História Maracujás - YoonSeok - Spinoff + AVISO IMPORTANTE

Ele olhou pela janela aquela manhã, vendo cada ponta da rua parecer pacífica. Haviam se passado três anos.

Três anos desde que ele foi suspeito de algo que não fez.

Park Jimin havia mudado seus hábitos desde o trauma. Ele não falava tanto, era quieto. Continuava vaidoso, continuava bonito, continuava seduzindo garotas e garotos por aí, mas, agora, fazia o máximo para cuidar da própria vida e esquecer os outros. Desde que ele perdeu contato com seus melhores amigos após o ensino médio, ele havia tentado recomeçar sua vida, e o primeiro passo foi começar a trabalhar para pagar os estudos. Acabou que não deu muito tempo para fazer os dois e, agora, Jimin vivia de favor em um apê pequeno com um conhecido de faculdade. Os dois mal se viam, o rapaz saía pela manhã e chegava à noite, quando Jimin estava dormindo há muito tempo.

Ele não tinha escolha, para conseguir pagar os estudos — mesmo com uma bolsa de cinquenta por cento e uma moradia gratuita — ele precisava trabalhar, cozinhar e lavar a roupa para poder imprimir apostilas emprestadas, desde que seus pais não ajudaram-no na vida autônoma e acadêmica escolhida pelo filho.

E naquela amanhã, após fechar as cortinas brancas do quarto e abrir a porta do guarda-roupas para escolher a combinação do dia, ele ouviu.

O celular vibrou sobre o criado-mudo.

Ele havia criado um medo desde o que aconteceu com Hoseok, tanto que, agora, não usava aplicativos para conversar, e, por isso, acabou se afastando de muitas pessoas.

Após hesitar um pouco, Jimin caminhou lentamente até o criado e pegou seu celular. Com a tela ainda bloqueada, ele pôde ver uma notificação de mensagem.

[Nova Mensagem de: Desconhecido!]
Desconhecido diz:
Ei, Jimin
É verdade o que estão dizendo por aí?

Jimin engoliu a seco, e suas mãos tremeram tanto que ele deixou o celular cair ao chão. Ele coçou os cabelos antes de pegar novamente o aparelho e digitar com dificuldade.

Jimin diz:
Oi
Quem é você?
E o que dizem?

Desconhecido diz:
Ah, quem eu sou não importa.
Dizem que você tem gosto de morangos nos lábios. Como eu nunca tive a chance de experimentar, queria saber se é verdade.

Jimin apenas gritou para si mesmo, sentindo raiva. Ele nunca gostou de jogos, e não deixaria isso acontecer com ele.

Jimin diz:
Ok, é você, não é?
A mesma pessoa que infernizou a vida do Hoseok
Olha, eu não tenho nada a ver com isso, então me deixe em paz
Eu não tenho relação nenhuma, eu nem falo mais com o Hoseok, ou com o Yoongi
Então você não vai conseguir nada útil mexendo comigo
Só me deixa em paz

Desconhecido diz:
Calma, Jimin, vamos com calma.
Eu nunca disse que queria informações.
Eu sei que você não fala mais com eles, eu vejo vocês quase todos os dias. Até me dói ver como Yoongi e Hoseok estão bem na vida e você está aí... Nessa vidinha mais ou menos.
Enfim, eu queria me encontrar com você. Pra conversar, amigavelmente.

Jimin diz:
Eu nem te conheço
Não faço ideia de quem você é
Me deixa em paz, por favor
Eu nunca fiz nada pra você

Desconhecido diz:
Calma, inferno
Eu não vou fazer nada, que saco
Eu não sou esse monstro que vocês acham que eu sou.
Enfim, você me conhece sim, Jimin, eu só não sei se você vai se lembrar de mim.
Bom, sabe o celeiro na fazenda do sul, a Sunny Sun? Eu quero que você me encontre lá

Jimin diz:
Aquele lugar é abandonado
Eu não vou lá sozinho
Eu não sou louco

Desconhecido diz:
Não precisa ir sozinho, eu não te farei mal.
Haverá um outro amigo seu comigo, então não precisa se preocupar, Jimin
Não vai acontecer nada ruim a você, pode confiar em mim

Jimin diz:
Confiar em quem tentou destruir a vida do meu amigo?
Não
Nunca

Desconhecido diz:
Se você for, você vai descobrir quem sou eu, vai entender tudo o que aconteceu.
E eu prometo que não vai acontecer nada com você.
Leve seu celular, leve amigos, faça como quiser.
Se quiser levar o próprio Hoseok, também pode.

Jimin diz:
...
Olha
Eu não quero me meter nessa história toda
Eu tô bem longe disso
Então

Desconhecido diz:
Jimin, vamos sair para um encontro então, que tal?
Uma conbini. Meio da cidade. Muita gente ao redor.
Mais confortável para você?

Jimin diz:
Soa melhor, mais seguro...
Quando?

Desconhecido diz:
Assim que você tiver tempo livre.
Na Conveniência do Blue Lily, sábado, às cinco da tarde. Como soa?

Jimin diz:
Tudo bem...
Nos vemos lá.
Se eu não aparecer, é porque dei pra trás. E não é pra me procurar caso aconteça.

[Certeza que deseja bloquear Desconhecido?]
[Contato bloqueado com sucesso!]

Jimin bufou, se jogando na cama. Agora ele simplesmente temia sair de casa, pois sabia que aquele louco podia estar em qualquer lugar.

Realmente, em qualquer lugar.

O sábado chegou, e Jimin estava completamente arrumado, com roupas chamativas, que qualquer um reconheceria-o em qualquer lugar. Estratégia para as pessoas prestarem atenção nele caso algo como um sequestro acontecesse.

Jimin realmente acreditava na minha crueldade, mas eu não sou tão cruel assim.

Observei quando ele entrava na loja de conveniência, olhando para os lados um tanto confuso. Me mantive em meu lugar, prestando atenção no livro que lia.

Ele foi até o balcão e pediu uma grande bebida de chocolate derretido, que logo ele levava para uma mesinha e começava a tomar.

Provavelmente ele estava esperando o tal Min chegar.

Olhei para ele por alguns segundos, esperando que ele olhasse para mim também, mas isso não aconteceu. Me levantei e comecei a olhar os CDs que estavam em exposição para venda. Foi aí que o olhar de Park Jimin capturou o meu.

E foi aí que a presença dele se fez. Aquele rapaz tem uma presença enorme, enervante, que atiça todos os seus instintos, todas as suas veias. Seu sangue começa a ferver, simplesmente querendo que ele venha esfriar o calor que se apossa do corpo com sua frieza habitual.

E, conhecendo Jimin como eu bem conheço, sabia que ele não iria desviar o olhar, apenas iria intensificar. E eu fiz o mesmo, mantendo minha pose de bom moço e o observando.

Como eu havia planejado, em poucos minutos TaeHyung chegou na loja de conveniência, com sua expressão típica de garoto feliz. Cumprimentou Jimin e se sentou junto a ele.

E então eu comecei a prestar atenção na conversa dos dois.

— O que faz aqui, TaeHyung? — Jimin perguntou, suspeitando do amigo. É como eu esperava, sua guarda está alta.

— Min — ele respondeu simplesmente, abrindo um pacote de salgadinhos e começando a comer — Calma, não sou eu. Lembra que ia encontrar Min aqui? Então. Sou um enviado. Eu vou explicar tudo para você.

E assim TaeHyung começou a explicar a versão dele da história toda, dessa vez mais calmo que aquela vez, três anos atrás.

"Bom, você se lembra que o Yoongi havia perdido o número dele, certo? Então, foi bem aí que tudo começou. Ele havia comentado com um amigo meu que ia tentar conquistar o Hoseok por um número falso. E ele comprou um chip, e começou a mandar as tais mensagens. Mas o Yoongi arregou logo no primeiro dia, e o Hoseok ficou um tempo sem pistas do tal Min. Nesse tempo, meu amigo me havia contado o que aconteceu, e foi então que ele começou a me dar ideias. Eu roubei o chip novo do Yoongi quando tive chance de pegar seu celular. É claro que o Yoongi não ia contar isso para ninguém, ou todos saberiam que ele começou tudo isso."

Jimin parecia surpreso, mais do que deveria, ainda tomando seu chocolate. Eu, vez ou outra, lançava-o um olhar.

— Então... De fato, o Yoongi era o Min? — Jimin perguntou, boquiaberto.

— Mais ou menos... — disse TaeHyung, olhando para os lados e mexendo no anel no polegar da mão direita — ele tinha a intenção apenas de namorar com o Hoseok mas, em algum ponto, percebeu que era melhor fazer tudo por si mesmo, fazer Hoseok se apaixonar por ele...

"... Mas, mesmo depois que ele perdeu o chip e não sabia onde havia ido parar, Yoongi percebeu que Hoseok ainda recebia mensagens de Min, e foi aí que ele começou a se preocupar. Ele percebeu que ele precisaria agir rápido, pois, por meio de Min, eu estava fazendo Hoseok voltar para os meus braços. E é claro que Yoongi não queria isso. Yoongi apenas queria ficar com o Hoseok, custasse o que custasse. Por isso, aquele dia, na sua casa, ele queria uma resposta de quem era Min. Ele sabia que, se não jogasse a culpa em alguém, uma hora o Hoseok iria descobrir tudo. Mas, naquele dia, eu já não tinha o chip. Eu já não era Min."

Jimin franziu o cenho, vendo que seu chocolate quente havia acabado, então foi buscar mais dois copos, um para ele e um para TaeHyung, sendo o do amigo um copo de capuccino. Jimin sempre foi tão gentil, era uma pena meter ele nesse tipo de coisas.

— Entendo... Então, quem era Min?

— Lembra do amigo que eu havia dito? — TaeHyung perguntou, vendo Jimin balançar a cabeça enquanto enfiava as mãozinhas dentro das mangas do moletom amarelo — Então...

"Eu disse que eu não queria mais fazer isso, e foi pouco depois que o Hoseok me deu um fora para ficar com o Yoongi. Eu realmente não queria continuar com o jogo, mas eu já havia feito tanto... Eu não podia simplesmente dar para trás, ou Min ficaria muito chateado comigo. Ele queria muito que o Yoongi ficasse com o Hoseok, e dizia que eu não podia exatamente ficar com o Hobi, pois, de acordo com ele, havia uma outra pessoa esperando por mim, uma pessoa que eu amava muito também" e TaeHyung mostrou o anel em seu dedo para Jimin com um sorriso no rosto, vendo Jimin sorrir alegre por saber que o amigo estava num relacionamento. Então, TaeHyung prosseguiu "Enfim, eu entreguei o chip para Min, e foi aí que as coisas realmente começaram a andar. Aí que Hoseok começou a ficar sério com o Yoongi, aí que o jogo começou a ir a favor do que o Min queria. Eu só não entendo, até hoje, por que ele queria que eu colocasse toda a culpa em você... Mas foi assim que fizemos, fizemos eles acreditarem que foi você quem pegou o chip, você quem tentou separar os dois, embora não fizesse nenhum sentido. Min sabia exatamente o que estava fazendo e, talvez, por isso que pediu que eu viesse aqui contar tudo a você. Deve ter um... Sentido escondido. Um motivo."

Jimin continuou em silêncio, mas parecia que estar novamente com TaeHyung lhe fazia bem, então ele continuou bebendo seu chocolate enquanto olhava para o amigo mais novo.

— Bom, eu não sei bem o que aconteceu, e nem entendo o porquê de vocês terem vindo contar isso a mim...

— Jimin, sua vida está horrível — TaeHyung disse, vendo o amigo arregalar os olhos — Eu sei porque Min me contou, ok? Ele sabe tudo de todos nós. NamJoon e Kookie continuam naquilo, NamJoon está na faculdade e Kookie repetiu o terceiro ano. Yoongi e Hoseok estão tentando ter um bebê. Min sabe tudo de nós. Você está vivendo de favor, trabalhando igual um condenado. Nós sabemos que você tem medo de sair de casa, Jimin — TaeHyung disse, pegando na mão do amigo — Você precisa esquecer tudo isso, tirar tudo isso da cabeça. Min não vai fazer mal a você, ninguém vai. Ele está protegendo você.

Jimin abaixou a cabeça, começando a chorar.

E aí começaram as duas horas de desabafo de Park Jimin, algo que ele realmente precisava.

Foi aproximadamente às oito da noite que Jimin se despediu de TaeHyung e saiu da loja de conveniência, olhando para mim com um olhar tímido antes de fechar a porta de vidro atrás de si.

TaeHyung esperou ele começar a caminhar para longe antes de se aproximar de mim.

— Está feito — ele disse, abrindo a mão, e logo eu apertei-a. Aquilo era o sinal de nós dois que, a partir daquele momento, não existiria mais Min. Não existiria mais essa história toda. Tudo ficou no passado — Eu ainda não sei o porquê, Hyung, mas... Faça o que quiser.

— Ele chorou muito — eu disse, vendo TaeHyung concordar com a cabeça — Odeio quando Jiminnie chora.

— Acho que ele não lembra de você — TaeHyung disse, e eu concordei, rindo — Jimin é muito avoado. Não esperava menos.

— Bom, então tudo termina aqui, TaeHyung. Obrigado pelo apoio até agora, mesmo sem entender meus motivos.

— Obrigado também, Hyung. Nós nos vemos por aí — TaeHyung me abraçou, e saímos juntos da loja de conveniência após pagarmos nossas contas. Ele já saía para um lado quando eu comecei a caminhar para um outro.

E foi ali que eu reparei em algo.

Na esquina, Jimin estava parado, encostado em uma grade, fumando um cigarro mentolado, enquanto esperava o ônibus.

Sorri, me aproximando dele.

— Cigarro faz mal, sabia? — perguntei para ele, que se surpreendeu e me olhou, logo reconhecendo-me como o rapaz da conveniência.

— Ah, oi... Eu sei, mas é bom para desestressar — ele disse, sorrindo constrangido.

— Imagino, vi você chorando hoje, deve estar mais leve do que antes — disse, acariciando seus cabelos lentamente, ato pelo qual ele não demonstrou nenhuma resistência — Ah, veja, um ônibus. É o seu?

— Ah, sim, é o meu... Mas ele fica dez minutos parado aqui no ponto... — vi suas bochechas ficarem vermelhas, e entendi o que ele queria dizer com aquela colocação. Sorri para ele, pegando meu celular do bolso.

— Me passa seu número — eu disse, ainda sorrindo, mesmo que já tivesse seu número salvo na lista de contatos. Ouvi sua voz doce ditar os números, enquanto eu fingia salvar um novo contato. Logo também passei meu número a ele, que salvou com um sorriso fofo nos lábios.

— Hã, qual seu nome? — ele perguntou, e então eu disse.

— Sou SeokJin. Mas pode salvar como Jin, apenas. — eu sorri, e assim ele fez, não demonstrando confusão. De fato, Jimin não se lembrava de ter estudado comigo.

Ah, se ele soubesse...

— Bom, Jin, eu vou subir no ônibus agora, mas podemos conversar em breve? — ele perguntou, e é o jeitinho fofo que eu tanto gosto, esse jeito de se preocupar com coisas bobas e deixar essas coisas serem motivo de sorrisos.

— Claro que podemos, Jimin — eu disse, deixando um selar sobre sua testa, vendo ele ficar completamente sem jeito antes de acenar e entrar no ônibus com um enorme sorriso no rosto.

Sem demora, fui para o estacionamento e peguei meu carro, indo para o prédio onde eu moro e sou porteiro. Mas acredito que precisarei mudar de casa e de trabalho em breve.

Afinal, eu pretendo trazer Park Jimin comigo.

[Min está offline!]