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História Marauders heir - Vinte e seis - Amigo secreto


Escrita por: BiancaLBlack

Capítulo 25 - Vinte e seis - Amigo secreto


ELADORA

Depois que liguei para pedir socorro a Harry, tentei me manter acordada. Senti sangue escorrer da orelha, tentei enxugar com a blusa mas não surtiu efeito. Chamei George algumas vezes, rezando para ele estar bem, mas ele não me respondeu. Sua janela estava bem mais danificada que a minha, e escorria praticamente um rio de sangue de sua testa. Depois disso, a inconsciência me levou, como se tudo não passasse de um sonho.

***

Minha madrinha me acordou às cinco da manhã e disse que devia ficar calada se não quisesse piorar as coisas. Me empurrou para um longo banho de banheira enquanto passou um sermão tão longo quanto o banho sobre ter sido irresponsável saindo à noite sabendo – literalmente – melhor que ninguém que Voldemort estava de volta. Achei que ela foi até generosa ao não mencionar a cerveja.

-E se aquilo fosse obra de um Comensal? - Lily reclamava lavando meu cabelo. - Vocês podiam estar mortos agora. Não pensou nos seus pais que movem céus e terras por você? Que bela maneira de agradecer.

Nem perdi tempo em retrucar, dizendo que meus pais eram podres de ricos e seu passatempo favorito era… resumindo, eu.

Sim, uma saída noturna quando um bruxo das trevas estava à solta era uma péssima ideia, digna de Harry e Rony no primeiro ano – me desculpem meninos, mas é verdade.

Meus pensamentos estavam distantes mais ouvia ecos da voz de Lily, falando sobre me deixar apresentável. Suspirei teatralmente, ela não queria brigar comigo, queria me ajudar a esconder a bebedeira, mas ainda tinha de rezar para que ninguém do Profeta Diário tenha visto aquilo, se não, mais uma polêmica envolveria meu nome.

O banho pareceu durar duas horas e no fim, ela me embrulhou no meu robe azul e foi separar minhas roupas, enquanto olhei meus cabelos no espelho, estavam definidos em lindos cachos. Vesti uma regata e legging preta e reparei no reflexo do meu corpo, minhas pernas, o desenho de minha cintura. Eu tinha um corpo bonito e desenvolvido, para uma menina de quase quinze anos.

-Obrigada – falei, abraçando-a – por cuidar de nós.

-Por nada querida. Agora vamos, está na hora do café.

Vi meu padrinho conversando com George e Fred no corredor, algumas portas longe da minha. Corri para George, que me recebeu em um abraço, e falamos ao mesmo tempo:

-Você está bem.

Descemos para a cozinha. Depois de comer, fui à garagem, ver se o carro tinha batido, amassado ou qualquer coisa assim. Quando cheguei lá, ele estava em perfeito estado, como se nem tivesse saído da garagem. Não acreditei até me aproximar e correr os dedos pela porta do carona, cujo vidro não estava nem trincado, quando eu jurava ter visto os estilhaços.

-Papai consertou – disse Harry, surgindo ao meu lado, batendo no vidro com os nós dos dedos.

-Fez um trabalho incrível…

Cogitei perguntar a Harry o que ele sabia sobre a Ordem, mas se ele estivesse sob ordens de meus pais de não me contar nada, o que adiantaria? Talvez ele me dissesse algo, porque antes de termos nossos pais biológicos de volta, nós já éramos melhores amigos, e nada podia passar por cima disso.

-Harry, a Ordem… eles querem me proteger de Voldemort? É isso?

-Eles assumiram o dever de proteger todo o mundo mágico de Voldemort, principalmente quando o ministério, que pode ser o caso agora, mas sim. Você meio que se tornou prioridade depois daquilo.

-Valeu mini Prongs. Ajudou muito.

-Falando em Prongs… outro dia ele me contou que os patronos dele e de Lily eram um cervo e uma corça, representando que eram almas gêmeas e tudo o mais. Padrinho Remus te ensinou a fazer o Expecto Patronum, não? - assenti. - Você podia me ensinar? - ele pediu tímido.

-É claro… quando as aulas voltarem, mas quero uma coisa em troca. Meus pais não me deixam entrar na Ordem da Fênix, mas parece que você está nessa. Então você pode ser meus olhos e ouvidos lá dentro?

-Ok, sua coisinha diabólica, agora vamos antes que venham nos procurar.

HARRY

Eu me sentia um pouco traidor. Não como Pettigrew, cujas ações custaram a vida de meus pais, mas, ainda assim, me sentia traindo Eladora. Ontem à noite, quando me tornei parte da Ordem da Fênix, me deram minha primeira missão: tomar conta dela. Faça tudo o que ela quiser, disseram, mas não sei se isso estava incluso.

Eladora tinha um olhar acusador, que fazia você querer se contorcer de culpa. E ela estava usando isso em mim enquanto subíamos a escada. Ela subiu para seu quarto, e eu fui para o hall da cozinha. A porta estava fechada, mas um cachecol da Grifinória fora posto sob a porta, o sinal universal de que havia uma reunião acontecendo e que eu estava autorizado a entrar.

Adentrei o cômodo e me sentei na cadeira de sempre, tentando entender a conversa sem que parassem para me explicar.

-Ela pode voltar para casa comigo – propôs Hope -, ninguém conseguirá encontrá-la e será fácil deslocá-la para King’s Cross.

-Falta apenas uma semana – falei, observando os olhares cansados de meus padrinhos. Já deviam ter discutido aquilo à exaustão -, será muito melhor deixá-la aqui. Ela não fará nenhuma pergunta.

De fato, Sirius e Remus concordaram aliviados. Sorriam, gratos por eu ter-lhes ajudado. Eladora ficaria a salvo por mais uma semana, mas e depois? Eles já não confiavam na segurança que Dumbledore prometia manter em Hogwarts – afinal, se a escola fosse realmente segura, Sirius não teria burlado não apenas as barreiras do terreno, mas também as do castelo, e Voldemort não teria entrado duas vezes, diziam -, então os agentes que deveriam protegê-la éramos eu e os gêmeos, já que a sra. Weasley não deixou Ginny e Rony se juntarem. A questão era: dava? Era possível nós três defendermos Eladora de qualquer ameaça diabólica e ainda sem que ela percebesse? Teríamos de tentar para saber.

Quando a reunião acabou, eu subi para o meu quarto. Passando pela porta de Eladora, ouvi uma conversa entrecortada.

-Você prometeu que ia cuidar de mim – reclamou ela.

-E não cumpri minha promessa? Me diga uma vez em que falhei – respondeu uma voz masculina.

-Nos últimos dois anos, que tal? Deixou-me ao acaso quando aquele maldito traidor tentou me matar. E quando Pettigrew invadiu a escola? Você me ignorou por um ano.

-Ah, me desculpe se eu não podia ser um protetor eficiente para você sabendo que seu pai estava por perto – a pessoa com quem Ella falava foi irônica. - E além do mais, ele fez meu papel muito bem.

Rony passou ao meu lado. Dei-lhe uma cotovelada que o reteve, apontei para a porta e ele passou a ouvir, tão atento quanto eu.

-Melhor que você, inclusive – quase pude ouvir seus olhos revirando.

-Está bem, está bem. Eu vou te compensar.

-Quero só ver… agora suma.

Só me pergunto com quem ela estava falando… uma espécie de segurança que ela contratara? Não tenho certeza disso. Pelo jeito como falavam, parecia que trabalhavam juntos desde que ela entrara em Hogwarts, e aos onze anos, Eladora não tinha um nuque no bolso, não podia pagar para alguém protegê-la, e aliás, por que ela ia querer um guarda-costas? Para intimidar Draco Malfoy? Ela não precisaria, os feitiços que sabia davam conta dele em dois tempos. Ouvi a porta ser destrancada, puxei Rony e me escondi, esperando ver o homem saindo, mas era Eladora.

-Sai já dai – ela mandou, olhando na minha direção. - Você mesmo, Harry Potter. Você também, Rony.

Caminhei para ela, levemente corado de vergonha. Eladora tinha os braços cruzados frente ao peito e um olhar furioso em tons de azul.

-Estavam ouvindo.

-Sim, mas foi sem querer… juro – defendi-nos.

-Tudo bem, Harry, sério. Só… não contem para ninguém.

-Será nosso segredo – prometeu Rony.

Ela suspirou aliviada, sabendo que seu segredo estava a salvo conosco.

ELADORA

UM TEMPO DEPOIS…

O verão acabou e a Ordem se desdobrou para deslocar nós seis para King’s Cross. Logo estávamos na plataforma 9 ¾, nos despedindo. Abracei meus pais e falei:

-Escreverei toda semana.

-Nós também – prometeu Remus.

-Se cuide marotinha – disse Sirius, beijando meu rosto.

-Sim, e vocês também. Ah, o trem já vai partir. Tchau!

Embarquei e fui à cabine onde meus amigos guardavam um lugar para mim, recebendo-me com acenos.

-O que querem fazer esse ano? - perguntou Ginny, animada.

-Bem, nada relacionado a Pedras Filosofais, basiliscos, prisioneiros foragidos, lobisomens, torneios mágicos e bruxos das trevas, porque a Ella já fez isso – enumerou George, me fazendo corar. - Tem alguma coisa que você não tenha feito?

-Hum… beijar você hoje.

Avancei para o colo de George e o beijei sem pressa. Ele corria as mãos por meus cabelos, acariciando-os. A coisa estava esquentando quando Harry gritou:

-Vão para um quarto, por favor.

Me aninhei no peito de George, debatendo com meus amigos sobe nossos planos para este ano letivo. Harry queria garantir N.O.Ms o suficiente para ser auror, Ginny e Rony queriam entrar no time de quadribol, Fred e George planejavam vender mais Gemialidades para comprar a Zonko’s no fim do ano, para depois de formados, poderem se dedicar unicamente à sua paixão. E eu? Minha única meta era sobreviver.

Chegamos às carruagens, e eu parei na frente do coche, encarando o estranho animal fantasmagórico atrelado a ele. Era um cavalo preto que relinchava e bufava.

-O que foi, Sweetie? - perguntou George, tocando meu ombro.

-Que bicho é esse? - perguntei. Não lembrava de ter lido sobre ele em nenhum livro.

-Que bicho, Ella?

-Esse aí, Babe. Puxando a carruagem.

-Nada está puxando a carruagem – ele falou como se eu fosse louca -, anda sozinha como sempre.

-Tem um bicho ali, amor – insisti. - Um cavalo negro, feito de fumaça.

-Olá, vocês – cumprimentou-nos uma professora, acho que é Grubbly-Plank. - Entrem logo, os testrálios não vão esperar muito.

Testrálios, era esse o nome deles. Fiz uma nota mental para pesquisar sobre eles mais tarde. Mesmo dentro do coche, não conseguia parar naquele animal tão elegante de certa forma. Desde o segundo ano, quando peguei aquela carruagem pela primeira vez, nunca os enxergara, então algo mudou em mim, isso é certo.

Chegamos ao salão principal. Harry, Rony e eu fizemos a tradicional inspeção na mesa dos professores, procurando caras novas, mas não achamos alguém que pudesse ser visto àquela distância. Dumbledore se levantou e deu início ao discurso:

-Boa noite crianças – saudou, fazendo as conversas cessarem -, sejam bem-vindas. Neste ano teremos o prazer de receber de volta a profa. Grubbly-Plank para Trato das Criaturas Mágicas enquanto o prof. Hagrid está de licença. E também de receber Dolores Umbridge em Defesa Contra as Artes das Trevas e...

E com essa, este dia acaba de entrar para a lista de “vezes em que eu quis meu pai de volta ao corpo docente”. Dolores Umbridge era baixa, gorda e revestida por lã cor-de-rosa felpuda e sorria mostrando os dentes pontudos. O conjunto lhe dava uma aparência medonha.

-Obrigada professor, pelas doces palavras de boas vindas – disse Umbridge, interrompendo Dumbledore. Nenhum professor jamais interrompeu Dumbledore. - É um prazer estar de volta a Hogwarts e ver rostinhos tão felizes voltados para mim. Estou ansiosa para conhecê-los e estou certa que seremos bons amigos.

A cada palavra, eu só conseguia odiá-la mais. Girei a cabeça pelo salão, nenhum dos “rostinhos” que vi estava feliz, acho que todos odiavam a mulher tanto quanto eu.

Os gêmeos riam baixinho e se acotovelavam, com alguma travessura em mente, imagino. O silêncio que se seguiu à fala dela foi assustador. Ninguém sabia o que fazer no clima tenso causado por ela, tanto que a comida surgiu em nossos pratos sem nenhuma introdução, e os alunos simplesmente pegaram os garfos e comeram, sem as tradicionais conversas à mesa. Foi o jantar mais deprimente de todos que já houve em Hogwarts.

***

O ar triste não deixou o castelo no dia seguinte, e parecia que nunca deixaria. Até Snape estava diferente na primeira aula que nos deu. Em vez de crítico, estava distraído e estava até pegando leve conosco. Não se pode subestimar o poder de um inimigo em comum.

-Caramba, precisamos mesmo tomar cuidado com a Sapa Velha – disse Rony, baixinho. - Ela afetou até o Snape. Do que mais ela é capaz?

-Tenho medo de descobrir… - admiti. - Agora se me dão licença, não falo com Jonay há meses.

Procurei meu amigo pelo castelo, e fui encontrá-lo onde? Na biblioteca. Ele estava em um dos reservados escondidos pelas estantes, nosso lugar preferido, já que podíamos nos concentrar com mais facilidade ali, mas ele não estava estudando. Estava conversando, e eu conhecia muito bem a pessoa a quem a voz pertencia. Hermione Granger.



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