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História Marcados pelo fogo - Um general e uma vila


Escrita por: Hypnoss_

Notas do Autor


Escola, desculpem pela demora. De novo.

Capítulo 3 - Um general e uma vila


Por: Sasuke

Marchava o exército desde o início da manhã e por volta de meio-dia a Estrada se bifurcou. Meu regimento emborcou pela entrada direita e das casas espalhadas em distâncias imensas e pequenas tabernas e pousadas — que estavam todas fechadas graças à guerra — pôde-se ver a coluna com cerca de mil e quinhentos soldados marchando de forma sincronizada enquanto levantava a poeira da terra seca.

Os lanceiros não carregavam suas armas, pois estas estavam nas carroças que seguiam atrás do exército, e, à frente do mesmo, seguia uma linha de escudeiros armados, ainda mais à diante iam três homens a cavalo verificando o território.

Eu senti outra vez a liteira, que eu costumeiramente usava, sacudir. Ela era espaçosa e bastante confortável, em especial em dias como aquele cujo clima contribuía. Ventos tranquilos balançavam as cortinas laterais e algumas poucas uvas roxas sem casca dentro duma taça de prata tremulavam junto ao movimento.

Tentei achar algo sobre a vila num mapa militar comum, mas não havia. O único lugar em que consegui informações fora um antigo atlas que Itachi mandara entregar-me antes das colunas se dividirem.

Uma hora depois do entroncamento a outra coluna já havia sumido e a marcha do regimento se perdido. O barulho ritmado e quase ensaiado de todos os pés batendo em simultâneo no chão havia se deturpado numa desordem geral. Sorri de canto quando, dos lanceiros, emergiu o Hino que havia sido composto para representar o país que queria sua independência com a guerra.

Reconheci os primeiros versos que falavam: “Uni-vos vós que dormis. Oh, povo de meu país, não durma mais! A guerra está urgindo à sua porta, e o inimigo só para no último grito por paz”. Eram homens cuja guerra compunha o sangue e cujo porte era alto por natureza, perder era sinônimo de morrer e não uma opção.

Quando a noite começou a cair ordenei que montassem acampamento e que distribuíssem a comida. Com o auxílio de um morro que estava de um dos lados da estrada situei-me no mapa e calculei que saindo depois do Sol nascer chegaríamos à vila ao cair da noite.

Tudo fora muito rápido. Conversei com meus Tenentes-coronéis e Majores, dentre eles Sasori e Deidara, aos quais pedi que ficassem quando os outros saíssem. E assim o fizeram.

Estávamos à beira de uma fogueira montada para os oficiais e pedaços de carne descansavam sobre as brasas. Deidara, antes de sentar-se novamente, virou algumas mantas de carne bovina.

— Quando chegarmos a vila, vocês deverão ir direto pela Via Principalis do povoado e tomar o prédio do governo. — Disse apontado para uma planta baixa da vila que tinha achado no atlas. — Ainda é provavelmente a construção mais fortificada do lugar; se ela cair, o resto irá junto.

— Não acha que está se preocupando demais? Deve haver três soldados para cada morador da vila… — Comentou Sasori.

— Na época em que foi feito o Atlas foi dito que a vila tinha cerca de quatrocentos habitantes. Hoje deve ter entre seiscentos e setecentos, creio. — Corrigi. — Se eles tiverem fortificado o povoado será um problema enfrentá-los com um número tão reduzido de soldados…

— Às ordens, General… — concordou.

— Permissão, General. — Pediu Deidara e eu assenti com a cabeça. — Onde o senhor estará?

— Vou atacar com a linha de frente com uma tocha. Provavelmente estarei incendiando algum lugar. — Respondi o olhando com tranquilidade.

O resto da noite passou rápido. Comemos da carne e eu já havia explicado que atacaríamos para pegá-los desprevenidos, pois se atacássemos pela manhã eles poderiam queimar os suprimentos: alvo mais importante do ataque.

Acordei com o nascer do Sol e, como todo o exército, não me banhei por falta de tempo e lugar. Troquei minha roupa por um uniforme militar: um fraque preto e dourado ornamentado com pequenas placas de metal sobre uma camisa rubra e calça de mesma cor. Muitos emblemas e medalhas condecorativas se amontoavam na parte superior do fraque.

Uma bainha guardava uma espada bastarda que quase se arrastava no chão e era bastante leve para seu tamanho. O cavalo negro chamado Breu só contribuía para uma visão assustadora. Por um tempo eu havia disputado justas e ficara muito conhecido como “Fantasma Negro” por, diziam, parecer um vulto enquanto me aproximava do inimigo e o derrubava, muitas vezes antes que este pudesse me atingir com força suficiente para me afligir dano algum.

Subi no cavalo e esporeei de leve o lombo do cavalo que estava com uma pequena armadura de ferro esmaltado em negro. Cavalguei no meio da coluna enquanto as pessoas saíam da frente e fiquei apenas atrás da linha de escudos.

O dia seria inteiramente de marcha, mas seria importante estar na frente quando a batalha chegasse. Às seis da tarde avistamos um pequeno grupo de casas no horizonte e quando estávamos a quase dois quilômetros da primeira casa, no escuro da noite e todo o exército de preto. Parei o cavalo e ordenei aos escudeiros para também o fazer.

Virei o cavalo para a coluna e gritei:

— Acendam!

Grandes pratos de metal onde caberiam homens deitado e cheios de óleo e madeira foram suspensos em carroças e fogo foi ateado jorrando uma fumaça cinza para o alto. Estandartes foram erguidos próximos às piras e alguns incendiados. Muitas tochas de difundiram nas mãos dos lanceiros. — Lembrem-se, não queimem tudo! Precisamos dos suprimentos, deixem apenas que o fogo apavore-os.

Um urro bestial foi emitido da garganta dos homens. E a fileira voltou a mover-se. Quando chegamos a Via Principalis do povoado muitos corriam em direção ao centro enquanto gritavam que havia um exército na cidade.

Um archote chegou a minha mão e eu gritei para a cidade:

— Temam ante o Exército Rubro!

Vi Deidara e Sasori passarem por mim também montados. Deidara com a reduzida cavalaria e Sasori com lanceiros. Tinham incendiado uma casa no início da aldeia e junto a fumaça da pira ainda mais fuligem subia e, ironicamente, no meio daquela batalha havia o melhor cheiro que já sentira na vida.

Era de um ômega, característico e sutil. Tinha cheiro de limão siciliano raspado sobre mousse (também de limão) e parecia ainda mais forte que o cheiro das cinzas. Tentei ignorar a fragrância enquanto seguia até o centro da vila que estava sitiado pelas tropas, mas era difícil. Era provocante e não tão doce, como se desafiasse tudo aquilo que um ômega deveria ser. Quem diria que naquele povoado acharia tal aroma?

Por: Naruto

Estava lendo antes de dormir quando eles chegaram. A fumaça invadiu meu olfato com o cheiro acre mesmo antes de vê-la e ouvi da rua gritos falando sobre um exército. Densas nuvens começaram a entrar pelas brechas e eu comecei a tossir, percebi que não havia ninguém em casa e me levantei sem trocar de roupa.

Abri a porta do quarto e percebi que cada vez mais perto estavam os barulhos de marcha e cavalos. Milhares de coisas passaram por minha cabeça em simultâneo e lembrei que deveria ir para o centro da vila, se ele caísse tudo cairia e não adiantaria de nada fugir sem lutar.

Antes de sair de casa amaldiçoei mentalmente minha natureza. Meus olhos tinham começado a desfocar vez ou outra e comecei a sentir-me exalar um cheiro forte de raspas de limão. Era uma péssima hora para meus nervos me fazerem entrar num estado de “pré-cio”.

Ouvi a porta da frente ser arrombada pouco depois de minha fuga pela janela lateral. O ar estava pesado com gritos e fumaça e, de relance, vi, na principal, uma coluna bastante grande de soldados, parecia era mais numerosa que a própria população da vila.

Comecei a correr depois de sentir novamente meus olhos desfocarem e coçá-los numa tentativa para minha visão retornar ao normal. Atravessei algumas ruas que ainda não haviam sido invadidas e observei de longe um cerco se formando à pequena fortaleza central. Muitas lanças cruzavam o ar, inclusive numerosas incendiadas eram jogadas para dentro das reduzidas muralhas que revidava com óleo e ainda mais fogo.

Tudo estava muito rubro e minhas pernas começaram a fraquejar enquanto andava pelas últimas ruas calçadas lutando contra o constante desfoque e enfoque de minha visão.

Cheguei ao trigal e os silos ainda restavam intactos, mas o rio que antes fluía límpida e tranquilamente pelo prado estava cheio com peças de madeira, corpos, armaduras que conseguiram, como que por milagre, boiar e manchas de óleo — algumas ainda em fogo.

Continuei correndo, sem tempo para pensar. Talvez fosse a ideia mais idiota, meu cheiro poderia denunciar a entrada secreta para a parte central, mas aquilo jamais passaria por minha cabeça até que estivesse seguro.

A estrada irregular de terra e pedra machucava meus pés e o silêncio noturno era ensurdecedor. Ele soava terrível e agonizantemente agora que eu estava longe da batalha. Pude perceber o ruído suave do vento roçando o prado e subindo para carregar a fumaça e meu cheiro para o lado oposto e, tal ruído, parecia um insulto de tão calmo.

Meu corpo pesava cada vez mais e, quando comecei a descer uma pequena inclinação, tropecei numa pedra da estrada. Grunhi com a dor de meu ombro batendo na terra batida e mais pedras que o ralaram um pouco. Ainda no chão senti lágrimas correrem meu rosto e tentei limpá-las enquanto me levantava. Minhas mãos estavam meladas de areia e suor e comecei a sentir ainda mais calor.

Ergui-me vacilante. Saí da estrada com passos lânguidos e andei cerca de cinco minutos pela grama até chegar num pequeno buraco que lembrava uma toca de coelho. Joguei-me no chão e quase um metro depois o túnel alargou-se até caber-me de pé, embora ainda fosse apertado.

As paredes de pedra foram um auxílio para que eu conseguisse me manter de pé. Então um passo depois do outro comecei a ir em direção ao centro da vila pelo túnel. Comecei a contar os passos numa tentativa vã de não desmaiar quando senti meu corpo se contorcer com um espasmo leve: um passo, dois passos, suspiro, três, quatro, tropeço, cinco, seis, mais um desfoque dos olhos que já não tinham o que ver no escuro, sete, oito, caí no chão e quando tentei voltar a andar meu corpo estava ainda mais pesado.

Faltava ainda metade do caminho quando desmaiara. Ouvi barulho de pés. Senti alguém me carregar e lembrava-me vagamente de pensar estar seguro até sentir um cheiro de um alfa desconhecido que era forte e lembrava café recém-torrado misturado a dois outros, um parecia vodca e outro hortelã muito concentrado, a ponto de fazer alguém mais sensível a cheiros lacrimar.

E, mais uma vez, de nada me lembrava até acordar relutante. Dois betas estavam me carregando e eu não os conhecia. Vestiam algo militar e eu não estava mais com minha roupa de dormir laranja, ela havia sido substituída por um quimono leve (Yukata) de linho e pano branco. Era estranho, pois me sentia fresco e limpo, diferente de quando desmaiara. Mas ainda tinha o corpo pesado e os olhos cada vez mais frequentemente desfocando.

Senti, vindo do outro lado da porta, o cheiro de café que lembrava e ele fez todos os meus instintos direcionarem-se para um fim: cio. Quem estava atrás da porta também emanava cheiro demais para uma simples atração, claramente estava igualmente no cio.

Eu tentava resistir, mas era impossível, quanto mais perto do quarto mais daquele cheiro invadia-me e era inevitável ceder. Era tão presente quanto a fumaça.

Por um momento pensei quem seria ele, pois não conhecia aquele cheiro e estávamos no prédio central, pois apenas ele tinha aquelas pinturas de ondas nas paredes.

Os betas abriram a porta e tudo que era racional sumiu de minha mente com a proximidade do cheiro. O pequeno empurrão que os betas me deram para que eu entrasse no quarto não teria sido realmente necessário.

Fecharam o recinto e eu encarei o moreno que também me encarava. Um olhar perigoso e profundo. A pele alva e, se seus cabelos eram negros, seus olhos pareciam feitos de ônix. Era quase ferina a visão do homem seminu de abdômen sarado, apesar do cio, parecíamos procurar por onde começar um com o outro.

Comecei a dar lentos passos em direção à cama e outra vez meus olhos desfocaram. Vi ele se levantar e senti seu toque em minha cintura resguardada pelo linho do quimono e, pouco depois fechei, os olhos ao sentir seus lábios colarem no meu e ele segurar minha mão firmemente e com sua outra mão livre puxar suavemente meu cabelo fazendo-me inclinar minha cabeça para cima e deixando meu pescoço desprotegido.

Apenas suspirei com prazer enquanto sentia seus lábios e dentes brincarem em meu pescoço e o ouvi exigir:

— Seu nome, ômega!


Notas Finais


Comentário e favorito? Será um prazer responder.

*P.S.: Vodca é a forma correta, achei bom deixa esse “P.S.”, pois tal qual eu podem haver outras pessoas que sempre escreveram “Vodka” e estranharam a forma correta (Eu também estranhei).


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