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História Marcados pelo fogo - Senti batida da porta como se fosse em mim


Escrita por: Hypnoss_

Notas do Autor


Aquele cap. bem clichê para vocês

Capítulo 13 - Senti batida da porta como se fosse em mim


Por: Sasuke

            A noite caiu vagarosa, tão lentamente que era como se sentisse cada segundo passar e cada vez mais o quarto escuro mergulhava ainda mais na penumbra, na escuridão, na derrota. Provara pela primeira vez do meu gosto pela derrota e pelo fracasso, pelo negro, pelo podre, pelo pútrido. Tinha o mesmo sabor das lágrimas, o salgado do líquido sumira, restara (ou surgira) apenas o sabor de vermes e entranhas como se meu interior se fizesse líquido.

Lembrei a última vez que tinha assim ficado. Eu tinha apenas onze anos e, no meio duma confusão, um dos lordes havia me prendido numa torre escura. Havia uma pequena fresta por onde o sol mal entrava e a porta era periodicamente aberta para despejar comida. A latrina dava num rio, mas havia grades e o tubo parecia se estreitar, de modo que não poderia fugir.

Lembrava-me de ter chamado por Itachi várias vezes. Sempre que um guarda abria a porta e sempre que eu via a luz do sol ir embora ela levava um pouco da minha luz consigo. A escuridão começava a me absorver e um estranho gosto e mesmo desejo de estrangular quem havia me aprisionado com minhas próprias mãos, um desejo de ouvi-lo implorar por piedade e sufocar até a morte sob mim. Aquelas imagens que nos primeiros dias me causaram asco, enjoo, vômitos e medo, com o passar de semanas, começaram a me causar um prazer doentio que me fazia sorrir maniacamente.

Num dos cantos da cela achara um giz e escrever nas paredes tornou-se meu passatempo favorito. Além de contar os dias, escrevia inúmeros poemas e, logo, os apagava. Era um dos jeitos que achara de não esquecer como falar. Trocava vez em quando palavras com um guarda chamado Mahrku, mas ele quase não falava minha língua e os outros, se falavam, me ignoravam completamente.

E o ritual prosseguiu. A cada dia que o sol se punha, levava mais de meu brilho inocente e juvenil, a cada dia, mais os poemas se tornavam mórbidos, a cada dia mais pensava em pôr um fim naquilo, mas não sem antes acabar com quem fizera aquilo comigo.

Na sétima semana um guarda entrou com o uniforme estampado com as cores e o símbolo dos marqueses de sopé-no-riacho (wávrö-né-aymánya) e a partir dali sabia quem culpar. Mais e mais eu tinha medo de mim mesmo quando me pegava pensando em envenenar o Marquês para ouvi-lo ganindo e entalando como o cão gordo que era, quando pensava em entregar a pequena Mímm, sua filha, aos soldados para que estes se satisfizessem e ouvi-la implorando misericórdia enquanto estes o faziam. O mesmo fim poderia levar a mãe.

Ouvir era o que me restava, pois a pouca luz que entrava diminuía com a chegada do inverno e sentia que logo ficaria cego por sem estímulo.

Eu lembro quando fui tirado dali eu riscava o segundo dia da quinquagésima primeira semana. Trezentos e cinquenta e nove dias, onze meses e vinte nove dias, quase um ano.

Aquela, ao contrário do que imaginava, fora a pior noite da minha vida. Saí da cela um monstro e, naquela noite em que o vento uivava pelo castelo, convenci-me que eu era temível e que devia ser preso enquanto ouvia o Marquês implorar pela vida como um cão gordo sendo sufocado e sorria sadicamente. Eu ia dar ar a ele só para apreciar sua face desesperada por mais tempo quando Itachi me disse para terminar o serviço. No final, o marquês chorava desesperado, eu chorava e ria, mas Itachi apenas observava-me.

O outro dia fora tão ruim quanto, enquanto eu fazia com a fortaleza o que eles fizeram comigo. Muitas das histórias agora falavam de sopé-no-riacho como mal-assombrada, mas antes era conhecida por ser uma terra rica graças às numerosas minas de prata.

Itachi não era mais também o meu irmão, o ódio parecia tê-lo consumido igualmente. Depois daquele dia eu não sabia mais quem era, embora ostentasse o nome Sasuke Uchiha com tanta pompa.

Até que achei o loiro. Tomei fôlego entre os soluços emergentes. Ele fora como um contato comigo mesmo. Com o que ainda havia de bom dentro de mim, se havia algo. E qual tinha sido minha primeira reação? Repetir com ele o que fizeram comigo. Eu não havia pensado por esse lado, ou talvez houvesse, mas tivesse resolvido ignorar.

Agora sem ele, sem eu e sem ninguém. Só as lágrimas com gosto de podridão.

Tão fundo em mim estava que ele se aproximara e nada eu sentira. A porta se abriu, eu olhei para cima e o vi. Virei de costas envergonhado e tentando limpar o rosto.

— O que houve? — Soei mais rude que deveria.

— Eu estava vindo pegar minhas roupas com seu irmão, mas fi-lo ficar lá embaixo. — Respondeu cabisbaixo.

— Compreendo. — Tentei soar independente, mas tinha a leve impressão de falhar miseravelmente. — Então, vais embora?

— Olha, eu sei que começamos bem mal. Mas… Estamos marcados, não? Posso cheirar sua tristeza, embora não saiba o motivo. — Ele tentou soar animado e não pude deixar de notar que o quarto ficava mais iluminado com ele.

— Acho que só consigo fazer mal às pessoas. — Disse e ri de mim mesmo com tom de escárnio. — Alma fadada ao mórbido, a minha.

— Não acredito em um destino fixo, General. — Falou. — Como eu disse, começamos mal. Mas estou disposto a tentar de novo e não me pergunte o porquê, mas se isso lhe alegra deve um agradecimento ao sotaque mais arrastado dessa fortaleza.

— Vai embora, vai ser melhor para nós dois! — Respondi quase agressivo.

— Você não quer dizer isso, quer? — Ele respondeu suspirando. — Eu posso sentir que isso é mentira, mas não deixa de doer.

— O que quer de mim?

— A verdade.

— Que quer que eu fale?! — Virei-me farto. — Que eu o tranquei porque não saberia lidar com você fugindo? Quer verdades? — A frase: “por que eu destruo tudo?” ressoava em meu âmago. — Eu sei onde estão seus pais, só não quis contar. Eles sabem que está comigo. Por isso fiquei tão relutante em te levar a vila.

Ele me olhou incrédulo com aquela informação. Suspirou e tentou segurar uma lágrima que teimava em cair. Ele cheirava a tristeza, a terror, mas, comicamente, também a esperança.

— Estou te dando uma chance. — Respondeu. — Se jogá-la fora não vai ser tão fácil…

— Quer desistir logo de mim?

— Não… Sinto que você é mais confiável que o “cara” com cheiro de sangue. — Respondeu suspirando outra vez e foi até a cômoda onde pegou sua muda de roupa. — Você tem muito em que pensar, General.

Ele caminhou até parar em frente a mim e sorriu com o resto de forças que sobravam nele. — É sempre tempo de mudar. Estou lhe dando o perdão, a partir daqui você decidirá o que quer construir.

Ele estendeu a mão. — Meu nome é Naruto, como é o seu?

— Sasuke.

— Foi um prazer conhecê-lo novamente, General. — Ele tinha aquele poder incrível de brincar na boca com a palavra general de modo a torná-la um apelido fofo e ou divertido ao invés dum sinal mórbido de respeito. Não pude deixar de esboçar um sorriso de canto.

Mas ele parou antes de sair da porta. — Isso não significa que eu esqueci de nada, Sasuke. Eu perdoei, mas não acontecerá de novo! — Bateu a porta tão forte que foi como se desse um tapa em meu rosto e me acordasse dum sono muito profundo.


Notas Finais


Gente. Uma coisa, eu gostaria de focar um pouco na guerra. Devo? P.S.: Admito que quase não tem yaoi nessa parte de guerra. Independente, eu vou ter que fazer um Pov de lá, mas não sei se foco.
Outra coisa, o outro cap. já tá pela metade S2, mas não é do casal principal, são dos meus bbs Dei e Saso, mas provavelmente vai ter Narusasu tbm.
Enfim, coments e fav?


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