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História Marauders heir - Três - Amigos acima de tudo


Escrita por: BiancaLBlack

Notas do Autor


OI gente! Mais um cap, espero que gostem hehe

Capítulo 4 - Três - Amigos acima de tudo


Ela suspirou pesadamente enquanto acomodavam-se nas carteiras e apanhavam livros, pergaminhos e penas.

-Bom dia – cumprimentou o prof. Lupin ao entrar na sala. - Por favor, guardem todos os livros de volta às mochilas. Hoje teremos uma aula prática. Os senhores só vão precisar das varinhas.

Os alunos se entreolharam curiosos enquanto guardavam o material, pegavam as varinhas e seguiam o professor. Nunca tiveram uma aula prática de Defesa Contra as Artes das Trevas antes, a não ser que considerassem uma aula inesquecível do ano anterior, em que Lockhart soltara uma gaiola de diabretes na sala.

Chegaram a um pequeno almoxarifado, onde não havia nada de notável, apenas um guarda-roupas velho que os professores usavam para guardar vestes limpas. Quando o professor se aproximou, o móvel tremeu violentamente.

-Não se preocupem. Há um bicho-papão aí dentro.

A maioria dos garotos achou que isso era sim algo com que preocupar. Neville lançou ao professor um olhar de absoluto terror e Simas Finnigan mirou o puxador, que tremia barulhentamente, com apreensão.

-Bichos-papões gostam de lugares escuros e fechados – informou o mestre. - Guarda-roupas, o vão sob as camas ou armários sobre as pias. Eu já encontrei um alojado embaixo de um relógio antigo. Este aí se mudou para cá ontem à noite e eu perguntei ao diretor se os professores poderiam deixá-lo para eu dar uma aula prática para meus alunos do terceiro ano. Quem sabe me dizer o que é um bicho-papão?

Eladora levantou a mão.

-Um transformista. É capaz de assumir a forma do que achar que pode nos assustar mais.

-Eu mesmo não poderia ter dado uma definição melhor – respondeu prof. Lupin e o rosto de Eladora se iluminou de orgulho. - Então o bicho-papão sentado aí dentro ainda não assumiu forma alguma. Ele ainda não sabe o que pode assustar a pessoa que está do lado de fora. Ninguém sabe qual é a aparência de um bicho-papão quando está sozinho, mas assim que eu o deixar sair, ele imediatamente se transformará naquilo que cada um de nós mais teme. E isso quer dizer que temos uma enorme vantagem. Você já sabe qual é, Harry?

-Somos muitos – arriscou o menino -, ele não vai saber que forma tomar.

-Exato – Lupin elogiou. - Neville, venha cá, por favor.

Temeroso, o garoto se aproximou do professor, que sussurrou: quando eu abrir aquela porta, quero que imagine algo que o faça rir, algo bem engraçado. Consegue fazer isso? O aluno assentiu enquanto Lupin explicava o feitiço que acabava com bichos-papões, o Riddikulus, e que para funcionar, era-se preciso pensar em algo que causasse riso, forçar o bicho-papão a tomar uma forma engraçada. Pediu por um voluntário, e logo Neville se ofereceu, rindo consigo mesmo. Prof. Lupin abriu a porta e o bicho-papão avançou para Neville. Assumira a forma do prof. Snape, o que fizera prof. Lupin e os demais presentes rirem. O garoto ergueu a varinha e exasperou: Riddikulus!

O bicho-papão Snape, no segundo seguinte, vestia um vestido verde horrendo, um chapéu que se assemelhava a um urubu morto e uma grande bolsa vermelha. Os risos ecoaram ainda mais pela sala. Neville recuou para detrás da turma e o bicho-papão Snape voltou para o guarda-roupas, Lupin orientou-os a pensar no que mais temiam e uma forma de combater aquilo. Eladora se perguntou: o que mais temia? Odiava cobras desde criança. Poderia transformar seu bicho-papão cobra em serpentina de festa, talvez. Um pensamento repentino interrompeu seus planos.

Seu maior medo não eram cobras, não mais. A coisa que ela mais temia era a criatura cuja mão congelava o ar e cuja boca soltava gritos de agonia. Um dementador. Os alunos iam um a um enfrentando seus medos. Quando chegou a vez de Eladora, o bicho-papão se aproximou dela e foi se transformando. Já tinha a mão e a capa quando o prof. Lupin se meteu na frente dela, obrigando-o a mudar de forma. Antes que a mudança se completasse, Lupin gritou: Riddikulus, e o bicho-papão virou uma bexiga de hélio que se esvaziava com um barulho cômico, e em seguida, uma barata minúscula. Quase instintivamente, Harry correu e esmagou-a sob seu pé. A turma batia palmas e agradecia pela aula mais divertida que já tiveram.

-Setenta pontos para a Grifinória! - exclamou Lupin. - Façam um resumo sobre o capítulo 9 para a semana que vem.

Os alunos se retiraram e Lupin fez sinal para que Eladora ficasse para trás. Discretamente, ela obedeceu e o seguiu até a sala de Defesa Contra as Artes das Trevas.

-Eu prometi te ensinar o Expecto Patronum, não? - disse ele, preparando uma xícara de chá. - Quer?

-Sim para as duas perguntas – ela pegou o chá. - Mas antes, por que não me deixou enfrentar o bicho-papão?

-Porque eu conheço bem demais sua história com dementadores. Era nisso que ele estava se transformando, não? - ela assentiu, dando um gole no chá. - Duas razões: sei que você não quer que saibam disso, e também, como você planejava tornar um dementador cômico?

Eladora estagnou, e Lupin soube que a havia pegado. Alguém bateu à porta e Lupin empurrou a aluna para debaixo da mesa. Eladora observou o professor Snape entregar um cálice fumegante para Lupin. Assim que o mestre de poções foi embora, Eladora se levantou de novo, as sobrancelhas franzidas.

-Tônico mágico – explicou Lupin -, sobre a aula… te mando uma carta, está bem?

Ela assentiu, partindo. Encontrou Jonay a caminho do salão comunal da Grifinória, dividindo pilhas de doces. A maioria vindos de lojas de Hogsmeade.

-Toma, Ella – Jonay pôs um caldeirão cheio de sapos de chocolate nos braços da amiga. - Kit anti-Dementador -sussurrou. - Cortesia Sanchez. Onde estava?

-Com Lupin. Precisava tirar umas dúvidas. Fortuna Major – Eladora disse a senha para entrar na torre da Grifinória, mas o retrato não se moveu. - Que diabos…

O retrato estava esfiapado, a pintura cortada em tiras no chão. Logo outros grifinórios se aglomeraram ali, murmurando confusos. Será possível que todos esqueceram a senha? Eladora reconheceu a voz de um dos Weasley, Percy, o recém-nomeado Monitor Chefe. Com licença, eu sou o Monitor Chefe! Os alunos deram passagem ao garoto, que ao ver o quadro, perdeu o ar e gritou: Alguém vá chamar o diretor Dumbledore!

Dumbledore surgiu alguns minutos depois, deslizando imponente. Ele observou o retrato destruído.

-Precisamos encontrá-la. Profa. McGonagall, por favor, localize o sr. Filch e diga-lhe para procurar a Mulher Gorda em todos os quadros do castelo.

-Vai precisar de sorte – disse uma voz gargalhante.

Era Pirraça, o Poltergeist, sobrevoando alunos e professores, encantado, como sempre, à vista de desastres e preocupações.

-Que é que você está querendo dizer com isso, Pirraça? - perguntou Dumbledore calmamente e o rosto do Poltergeist empalideceu um pouco. Ele não se atrevia a atormentar o diretor. Em vez disso, adotou uma voz untuosa que não era melhor que sua gargalhada escandalosa.

-Vergonha, sr. diretor, não quer ser vista, está horrorosa. Eu a vi no quarto andar, chorando.

-Ela disse quem foi que fez isso? - perguntou Dumbledore em voz baixa.

-Ah, disse sim. Tem um gênio danado, esse tal de Sirius Black.

Todos os alunos foram escoltados para o Salão Principal, onde passariam a noite em sacos de dormir. Os alunos da Grifinória anunciaram aos demais que Sirius Black tentara entrar na torre de sua Casa e que atacara a Mulher Gorda quando ela se negou a liberar-lhe a passagem. As suposições sobre como ele entrara no castelo começaram a surgir e teorias eram formuladas. Aparatação, vassouras e disfarces foram os meios mais discutidos, para desgosto de Eladora.

É sério isso?, queixou-se para Jonay. Ninguém leu Hogwarts: Uma História? Não são só paredes que protegem o castelo. Há feitiços de barreira poderosíssimos. Black não poderia burlá-los. As luzes se apagaram e Percy circulava pelo salão, o Lumus de sua varinha aceso bem fracamente, ralhando com aqueles que ainda conversavam. Eladora e Harry ainda estavam acordados, segurando a mão um do outro. Eles não conseguiriam dormir sabendo que Sirius Black entrara no castelo e ainda podia estar no castelo.

-Ella… - sussurrou Harry – na aula de poções, Malfoy deu a entender que eu quereria me vingar de Black, porque ele vendeu meus pais… - sua voz estava levemente embargada – a Voldemort. Acha que ele entrou aqui para me matar?

Eladora hesitou em responder. O argumento de Harry fazia sentido, mas o Sirius Black que ela vira nos cartazes do Caldeirão Furado não parecia alguém que adentraria um castelo com magias de alta proteção para matar um menino, não quando poderia tê-lo feito mais facilmente no verão. Um pouco mais tarde, provavelmente três da manhã, Eladora e Harry ainda despertos – Rony e Jonay estavam há muito ferrados no sono -, ouviram Dumbledore se aproximar.

-Algum sinal dele, professor? - perguntou Percy num cochicho. Eladora desejou poder mandar Black fugir o quanto antes, para que Percy não o encontrasse.

O Monitor Chefe perguntou ao diretor sobre a Mulher Gorda em seguida, e o diretor o tranquilizou. A porta do salão abriu-se novamente e Snape entrou – sua voz ressoando no escuro fez Eladora tremer de medo -, dizendo que o castelo fora revistado e não havia nenhum sinal de Black. Eladora conteve um suspiro aliviado. A essa altura, ele devia estar bem longe de Hogwarts.

-O senhor se lembra diretor, de nossa conversa antes do começo do ano letivo? - perguntou Snape. Dumbledore assentiu. - Parece… impossível que Black tenha entrado sem ajuda de alguém de dentro. Expressei minhas preocupações quando o senhor nomeou…

-Da mesma forma parece impossível que alguém tenha ajudado Black a entrar. Se me dá licença, preciso falar com os dementadores.

+++

Do dia seguinte a Mulher Gorda foi substituída por um cavaleiro maluco que os meninos viam de relance no caminho para a aula de Adivinhação. A turma terceiranista da Grifinória seguia animada para uma aula de Defesa Contra as Artes das Trevas. Tiveram uma surpresa ao entrar na sala. Quem sentava atrás da escrivaninha era Snape.

-Onde está o prof. Lupin? - perguntou Eladora, imaginando se o cálice fumegante que Snape dera a Lupin não continha veneno.

-Ele está se sentindo muito mal para dar aula – isso só aumentou as suspeitas de Eladora. - Sentem-se.

Ela jogou suas coisas no chão enquanto todos faziam o mesmo. Jonay escolhera a carteira ao lado da dela, o que a fez dar um sorriso. Ele arrancou uma folha de pergaminho e escreveu algo no topo. O que acha que aconteceu a ele?, e passou para Eladora.

Não sei, mas há algumas semanas, Lupin bebeu um cálice suspeito que Snape ofereceu, ela respondeu.

O prof. Lupin com quem eu tive uma aula prática com um bicho-papão era inteligente demais para beber um cálice que veio das mãos de Snape.

Quem é que sabe? Se Lupin não conhecia Snape antes desse ano letivo, e realmente precisava de um tônico mágico – ele disse que era isso que havia no cálice -, beberia sem hesitar – foi o que ele fez.

E veja o que isso lhe custou!

Eladora meneou a cabeça. O professor Snape começou a falar sobre lobisomens, sendo grosseiro com Hermione quando ela disse que não tinham chegado ao capítulo sobre lobisomens ainda. Pediu, ao final da aula, uma redação de dois rolos de pergaminho sobre as diferenças entre lobisomens e animagos.

-Srta. Eladora? - ele chamou, enquanto a turma saia. - O prof. Lupin não registrou os tópicos estudados, mas deixou uma anotação sobre aulas extras para você. Está com dificuldade em algum ponto da matéria em que eu possa ajudar? - ele deu um sorriso de escárnio.

É um teste, pensou Eladora. Se eu disser que é um assunto particular com Lupin, ele vai desconfiar, como tem feito há meses.

-Bem, sim, professor. Eu queria saber se feitiços de proteção detém criaturas mágicas.

-Depende da criatura. Kappas não são retidos por feitiços protetores sobre lagos. Só isso? - seu sorriso malvado aumentou.

-E quanto aos animagos?

Sem responder, Snape, saiu da sala, deixando para trás uma satisfeita Eladora. Ela notou que ele deixara tudo sobre a mesa, então aproveitou para revirar as folhas de prof. Lupin e retiras as anotações sobre aulas extras que estavam lá. Pensou em deixar um bilhete, avisando que fora ela que mexera na papelada, mas não sabia quando Lupin voltaria, então apenas enfiou as folhas sob as vestes e saiu.

Quando chegou à sala comunal, Bichento parecia ter encurralado algo sob uma poltrona e Rony e Granger discutiam aos berros. Esse bicho sanguinário matou Scabbers!, atacou Rony, sacudindo algo que de fato parecia um rato morto.

-Você não pode negar que já estava na hora – disse Granger, olhando Bichento de esguelha com um sorriso.

Ignorando-os, Eladora subiu para seu quarto e jogou as folhas na caldeira. Deitou-se em sua cama, os braços cruzados sobre sua barriga. Uma bola de papel atingiu sua testa. Era um bilhete de Hagrid, convidando-a para a próxima sessão de adestramento de Bicuço, algo que fora imposto por Dumbledore após o ataque a Hermione Granger, e também uma carta de Lupin, marcando a primeira aula extra.

Cara Eladora,

Eu sei que foi você quem pegou as anotações. Obrigado pela ajuda. Venha à minha sala segunda que vem, às seis.

-R.J.Lupin.

Com um sorriso, ela correu até Harry e Rony para contar que enfim aprenderia a lidar com dementadores, de igual para igual. Depois disso, foi para a biblioteca, fazer a redação que Snape pedira. Pegou um pesado volume sobre lobisomens. Munida de seu pergaminho, elencou as principais diferenças dos lobisomens para os animagos.

A animagia é uma opção, a licantropia é uma imposição.

Alguns podem se transformar quando quiserem, os lobisomens são controlados pelo ciclo da lua cheia.

Os lobisomens perdem a consciência e razão humanas quando em sua forma lupina, já os animagos conservam a ciência e saber humanos.

Lobisomens são letais – na atualidade, há a poção do Mata-cão para controlá-los -, animagos são inofensivos de certa forma.

Animagos têm registro no Ministério da Magia, os lobisomens estão condenados à clandestinidade.

Mesmo na forma humana, os lobisomens sentem-se fracos perto do ciclo da lua cheia, os animagos não são fisicamente afetados por suas transformações, por mais frequentes que sejam, embora alguns traços animais possam se transferir para suas personalidades.

Eladora percebeu que era uma indireta. Era óbvio que Lupin estava indisposto o tempo todo, e eram raros os dias em que o professor acordava bem. O ciclo da lua cheia se aproximava, e Lupin não se sentia bem para cuidar de suas aulas regulares – por isso agendara a aula extra para a semana seguinte -, e duas semanas antes, precisara de uma poção especial feita por Snape. Não era veneno, nem tônico. Era a Mata-cão. Um envelope caiu em sua mesa.

O prof. Lupin mudou de ideia.

P.S: venha sozinha.

P.S 2: traga a Capa.

P.S 3: O local, a hora e o dia tiveram de ser remanejados por razões de saúde do professor. Agora será na Casa dos Gritos, às seis, hoje.

P.S 4: em anexo, o Mapa do Maroto. Ele dirá como chegar até ele.

P.S 5: Eu juro solenemente que não vou fazer nada de bom/ Malfeito, feito.

Eladora franziu as sobrancelhas, mas abriu o anexo. À primeira vista, apenas um pergaminho velho. Ela murmurou juro solenemente que não vou fazer nada de bom, e palavras se formaram na superfície do pergaminho. Os senhores Aluado, Rabicho, Almofadinhas e Pontas, fornecedores de recursos para bruxos malfeitores, têm a honra de apresentar O MAPA DO MAROTO.

Surgiu uma perfeita planta de Hogwarts, com placas indicando os lugares e pontinhos para as pessoas. Analisando um pouco, ela descobriu uma passagem secreta sob o Salgueiro Lutador, que levava diretamente à Casa dos Gritos. Malfeito, feito, murmurou de novo, apagando o mapa. Checou o relógio. Vinte para as seis, decidiu que já era hora de ir. Arrumou seus pertences, foi para a Grifinória pedir a Harry a Capa da Invisibilidade e cobriu-se com ela, indo até o Salgueiro.

Uivos vinham da Casa dos Gritos. Lembrou-se do guia que Rony comprara para ela em Hogsmeade. A Casa dos Gritos fora construída trinta anos antes e provavelmente era mal-assombrada, pois podia-se ouvir gritos muito altos vindos dali, uma vez por mês. Eladora estremeceu. Por Lupin, ela pensou, tomada por uma súbita coragem. Continuou pelo estreito corredor, que dava em uma escada.

Os gritos tornaram-se mais humanos, e ela podia até distinguir algumas palavras em meio a eles. Berro – Argh, isso dói como o Inferno – Berro – Droga Prongs – Berro – Eu vou… - Berro.

Eladora tentou subir a escada que rangia e chegou a um pequeno hall. A sala de estar escura, mas consideravelmente limpa ficava ao lado. Ela escondeu-se atrás de uma pilastra e observou o que acontecia na sala vizinha. O professor Lupin jazia no chão, ensanguentado. Eladora ainda não terminara a redação solicitada por Snape, mas sabia que a transformação em lobisomem envolvia a quebra de todos os ossos humanos e só terminava quando a lua estava alta. Não eram nem quatro horas, faltavam duas horas para o fim do sofrimento de Lupin.

Havia também um cervo ao lado dele, assistindo. Já vi esse cervo antes…, percebeu Eladora. Os olhos dela encontraram os do cervo, e ele correu até ela, empurrando-a escada abaixo. Ela caiu de costas, com os pés para cima e embolada na Capa da Invisibilidade. Não entendia como o cervo a vira sob a Capa, até ver sua própria mão, fechada em punho e à mostra. Sob seu pé, havia um bilhete.

Se estiver lendo isso, portanto não está morta – que pena -, aqui vai um novo desafio: faça o que eu digo. Eu sei que você não terá o instinto de contar o segredo dele, mas eu tenho, então se não me obedecer, contarei. E vai ser pior para você do que para ele. Ele será mandado embora, e talvez nunca consiga outro emprego, porque é o que é. No fim das contas, nem saberá o que aconteceu – ele não sabe que você sabe, certo? -, mas você terá de conviver com a culpa, e isso é muito ruim.

Eladora identificou a caligrafia. Era igual à da carta que remarcava a aula. Sentiu vontade de se estapear. Como se deixara enganar por um “representante”, que Lupin nunca dissera ter? Era uma armadilha, para que Lupin ferisse-a, mas a presença do cervo mudou tudo. De certa forma, devia sua vida ao cervo.

Enquanto ela divagava, um cão entrou pela passagem, era o mesmo que vira na rua no verão, e na xícara na aula de Adivinhação. O Sinistro. Eladora se assustou, mas não gritou. Ele chegou perto, movendo-se quase de forma curiosa. Eladora pressentiu a própria morte. Trelawney estava certa, e Harry, errado, pensou ela, se eu tiver sorte, vai ser rápido. Caso não, sangrarei até a morte.

Para surpresa da garota, o animal deitou a cabeça e as patas dianteiras no colo dela, como um abraço desajeitado. Durou apenas alguns segundos, até o próximo grito de Lupin, quando o cachorro deu as costas e subiu a escada. Eladora pensou em voltar e ver como o cervo e o cão agiam com o homem em agonia – ou até tentaria ajudá-lo, mesmo sabendo que não poderia fazer muito -, mas o cão parara no hall e a encarava, como um sinal de que não entraria até ela ir embora, mas dava olhadelas discretas na direção da sala.

-Vocês são amigos, não são? - ela questionou. - Vá ficar com eles, eu juro que vou embora.

O cão moveu a cabeça e entrou. Eladora saiu, pensando em como aquele ano letivo que mal começara já estava confuso.

+++

-Ela… já foi – ofegou Lupin, para o cervo e o cachorro.

Em um piscar de olhos, os animais deram lugar a dois homens. Lupin sorriu aliviado ao vê-los. Queria que suas transformações fossem rápidas e indolores como as deles. A situação tomou um ar nostálgico. Há quanto tempo o grupo não se reunia na Casa dos Gritos para a lua cheia?

-Hey Padfoot – disse o homem-cervo, ou como Lupin chamara, Prongs. - Vamos colocá-lo na cama, acho que será menos doloroso.

Padfoot assentiu. Aproximaram-se do amigo transmorfo e erguendo-o pelos braços, o levaram até o móvel. Quando estiver mais arisco, mudamos de novo, determinou Prongs para Padfoot.

-James Potter! - gritou Lupin. - Isso é burrice. Por que esperar? Mudem agora, e se eu… ferir…

-Pelo amor de Merlim, Moony – caçoou James. - Passei a adolescência toda cuidando de você. Conheço sua forma lupina melhor que você mesmo. Se não machucou Eladora, não vai nos machucar. Não é Sirius?

-É… diferente – grunhiu Lupin, sentindo uma costela se partir.

-Eladora esteve aqui? - Sirius ergueu uma sobrancelha. - Eu a vi na escada, mas não pensei que… ah, Merlim, ela te viu?

-Viu, mas tenha calma – James levantou as mãos para apaziguá-lo -, eu cuidei disso.

-Empurrando-a da escada? Isso a assustou. Ela estava apavorada, mas saiu de pé. Pensei que fosse se arrastando.

-Por que ela veio? - indagou Remus. - Eu podia… ah, não…

-Achei um bilhete com ela. Ouçam: “Se estiver lendo isso, portanto não está morta – que pena -, aqui vai um novo desafio: faça o que eu digo. Eu sei que você não terá o instinto de contar o segredo dele, mas eu tenho, então se não me obedecer, contarei. E vai ser pior para você do que para ele. Ele será mandado embora, e talvez nunca consiga outro emprego, porque é o que é. No fim das contas, nem saberá o que aconteceu – ele não sabe que você sabe, certo? -, mas você terá de conviver com a culpa, e isso é muito ruim.” Isso tem dedo do Ranhoso!

-Como assim? Deixe-me ver – James correu os olhos pelas linhas. - Uma chantagem, com certeza, mas não faz sentido. Se Ranhoso quisesse Remus fora de Hogwarts, já teria gritado o segredo aos quatro ventos. Seja lá quem for, conhece Eladora muito bem para saber que ela odiaria ser culpada pela demissão dele. Então, através de “favores” impossíveis, pressionará Eladora ao máximo, até que ela se questione se o segredo vale a pena.

Remus choramingou. Não queria envolver Eladora na rede de segredos onde todos os ali presentes estavam até o pescoço. Olhou de esguelha para Sirius, que enxugou sua testa sangrenta com a manga da camisa. Calma, Remmy. Vai ficar tudo bem. Basta abrir o jogo com Eladora e procurar o chantageador. Ele assentiu e berrou de novo. Sua transformação chegara a parte final: quebrar o crânio.

Após alguns minutos, Remus se mudara em um enorme lobo branco, Sirius voltara a ser o cão, e James, o cervo. Juntos, saíram da Casa e correram juntos pelo bosque. Ao longo dos anos, eles desenvolveram uma conexão mental, para que pudessem se comunicar quando estivessem transformados. Ah deuses, como eu senti falta disso, pensou Sirius, esmagando folhas secas sob as patas.

Você não viveu um tempo como cão depois de fugir?, questionou Remus, equiparando-se a Sirius na corrida.

Sim, mas não chegava aos pés disso aqui.

Deram uma voltinha por Hogsmeade, e de volta a Hogwarts, foram ao campo de quadribol, onde a equipe da Grifinória treinava. Ali está o seu garoto, Prongs, disse Lupin. Apanhador. James observou o menino com a Nimbus 2000, que pegava bolas de plástico arremessadas por Eladora. Ela parecia recuperada da queda, com apenas um arranhão no braço e um hematoma na perna.

-Vai, Harry! - gritou ela, animando-o. - Temos que vencer Corvinal amanhã!

Hey, vamos assistir ao jogo?, propôs Sirius, e os outros concordaram. Um tempo depois, os jogadores voltaram para o castelo e os animagos foram para a Casa dos Gritos, programando como fariam para ver a partida.

Enrodilharam-se como faziam anos antes. James, com sua majestosa galhada, deitou-se, e permitiu que Remus se deitasse sobre ela. Sirius adormeceu no lombo do cervo. Na manhã seguinte, os Marotos foram ao campo, os jogadores estavam tomando seus lugares. Gryffindor versus Ravenclaw. Harry tinha plena certeza de onde estava o pomo de ouro, mas a apanhadora da Corvinal, Cho Chang, ainda não. O garoto da Grifinória tentava distraí-la. Graças a um balaço que avançou na garota, Harry teve tempo o bastante para voar e agarrar o pomo. Dá-lhe Grifinória!, vibrou Aluado. Eles vão para a final contra a Sonserina. Disso para a taça, são dois tempos. Padfoot, que cara é essa? Eu sei que você está tramando alguma.

Nada, nada…,o Maroto tentou desconversar enquanto observava a torcida esfuziante vermelha e dourada anunciar sua festa da vitória na sala comunal.



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