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História Marauders heir - Dezessete - Natal


Escrita por: BiancaLBlack

Capítulo 17 - Dezessete - Natal


DOMINGO, 18 DE DEZEMBRO

Quando chegamos à King’s Cross, descobrimos que passaríamos o Natal na Toca, com os Weasley. Harry, Rony e eu trocamos sorrisinhos Marauders. Ficamos todos os Natais em Hogwarts juntos, esse ano não seria diferente. Da estação, fomos direto para a Toca, onde George me ajudou a levar meu malão para o quarto que eu dividiria com Harry e Rony. Enquanto subíamos as escadas, ele me contou algumas piadas, achei-as engraçadas, mas controlei a risada ao passar pelo quarto de Percy. Ele odiava quando fazíamos barulho perto de sua porta.

-Pode rir à vontade – disse George, a voz um pouco amargurada -, ele não está aqui.

Fiquei sem saber o que fazer em seguida. O rancor que George guardava da ausência do irmão mais velho estragou o clima brincalhão, e eu não estava certa se podia perguntar onde ele estava, então tentei adivinhar sozinha. Rony disse no verão que Percy saíra da casa dos pais porque agora que trabalhava, podia bancar a casa própria. Acho que para quem passou a vida toda cercado de irmãos é normal querer seu espaço, mas também era normal voltar para os feriados.

George colocou minha mala no chão, fazendo gemer o soalho de madeira. Parecia que eu estava prestes a embarcar em uma viagem para uma terra longínqua, pela forma que ele me olhava, procurando gravar cada detalhe porque nunca mais me veria.

-Calma cara. Estarei no quarto ao lado do seu – brinquei. - Você está babando – sequei seu queixo com o polegar.

-Não, não estou – ele replicou rindo – Venha, mamãe logo chama para o almoço.

Descemos, fazendo piadinhas e nos acotovelando como velhos amigos. A cozinha da Toca estava abarrotada, com os seis ocupantes habituais e mais seis visitantes.

-Vai ficar pior – disse George, quando nos esprememos para pegar lugares à mesa – Charlie e Bill vêm para o jantar.

Eu ri, sentindo o celular vibrar em meu bolso. Discreta, tirei-o e acendi a tela. Era uma mensagem de Jonay que acabara de chegar.

Jonay: Oi. (12:00)

Jonay: Isso é estranho né? (12:00)

Jonay: Quer dizer, nós dormimos abraçados (12:00)

Jonay: Acho que é o mais perto que duas pessoas podem estar (12:00)

Jonay: E agora estamos falando por mensagem de texto. É meio frívolo (12:00)

Ella: Oi (12:01)

Ella: Eu acho que pessoas grávidas estão mais perto que isso com seus bebês (12:01)

Ella: Mas sim, essa sequência de fatos é bem frívola (12:01)

Ella: Até parece que estamos desinteressados um no outro (12:01)

Jonay: Meu Merlim, como você fala difícil! (12:02)

Jonay: “Sequência de fatos”? É sério isso? Não estou desinteressado, a propósito(12:02)

Jonay: Você está?(12:02)

Ella: Não. Se estivesse, acha que eu o teria levado à Sala Precisa? (12:03)

Jonay: Ponto para você (12:04)

Abafei uma risada.

-Eladora! - ouvi Remus chamar algumas cadeiras à minha esquerda. - O que dissemos sobre celulares à mesa?

-Nada – falei, arrancando risadas dos presentes. - Nunca disseram nada sobre celulares.

Meu pai revirou os olhos, mas eu sabia que ele queria rir e admitir que era verdade.

-Guarde – mandou Sirius entre risos – agora.

Simbolizando que eu fora vencida, muito teatralmente coloquei o telefone de volta ao bolso e terminei a refeição. Aquele seria o melhor Natal da minha vida.

***

E estava sendo. O tempo passava muito rápido na Toca, e logo era hora do jantar. Bill e Charlie chegaram, então a sra. Weasley decidiu que jantaríamos no jardim. Ginny e eu apanhávamos os talheres enquanto as mesas eram postas no gramado, e os gêmeos acharam que seria legal bater tampas de panela no cômodo relativamente silencioso e nos assustar.

-George! - eu gritei, me abaixando para pegar os garfos que derrubara com o susto. - Não é engraçado – massageei o peito.

George estava morrendo de gargalhar, isso só me deixou mais irritada. Me segurando para não pisar duro e fazer birra como uma menininha idiota, sai da cozinha, com George em meus encalços tagarelando.

-Qual é Ella. Foi só uma brincadeirinha boba. Não está brava de verdade, está?

Controlando minha força bruta e o impulso de socá-lo, coloquei os talheres na mesa e os distribui, sem me virar para George.

-Não – a palavra fez meus ombros relaxarem -, na verdade, foi bem amador. Precisa andar mais comigo para ser um especialista – girei nos calcanhares, sorrindo desafiadora.

-E o que tem a me ensinar? - ele correspondeu ao meu sorriso. Claro que ele jogaria meu joguinho. Eu só não podia deixá-lo comandar.

-Várias coisas, afinal eu sou a herdeira dos Marotos – desviei os olhos para meus pais e padrinho, que ajeitavam as cadeiras. - Primeira delas, nunca se distraia perto de um saqueador em potencial – exibi a carteira que surrupiara de seu bolso.

-Danadinha – ele sorriu ao tomar a carteira de volta. - Quando aprendeu a fazer isso? Com quem?

-Aos seis anos. Sozinha. Se não aprendesse, teria morrido de fome.

-Você precisava roubar comida? - ele exasperou e eu assenti. - Como eles puderam te deixar em uma situação dessas? Nós somos pobres, mas não chega a tanto.

-Hey, hey, hey – levantei as palmas e ele se calou. - Primeiro, eu roubava de lojas ou dos vizinhos, e sim dos armários. Eva sempre “se esquecia” - fiz aspas com as mãos – de me alimentar, então tive que aprender a pegar sozinha. Segundo, eles estavam desesperados. As pessoas são irracionais quando desesperadas. Terceiro, eles não sabiam.

George meneou a cabeça, não sabia se ele tinha acreditado em mim. O jantar foi tão divertido quanto o almoço, com Charlie e Bill contando suas histórias do último ano na Romênia e Egito.

-A comida romena é sensacional – contava Charlie para James e Lily -, mas não se compara à da minha mãe – acrescentou ao ver a sra. Weasley passar perto, e eu abafei o riso.

-Por que você não ri quando acha graça? - questionou George, servindo seu prato.

-Eu rio das suas piadas – coloquei suco de abóbora em meu copo.

-Sua risada não é de verdade, parece forçada. Você esconde a sua risada, a abafa o tempo todo. Eu quero saber como ela é.

Se tem uma coisa que eu aprendi com os Mirony foi: nunca deixe alguém saber tudo sobre você logo de cara, sempre guarde seus segredos. Minha risada era então, um segredo que eu guardaria muito bem.

-Certo, certo. Vejamos… me pegue desprevenida, e então, se eu rir, saberá como ela é – ele nunca conseguiria.

-Fechado. Prepare-se para gargalhar, srta. Lupin-Black.

-Isso é o que veremos, sr. Weasley.

GEORGE

Como eu planejava fazer Eladora rir com espontaneidade? Não sabia. Não podia ser com uma piada – ela esperaria de mim uma piada a qualquer minuto -, podia ser uma pegadinha ou truque. Eu tinha três dos Marauders e meu irmão em casa, não seria muito difícil ter alguma ideia com eles por perto. Era quase meia-noite e acotovelei Fred, pressionando o indicador contra os lábios, para que ele faça silêncio.

-Fred? - chamei meu irmão gêmeo, o mais silenciosamente possível. - Preciso de ajuda. Eu apostei com Eladora Lupin-Black, tenho de fazê-la rir.

-Vamos falar com James – murmurou meu irmão, ajeitando os cabelos. - Tomara que ele esteja acordado.

Pé ante pé, passamos pelo quarto de Eladora, temendo despertá-la. Duas portas adiante, era o quarto dos Potter, fechei a mão em punho e bati à porta de carvalho com os nós dos dedos.

-Noite, meninos – disse James, semiacordado, esfregando as têmporas. - O que posso fazer por vocês?

-Precisamos de uma mão com uma pegadinha.

-Então vieram ao lugar certo – ele se animou instantaneamente. - De quê precisam exatamente?

-Preciso fazer Eladora rir, mas ela sempre sabe quando farei uma piada – disse eu.

-Tem que ser surpresa – completou Fred, piscando para nosso… mentor, eu acho.

-Certo… - James refletiu, a mão no queixo – reúnam todos que puderem amanhã depois do café. Sirius e Remus levarão Ella para visitar a avó, então teremos o dia todo.

-Já pensou em algo, James? - perguntei ansioso.

-Isso é para mais tarde, meu rapaz. Agora vão dormir, amanhã terão muito o que fazer.

Obedecemos. Fred me deu um tapinha nas costas, murmurando sobre eu conseguir impressionar a garota com a ajuda de James.

SEGUNDA-FEIRA, 19 DE DEZEMBRO

ELADORA

Sirius me acordou sorrindo.

-Pronta para a surpresa?

Sorri de volta ao assentir. Meus pais me prometeram uma surpresa para hoje, e “o que um Maroto promete, um Maroto cumpre”, disseram. Mesmo que não estivesse nevando na Toca, coloquei minhas roupas mais pesadas, pois me disseram que no nosso destino, a neve já se prendera ao chão.

-Vamos – Remus nos apressou -, ela vai odiar se perdermos o café.

-Quem é “ela”? - perguntei, abotoando meu casaco.

-Você verá – ele piscou, pegando minha mão.

Fomos para a frente da casa. Sirius pegou minha mão e disse para segurar firme. Sincronizados, deram pancadas no gramado com os pés e o mundo rodopiou. Era quase a mesma sensação de looping das Chaves de Portal no início, mas depois parecia que estávamos correndo na velocidade da luz.

Chegamos a uma casa confortável em uma fazenda, toda coberta de branco, devia nevar há dias. Remus se adiantou e bateu à porta. Uma voz reclamou dentro da casa, algo que não compreendi, mas ele respondeu:

-Se você não trocasse as fechaduras uma vez por mês, nós conseguiríamos entrar sozinhos – o som da chave abrindo a tranca ressoou em meus ouvidos. A fazenda era tão velha quanto aparentava. - Ella, esta é Hope, minha mãe.

Hope Lupin tinha cabelos grisalhos caindo em cachos pelos ombros até o meio das costas. Seus olhos eram castanho chocolate, pacíficos, diferente dos olhos indagadores de Remus, que sempre tinham uma pergunta a fazer. Ela nos guiou pelo casarão vitoriano até a sala de jantar, onde a mesa do café estava posta, e eu não estou falando de qualquer refeição, estou falando de algo à altura de Molly Weasley, sério.

Minha avó queria saber de tudo sobre mim, do que eu gostava, o que não gostava, o que acontecera até que eu voltasse para os braços dos meus pais – ela, como todos que ouviram minha história, sentiu um ódio repentino por minha família adotiva, e ficou maravilhada por eu ter feito tudo o que fiz no ano passado – e se estava feliz. Foi a primeira vez em que parei para pensar se estava feliz com o rumo que a minha vida tinha tomado.

Na minha cabeça, eu estava satisfeita o tempo todo, a coisa tinha melhorado, e eu reconhecia os momentos ruins que passara desde que deixei de ser Mirony e passei a ser Lupin-Black, mas ainda assim eles não superavam os bons, nem de longe, e eu não trocaria a vida de Lupin-Black pela de Mirony nunca, mas nunca percebera o quanto isso era especial.

Eu tinha uma família. Não era tradicional, é claro, com um pai, uma mãe e outros familiares. Não, eu tinha dois pais, uma avó maravilhosa, meus padrinhos e o sr. e a sra. Weasley - que podiam se passar por meus tios, de tão próximos que eram de meus pais -, meus melhores amigos e os irmãos de Rony – que eram meus irmãos, principalmente Ginny. Minha família era grande, mesmo quando parecia pequena, afinal éramos só eu e meus pais no número doze de Grimmauld Place.

A fazenda de Hope era enorme, ela só não criava animais por não ter paciência para cuidar deles, mas tinha várias flores e outras plantas mágicas, protegidas da neve e frio intenso por feitiços. A paisagem era linda, mas devia ser muito mais no verão ou na primavera, com a grama verde e tudo o mais. Decidimos matar um tempo no quintal, sentados em um banco olhando a fazenda congelada.

Eu estava com a cabeça apoiada no ombro de Remus enquanto ele e Sirius falavam com Hope sobre uma reforma ou sobre passarmos as férias de verão com ela na fazenda, não estava seguindo o assunto. De repente, Sirius e vovó se levantaram, ele tagarelando sobre mudanças que podiam ser feitas para tomar o lugar mais confortável para nós três, como por exemplo a instalação de uma cabana para Remus e ele acamparem na lua cheia.

-Eu não venho aqui desde que estava grávido de você—disse Remus reflexivo. - Não mudou nada na verdade. Nem a paisagem, nem a minha mãe. Continua exatamente a mesma pessoa amável.

-Acha que ela gostou de mim? - perguntei.

-Querida, ela não gostou de você. Ela adorou você. Sempre foi assim, desde quando nasceu… é impressão minha ou você sempre teve esse cheiro? - ele indagou, aproximando o nariz do meu cabelo. - É um perfume novo? Quem te deu?

Parei por um segundo. Meu perfume era o mesmo desde o ano anterior, quando meus pais me deram uma mala de viagem no fim das aulas, eu o usava todos os dias, o vidro estava quase acabando e eu pedi outro como presente de Natal, mas naquela manhã, eu esquecera. Não notara que o aroma se misturou ao meu “cheiro natural”, falando em linguagem de lobisomem.

-É o mesmo do ano passado, aquele que eu pedi de Natal. Por quê?

-Parece… que algo se misturou aqui. Algo que não é o seu perfume, e não é o seu cheiro, vai por mim, eu conheço o seu cheiro. Isso é cheiro de outra pessoa – oh droga, por favor, não! - Dividiu a cama com alguém recentemente? - ele me lançou um sorrisinho malicioso. - Pode falar a verdade, prometo não contar ao seu pai.

-Jonay Sanchez – falei, na lata e sem rodeios -, não fizemos nada demais, fomos juntos ao baile e resolvemos dormir na sala precisa, só que ela nos sacaneou. Só tinha camas de casal e estava muito cansada para desejar outra coisa.

-Está bem, seu pai e eu não fomos um exemplo de… como dizer… castidade na escola, só tenha certeza que está fazendo as escolhas certas, okay?

-Okay – observei as árvores por um instante. - Você sabia que ele era a pessoa certa, digo na época?

-Ele sempre foi e nunca deixou de ser em momento algum, e se Merlim quiser, nunca deixará – abriu um sorriso fofo.

Sério, agora eu entendi perfeitamente um dos motivos pelos quais Sirius se apaixonou por Remus. Seu sorriso.

GEORGE

Recrutei Fred, Harry, Rony, Ginny, Charlie e Bill para me ajudarem com a pegadinha. Quando viu o grupo, a primeira coisa que James fez foi pedir a Harry que chamasse Lily, dizendo que ela tinha um senso de humor muito parecido com o de Eladora, então o que fizesse Lily rir, provavelmente faria Ella rir também. Primeiro ficamos na cozinha, elencando ideias, mas nada parecia bom. Eladora observava demais, ela perceberia se fosse uma pegadinha combinada, então controlaria a risada. Quase derrotado, me virei para Harry e Rony, indagando:

-Por favor, vocês a conhecem há mais tempo. O que diabos faz ela rir?

-Ela acha você engraçado – apontou Harry.

-Eu sei, como também sei que ela sempre vai esperar uma piada de mim. Tem que ser outra coisa.

-Jonay – disse Rony. - Ele tem umas… sacadas inteligentes, ela ri muito com isso.

Esfreguei a testa. Ótimo, teria de estudar todos os livros que existem para bolar uma piada. Charlie propôs pensarmos em algo que ela não gostasse e tornar engraçado. Rony disse que o que Ella mais odiava eram cobras, e qualquer coisa envolvendo os répteis seria repugnante para ela, e não engraçada. James ouvia tudo em silêncio, analisando e julgando o que dizíamos. Harry sugeriu fazermos um truque com alguém que ela não gostasse, mas só daria certo se Percy aparecesse na Toca, e eu não estava muito certo se queria que isso acontecesse.

Choraminguei. O que faria agora? Ficamos o resto do dia tentando pensar em algo, mas não tínhamos nenhuma ideia que não envolvesse Percy. Quando era hora do jantar, mamãe anunciou que Percy se juntaria a nós em poucos dias.

-Bem, já temos nossa pegadinha – disse Fred sorrindo.

Concordei, idiota ou não, pelo menos Percy serviria para algo.

***

Mais tarde naquela noite, Sirius, Remus e Eladora chegaram. Ela foi saltitando para seu quarto, ansiosa para contar a Harry e Rony o que fizera. Eu fiquei feliz por saber que ela teve um bom dia, no fim das contas. Fred aproveitou a oportunidade para caçoar de mim, dizendo que Eladora teve um dia incrível, durante o qual ela devia ter rido muito e eu passara o meu pensando em como fazê-la rir.

-Pouco me importa – falei. - Logo Percy Babaca estará aqui, e então, com alguma Gemialidade Weasley farei sua pele ficar púrpura com bolinhas verdes no meio do jantar de Natal e então… Eladora morre de tanto rir. Fim da história.

-Pensei que gostasse dela. Por que a quer morta?

-Você entendeu, seu idiota – falei, atirando um travesseiro nele.

Ouvi sua risada ao apagar a luz, mas em vez de dormir como ele fez, refleti sobre a conversa que acabáramos de ter. Eu gostava de Eladora como amiga, certo? Era por isso que eu tinha aceitado aquele acordo estranho. Rodei na cama por algumas horas, mas ainda não tinha adormecido. Decidi então ir até o quarto de Eladora, se ela estivesse acordada, poderia falar com ela e então entender o que sentia – ou talvez não, mas não custa nada tentar.

Bati à porta, sem ter certeza se preferia que ela abrisse ou estivesse dormindo. As dobradiças rangeram, e revelaram Eladora esfregando o rosto e os cabelos bagunçados, com a baixa iluminação do corredor.

-O que foi? Já tem a resposta? - perguntou.

-Estou quase lá – disse eu, com uma pontinha de orgulho. - Mas não é por isso que vim. Perdi o sono e pensei em dar uma volta. Quer me acompanhar?

Com um sorriso de canto, ela apanhou um casaco e me seguiu. Fomos para a sala de estar, onde podíamos falar com mais conforto. Sentei no estofado marrom, dando-lhe espaço ao meu lado. Ela observava cada detalhe do lugar, gravando-os em sua memória, mais ou menos como eu fizera no dia em que ela chegou.

-Como foi com a sua avó? - perguntei.

-Quem te contou que fui vê-la? - ela ergueu a sobrancelha. - Esteve me espionando Weasley? Procurando em meu comportamento uma brecha para me fazer rir?

Não contive o riso com o drama.

-Ouvi seus pais comentarem… - falei, tentando respirar normalmente – e não, não vivo meus dias em sua função.

-É bom saber disso. O dia com Hope foi… legal. Ela é gentil e sinceramente, me lembra a sua mãe. Você tinha que ver a mesa do café da manhã. Eu olhava aquilo e pensava: “Molly Weasley fez isso, não é possível que tenha sido outra pessoa” - eu ri mais um pouco. - Ela mora em uma fazenda enorme com umas cem mil plantas mágicas diferentes. Neville e Sprout simplesmente pirariam naquele jardim. Acho que meus pais e eu passaremos uma temporada no verão lá. Se quiser nos acompanhar…

-Agradeço o convite.

Horas se passaram enquanto falávamos algumas amenidades, como o que queríamos ganhar de Natal e o que provavelmente ganharíamos. Eu pedira para meus pais uma vassoura de corrida, mas mesmo com um filho a menos em casa, a situação ainda estava um pouco apertada. Fred dizia que eu não me preocupasse, com o dinheiro que as Gemialidades rendiam, logo poderíamos comprar as melhores vassouras do mercado.

Tudo o que Ella queria era um vidro do seu perfume favorito. Claro que Sirius e Remus dariam isso a ela, e muito mais, penso eu. O brilho em seus olhos ao falar de como queria ter mais daquele perfume e das boas lembranças que o cheiro trazia era quase hipnótico. Há meses, Rita Skeeter atacava Eladora em suas reportagens, chamando-a de mimada e fútil, mas mesmo que ela tivesse tudo o que pudesse desejar, eu não conseguia vê-la como a garotinha superficial e desprezível descrita nas matérias.

Eram quase duas da manhã quando adormecemos, ela encolhida no estofado, tremendo um pouco com o frio, eu abraçando sua cintura, o rosto escondido em seus cabelos.

TERÇA-FEIRA, 20 DE DEZEMBRO

SIRIUS

Amaldiçoei Remus mentalmente por ter deixado uma fresta da janela aberta ontem, pois o vento de congelar os ossos me acordou às sete, quando eu planejava dormir até pelo menos dez da manhã. Grunhindo, troquei de roupa e fui para a cozinha pegar café, mas ao passar pela sala de estar, me deparei com Eladora adormecida no sofá, com George abraçado a sua cintura.

Eu devia sentir raiva ou ciúme – quem era ele para se abraçar assim com a minha menininha? -, mas no fundo, eu só tinha inveja, porque eles estavam dormindo tranquilamente enquanto eu não poderia pegar no sono de novo tão cedo. Passei a mão nos cabelos desengrenhados dela, com um sorrisinho. Por mais ciumento e paternal que eu fosse – ou tentasse ser, pelo menos, já que falhei de forma miserável nos últimos doze anos -, não podia deixar de querer que ela fosse feliz, e se ela estava feliz com George por mim estava tudo bem.



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