História Marcas - "... O brilho dos olhos da menina delivery"

     — Eu acho que você está exagerando Luna — ele riu divertido enquanto ela ficava possessa de raiva.

— Exagerando? Você viu o jeito que ela estava te olhando? Eu tenho plena certeza que ela está afim de você — ela ficou emburrada enquanto o namorado que a abraçava por trás a apertava mais em seus braços.

— Luna. Eu não estou nem aí para ela —ele falou de forma calma — eu amo você entendeu? Eu não me importo se ela gosta ou não de mim. Eu não posso fazer nada, eu sou irresistível — ele sorriu mais uma vez quando a viu bufar irritada. Adorava deixa-la com raiva. Ela ficava ainda mais bonita — Sabia que você fica linda quando está com raiva?

— Ah é mauricinho? Pois eu vou ficar "linda" bem longe de você — ela fez aspas com os dedos e saiu dos braços dele apressada, o deixando encostado naquela árvore a chamando.

Resolveu levantar e ir procurar por ela, havia percebido que a mexicana estava meio apreensiva desde que a encontrou pela tarde. Não gostava de vê-la daquele jeito, de certa forma, o deixava mal também.

Rodou o parque e não a encontrou. Maldito ciúmes.

Havia entrado uma garota nova na turma de Matteo na universidade e Luna não estava gostando nada, ainda mais porque a garota não desgrudava dele, como se não se importasse com o fato de ele ter namorada.

Sabia que havia sido um babaca quando disse que nenhuma garota resistia a ele, Luna odiava quando ele se achava, mas nunca tinha agido daquela forma, havia alguma coisa de errado e ele iria descobrir.

Quando já estava desistindo da ideia de que ela ainda estar no parque, a avistou sentada em um banco cabisbaixa enquanto olhava o sorvete derreter em sua mão.

— Sério que você comprou um sorvete só para olha-lo derreter? — ela levantou a cabeça assustada e o encarou profundamente — achei que fosse mais inteligente menina delivery.

— Me deixa em paz Matteo — ok, estava acontecendo alguma coisa. Ela não o chamou de mauricinho, ela o chamou de Matteo, e o seu tom de voz não era muito agradável.

Se sentou ao lado dela no banco e pegou a casquinha que estava na mão dela e jogou no lixo que tinha ao lado do banco.

Segurou nas mãos melecadas da garota que apenas virou o rosto e puxou suas mãos rapidamente.

— Luna. Me diga o que está acontecendo. É por causa da garota da universidade? Eu juro que não dei liberdade para ela se aproximar, se você quiser eu vou ficar o mais longe possível dela. Eu mudo até de turma se for o caso.

Ela finalmente o olhou, com um brilho nos olhos, o mesmo brilho que o fazia se apaixonar mais a cada minuto, a cada segundo. O brilho que só a garota sonhadora por quem ele era apaixonado tinha, o brilho dos olhos da menina delivery.

— Você faria isso por mim? Digo, mudar de turma?

— Se isso te fizer feliz, sim — disse por fim depois de um longo suspiro.

— Matteo... Eu queria tanto que o problema fosse apenas essa garota, você não sabe como eu queria — ela o olhou triste, mas finalmente parecia estar cedendo.

— Então qual é o problema? Me diga Luna. É a minha estima que é alta demais? Se for pode me dizer que eu vou começar a ser o cara mais humilde da terra — ela riu provavelmente desacreditando da frase do garoto. Matteo Balsano humilde era algo novo e engraçado. Ele pegou nas mãos da garota novamente mas dessa vez ela não se afastou — só me diga o que te deixa triste. Eu não suporto te ver assim. Meu coração não aguenta ver a minha menina delivery desse jeito.

Lágrimas começaram a se forma nos olhos dela. Se jogou nos braços do amado e o mesmo retribuiu ao abraço prontamente apenas ao som dos soluços da garota.

— Calma. Eu estou aqui, vai ficar tudo bem — ele acariciava os cabelos dela enquanto falava suavemente ao seu ouvido.

— Não Matteo. Não vai — ela se afastou do mesmo, ficando próxima o suficiente para que ele pudesse ouvir sua respiração — Eu... — tomou fôlego e encarou os olhos do garoto a sua frente — eu estou grávida Matteo.

Pode se dizer que ele esperava tudo menos isso.

Ele imaginou até que ela estivesse com algum tipo de doença grave e não quisesse falar por medo de ser abandonada pelo mesmo, o que na cabeça dele não iria acontecer de forma alguma, a relação deles era como um casamento, na saúde e na doença.

— Diz alguma coisa — ele ainda estava no seu estado de torpor quando ela o olhou apreensiva ainda com o rosto banhado.

— Eu... Eu... Uau — disse por fim.

— Matteo, eu fiquei tão assustada quanto você está agora quando descobri. Pra falar a verdade, não faz nem um dia que eu descobri, quando você foi me buscar eu havia acabado de buscar o exame no laboratório, eu já havia feito o teste. Fiz oito, sete deram positivo, resolvi fazer exames que são mais confiáveis — ela passou as mãos pelo rosto para limpar o caminho que as lágrimas traçavam — deu positivo. Eu não contei para ninguém ainda, Sharon com certeza vai me matar e Âmbar não vai perder a oportunidade de me julgar. De qualquer forma, eu queria que você fosse o primeiro a saber.

— Luna eu...

— Na verdade eu queria esperar mais um tempo pra te falar isso. Você está aí todo feliz com a proposta de emprego que recebeu que eu não queria de forma alguma te deixar preocupado com uma paternidade. Eu só quero que você saiba que... Que agora não tem mais volta, e pode parecer inacreditável mas... Mas eu já amo essa criança que tem dentro de mim.

Ela rodeou a barriga com os braços de uma forma protetora e voltou a encarar-lo.

Depois de ouvir tudo aquilo Matteo percebeu o quanto estava sendo estúpido.

A garota que ele amava estava ali, em sua frente dizendo que eles teriam um filho, um filho que seria apenas dele, o fruto do amor deles.

É lógico que um filho agora não era o que eles tinham planejado, daria trabalho, muito trabalho por sinal, mas ele não se importava. Não estava arrependido, muito menos triste, não tinha como estar mais feliz, tinha a mulher de sua vida a sua disposição, teria um emprego como chefe de um restaurante importantíssimo dali a alguns dias, uma casa própria, casa essa que agora mais do que nunca arrastaria Luna para lá, e teria um filho, um filho.

— Luna. Me ouve — pegou o rosto dela entre as mãos e fixou seus olhos nos dela — É lógico que um filho agora não era o que tínhamos planejado. É óbvio que dará muito trabalho e vai ser difícil... — ele soltou um longo suspiro mas sem deixar de encarar as orbes verdes da garota em sua frente — mas eu não me importo, não me importo nem um pouquinho. Sabe porque? — ela balançou a cabeça negando — porque vai ser o nosso filho. Você entende isso? O nosso, só nosso, o fruto do nosso amor e você não poderia me deixar mais feliz do que já estou. Eu amo você — beijou a ponta do nariz dela — e amo ele também, seja ele o que for — pegou as mãos dela que ainda rodeavam a própria barriga e se inclinou para frente deixando um beijo na barriga da garota.

— Eu amo você Matteo — ela murmurou assim que ele voltou a posição inicial, o puxando para um abraço apertado.

— Eu também te amo e nós vamos passar por isso juntos. Entendeu? — ela se soltou dele e murmurou um "sim" — agora, eu quero te pedir uma coisa. Se muda comigo? Vamos morar juntos? Eu sei que a maioria das pessoas se casam primeiro mas nós não precisamos esperar. Eu já tinha planos de me mudar mas agora eu quero te levar junto e não aceito não como resposta — ele disse decidido.

— E quem disse que eu iria dizer não? — ela o olhou divertida e ele apenas a encarou espantado, achou que iria ser mais difícil — a maioria das pessoas também se casam para ter filhos. Já que nós agilizamos essa parte, não terá problemas agilizar a outra.

— Eu ainda não estou acreditando que Luna Benson, a garota mais teimosa que eu conheço disse sim de primeira. Eu deveria ter gravado isso — se levantou a ajudando e a abraçando de lado.

— Eu também deveria ter gravado quando você, Matteo Balsano o mauricinho mais chato que eu conheço disse que seria o cara mais humilde da terra. Eu irei cobrar.

— Não vale, eu só disse aquilo porque achei que você estava irritada com o meu ego mas já que não está, esqueça menina delivery, continuarei sendo o mesmo mauricinho irritante de sempre — ela revirou os olhos — e pode se preparar porque se o nosso filho for um menino eu o transformarei em um mauricinho de primeira! E se for menina, será a minha princesinha, não deixarei ninguém tocar nela.

— Ah não Matteo! Eu não vou deixar você transformar meu filho em um mini você — ela o olhou com falsa irritação nos olhos — e a criança nem nasceu e você já está cheio de ciúmes?

— Mas é lógico. Com a genética que ela terá, ela será linda, principalmente se puxar a você. Não quero nenhum garoto metido a besta perto dela — Luna riu alto do modo possessivo que ele falava, ela já sabia que ele seria um pai ciumento — mudando um pouco de assunto — ele falou meio apreensivo — quando vamos falar para sua tia e sua prima que você está grávida?

— Hoje não dá. Já está tarde e provavelmente a Sharon já está dormindo, e a Âmbar não está em casa, saiu com umas amigas para um encontro de casais ou algo do tipo, não estava realmente prestando atenção quando ela falou. Mas amanhã pra mim está ótimo. O que você acha?

— Perfeito. Nós informaremos a ela e logo depois iremos para minha casa informar aos meus pais. Minha mãe, tenho certeza, irá adorar a notícia — ele sorriu ao imaginar a reação de sua mãe. Quando se aproximou de seu carro, o destravou e abriu a porta para que Luna entrasse — aliás, eu acho que você deveria dormir lá em casa hoje, assim poderemos contar aos meus pais primeiro.

Se dirigiu a porta do motorista e abriu se ajeitando em seu lugar.

— Por mim tudo bem — ela passou o cinto pelo corpo quando o carro começou a se locomover — sabe Matteo, eu estava pensando em alguns nomes.

— Aí meu Deus, lá vem. Me fale no que você pensou menina delivery — ele se virou rapidamente para ela a lançando um sorriso de canto irônico.

— Se for menina nós podemos à chamar de Amora.

— Não Luna. Esqueça, nós não colocaremos nome de fruta na nossa filha.

— Mas por que? É tão doce e meigo.

— Não, não é. Vai ficar parecido com aquele filme que você me fez assistir várias vezes. Como é mesmo o nome? Era glacial? Era...

— Era do gelo, o nome é era do gelo.

— Tanto faz, toda vez que eu for chamar nossa filha lembrarei daquele elefante — Luna riu alto do que ele falava e ele formava uma carranca no rosto.

— Mamute Matteo. Não elefante.

— Pouco importa, mas minha filha não se chamará Amora.

— Veremos — ela lançou um olhar desafiador na direção do mesmo que tinha os olhos voltados ao trânsito.

— Você não sabe com quem está mexendo Luna.

— Muito menos você mauricinho.

— Ok, se você quer escolher o nome da menina, tudo bem, mas se for um menino tem que se chamar Matteo Júnior — ele disse quando parou o carro em um cemáforo, o que ele disse levou ela a dar gargalhadas — do que está rindo? Matteo é um nome lindo.

— Não Matteo, isso é brega e eu não deixarei meu filho carregar Júnior como sobrenome.

— Isso é coisa da sua cabeça Luna, vai ficar ótimo.

— Não, não vai.

— Sim. Vai!

 E assim ficaram até chegarem ao seu destino. Discutindo por nomes de um filho que nem havia nascido ainda. Em uma coisa temos que concordar, essa criança terá os pais mais loucos desse mundo, mas terá amor, e é isso que importa. Será fruto do amor do mauricinho e da menina delivery, ou como outros gostam de chamar, será fruto do amor de Lutteo, o casal mais inusitado e mais apaixonado do planeta terra.