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História Marcados pelo fogo - Havia fogueiras à noite


Escrita por: Hypnoss_

Notas do Autor


People, eu voltei. E no tempo que eu disse que voltaria. Registrem, isso é histórico!
Aliás, tenho algumas perguntas nas notas finais, falamos mais lá.

Capítulo 7 - Havia fogueiras à noite


Por: Naruto

A noite entrara como gatuna no quarto. Lenta e discretamente penetrando pelas frestas serradas das cortinas. Algum tempo antes duas betas haviam entrado no quarto com uma banheira d’água morna e roupas limpas. Palavras breves e carregadas daquele sotaque estranho foram suas falas, que em geral eram também ordens veladas.

Não pareciam confortáveis ou, ao menos, interessadas com a situação. Elas simplesmente adentraram no cômodo com faces fechadas e assim saíram. O resto do dia passara andando pelo quarto. Deitei, baguncei os lençóis que uma das betas também havia trocado, levantei, arrumei novamente a cama.

A cada passada que ouvia do lado de fora eu esperava algum notícia, alguma novidade. Toquei meu pescoço e senti a faixa de pano que elas amarraram após limpar apropriadamente a marca.

Resquícios de seu cheiro chegavam a meu nariz vez ou outra, mas não por muito tempo ou muito intensamente. Era duro admitir que aquilo me trouxesse saudades, tanto de seu toque, quanto dele com um todo. Quando notava que estava prestes a explodir num choramingo eu me amaldiçoava e levantava novamente, como se nada houvesse acontecido.

Entretanto, tudo aquilo era mais tédio que quaisquer outras coisas. “Ele disse que viria à noite… Pois estarei esperando”, pensara, mas a noite não vinha. Abri a cortina, o sol passara pouco do meio do céu. Mais tarde viera comida, entregue a mim por um dos guardas da porta, e eu tinha começado a me sentir encarcerado naquele pequeno espaço. Agradeci, mas ele apenas fez uma mesura, virou-se e saiu sem palavras.

Não pareciam exatamente serem pessoas ruins, nenhum deles, mas o modo como agiam o era. Agoniava-me o entrar e sair silencioso deles, pois não era de meu costume, além disso, não saía de minha cabeça o que havia acontecido com as pessoas que eu conhecia. Meu pai, minha mãe, Kiba, Sakura e tantos, ou melhor, todos os outros.

Mas enfim começara a anoitecer. Eu tinha achado, no canto da sala, um atlas desgastado que trazia informações de boa parte do Reino. No fim deste havia uma grande seção com contos e lendas e fora esta que fizera o tempo adiantar-se, pois havia sentado no chão virado para a porta e o lido por boa parte da tarde.

Senti seu cheiro vindo à direção do quarto mesmo antes dele chegar ao local, mas continuei lendo tentando evitar o instinto de olhar para cima e entender porque toda aquela calma no seu cheiro.

Então, quando ouvi os dois guardas se levantarem, aparentemente estavam sentados, baterem continência com um vago “senhor” pronunciado e a porta começara a se abrir, e só então, levantei os olhos. Também aparentemente, havia esquecido que ele podia sentir os cheiros de minhas emoções depois da marca. Ele encostou-se a um pilar interno enquanto a porta se fechava e esbanjou aquele mesmo sorriso de lado selvagem e arrepiante, e falou:

— Você é bastante impaciente, não é, Ômega?

Por: Kiba

Minha cabeça era uma caixa de espinhos quando recobrei a consciência. O sol estava alto e a água de um riacho roçava em meus pés. Duas respirações ressoavam atrás de mim. Uma das era pesada, truculenta e masculina, enquanto a outra parecia calma, delicada e feminina. Tentei me mover, mas descobri que não era apenas minha cabeça que estava dolorida.

Respirei fundo. Mantive-me olhando para cima por um tempo. Via apenas algumas folhas largas permeadas por frestas de sol da tarde. Não estava frio ainda, mas logo ficaria. Tentei me lembrar de como havia fugido, mas não tive sucesso. Fechei os olhos com força e arfei com uma dor súbita nas têmporas. Uma voz masculina surgiu ribombante também de traz de mim. — Ele acordou, Haku.

A respiração feminina não mudou, mas ouvi barulhos do quimono se arrastando do chão. Diferente da movimentação do outro, cujos passos eram como tremulações no chão, não pude sentir a [movimentação] da tal que supus ser Haku. Uma sombra se formou sobre mim e só depois a imagem ganhou definição revelando uma máscara branca e vermelha.

Ela tinha um cantil de barro na mão e se agachou sobre mim. A mão livre inclinou minha cabeça para frente e a dor me fez me mover ainda mais — o que apenas me provocava mais dores ecoantes. Encostou a boca do cantil nos meus lábios e eu tentei fechá-los. Eu não os conhecia, mas não demorei em minha resistência, pois ela simplesmente tocou uma parte mais sensível de meu pescoço e um espasmo me fez abrir a boca.

Senti o líquido do cantil forçadamente ser despejado. Tinha um gosto amargo e textura leitosa. Engoli e delicadamente senti minha cabeça ser repousada no chão. Pouco depois as imagens começaram a ficar ainda mais borradas. Tudo acontecia muito lentamente. As respirações deles começaram a ficar menos constantes, mas ouvi também o crepitar e o barulho deles enquanto montavam uma fogueira.

Pensei que ia morrer quando um sono muito forte e profundo me atingiu. Pensei em Akamaru e achei ter ouvido um latido, distante e baixo, mas deduzi que era apenas minha imaginação. Desmaiei.

Por: Naruto

— Faz parte… — Respondi tirando os olhos do livro.

Ele estava muito tranquilo, quase divertido, enquanto se apoiava no pilar de madeira.

— Falta pouco para a noite… — Ele disse e um dos guardas abriu a porta. Uma das betas de mais cedo entrara com uma bandeja de prata coberta.

Ele pegou de sua mão e mandou-a embora. Pôs a bandeja sobre uma mesinha do quarto e descobriu-a. Na bandeja havia pratos com vários crepes franceses doces, duas taças com bordas de prata e corpos de cristal, uma maçã cortada em fatias, um bule, duas xícaras de chá e um pequeno vaso de cristal com vinho.

— Quer comer algo? — Perguntou. Eu respondi com um aceno negativo da cabeça, havia comido o que me entregaram mais cedo e a beta tinha, antes de sair, levado a bandeja que trouxera anteriormente consigo. — Gostou do Atlas? — Ele disse após suspirar impacientemente.

 Mostrei a ilustração de um mapa antigo para ele. — Seção de lendas…

— Entendo. — Ele concordou sorrindo de leve. Parecia procurar por onde começar.

— Onde o conseguiu? É muito antigo… — Falei decidindo dar-lhe uma chance de assunto.

— Foi um presente de meu irmão. — Falou como se fosse uma lembrança pouco agradável. — Ele me deu antes das nossas colunas se separarem.

— Colunas? — Perguntei um tanto assustado.

— Coluna de exército. — Riu suavemente e eu acompanhei-o. — Ah, perguntei sobre seus pais aos meus Tenentes.

— Conseguiu algo?! — Perguntei esperançoso.

— Nada… Mil perdões, mas ainda te levarei, à noite, para a vila. — Respondeu com um tom de sinceridade quase tocante. — Ah, Naruto, lembre-se de que é melhor não falar sobre a marca na vila.

— Por quê?

— Não seria compreensível, nem normal, que justamente eu o marcasse, não acha?

— Como quiser… — Disse olhando para baixo. Em definitivo era um homem estranho, um tanto misterioso e, até certo ponto, assustador. — Que horas vamos?

— Quando meus soldados dormirem, não antes…

— E isto demora? — Perguntei num tom de impaciência velada.

— Um pouco… — Falou e foi até a cama. — Acho que sua coluna vai começar a doer se ficar aí antes de sairmos…

— Alguém já disse que devia se importar menos com o que os outros fazem? — Perguntei levemente irritado com sua insistência. Eu só queria sair daquele quarto e achar todos. Talvez, até fugir de sua guarda exclusiva.

Ele fechou a cara com uma expressão não irritada, mas séria como se seu rosto fosse de mármore e se calou completamente, deitando na cama. Continuei a ler sem qualquer menção a virar-me ou discutir, mas com um tênue receio em mim.

Minha percepção dizia que ele dormira, mas não o acordaria. Não por orgulho ou por qualquer coisa do gênero, só não queria falar com ele. Para minha felicidade — ou quase — ele acordou, mas apenas quando o loiro adentrou sem grandes cerimônias. Ele parecia muito livre perto do Sasuke.

— General, vamos, de pé, levante!

Eu não sabia exatamente as horas, mas já era bastante tarde.

— O que aconteceu, Deidara? — Perguntou da cama e com certa irritação de ser acordado.

— Já soaram o sino de recolhimento… — Seu sotaque estranho e pesado me dava vontade de corrigi-lo, mas ainda tinha noção… O homem não parecia alguém com quem se brincar.

— Sua hora, Naruto… — Ele me chamou e ouvi levantar-se. — Outra coisa, você dorme na cama… — Avisou-me.

— Se prefere dormir no chão… — Dei de ombros.

— Comigo na cama, ômega, e não é um pedido.

Ouvi o alfa com cheiro de vodca rir, seus os cabelos caíam sobre a face e ele vestia um sobretudo carmesim demasiadamente chamativo com uma calça preta que eu considerara de muito mau gosto. Parecia muito espalhafatoso a primeira vista [segunda, no caso].

— E, agora, vamos. — Ele ordenou depois de um breve silêncio. Eu continuei sentado e ele me olhou impaciente. — Levante-o… — Disse na direção do tal Deidara.

Ele se direcionava a mim quando concebi o que estava acontecendo. Levantei-me depressa antes que ele me levantasse por mal. O loiro sorriu sadicamente e Sasuke deixou escapar um sorriso de canto sem graça.

Fui conduzido atrás deles quase como um prisioneiro. Os portões se abriram vagarosamente e eu fiquei horrorizado com o que vi.

A praça central havia sido completamente ocupada. Muitos alojamentos haviam se erguido em volta do palco central. Fogueiras mal feitas ardiam, muitas queimavam janelas ou mesmo portas e uma fumaça de cheiro ruim era emanada ao céu no qual muitas estrelas sumiam no cinza. No palco dois postes de madeira haviam sido erguidos em paralelo com correntes de tamanho regulável prendendo-se na madeira. Parecia algo feito para aplicar uma punição.

As casas haviam, em sua maioria, queimado e a imagem da pequena vila sem os telhados rústicos e paredes de madeira me fez lacrimejar. Eu havia crescido ali e nunca havia visto um exército. A aura pacífica e intocada do lugar, entretanto, tivera fim em poucos dias. E, havia fogueiras. Mais que o normal e mais que o necessário. À noite, havia fogueiras.

O prado parecia intacto, entretanto, e o vento soprava de lá, embora não espalhasse a fumaça o suficiente. Continuamos andando e passamos por uma ponte arqueada de madeira e notei que o rio estava cheio de entulhos e destroços. Manchas de óleo também se aglutinavam aqui e ali sendo decompostas pela correnteza, mas outras coisas, como um grande pedaço de uma carroça ou um largo prato de metal que caberia um humano dentro com folga, estariam ali, intactas até que alguém se disponibilizasse a tirá-la.

Por: Sasuke

— Tem certeza que é uma boa ideia deixá-lo a sós com os dele? — Perguntou Deidara quando permiti que Naruto se afastasse de nós até um grupo mais afastado.

Eles se abraçavam e faziam perguntas em voz alta, de modo que eu podia pegar algumas partes de “onde esteve?”, “como está?” e outras coisas pouco importantes. — Qualquer movimento suspeito é só interrompê-los, estamos em contato visual com ele, de qualquer modo…

Ele deu de ombros e, como quem não quer nada, inquiriu. — Por que o marcou, General? — Ele sempre usava aquele tom quando queria dizer algo que ele pensava e que me desagradaria.

— Como assim? — Perguntei desentendido.

— Parece um ômega bem normal e sem graça… — Rosnei baixinho em resposta a sua pergunta.

— Não permiti que falasse dele, Tenente… — Completei.

— Não precisa banca o “lobo protetor”, foi só uma pergunta, Sasuke…

Ele me irritava, éramos algo como amigos, mas ele me irritava muito, mas a família do loiro era de uma importante posição tática e nobiliárquica na área do Platô Ensolarado, portanto, sua liberdade era muito maior que a de um simples “tenente”. Eu não poderia fazer nada contra ele ou sua posição sem antes consultar Itachi, e ele com certeza jamais me autorizaria nada. Como se tudo isso não bastasse o maldito ainda era um “amigo”, conhecia-o desde meus dez anos e costumeiramente conversávamos e até brincávamos um com o outros. Ele, em verdade, sempre tivera uma língua muito ferina.

— Não estou… — Bufei em resposta.

— Prefere “cachorrinho birrento”?

— Tive meus motivos, Tenente. — Cortei.

— Imagino…

Observei mais atentamente o grupo a distância e o loiro movimentando-se entre ele. Um tanto desesperado, parecia não ter achado algo que, embora eu soubesse onde estava, simplesmente tinha decidido não amostrar-lhe. Apesar disso, não o achava “sem graça”, em verdade, mesmo ao movimentar-se possuía uma suavidade muito simples e única. Como se algo nele e, apenas nele, me atraísse no meio de muitos.

— Imagino também que ao invés de ficar tentando se meter em quem eu marquei, Tenente. — Respondi me sentando sem muita brecha entre as falas. Aquela seria uma resposta à altura. — Deveria parar de brincar com Sasori em seus cios e procurar um ômega ou uma ômega para satisfazê-lo propriamente… — Retruquei com um sorriso sádico.

Ele se manteve em silêncio, quase abismado. — Não, não é aparente… — Dei de ombros. — Mas eu sei de tudo que acontece em meu regimento.

— Como você…?

— Não queira saber. — Abri um sorriso cada vez mais com seu rosto descrente de minha descoberta. — Mas envolveu uma estalagem na estrada e eu passando pela porta do quarto de Sasori…

— Somos amigos, Sasuke… — Disse também se encostando a um tronco com o rosto ainda virado para Naruto, como se, mesmo estando abismado, mantivesse seu posto. — E, também, ambos alfas… Isso é só… um tipo de… passatempo.

— Não tenho nada a ver com isso, de qualquer modo, Tenente… Só foi uma resposta que eu tinha de dar a altura para sua ofensa. — Ri brevemente e depois o encarei com seriedade. — Nunca mais fale mal dele. Estamos entendidos, Deidara?

— Sim… — Deu de ombros.

O tempo arrastou-se lentamente num silêncio conflitante. Ele parecia estar em seu próprio mundo. Muitas fogueiras crepitavam por todo canto e eu sentira do cheiro melancólico e, mesmo triste, que Naruto havia sentido quando saíra do forte.

Pouco depois, chamei-o. Ele pareceu relutante em voltar e seus amigos relutaram também em deixá-lo partir, mas ele falou algo e eles se acalmaram um pouco. Tinha a péssima impressão que aquilo acabaria se tornando rotina e que aqueles momentos quase forçados que teria com Deidara acabariam se tornando algo mais próximo de uma amizade do que eu realmente gostaria.


Notas Finais


Na verdade, foi um dia depois de uma semana e meia (Uma semana e cinco dias), mas, vai, foi um tempo maneiro. Até porque fiz uma att no meio disso. Sobre isso que eu queria perguntar. Vocês querem que eu poste um poema desses entre os episódios só para não ficar sem atualização no meio da semana? É só isso mesmo...
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