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História Marcados pelo fogo - Manhã de Cinzas


Escrita por: Hypnoss_

Notas do Autor


Queridos, lindos, perfeitos. Voltei. E vou postar com mais frequência (talvez de semana em semana, semana e meia, algo nesse prazo. Prometo que vou tentar não deixar mais de duas semanas sem cap. kakakak).
Enfim, os vejo nas notas finais.

Capítulo 5 - Manhã de Cinzas


Por: Naruto

Meu corpo doía por inteiro quando retornei à consciência. A bruma matinal continuava a cheirar a fumaça e o quarto tinha um ar pesado, como um bafejo de um velho que mascava fumo nas horas vagas.

Minha cabeça pesava e, em verdade, no quarto havia poucos indícios de manhã. Tudo estava cerrado deixando pouquíssimas nesgas de luz solar entrar, como se o quarto quisesse encher-se como uma banheira — pouco a pouco pela luz. Se era realmente isto, deviam pôr mais “baldes de luz” por vez, pois a completa escuridão do quarto era quase apavorante.

Lembrava-me do dia anterior, com perfeição. O que era um problema, uma vez que mesmo seu nome passara despercebido em desejo e ele tinha me marcado. Percebi que não sabia onde estavam minhas roupas, se é que estavam em algum lugar, pois haviam-nas arrancados de meu corpo e substituído por um quimono.

Um aroma de tranquilidade pairava no ar e percebi que era o cheiro dele. Um cheiro forte de café, que tinha sido mais agradável ontem, posto que não houvesse cheiro de cinzas no fundo — ou será que apenas não o tinha sentido? Demorou até que eu aceitasse a situação, era novo para mim e amedrontador. Sequer o conhecia.

Levantei meu busto e sentei na cama. A cabeça pesada e o peso do mundo nas costas, pois não tinha palavras para explicar para mim o que tinha acontecido. E eu tinha um péssimo hábito, sabia que o era, de procurar, no recinto, alguém em que descarregar a irritação que crescia como uma flor selvagem em mim. E só havia ele. Perfeito, para que melhor? Se me mordeu, que aguente!

— Por que você me marcou, seu cretino?! — Falei empurrando seu corpo. Encolhi um pouco quando percebi que ao invés de responder ele rosnou trincando os dentes.

Então pareceu realmente despertar. Jogou toda a extensão de seus cabelos para traz com as mãos enquanto tentava se sentar na cama e sorriu de lado, mas não sabia dizer se era um sorriso brincalhão ou uma tentativa de não me responder com o mesmo ímpeto do rosnado.

— Porque eu quis, ômega. Não lhe devo explicações. — Falou com um tom de brincadeira, mas era fácil perceber em seus olhos que cada palavra era verdadeira e, em seu cheiro, certa irritação.

— Isso não é resposta, idiota! — Descarreguei. — Escuta, você sai marcando cada pessoa com que dorme uma n…?

Ele tossiu impassível para me interromper e se inclinou na cama. — Você gosta mesmo de ofender as pessoas, não é? — Perguntou tão calmo, que era a personificação da raiva. — Pense melhor em suas palavras, Naruto, as paredes têm ouvidos… — Seu sotaque forte denunciava sua origem.

Encolhi-me ainda mais e meus olhos pouco a pouco e inconscientemente se arregalaram. Senti o medo repentinamente me invadir ao olhar as duas pedras de ônix faiscantes que jaziam onde deveriam estar seus olhos. Suspirou, revirou os olhos e se desarmou.

— Não sabe quem eu sou, não é? — Respondi com um aceno negativo de cabeça. — O nome “Uchiha Sasuke” não diz nada por aqui? — Ele parecia se perguntar sobre algo, mas conseguiu, de mim, apenas mais um aceno negativo.

— Basta saber que esse é meu nome, então… — Ele meneou a cabeça. — E que eu sou um dos Generais do Exército Novo. — Tentei reagir normalmente àquilo, mas tinha quase certeza que havia deixado algum sinal de incredulidade perpassar.

— O que faz aqui, se é mesmo um General tão importante?

— Parte do exército ficou sem comida e sua vila estava perto… — Ele disse sem nenhum pesar. — Nada pessoal. Só estavam no lugar errado na hora errada. Ou seria no certo e na certa? Depende do ponto de vista…

Meus olhos se arregalaram outra vez e ele pareceu apreciar os orbes azulados. — Foi você quem ordenou o ataque? — Pronunciei mais incredulamente que raivosamente. — Onde estão os outros?! Por que você queimou a vila?! Seu monstro!

— Monstro?! — Ele perguntou e apertou os olhos. Levantou-se e seu cheiro se tornou a fragrância mais ameaçadora que eu já tinha sentido na vida. — Engraçado, ninguém chamou seu Rei assim quando eles fizeram o mesmo em nossas terras. Boa parte de minha família foi assassinada, mas eu sou o monstro?! Eu só pago minhas dívidas, Naruto, e é isso que fiz nessa vila ontem e farei pelos próximos meses.

— Eu quero ver meus pais! — Respondi com lágrimas surgindo aos olhos e pensando o que podia haver ocorrido. Aquele era o quarto principal da fortaleza principal e, naturalmente, deveria pertencer a Minato, se ele não estava ali havia algo muito errado.

— Não sei quem eles são… — Ele me olhou de lado ainda cheio de raiva e ofensa.

— Posso sair e os procurar! — Respondi me levantando, mas quando ia passar por ele, o mesmo, levantou o braço para impedir a passagem.

— Não sairá! — Ele ordenou. — Não acha que se os soldados soubessem de você seria escandaloso? Ficará aqui, ao menos, durante os dias… À noite, te levo para achar seus pais, prometo.

— Você é bipolar ou algo assim? Deixe-me passar, agora, Uchiha!

— Escute, ômega, — Ele suspirou tentando recobrar a calma e me empurrou numa tentativa de delicadeza para longe da porta. — Vamos definir algo ates de qualquer coisa: Eu quem mando aqui, por bem ou mal… Então, acredite em mim e fique no quarto por bem, o Exército Novo não é um bom lugar para se estar…

Cruzei os braços. — Vamos ver…

Levou a mão à testa com face e tom frustrados. — Seu nome completo, Naruto…

Eu o respondi com o rosto ainda emburrado e a impaciência dele parecia algo memorável. Ele achou o quimono no chão e virou-se para a porta as abrindo.

Dois guardas estavam atrás da porta com as lanças na vertical e, depois destes, ainda havia mais duas pessoas. Um loiro e outro ruivo que não se pareciam com ninguém que eu conhecesse, ou, melhor, o ruivo parecia Gaara, mas com certeza não o era. Olhei irritado para o Uchiha, que acabara de amarrar um cinto negro no quimono e parecia ainda ter intenção de tomar banho, e direcionou-se a porta. Um “ninguém sai” fora dito tão rápido e carregado de sotaque que fora quase incompreensível. Os guardas bateram continência e fecharam a porta com um “bac” sonoro.

Antes de fechar-se por completo ouvi algo num tom de escárnio vindo da boca do loiro, mas se o sotaque de Sasuke era carregado, o daquele homem parecia outra língua, mas não era, pois ouvi “gostava de pessoas*1…”, a outra era uma palavra conhecida, mas não a tinha pegado a tempo.

Por: Sasuke

            Tive uma vontade muito sincera de arrancar uma espada de algum lugar e enfiá-la no busto de Deidara. Assim que as portas começaram a se fechar ele comentara em alto e bom som:

— Não sabia que gostava de loiros*1, General. Será que estou em perigo também?

— Não, Tenente, eu não durmo com pessoas do seu tipo… — Retruquei sem brecha e sem risos.

— Vou fingir que acredito… — Falou rindo.

Percebi Madín e Méka segurando o riso, mas ignorei. Eram dois cabos de confiança, talvez as únicas pessoas, fora Deidara e Sasori, nos quais eu confiaria à guarda de minha porta, portanto decidi relevar essa insubmissão.

— Agora, vamos, Sasori e Tenente-Piadinha. — Chamei sem olhar para trás e saí pelos corredores. Tinha ainda de tomar banho e mandar que levassem o Naruto ao banho…

Ele estava me irritando profundamente. A sensação de estar com ele passava de encantamento para “vontade-de-enforcar” em segundos… Bem, não devia me preocupar com isso agora, primeiro devia encontrar os líderes do vilarejo — algo que meu desejo repentino não me deixaram fazer ontem. Perguntei para Sasori onde estavam e ele me respondeu que estavam isolados num dos quartos centrais da fortaleza. “Ótimo, será conveniente visita-los após o banho!”, pensei.

Não demorei neste. Quando cheguei a água já estava quente e só faltava despejá-la na banheira. Disse a duas betas (algumas das poucas que serviam ao exército) que banhassem o ômega que estava no meu quarto.

Quando saí tudo pareceu mais leve e, enquanto amarrava o cinto carmesim no quimono, percebi que o dia não seria nada agradável. Ainda havia cheiro de cinzas no ar e não era como se todo homem de meu exército fosse um sanguinário ou incendiário, embora alguns fossem. Queimar vilas era mais uma questão de vingança que de necessidade e aquilo, por vezes, me deprimia.

Segui o tenente ruivo quando acabei de me vestir. Ele abriu a porta e anunciou com uma voz imensuravelmente formal para os dois dentro do quarto:

— Apresenta-se o General Uchiha Sasuke do Exército Novo a Uzumaki*2 Minato, conselheiro líder da vila, e sua mulher, Uzumaki Kushina.

Um sorriso de canto e quase sádico brotou em meu rosto quando ouvi os seus sobrenomes. Qual o parentesco deles e do Ômega?

— Antes de qualquer coisa, um conselho… — Falei enquanto Sasori entrava e fechava a porta permanecendo com o peito estufado em posição de atenção perto da porta. — Cuidado com o que falam, não gosto de conversas rudes e todo seu povo está sob minha guarda. Perguntas?

— Por que nos invadiram? — Perguntou o loiro, após breve silêncio. Ele parecia-se com Naruto e podia apostar que era seu pai, mas, diferente do outro, sua calma parecia quase inesgotável, já não podia dizer o mesmo da sua mulher, que parecia tentar se controlar para não dizer algo que não devia.

— Mera coincidência. — Falei com rosto calmo. — Precisávamos de comida e abrigo e sua vila estava numa posição conveniente.

— Se queriam nossos suprimentos, por que os incêndios?

— Também simples, o Fogo abençoa os ataques. — Respondi. — Ele é o patrono dessa guerra, e não queimamos os silos e celeiros…

— Que vão fazer com nosso povo?

— Depende muito de sua cooperação. — Falei sem me importar muito. Mesmo que tivesse marcado um ômega dali, aquelas pessoas pareciam pacatas demais, não tinha gostado disso, nem das pessoas. — Quero tratar com você exatamente sobre isso… Vocês irão apoiar a estada do Exército Novo e convencê-los a reconstruir a vila.

— Por que o faríamos? — Perguntou a ruiva com tom de revolta, o que me fez concluir por final que eles eram os pais de Naruto.

— Quem sabe para evitar que eu torture sua vila? — Falei olhando-a com desprezo.

Ela começou a falar qualquer coisa, mas seu marido a interrompeu. — O que teremos de falar?

— Adoro quando as pessoas cooperam comigo. — Respondi para ele com o rosto sério. — Facilita muito… Bem, não sei o que terão de falar, quero que os convença que não somos os grandes vilões e que ajudar-nos é uma boa ideia.

— Não é tão fácil depois de ter queimado e posto abaixo boa parte da vila, não acha?

— Isso é um problema que vocês terão de resolver… Aliás, estarei presente sempre que falarem com eles também, não quero rebeliões.

— Acha que eles vão acreditar em nós com uma guarda armada por perto? — Retrucou a mulher. — Não somos burros… Será fácil perceber o que está acontecendo se for assim…

— Posso ficar escondido, não tenho problemas com isso. — Respondi ainda sem mover mais músculos da face que o necessário.

Percebi que, desde que chegara, continuava de pé, Minato sentado no chão de pernas cruzadas e Kushina impacientemente andando de um lado para o outro do pequeno quarto. O tabuleiro de Xiàngqí (Xadrez chinês) estava bagunçado, como se estivessem jogando pouco tempo atrás. A cama permanecia completamente arrumada e as olheiras que começavam a se formar em ambos denunciavam que não tinham dormido.

 O quarto possuía paredes brancas, revestidas de um tecido fino de mesma cor. Sobre o tecido haviam sido pintadas muitas flores primaveris, mas não havia realmente muitos tipos de flores ali, pois no inverno as temperaturas caíam bruscamente.

Um silêncio ensurdecedor se fizera entre nós três, e quem retornou a fala, com nervosismo disfarçado, fora Minato:

— Tenho uma exigência da qual não abrirei mão. — Apenas balancei a cabeça com interesse velado. — Nos permita perguntar pelo nosso filho quando formos à vila…

— Como é o nome dele? — Perguntei.

— Naruto… — Confirmei minhas suspeitas, mas não deixei os lábios se moverem.

— Terão notícias se um dos meus soldados o achar. — Disse. — E poderão sim perguntar aos seus quando forem à vila… O farão amanhã, sim?

— Sim. — Respondeu o loiro. — E obrigado…

Virei-me. — Bom dia para os dois. — Disse enquanto Sasori abria a porta e a fechava novamente. Os corredores da fortaleza eram espaçosos, mesmo que esta em si fosse pequena. Quando saímos de perto do quarto Sasori me perguntou:

— Devemos procurar o tal Naruto?

— Ele é o ômega em meu quarto, Tenente… — Respondi sem interesse. — Mas, não quero que eles saibam, então finja que também não sabe…

— Claro, General. — Eu gostava de Sasori por aquilo, em especial. Ele aceitava minhas ordens sem o incômodo do “Por quê?” que eu permitia aos meus oficias. Já Deidara era sempre barulhento e perguntaria “Por quê?” certamente. Afastei aquilo da cabeça.

— Vou conferir os estoques. — Informei e saí andando a frente.


Notas Finais


Bem, as duas observações (asteriscos durante o texto):
Obs*1: Na língua deles, não há uma palavra para “loiro”, mas sim “pessoas com cabelos de sol” (Úminíta-schívé/Álían-schivé/Öliána-schívé), e o Naruto só ouviu a primeira parte “pessoas”. Por isso na fala do Deidara não tem “pessoas”, mas tem “loiro”.
Obs*2: Eu sei que o sobrenome do Minato é Namizake, ok? Mas fez mais sentido que ele fosse Uzumaki nessa fic e agora vai ficar assim, sorry.
Obrigado por lerem. Se gostaram comentem e favoritem (também adoro receber críticas construtivas, então, fique a vontade para fazê-las).


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