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História Marcados pelo fogo - Eu era loiro e ele era ruivo


Escrita por: Hypnoss_

Notas do Autor


Preciso falar com vocês, então leiam as notas finais.

Capítulo 14 - Eu era loiro e ele era ruivo


Por: Deidara

— O que o general disse? — Sasori perguntou quando eu entrei na pequena sala reservada aos oficiais.

— Sabe que fui eu, mas consigo dobrar Sasuke sem muitos problemas…

— Disse que não foi você ou assumiu?

— Claro que não assumi! Não sou tão burro, querido. — Seus olhos meio pálidos e cabelos em chamas me chamavam desde sempre.

Parecia sempre tão quieto, calmo, obediente. Era quase que meu oposto, mas era tão alfa quanto eu… Decerto um destino cruel, mas eu tinha de admitir que não era exatamente o que eu achava, pois se ômega jamais poderia ser tenente e se não tenente, jamais nos conheceríamos.

Ele se movia com graça e uma timidez solícita. Mexeu num arranjo de flores que estava desalinhado e depois passou a checar uma lista de tarefas numa prancheta com um pequeno pincel. Ele ia fazendo anotações e pelo movimento de sua mão deduzi que também fazia contas. — O lado leste precisa de mais suprimentos. — Resmungou para si mesmo. — Agora vou ver se Itachi, e você… você faça o que sempre faz. — Falou e revirou os olhos sorrindo quando percebeu que não ia levantar daquele sofá.

Eu estava, na verdade, esparramado pelo lugar, com as pernas abertas e relaxadas e as mãos e braços sobre o recosto do sofá. Diferente dele eu era como um tufão. Gestos exagerados, modos exagerados, educação faltosa muitas vezes. Eu podia ser simpático, mas não gostava muito de o ser, assim, preferia uma boa dose de ironia e cinismo para quem me conhecia. Quando havíamos chegado àquilo? Àquele sentimento tácito de amor, que preferíamos não pronunciar? Àquela dúvida? Àquela vontade de beijarmo-nos, mas em simultâneo àquela vergonha um do outro?

Muitas vezes apenas ignorávamos tudo isso por um acordo que fizéramos havia algum tempo, mas se tornava mais e mais cansativo e desgastante. Ele passou a mão em frente ao rosto de cima para baixo e virou-a com a palma em minha direção enquanto fechava os dedos, retribuí o gesto que ele havia me explicado ser algo carinhoso em sua região.

Em verdade, vínhamos de lado opostos do Oeste. Eu era do Norte, das regiões montanhosas mais próximas de Giranság e meu sotaque era, portanto, montanhês. Ele vinha do Sul, de regiões próximas a Sopé-no-riacho e Schkaepigiskát (Terra do Sasuke) e, por viver ao pé duma região que falava Aliksi (ao invés de Mipán) seu sotaque “ribeirinho”*1 de Mipán como segunda língua era muito forte e, mais que só pronúncia, mudava a estrutura da frase, e toda vez que ele falava: “Eu venho sopé do” ao invés de “Eu venho do sopé” ou “Eles sempre reclamar muito” ao invés de “Eles sempre reclamam muito”*2 eu tinha vontade de corrigi-lo (e, às vezes, corrigia mesmo).

Isto é, não acontecia mais tanto, mas não é o ponto. O que eu quero dizer é que ele me irritava, ele era completamente diferente de mim, mas nos dávamos tão bem que aquilo me irritava. Não era tão próximo assim nem de meus irmãos e, nossa, eu tinha muitos irmãos mesmo! Talvez dez, mas podia já ter chegado a quinze pelo tempo que já correra desde que eu saíra do palácio.

Ele percebeu meu olhar e, antes de sair, solícito e com a voz terna como sempre perguntou:

— Que houve? — Ele nascera para servir. Não que fosse uma pessoa facilmente subordinável, mas quando se sujeitava a uma relação, de honra ou de amor, estava disposto a morrer por ela.

— Só estou pensando sobre nós. — Suspirei.

Ele fechou a cara num aviso de “aqui não”, entrou de novo no cômodo e fechou a porta antes de responder:

— Fiz algo?

— Não, só estou pensando sobre a situação em geral.

— Às vezes ela me cansa, admito. — Meneou a cabeça para reafirmar o meneio da voz. Mas cada vez chegava mais perto.

— De fato… mas entre cansar-me e não tê-lo, prefiro cansar-me. — Disse com um tom malicioso que emergia da voz.

— Você devia segurar mais a língua, Deidara… — Aproximara-se de mim.

— Certeza? — Puxei a gola do outro o fazendo cair sobre mim.

A porta abriu-se ruidosa, Sasuke entrou e suspirou e murmurou por algum motivo e eu suspirei igualmente revirando os olhos:

— Já acabaram, casal maravilha, ou ainda vão passar o cio todo aqui?

Ele levantou-se embaraçado e eu fiz um gesto impaciente. — Não é o que… — Ele começou, mas eu o interrompi.

— Ele sabe, Sasori.

— Ora!

— Preciso de um dos dois. Levem o ômega até o quarto dos pais dele.

— Mas você não tinha ordenado justo que não permitíssemos isso? — Perguntei enfadado.

— Agora estou desordenando, Deidara. — Falou impaciente. — Agora se movam e façam o que eu mandei. E sem mais perguntas!

— Sim, senhor! — Ele respondeu altivo.

— Sim, senhor! — Respondi com preguiça e quase desrespeitoso.

Por: Itachi

            A inquietação que assemelhava a cidade a um formigueiro não pararia enquanto não estivessem todos os acampamentos montados. Os soldados indo e voltando me agonizavam e, por isso, aquela sala vazia onde eu podia apenas fechar os olhos e respirar, viera a calhar quando me a apresentaram.

            Eu senti a porta abrir e fechar e pensei por um momento que era o loiro que havia voltado. Ele falava demais… Mas não era e não soube se ficava alegre ou não. As passadas calmas, comedidas e surdas revelavam que o homem dentro do quarto não era ele. Ao abrir os olhos dei de cara com um dos tenentes de Sasuke, cujo nome não sabia e nem queria saber.

Ele fez uma mesura com o corpo e me avisou numa voz suave, como um pincel numa tela de seda, que Naruto não voltaria no dia e mais uma vez não soube se devia ficar alegre ou triste, mas inquiri o porquê do não regresso.

— O General permitiu que ele reencontrasse seus pais e então ele pediu que dormisse lá e o General também o permitiu.

Ele tinha de pedir autorização para mim antes de permitir qualquer coisa, mas devia ter usado de suas ordens antes que eu estivesse completamente instalado, desse modo, eu não poderia simplesmente desordenar isso sem que prejudicasse meu joguinho. Aparentemente ele iria tornar aquilo interessante… Eu assenti com um sorriso e mandei-o sair enquanto pensava que o daria corda… Como ele pretendia continuar aprovando esse tipo de ordem com meu comando vigente?


Notas Finais


Gente, eu vou ficar um tempo sumido. Adivinha quem foi escolhido pra representar a sala no júri simulado daqui? Eu mesmo. Bem belo e lindo. Isso tá consumindo meu tempo mais que a escola já normalmente consome (e olha que isso é muito). Então, não garanto uma frequência de posts. Mas vou tentar postar poemas ou drabs. Por quê? Porque eu estou estressado com minha turma e quero esganar cada um (^^), daí passa a raiva, eu fico na bad e junto com aql vontade de vomitar vem poemas MARAVILHOSOS (na minha opinião). Agora fiquem com as notas (aviso que elas tão grandes nesse cap., mas tem bastante coisa sobre o universo da Fic):
*1: Nome dado ao sotaque dos falantes nativos de “Aliksi” que aprendem “Mipán”. Vem de uma alusão às terras onde se fala Aliksi, pois elas todas são cortadas por um rio principal (“Rio verde” em “Bosque Sagrado”, “Senhor da vida [Ásêne Kêalé]” em “Vale Central” e o “Amor do Deus Branco” em “Terras Planas”). É um sotaque que recebe esse nome muito forte justamente por, em geral, levar ao erro. Pois o “Aliksi” é uma língua lexicalmente próxima do “Mipán”, mas com certa distância gramatical. Então, muitas palavras são parecidas ou mesmo iguais, mas o jeito de organizar a frase é muito diferente, só que pelas palavras serem parecidas os “Aliksi” costumam continuar organizando a frase como em sua língua materna, mas com as palavras do “Mipán”, um exemplo seria: “Venho de sopé-no-riacho”, em “Aliksi” seria “Ay sád wavro-né-ládshupró” [Literal: Eu vir (no presente) sopé-no-riacho DE (quando é origem)] ou “Sád’us wavro-né-ládshupró” [Literal: Venho sopé-no-riacho DE]. e em Mipán correto seria: “Sádéyss prôm’Êwávrö-né-aymánya” [Literal: Venho DE sopé-no-riacho] ou “Êmi sádéyss prôm’Êwávrö-né-aymánya” [Literal: Eu venho DE sopé-no-riacho]” , mas uma pessoa com sotaque de ribeirinho muda a “preposição” prôme para o fim da frase, para ficar a mesma ordem de sua língua: “Sádéyss Êwávrö-né-aymánya prôme” ” [Literal: Venho sopé-no-riacho DE]. Isso é só um dos exemplos, claro. Além disso, uma nota, a “preposição” prôme (Mipán), assim como o sufixo e a preposição pró (Aliksi) e a preposição frré (Kãaki) vem todas do sufixo Pröeme e indicam todas o mesmo que “de” mas só para origem (de, como em “vindo de”). Ou seja: “Coisa de (vinda de) casa” — “Kan prôm’Êtâiskén” (Mp.), “Tehshanprósa” (Al.), “Kã frré tehxãa” (Kk.), mas “Coisa de (própria da) casa, doméstica” — “Kan tâiskén” (Mp.), “Tehshanehvuá” (Al.), “Kã w tehxãa” (Kk.)
*2: Texto com variações originais: “Sádéyss Êwávrö-né-aymánya prôme” ao invés de “Sádéyss prôm’Êwávrö-né-aymánya” ou “Izza ajíx nôme fuss” ao invés de “Izza ajêssä nôme fuss”.


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