História Marble Kingdom - A Reconquista

P.O.V. Donnel

-Estamos quase a chegar. - disse Sor Thomas, sentado no seu cavalos.

Estavam a caminho do acampamento de Lancel. Donnel, Genna, Sor Thomas, Sor Mathis e Alexandra iam à frente de toda a armada. Esta era constituída por dezasseis mil guerreiros. Cinco mil de Thephra, quatro mil de Lordsport, três mil de Thorodin e quatro mil de Sandspike.

-Quantos guerreiros têm eles? - perguntou Genna.

-Dezoito mil guerreiros. Mas atenção. Não é por isso que a batalha está perdida. - disse Alexandra.

-As catapultas estão em bom estado? - perguntou Donnel.

Sor Mathis abanou a cabeça, em sinal de confirmação.

-Perfeito. - disse Donnel.

Ainda era de madrugada, o que era bom, visto que eles iam atacar a essa hora.

-É aqui. Basta subir este monte e vê-mo-los. - disse Sor Thomas.

-Ordenai aos arqueiros que se preparem. Primeiramente, faremos um ataque de flechas. Depois, logo mandaremos os guerreiros. - ordenou Donnel, determinado.

Os arqueiros obedeceram e subiram para cima da colina, acompanhados por Donnel.

O acampamento parecia abandonado. Apenas alguns guardas de Hatley Castle estavam acordados. Rapidamente eles repararam nos arqueiros, avisando, assim, os outros guerreiros. Pouco tempo depois, estavam quase todos acordados e preparados para a batalha.

-Sua alteza, estamos à espera da sua ordem. - disse Sor Thomas.

-Esperem... Esperem... - disse Donnel. Ele apenas ordenou quando os viu a avançar na sua direção - Agora!

Os arqueiros prepararam os arcos e as flechas, criando uma chuva de setas sobre os guerreiros de Hatley Castle. Centenas deles cairam, mortos. Os que ficaram vivos continuaram, apesar do risco.

-ATACAR! - rugiu Donnel, levantando a sua espada e correndo contra os inimigos, juntamente com todo o seu exército.

Apenas se ouviam gritos de guerreiros a correr, uns em direção aos outros. Quando chocaram, o som do metal a bater foi o único som que se ouviu. Sangue começou a jorrar de quase todos os guerreiros e dos seus cavalos.

   Donnel estava a lutar contra um dos guerreiros de Shartur. Ele havia aprendido a lutar com o seu pai, Samwell. O guerreiro de Shartur lutava bem, mas era muito lento. Donnel, apesar de ser mais fraco, era rápido e ágil. Aquilo parecia uma dança de espadas. Doonel tentou dar um golpe na cabeça dele, mas o nortenho conseguiu parar o ataque, fazendo as espadas bateram uma na outra. Rapidamente, Donnel deu um golpe de espada nas pernas do guerreiro, fazendo corte profundo nele. Ele gritou imenso e Donnel espetou a sua espada no coração dele.

Donnel olhou à sua volta e viu Sor Thomas em perigo. Ele estava a ser atacado por dois guerreiros de Lordsport. Donnel correu contra um deles, espetando a sua espada nas costas dele, matando-o. O outro guerreiro distraiu-se a olhar para Donnel, dando uma oportunidade a Sor Thomas. Este aproveitou-a, cortando a garganta a ele.

-Obrigado. - disse Sor Thomas.

-De nada. Vamos! - gritou Donnel, correndo na direção de outros guerreiros.

Donnel matou uns quantos guerreiros, até que ouviu um grito. Era Sor Mathis. Na colina, estruturas de madeira apareceram. Eram as catapultas. Donnel viu os guardas de Thorodin a colocar bolas flamejantes na base da catapulta. Sor Mathis deu a ordem e as catapultas atiraram as bolas de fogo contra o inimigo.

O rapaz viu uma delas a ir na direção dele. Donnel fugiu, empurrando todos os que via pela frente. Apenas ouviu uma grande explosão atrás de si e o impacto, que o lançou para a frente.

Quando ele olhou para trás, viu tudo a arder, incluíndo alguns guerreiros. Ele voltou a olhar para a frente e viu cerca de sete bolas ardentes a cair nos guerreiros. Em pouco tempo, estava tudo a arder. Donnel levantou-se e atirou-se contra os outros guerreiros.

P.O.V. Darlessa

-Lancel?! Lancel! Onde está o meu filho?! - berrou Darlessa, correndo pelo acampamento. Estava desesperada. O acapamento havia sido invadido por Genna e os seus lacaios e ela não sabia do seu filho. Ela já tinha estado na tenda do seu filho, mas ele já não estava lá.

Darlessa continuou a correr, até encontrar o Lorde Karyl Mullendore.

-Sua alteza! - gritou ele.

-Onde está o meu filho?! - perguntou ela, desesperada.

-Eu... Eu não sei! - gritou ele, assustado.

Darlessa empurrou-o e continuou a correr. Passou por tendas a arder. Viu os seus guerreiros a serem massacrados pela armada de Genna.

De repente, alguém agarrou-a, apontando-lhe uma faca ao pescoço, começando a puxá-la para dentro de uma tenda. Darlessa gritava, mas não valia de nada. Os gritos dos guerreiros soavam mais alto.

O guerreiro levou-o para a tenda, juntamente com outros dois guardas. O que lhe tinha a faca apontada, atirou-a para o chão. Os outros dois guardas agarraram-lhe nos braços e nas pernas.

-Socorro! Acudam-me! - berrava ela.

O outro guerreiro levantou a faca e apontou-a na direção do coração dela.

De repente, a garganta do guarda que tinha a faca foi cortada. Ele caiu e, por trás dele, estava um guarda de Hatley Castle. Esse guarda espetou a sua espada no peito do guerreiro que lhe segurava as pernas e cortou o pescoço ao outro. Ele era alto e musculado. Parecia um urso gigante.

-Sua alteza. - disse ele, levantando-a.

-O... Obrigada... Quem sois?! - perguntou ela.

O guarda tirou o seu capacete e Darlessa viu um rosto completamente desfigurado. Tinha um olho de cada cor, verde e azul. Tinha os lábios rasgados. Um dos lados quase chegava à sua boca. Para além disso tudo, apenas tinha uma orelha.

-Sor Baelor Hart. - disse ela. Sor Baelor Hart pertencia a uma família nobre, vassala de Vesthora. O sua família, quando ele chegou aos quinze anos, expulsou-o de casa, mandando-o para a Guarda Real de Hatley Castle. Já se tinham passado vinte anos desde a altura.

-Ajudai-me a procurar Lancel! Por favor! - implorou Darlessa.

-Sua alteza, a batalha ainda... - disse ele, antes de ser interrompido.

-Sor Baelor, o vosso rei é mais importante do que esta batalha! Ajudai-me! É uma ordem! - gritou ela.

O guarda obedeceu-lhe e saíram ambos à procura de Lancel.

P.O.V. Genna

A batalha estava bastante renhida. Parecia que os guerreiros inimigos estavam sempre a aparecer, cada vez mais.

-Achas que iremos ganhar? - perguntou Genna. Estava sentada no seu cavalo, ao lado de Sor Mathis.

-Espero que sim. O inimigo terá que... - disse ele, antes de ser interrompido.

-Ali! É o Lancel! - gritou Genna, apontando para outra colina. Ela tinha razão. Ele estava ali, a tentar fugir da batalha - Apanhai-o!

Sor Mathis obedeceu e cavalgou em direção ao rapaz. Facilmente ele apanhou-o.

-Largai-me, imediatamente! Eu ordeno! Eu sou o rei! - berrou Lancel, tentando libertar-se de Sor Mathis.

-Silêncio! Aqui não mandas! - gritou Genna.

-Gen... Genna?! - disse ele, assustado.

-Sor Mathis, prendai-o! Fazei-o nosso refém! - ordenou ela.

Sor Mathis levou-o até à carroça, ordenando a dois guardas que não o deixassem sair de lá. Sor Mathis regressou para junto de Genna.

-Sua alteza, isto é excelente. Agora, temos uma nova arma. Darlessa é uma mãe bastante protetora. Fará de tudo para proteger o filho. E ele é nosso refém. - disse Sor Mathis.

-Tenhais razão. Esperemos que ganhemos esta batalha. - refletiu Genna, olhando para o campo de batalha.

P.O.V. Donnel

A batalha ficava cada vez mais sangrenta. Donnel havia matado ainda mais guerreiros. No momento, estava a lutar contra dois guerreiros, um de Lothaven Port e outro de Shartur.

Quando o cavaleiro de Shartur lhe ia dar um golpe, Donnel defendeu-se, atirando a espada dele para trás. Num ápice, deu-lhe um golpe no peito, fazendo-o cair morto no chão. O outro cavaleiro, aproveitando a oportunidade, lançou-se sobre Donnel. Ele tentou-se esquivar, mas foi tarde demais. O inimigo deu-lhe um golpe no seu braço, enchendo-o de sangue. Donnel gritou de dor.

De repente, Sor Thomas apareceu e matou o cavaleiro de Lothaven Port, com um golpe nas costas.

-Sua alteza! Estais bem?! - perguntou ele.

-Sim... Acho que sim... - disse Donnel. Meteu-se em pé e agarrou na espada com o braço que não estava ferido - Vamos!

Donnel continuou a batalha. Finalmente, estavam a ganhar. Quase toda a armada inimiga estava derrotada. De repente, Donnel viu um grande exército vindo da colina contrária de onde eles tinham chegado. Os cavaleiros usavam todos armaduras negras com alguns ornamentos vermelhos. Os estandartes eram negros, com morcegos vermelhos no centro. O símbolo de Red Town. Estamos tramados, pensou Donnel.

Os cavaleiros de Red Town avançaram sobre os Donnel e toda a sua armada, cercando-os com escudos. A linha de defesa ergueu as lanças e começou a fechar o círculo, deixando o seu exército com cada vez menos espaço. Alguns guerreiros de Thephra e de Thorodin tentaram avançar e quebrar o cerco, mas morreram rapidamente. A ferida de Donnel doía-lhe cada vez mais. Estava a começar a ficar tonto. O espaço era cada vez menor, e menor, e menor. Donnel começou a sentir-se sufocado, pela quantidade de cavaleiros que estavam uns por cima dos outros. Estava tudo perdido.

De repente, na colina onde apareceram os cavaleiros de Red Town, apareceram mais cavaleiros. Mas estes usavam armaduras diferentes. Eram prateadas e verdes. Os estandartes eram de um verde claro com uma árvores prateada. St. Victorian, pensou Donnel. Os cavaleiros de St. Victorian quebraram o cerco, dizimando os guerreiros de Red Town. Pouco tempo depois, Donnel desmaiou.

Quando acordou, estava dentro de uma pequena tenda. Levantou-se dela, apesar das dores imensas que sentia. Saiu da tenda e viu apenas a destruição causada pela batalha. Haviam centenas de cadáveres espalhados por todo o lado. Ainda haviam algumas tendas a arder.

Donnel andou pelo campo de batalha. Viu imensa gente a ajudar outras pessoas com feridas. Via milhares de guerreiros de St. Victorian e de Thephra a caminhar. Eles haviam ganho.

De repente, apareceu a sua mãe, Genna, à sua frente.

-Donnel! Como estás?! Como está o teu braço?! - perguntou ela.

-Bem... Nós... Nós ganhámos?!

-Sim. Vem, eu explico-te. - disse ela.

Genna levou-o até outra tenda, onde estavam os Lordes das cidades aliadas. O futuro Lorde Ryam Rowan, o Lorde Trystane Darell Sor Thomas, o Lorde Tuwin, Alexandra, Lady Merianne e, claro, Theon Dayne.

-Sua alteza, como está o vosso braço? - perguntou Theon.

-Melhor. Obrigado. - respondeu Donnel.

-Sentai-vos. - disse Genna.

Donnel e a sua mãe sentaram-se um ao lado do outro.

-Como estava a dizer, quando chegámos a Thephra com o nosso exército, a vossa mãe, Maege Darell, disse-me que vós havéis partido para a batalha. Quando cheguei aqui, vi-vos cercados e decidi interferir. - explicou Theon.

-Agradeço. Se não fosses vós, estaríamos todos mortos por esta altura. - agradeceu Donnel.

-Onde estam Darlessa e Lancel?! - perguntou Trystane.

-Sor Mathis capturou Lancel. Ele está preso, não te preocupais. Quanto a Darlessa, ouvi dizer que fugiu a meio da batalha, acompanhada por outro cavaleiro de Hatley Castle. - respondeu ela.

-Sua alteza, temos de regressar a Hatley Castle. Darlessa não demorará muito até contra-atacar. Teremos de ter a posse do trono, se queremos ter alguma vantagem sobre o inimigo. - aconselhou o Lorde Tuwin.

-Tenhais razão. Preparem todos os cavaleiros. Regressaremos agora para o castelo. - disse Donnel.

Uma hora depois, já estavam em Hatley Castle. Quando passarem pelas ruas, ouviram os gritos de felicidade das pessoas, ao verem que Lancel já não possuía o trono. Donnel viu Hatley Castle. Continuava lindo e grandioso, como sempre.

Quando entraram, Donnel foi para a sala do trono. Quando caminhou na direcão dele, lembrou-se de todos os momentos que ali passara, a brincar com o pai e com a irmã. Das traquinices que fazia, juntamente com Catelyn. Era feliz na altura.

Quando se aproximou do trono, parou e observou-o. Já quase não se lembrava da beleza que ele possuía. E agora era seu. Donnel sentou-se no trono e contemplou toda a sala, com um ar destemido.