reunir todas as suas forças. Mesmo que caísse em total inconsciência e desaparecesse para sempre, não deixaria Hilda morrer.

Os mortos, seguindo o chamado da bruxa, finalmente atacaram. Procuravam os moradores, deixando os Guerreiros Deuses e Marinas divididos entre salvá-los e resgatarem a Sacerdotisa.

Mime não precisava da harpa avariada por Carman para lutar, já que socava, chutava, esmurrava e destruía os cadáveres, protegendo as pessoas que corriam em desespero pelo local.

Seus próprios dedos criavam as cordas finas e mortais de seu golpe, e ele abria caminho em meio àquela terrível legião.

_ Tranquem-se em suas casas! - gritava, mas para cada morto que Mime derrotava, dois outros ressurgiram, saindo do chão ou formando-se com os inúmeros pedaços de carne podre que por ali agora se espalhavam.

Thor em vão tentou se aproximar de Carman, arremessando contra ela seu martelo e sendo sempre por ela rechaçado furiosamente.

Já os Marinas, após se darem conta de que era inútil lutar contra os draugrs enquanto Carman estivesse de pé, decidiram pelo elemento surpresa. Se jogaram nas águas gélidas, preparando para atacar a mulher por outro ângulo quando, com mais um uso de sua magia negra, ela fez com que a natureza ali criasse maléfica vida.

_ Cantem para mim uma melodia de desespero e dor! - disse, usando as árvores cobertas de neve como algozes.

 

Shido, Bado, Hagen e Sigmund finalmente chegaram às fronteiras de Valhalla, vindos de suas buscas pela Princesa Asgardiana.

_ Siegfried! - gritou o Guerreiro de Grani, sentindo a estranha presença do irmão por ali.

_ Freiya!!!!! - Hagen se desesperou, pelo mesmo motivo.

_ Também sinto que Dubhe e a Princesa estão aqui, mas tem algo muito errado acontecendo! - disse Shido.

_ Os cosmos… eles estão contaminados… - Bado se pronunciou.

_ Não podemos perder tempo, vamos atacar! - Hagen estava nervoso.

Eles avançavam quando repentinamente um paredão se ergueu em torno da cidadela, fazendo-os pularem para trás para não serem atingidos. Grossas raízes e enormes pedras se levantaram, impedindo que eles continuassem seu caminho.

Rapidamente atacaram para poderem abrir espaço, mas como se atingissem um escudo invisível, os golpes foram rechaçados, voltando-se para eles com igual intensidade.

_ Mas que diabos! Freiya! Freiya! - Hagen tentou mais uma vez, e mesmo explodindo sua energia e conseguindo abrir um espaço, este foi rapidamente fechado, tendo o caminho novamente bloqueado.

_ O que está acontecendo? Nós temos que passar! Isso é impossível de estar ocorrendo, somos Guerreiros Deuses! - Shido esbravejou, socando o ar.

_ Tenho uma idéia….

Os quatro homens se viraram para trás ao ouvirem uma voz conhecida de um de seus companheiros..

_ Tentarei controlar as raízes. - disse Alberich, que também se apresentava.

Ele estava ferido com alguns cortes e sangrava pois, assim como Fenrir, havia lutado contra um exército de mortos-vivos que parecia nunca acabar em seu caminho até ali.  

_ Bado, Shido, vocês dois ataquem comigo e me deem energia. Hagen e Sigmund, preparem-se para entrar. Não sei por quanto tempo conseguirei dominá-las.

E erguendo ambos os braços juntamente com a Espada de Ametista, o Guerreiro Deus de Megrez elevou seu cosmo.

_ Mirem para a base das raízes! - gritou. - UNIDADE DA NATUREZA!

Alcor e Mizar também atacaram.

_ Garras do Tigre das Sombras!

_ Garras do Tigre Negro!

E mesmo que parte do golpe dos gêmeos fora refletida, com aquela energia em união e o controle de Alberich sobre as raízes e pedras, logo um buraco se abriu por tempo suficiente para que Hagen e Sigmund pudessem passar.

 

A vil criatura que ocupava o corpo de Freiya sentia-se enfraquecer. Embora o sangue divino da jovem lhe fortalecesse, Carman sabia que estava usando seus poderes ao extremo. Não teria mais muito tempo, mas sabia que sua missão ali logo estaria cumprida.

_ Dub… quebre o pescoço dela e nos cubra com sua sombra. A hora é chegada. - ordenou.

Seu filho mais velho riu, e torcia a pele de Hilda para sentir seus ossos se quebrarem quando ela novamente gritou, antes de desmaiar de dor.

_ SIEGFRIED!!!!

E desta vez o Guerreiro Deus a ouviu.

Usando de todos os seus poderes e força de vontade, a Estrela Alpha finalmente assumiu o controle de seu físico por alguns minutos. Dub abriu as mãos e se afastou, deixando Hilda ir ao chão, que ficava à alguns metros abaixo de ambos, uma vez que planavam.

Bian saiu das águas, pulando certeiro, atingindo Siegfried com um poderoso golpe no estômago e o levando a bater de encontro à Estátua de Odin, ao mesmo tempo que Hilda caía no mar. O ligeiro Marina então voltou-se para ela, amparado o corpo desacordado com um pequeno turbilhão de ar, sustentando-a flutuante e colocando-a cuidadosamente no chão. A acomodou então em seus braços, e ficou em sua guarda.

A Escuridão, enfurecida, estava prestes a atacá-lo pelas costas, quando Sigmund surgiu em sua frente.

_ Siegfried, o que está havendo? - disse, mas ao olhar os olhos enegrecidos logo concluiu o que acontecia - Você não é meu irmão! Onde está meu irmão? - ele o segurava no lugar, com as mãos presas nos ombros do rapaz.

_ Mais um tolo! Siegfried agora dorme eternamente dentro deste vaso… Não tem mais energia para despertar e tomar o controle!

_ Isso é mentira! - Sigmund esbravejou - Você vai deixá-lo em paz!

_ Para isso, teria que matar este corpo… é o único jeito de me tirar daqui. E eu tenho certeza que não é isso o que você quer...

Siegmund se desesperou, arregalando os olhos. Foi atacado então, e se viu entrando em um doloroso combate corporal. Não poderia ferir demais o corpo de seu irmão caçula, e sabia assim que aquela briga com ele seria muito difícil e dolorosa de ser travada.

Thor buscava maneiras de aproximar-se de Carman ao mesmo tempo que ajudava Mime a proteger as pessoas quando Krishna achou que surpreenderia a bruxa em um plano ousado.

Pelo tempo que ficou escondido, e tendo um domínio ainda maior dos Chakras depois de um ainda mais intenso treinamento, ele logo percebeu que havia uma chance de livrar a princesa de ser a hospedeira daquele mal.

Arremessando sua lança, ele mirou a centímetros da jovem loira. Sabia que não iria acertá-la, mas queria chamar sua atenção. Não contava, porém, com a chegada de Hagen, que desesperado, em um alto pulo entrou na frente do objeto, sem entender as reais intenções do Marina.

_ NÃO! - Esbravejou Krishna, quando viu a arma ser desviada, ficando-se na perna de Merak. Ele a usava sem muito de seu cosmo, para não correr risco de machucar o corpo da princesa sem motivos.

Hagen caiu, e arrancando o objeto de sua coxa ficou frente-a-frente com sua amada Princesa.

Carman riu, e prontamente foi erguendo Merak do chão com seus poderes mentais.

_ Freiya lhe manda suas mais queridas lembranças... Agora, Guerreiro, eu terei que matá-lo. Mas, como para esta criatura a qual ocupo você é precioso, serei piedosa….

Ela o estrangulava no ar.

_ Freiya… meu amor… por-por favor…

_ Freiya não pode lhe ajudar, homem! Por acaso além de ser uma presa fácil ainda é idiota?

_ Eu… eu sei… eu sei que o amor vai vencer… Freiya…

_ Não venha com tais tolices! O amor nada vence, somente pelo ódio conseguimos os nossos objetivos!

Hagen estava perdendo suas forças, mas com o peito em chamas por sua amada princesa, logo a Estrela Beta elevou seu cosmo ao máximo, tentando sair do contado da bruxa.

Ela então fraquejou diante de tal magnitude energética, e ele logo percebeu. Estava abalada, por toda energia que gastara nos ataques que havia perpetrado, além de que dentro dela a vontade e o amor da jovem de Asgard por aquele país e pelo loiro também queimavam.

_ Freiya!!! - gritou Hagen, se desprendendo finalmente e ficando à postos.

Thor e Mime, cansados e feridos após lidarem tão intensamente com os Draugrs, também se aproximaram.

_ Segure-a, Hagen! Segure-a! - gritou Krishna, despindo-se de sua Escama. - Segure-a, vou expulsar essa maldita de dentro de Freiya!

Hagen, com a força de seu cosmo, criou poderosas correntes de fogo, que mantiveram Carman no lugar. Ela lutou contra, mas recebendo os cosmos de Mime e Thor unidos ao seu ele se fortaleceu, e a segurou firme. Esforçava-se, porém, de modo quase perturbador para que as chamas não ferissem em demasia o corpo de sua amada, mandando no meio delas uma fina linha de gelo, numa desesperada dualidade de ambos os lados de seu poder.

Hagen colocava ali toda a vontade de seu coração.

_ Vamos Freiya, meu amor… resista… expulse essa desgraçada de você.

E colocando-se em posição de lótus, o Marina de Chrysaor evocou seu mantra.

_ Maha Roshini!

As ondas de energia branca saíam de cada ponto vital de Krishna, atingindo Carman nos mesmos locais. Abria assim uma passagem espiritual, e puxava para fora o espírito maligno da traiçoeira mulher.

E como numa estrada de mão dupla, ele também abria assim os seus próprios pontos vitais.

Bian gritou de desespero, quando ajudando Hilda que agora despertava viu uma incrível massa negra disforme se aproximar de seu Companheiro de Armas pelas costas.

Dub venceu Sigmund, que agora jazia desacordado aos seus pés, já que em nenhum momento ele usou de toda sua força contra o irmão. E lançando sua vontade contra a luz do dia, a tudo escureceu, enquanto ao mesmo tempo em que Krishna finalmente arrancava Carman de dentro de Freiya ele era possuído por Dian.

Os segundos que se passaram pareceram eternos enquanto apenas as respirações eram ouvidas no meio de toda a treva sufocante que se apossou do local.

E quando finalmente a claridade voltou, Hagen estava de joelhos, cansado e ferido, mas segurava em seus braços o corpo de sua amada mulher.

Krishna, Carman e Siegfried  haviam desaparecido.

Xxxxxx

Donegal, Irlanda

_ Mas o que é isso? - Kanon se afastou, dando passos para trás, esbarrando em Violeta com o olhar atento no Dourado à sua frente.

_ Este é Saga. - disse ela. - Seu irmão, o Cavaleiro de Gêmeos.

_ Kanon, não temos tempo para apresentações imbecís, ainda mais que nós nos conhecemos desde que viemos ao mundo. Agora com sua licença, - disse ele para a Ninfa - nós temos muito o que conversar. Tenho que ensinar a ele algumas coisas. Não nos espere para o jantar e avise que já voltaremos.

E abrindo um portal cuidadosamente, jogou para dentro dele o mais novo, fechando-o logo em seguida após ele mesmo passar.

No quintal, Fiona sentiu algo estranho. Ficou levemente zonza, mas sendo puxada por Elijah pela mão logo voltou ao normal.  

Viu quando os Marinas voltaram da praia, e tentou se aproximar de Isaak, mas o menino queria ir ver os animais no curral e a puxou para o lado contrário. Percebeu o olhar preocupado do esverdeado quando com o dela se cruzou, e convencendo Elijah a entrar na casa foi atrás deles. Algo de errado estava acontecendo, era visível e ela deveria saber o que era.

Estava anoitecendo, e em breve o jantar seria servido, o melhor momento para descobrir algo era agora.

Deixou o menino na cozinha, que agora estava distraído com Rosalie e Darcy ao ficar assistindo-os cozinhar, e então subiu as escadas.

Estranhou finalmente a ausência de Kanon pela propriedade, mas ao passar pela porta do banheiro escutou uma voz a reclamar.

_ Diabos! Mais essa agora! - disse Isaak, de dentro do cômodo.

A jovem, curiosa, aproveitando que a porta só estava encostada a abriu vagarosamente, e o viu sentado no vaso com a tampa fechada. Estava sem camisa e passava um tipo de unguento em cortes profundos que tinha nos braços e peito.

Sua respiração espantada a denunciou, e quando ele se virou para ela, ouviu a voz preocupada a lhe dizer:

_ O que foram estes ferimentos? São de quando me resgatou, não são? - Fiona entrou, fechando a porta e se encostando na mesma.

Ele abaixou a cabeça. Estava nervoso, sentia ao longe o cosmo de dois de seus companheiros a lutar. Mas as ordens de Poseidon eram claras: Ele e Sorento deveriam pegar Afrodite.

Amaldiçoava em sua mente Kanon mais uma vez, por ser o causador de tudo aquilo, mas ela estava ali e esperava por uma resposta. E tudo o que sentia ficou claro em sua voz quando ele finalmente respondeu.

_ Deve ter sido a hélice do motor.

Fiona engoliu em seco. Conhecia o Iolar de cima à baixo, e ele não havia caído próximo ao motor do barco. E além disso, não gostou do tom preocupado que este passou em sua fala.

_ Posso? - perguntou, apontando para o braço. - Está com dificuldades para passar sozinho.

Ele se ajeitou no vaso, dando para ela o potinho.

Fiona então se ajoelhou em sua frente, e cobrindo os dedos no pastoso remédio, pegou o braço do Kraken e começou a tratá-lo.

_ Não precisa mentir, Isaak. Mas se não quer dizer como se machucou… - respirou fundo - não posso lhe obrigar.

Sentir os dedos da ruiva em sua pele fez seu coração vibrar. Olhou então fixamente para o topo da cabeça dela, vendo a divisão natural no meio desta e os cabelos vermelhos, que caíam em ondas e cachinhos pelos ombros. Logo vasculhou-a mais um pouco, tombando a cabeça para um dos lados e parando o olhar nos alongados cílios, que por estarem sendo vistos por cima, se mostravam muito graciosos.

Ela merecia saber a verdade.

Esconder de Fiona todos aqueles fatos era para ele um hediondo pecado.

_ Você não é louca...

Fiona terminou de passar o unguento no braço direito do General, e olhou-o surpresa.

_ Tem muitas coisas acontecendo por aqui Fiona. - ele respirou fundo mais uma vez. Queria contar a ela, queria protegê-la, mas Sorento estava certo. Por pior que fosse, não adiantaria lhe dizer nada daquele modo repentino.

Iria falar com o anão novamente. Não deixaria que ela fosse enganada por mais tempo.

_ Que tipo de coisas?

Ele se calou, abaixando a cabeça e fechando os olhos.

Fiona percebeu o incômodo sincero do jovem finlandês, e tomando o outro braço dele começou a passar o unguento.

_ Meu pai dizia que esta pomada cura tudo. Ele mesmo a inventou com ervas do jardim, e o tio Darcy mantém a tradição. Está doendo?

_ Não. - a mentira branca fora contada. Doía muito, os tais cortes eram diferentes de tudo o que ele já vira e sofrera, mas seu treinamento de Cavaleiro e Marina o ajudava a suportar.

Ela enfim tomou coragem e continuou o assunto anterior.

_ Isaak eu… eu… eu lhe devo a minha vida. Me desculpe te acusar de coisas que você não fez. Nunca poderei retribuir o que fez por mim, mas agradeço de todo meu coração. E te vendo assim todo machucado por minha causa… é horrível, eu… eu me sinto horrível.

Fiona o encarou novamente, e dentro dela uma pequena agulhada lhe atingiu no estômago. Queria chorar, mas se segurou.

Além do mais, nunca havia ficado tão perto dele assim, fora o momento do resgate, e se lembrou do calor daquele corpo a lhe aquecer no meio de seu medo e do frio que sentira.

Isaak nada respondeu. Continuou olhando-a, observando agora as dezenas de claras sardas douradas que se espalhavam por suas bochechas, e o bem desenhado formato de sua sobrancelha.

Fiona engoliu as lágrimas.

_ Se incline por favor. - disse ela, passando a pomada no peito do Marina.

Ele assim o fez, e com cuidado ela seguiu. Esfregou com delicadeza, mas a dor penetrante o fez gemer, quase inaudivelmente, mas o suficiente para ela perceber.

_ Já estou acabando… aguente só mais um pouco. - disse, tocando-o suavemente.

Seguia o sentido de cada corte, e quando os terminou continuou ainda tocando-o na pele.

Ver Isaak daquele jeito por culpa dela era terrível.

_ Estamos quites. - disse ele, com certa leveza inesperada. Estar perto dela o acalmava de um modo tão natural que ele nem ao menos percebeu.

_ Como? - ela então sorriu, sem entender.

_ Num dia eu te quebro o nariz, no outro te salvo e me machuco. Voltamos à estaca zero.

Fiona sorriu novamente, e sem perceber ainda o tocava no peito. Sentiu então, através dos dedos, o forte coração dele bater, e juntamente com cada bombeamento de sangue uma avalanche de sentimentos era carregada por todo aquele corpo, inundando o seu.

Isaak estava angustiado e raivoso, mas surpreendentemente, encantado. E isso a jovem sentiu em seus próprios ossos, como uma corrente a lhe penetrar profundamente.

Ficou bem quieta, apenas aproveitando aquele momento de troca que jamais havia vivido antes. Estava confusa.

_ Fiona.

Ela o olhou, diante do chamado carinhoso de sua voz.

_ Quando isso acabar e aquele mer…, digo, quando o Kanon estiver finalmente onde tem que estar, quem sabe não possamos ser amigos?

Ela esboçou um sorriso, franco e admirado.

A frase de Isaak lhe encheu de sentimentos dúbios, como a leve tristeza ao ouvir sobre Kanon e a alegria em saber que aquele rapaz dela queria se aproximar.

_ Você mora na Finlândia...

_ Quem sabe então não viaja e me visita? Conheço todos os bares e atrações de Helsinki. Diversão garantida, pode apostar.

Fiona novamente sorriu.

_ Quem sabe... Fora a Inglaterra, coisa que não conta, eu nunca saí da Irlanda, sabia?

_ Bem, só digo que pra tudo tem uma primeira vez.

Ela se levantou, e Isaak fez o mesmo. Olhou-o detalhadamente mais uma vez, vendo os músculos definidos do peito que agora ficava na altura de seus olhos, e da visível tatuagem que expressava a criatura mítica que Fiona havia visto no mar ao ser salva por ele.

Aquele ser estava tão próximo de si que seria impossível não ser real.

_ Posso lhe perguntar uma coisa?

_ Foi um acidente enquanto eu nadava. Feri o olho e o rosto em um pedaço de gelo.

Fiona realmente não esperava por aquilo. Era bem verdade que intimamente se sentia curiosa para saber sobre a cicatriz do Marina, mas os anos de bullying lhe ensinaram a não perguntar coisas que pudessem magoar as pessoas.

Os verdes olhos então percorreram aquela marca tão peculiar que ele tinha, e a pescadora percebeu como ela o deixava extremamente intrigante, ainda mais vista assim, tão de perto.

_ Eu ia perguntar da tatuagem… - sorriu, tímida.

Isaak ficou levemente sem graça pela bola fora.

_ É um Kraken, algo que considero como um guardião pessoal. Desculpe, mas tem noção de quantas vezes ouvi essa pergunta da cicatriz? Já vivo preparado para ela.

_ Imagino… as pessoas são curiosas demais às vezes. Isaak… - Fiona fechou os olhos, tomando coragem - Por favor, quando quiser me dizer o que realmente houve quando me salvou e o que lhe feriu deste jeito, por favor… eu… eu mereço saber.

Ele a tocou no rosto, levantando-o delicadamente pelo queixo. Queria lhe dizer tudo, mas mais uma vez percebeu que era melhor esperar.

_ Confie em mim. É tudo o que posso lhe dizer.

Entreolharam-se.

Era estranho, e podia ser pelo salvamento recente, mas Fiona sentiu ali uma conexão tão forte com o General do Ártico que mais lhe pareceu um déjà vu. Via em seu olhar o que ele sentia dentro de seu coração.

Teria sido a respiração boca-a-boca que dele recebera e que lhe permitira novamente respirar a responsável por tal sensação?

Tocou então com o indicador e o seu dedo médio a mencionada cicatriz de seu rosto, e quando os rostos se aproximaram naturalmente e magnéticos para a troca de um beijo, ela achou melhor se afastar.

Mil coisas lhe passaram pela mente, como Kanon, as dúvidas sobre o que dela era escondido e a falta de confiança em si mesma, principalmente.

Mas grata por tudo o que ele havia feito abraçou-o, sem saber realmente como reagir e o surpreendeu com o gesto inesperado.

_ Obrigada, mais uma vez. - disse, enfim se afastando.

Isaak engoliu em seco, e apenas concordou com a cabeça, sorrindo pelo canto de sua boca.

Fiona estava nervosa, e quando percebeu que havia melado a camiseta que usava no unguento do peito dele, sem malícia limpou com as mãos a região de seus seios, passando sobre eles as palmas e os fazendo balançar por baixo da roupa. O finlandês logo concluiu: ou ela estava sem sutiã ou a peça era fina demais, já que o movimento atrativo e livre não passou despercebido de seu treinado olhar.

_ Olha só mais que caramba, me lambuzei toda! Que desajeitada… - ela disse, ao se limpar - Desculpe, acho melhor reaplicar o unguento no seu peito, eu tirei todo ele…

Ela tomava o pote nas mãos quando o Kraken dela o tirou e se pronunciou apressado:

_ Pode deixar que eu faço. Já me ajudou muito, obrigado.

Fiona ficou meio sem graça, era tudo muito inesperado. Sentia-se meio idiota. Como sempre se portava como uma tonta em situações como aquela ao estar perto de um rapaz.

Mas, sendo dispensada, não tinha muito o que fazer, e sorrindo acenou, saindo enfim do banheiro.

Isaak se sentou novamente no vaso, deixando-se ser levado pela gravidade.  Puxou com os dedos os verdes cabelos, como se procurasse assim despertar da hipnose que o balançar dos seios da irlandesa havia lhe causado.

Sua mente podia estar cheia de sentimentos e preocupações, mas seu corpo reagia a um só chamado. Estava realmente doido para ter aquele par de mamas deliciosas que Fiona ostentava, em sua boca.

Xxxxxxx

Cabo Sunion, Grécia

Kanon caiu ajoelhado e ofegante após percorrer com Saga toda a extensão da dimensão paralela até o seu destino.

Estavam agora em um pico rochoso, e ouvia logo abaixo de si o som violento das ondas que se quebravam contra o paredão.

_ Respire com calma e se recomponha. - disse Saga, olhando-o com rigidez e frieza, parado em pé. O vento forte lhe bagunçava os cabelos, que bailavam revoltos tomando o cheiro do sal ambiente.

_ O que foi isso? Onde estamos?- Kanon sentia dificuldade em falar. O deslocamento à velocidade da luz havia lhe impactado, muito mais psicologicamente do que em seu físico propriamente dito.

_ Acabamos de percorrer quase quatro mil quilômetros de distância viajando por outra dimensão. Bem vindo à Grécia. Agora se levante, e pare de reclamar feito um fracote. Você aguenta bem mais do que isso.

Saga o puxou, e Kanon se pôs de pé.

_ Venha. Tem um lugar que você precisa rever.

Saga e Kanon caminharam, e o Gêmeo mais novo se surpreendeu ao descer escalando os rochedos até o que parecia uma grande pedra a imergir do mar. E ao olhar ao redor, logo algo lhe chamou a atenção: na base da encosta havia uma cela encravada.

_ Há muitos anos nós dois tivemos uma séria conversa por aqui. - disse o Cavaleiro de Ouro - Você me desafiou, dizendo que em mim morava um mal gigantesco. Eu lhe disse que estava enganado… pois bem, quem estava enganado era eu.

_ Não entendo… - O Marina estava perdido.

_ Você me disse que os fortes deveriam ter tudo o que quisessem, e que esse nosso poder existia para ser usado a bel prazer… irmão, desde que se apaixonou por aquela Ninfa suas ações tem sido absurdas e totalmente despropositadas. Por isso já chega de correr atrás de você e consertar as porcarias que deixa pelo caminho. Tudo isso acaba aqui.

Saga se virou para ele, e surpreendentemente tinha o olhar vermelho como o mais puro ódio que podia habitar em alguém.  Seus cabelos logo se tornaram cinzas, e o General do Atlântico Norte ficou abismado com aquela mudança na aparência do outro.

_ Este é o monstro que você ajudou a despertar!!!- o General foi atacado por aquele que supostamente era seu irmão gêmeo, com socos e chutes tão poderosos que lhe jogaram longe, fazendo sentir uma dor imensurável.

_ Chega, Kanon! Estou farto de você! Morra!

Saga novamente o atacou, lançando rajadas poderosas de seu cosmo. O Marina se desviou, rolando para o lado e se escondendo atrás de uma das pedras.

_ Não seja covarde! Você passou anos e anos trancado neste lugar, nada mais justo que ele seja o seu túmulo! Afinal de contas, vai morrer de qualquer forma, melhor que seja pelas minhas mãos do que pelas de um Deus!

Saga atacou mais uma vez, explodindo a pedra que servia de escudo ao outro.

_ Saga! - gritou ele - Porquê faz isso?

_ Porque eu lhe odeio! Estou cansado de suas confusões! Morra!!!

Mais um ataque foi lançado pelo Dourado, e desta vez Kanon foi atingido, e arremessado caiu de costas no chão.

_ Você é um fraco, mesmo! Não sei como um homem tão covarde e sem força de vontade conseguiu chegar até aqui!

O mais novo gemeu. Estava nervoso, com dores horríveis e não sabia como reagir. Sentia dentro de si algo despertando, mas como poderia usar isso a seu favor? Se ao menos se lembrasse de algo… mas tudo era branco em sua mente. Kanon sabia apenas que não poderia desistir.

_ Preciso… me… levantar…

Aos poucos se inclinou até sentar. Estava perdido.

Seu suposto Gêmeo era muito forte, e temia não conseguir aguentar mais por muito tempo aqueles ataques.

_ Poseidon me agradecerá por tirar das costas dele o peso de ter uma Marina tão inútil como você!

E atingindo o irmão mais uma vez, Saga deixou Kanon inconsciente.

 

Quando despertou, o grego sentiu grande parte de seu corpo envolto em água salgada.

Levantou de supetão, olhando ao redor.

Logo percebeu que encontrava-se dentro da cela que havia observado encravada no sopé do rochedo.

_ Saga?! - gritou, olhando pelas grades ao ver o irmão parado do lado de fora.

_ Apodreça trancafiado aí como merece, Kanon.

_ Tire-me daqui! SAGA!

_ Você já deveria estar acostumado ao Cabo Sunion… afinal de contas foi por muito tempo o seu lar! - Saga riu - Este é o destino dos fracos, irmãozinho. Serem subjugados pelos mais fortes. Adeus Kanon.

O mais velho virou as costas e começou a caminhar. Seus cabelos ainda estavam cinzas.

_ NÃO!!!!!! SAGA!!!!!

Kanon foi tomado de desespero. Puxou as grades de ferro com as mãos, com toda a força que conseguia emanar. Estar ali era terrivelmente familiar, e um desespero monstruoso se apossou de sua mente.

Hiperventilou.

Começou a tremer, e em um ato de desespero gritou com todas as forças de seus pulmões, puxando as grades novamente, mas desta vez sentiu dentro de si algo quente, em chamas. Seu corpo todo tremeu quando numa explosão magnífica seu cosmo se acendeu, destruindo a grade e a caverna. E como um Dragão Marinho, ele se projetou em um impulso para dentro do mar, sendo envolto em uma aura dourada e brilhante.

Sua Escama havia se apresentado.

 

Quando deu por si, Kanon estava no topo do rochedo, onde havia chegado com o irmão depois de viajarem até a Grécia. Vestia a sagrada veste do Protetor do Pilar do Atlântico Norte, e olhava abismado, para seus braços, peito e pernas, observando os detalhes de sua Escama, que parecia com ele ressoar. Logo percebeu que Saga estava de joelhos, afastado, e na rocha haviam marcas profundas de arrastamento, como se o outro houvesse sido carregado para lá poderosamente.

Olhou para a caverna ao longe, e ela parecia intacta.

_ Mas…

Saga se levantou, secando com as costas da mão o sangue que lhe escorria pela boca. Seus cabelos eram azuis e seu olhar novamente estava esverdeado.

_ Agora que despertou finalmente o seu cosmo, podemos voltar.

_ Mas… o que foi isso? Eu… eu estava preso, destruí aquela caverna! - disse, apontando.

_ Tem muitas coisas que somos, você e eu. E Mestres das Ilusões é uma delas. Agora vamos voltar para onde estão os outros. Vou lembrar a você como se abre um Portal para a Outra Dimensão.

(Dia 09/15)


 


Notas Finais


- Fenrir teve um destaque a mais do que os outros Guerreiros Deuses pois eu AMO esse lobo, e ele aparece tão pouquinho, eu precisava colocá-lo mais presente. Mas tentei mostrar todos os Guerreiros Deuses, inclusive o Sigmund, que já havia sido mencionado anteriormente, embora para esta fic e linha de tempo eu não siga Soul of Gold.
- Os Draugrs são os mortos-vivos nórdicos hehe. São uma lenda comum daquelas terras - segundo a WIKipédia.
- Mesmo Carman sendo poderosa, ela têm suas limitações, e por isso teve esse planinho ai safado. Distraiu todo mundo, tentou matar a Hilda, e conseguiu um corpo pro segundo filho. Ela ainda tem um filho pra se apresentar.... o que será que aconteceu com eles? Falando nisso, eles aproveitaram que o Krishna abriu os chacras e tirou a escama, e XABLAU no corpitcho dele. Lição de hoje: Não tire sua Escama durante uma batalha.
- Alberich é esperto, rs. No Anime falam algumas vezes da esperteza dele, por isso aqui ele sugeriu o plano.
- O que acharam do plano do Saga? Usar uma ilusão e forçar o cérebro do Kanon e o Cosmo a assimilar algumas sensações já vividas, mesmo que de um modo meio "dejavu"? Saga não dorme em serviço ehhehee. Essa conversa deles, onde Saga diz algumas coisas que Kanon mencionou para ele no passado, me baseei totalmente num dialogo que realmente rolou entre os dois e está aqui: https://www.youtube.com/watch?v=qoOvlBtt94Y
- Fiosaak! Nhai! FINALMENTE estão se aproximando, hallelloo! Foi uma troca intensa, e quase rolou um beijo! Acho que logo vem mais coisas por ai. Isaak é um taradinho, mas ele sabe tratar uma moça - em todos os sentidos.

E agora, o que vem por ai? O que Hilda e Poseidon farão, e também os Deuses do Olimpo? No próximo cap mais desenrolar, romance e tretas!

Beijos e obrigada à todos!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...