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História Maré - Truths


Escrita por: HarmonFH

Notas do Autor


Olá amores!!

Nossa fic está vivíssima! Demorei, mas estou aqui com um capitulo novinho para vocês, espero que gostem!

Beijos de Luz!!

Capítulo 8 - Truths


Anteriormente em Maré..

“Comprei tudo que precisava para um jantar que eu poderia fazer, cheguei em casa por volta das duas horas da tarde, encontrando um carro familiar parado em frente ao quintal, juntei as sobrancelhas estranhando. Guardei meu carro na garagem, peguei as compras e as flores de Camila, caminhei até a porta e ao abri-la avistei Clara sentada em meu sofá.

- Lauren eu disse pra ela que.. – Veronica ia se explicando quando a interrompi.

- Tudo bem Vero – fiz um gesto com a mão afirmando que estava tudo bem.

Minha amiga estranhou minha reação, bom, eu também estranharia, mas depois do acidente com Veronica, tantas coisas passaram pela minha cabeça que pensei na possibilidade de ouvir o que Clara gostaria de falar comigo. Me faltava coragem de ligar para ela e dizer que eu estava disposta a ouvi-la, então conclui que se ela voltasse a me procurar eu não seria contra esse encontro.

Caminhei até a cozinha deixando as sacolas em cima do balcão e a flor em cima da mesa. Veronica e Clara estavam atentas em cada movimento meu, era nítida a cara de surpresa das duas. Peguei um copo de água e ofereci para Clara, a mesma apenas assentiu e aceitou. Olhei para Veronica procurando alguma explicação de ela estar ali e não na casa de Lucy, não que isso fosse um problema, mas caso ela dormisse essa noite em casa eu teria que mudar meus planos com Camila.

- Lucy foi à farmácia, então resolvi passar para buscar algumas roupas. – Vero se pronunciou e só então me dei conta da bolsa que ela estava segurando. O som da buzina do carro de Lucy se fez presente e Veronica riu sem jeito – Acho que essa é minha deixa.

Aproximou-se de mim para um abraço e sussurrou para que eu ligasse qualquer coisa e eu apenas assenti e sorri, afirmando que estava tudo bem. Veronica se despediu de Clara e saiu. O silêncio se instalou no cômodo, Clara me encarava com um meio sorriso e eu a encarava sem demonstrar nenhuma emoção.

Cansada de esperar por alguma posição, a mulher em minha frente quebrou nosso silêncio.

- Fico feliz que queira me ouvir.

- Acho que não me resta outra opção, já que você não iria desistir. – ri sem humor e sentei-me na poltrona que havia ao lado do sofá.

- É.. Não iria mesmo.

- Pois então? O que quer comigo Clara?”

A mulher olhou-me com os olhos cheios de lagrimas e aproximou-se para um possível abraço.

 - Minha menina, senti tanta sua falta – disse em um tom tão baixo que foi difícil de ouvir.

Desviei-me de seu abraço sem olha-la, passei a mão em meus cabelos e respirei fundo.

- Não me venha com comoções Clara, não tenho tempo para teatro dramático, aceitei te ouvir, agora me fale o que quer comigo! – virei-me em sua direção, meu coração estava apertado, segui firme a encarando até que a mesma cedeu e sentou-se no sofá enxugando as lagrimas.

- Lauren.. – fez uma pausa como se buscasse as palavras certas – Eu sei que fui uma egoísta em ter deixado você e seu pai, quem sabe um dia você possa compreender os reais motivos de eu ter feito isso. Mas no momento, a única coisa que preciso é me redimir por tudo e preciso que você aceite a proposta que irei te fazer.

Se redimir? O que? Não há desculpas que façam todo meu sentimento de magoa sumir depois de tudo que me aconteceu enquanto ela não estava por perto. É tão simples fugir da vida de alguém sem ao menos deixar explicações e depois aparecer como se nada tivesse acontecido. Comigo isso não iria funcionar, mas não mesmo!

- Proposta? – falei sentando-me em uma cadeira próxima a mesa.

- Quero que você vá morar comigo em New York. – disse naturalmente.

Ri com escárnio, ela não poderia estar falando sério! Levantei-me e dei uma volta pela pequena sala fingindo pensar.

- Como você pode ser tão cínica Clara? – a mulher iria me interromper, porém fui mais rápida – Depois de todo esse tempo, aparece assim, como se o passado não importasse e me faz essa proposta ridícula de ir morar com você? Você me abandonou! Você foi embora, não eu! Quem deveria voltar era você – Clara iria falar novamente, mas eu a cortei. – E não digo que deveria voltar a hora que quisesse, você deveria ter se arrependido e voltado no mesmo instante em que se foi! Você sabe o que eu e papai passamos longe de você? Passei duros 2 anos ouvindo ele se lamentar e se sentir um lixo, pois você nos abandonou por culpa dele... – minha garganta começou a doer com o nó de choro que queria sair, respirei fundo e continuei – Pobre coitado.. Achando que a culpa era dele.. – ri sem humor - Depois de muito tempo convenci a ele que a culpa era apenas do seu e somente seu egoísmo e amor próprio!

- Lauren.. – tentou falar, levantei o dedo indicador para que ela ficasse em silencio.

- Clara, por mais que você tente, você não vai conseguir se redimir por não estar presente no meu primeiro tombo de bicicleta, ou na primeira vez em que eu surfei uma onda minúscula, mas que para mim parecia uma Mavericks.. Você não estava aqui quando eu dei meu primeiro beijo, quando fui para o colégio sozinha e voltei feliz por me achar adulta demais, no meu aniversário de 15 anos, e muito menos no momento em que eu mais precisei, na morte do meu pai. – meus olhos derramavam lagrimas espontaneamente, mas me mantive firme tentando não parecer frágil em não tê-la por perto.

 A mulher em minha frente tentava manter sua postura e falar alguma coisa, porém sua boca abria e fechava sem dizer qualquer palavra. Enxuguei minhas lagrimas e me recompus.

- Você tem razão, eu não estava aqui em muitos momentos de sua vida.. – Clara disse séria – E da mesma forma em que eu não sei o que você e Michael passaram, vocês não sabem o que eu passei.. Eu pensei em te contar tudo depois, com mais tempo e talvez de uma forma mais amigável, é claro que me enganei, então é melhor eu te falar a verdade agora.

Olhei atentamente para Clara e sentei-me no sofá próximo a ela e fiquei ali disposta a prestar atenção em tudo que ela iria me falar. A mulher virou-se para ficar de frente comigo e então começou..

- Antes do seu aniversário de 7 anos, recebi uma proposta de meu chefe.. Isso incluía uma viagem para Miami com tudo pago, por 1 ano em sua nova sede que ele havia construído lá, como era recente a inauguração da empresa, ele precisava de pessoas hábeis e competentes para uma nova gerencia, porém me garantiu que depois de um ano eu poderia voltar como gerente para a sede principal que ficava aqui em Santa Cruz.. De início achei que seria uma oportunidade e tanto e conversei com Michael a respeito, porém ele odiou e não queria de maneira alguma que eu fosse e muito menos que eu te levasse, sugeri que nos mudássemos para lá, afinal Miami também tem praias, mas seu pai cabeça dura como era, não aceitou e sua desculpa foi de que as ondas não eram apropriadas para surf.. – Clara riu sem humor, provavelmente lembrando da desculpa de meu pai -  É obvio que brigamos e talvez você até se lembre de algumas farpas que soltávamos um para o outro. Enfim, a proposta surgiu novamente e eu decidi ir, sem falar nada, apenas deixei uma carta para você e para seu pai, eu falei que voltaria. Porém a história mudou completamente depois que.. – pareceu pensar se falava ou não.

-  Depois que? Você encontrou outro homem? – falei interessada no assunto.

- Não! Nada disso.. – riu – Bem, meu contrato era de 1 ano, mas eu quis voltar antes, pois a saudade estava enorme, porém não consegui, meu chefe não me pagava conforme tínhamos acordado e eu tinha que pagar o aluguel..

- Mas a proposta não era com tudo pago?

- Ai é que está, como eu solicitei a quebra de contrato para voltar para Santa Cruz, meu chefe me demitiu, porém não pagou todo o salário que me devia, não consegui dinheiro para passagem e muito menos para a quitação do aluguel, não tinha direitos para ir atrás do dinheiro, pois não era registrada na época..

- Por que você não ligou?

- Eu ligava Lauren, eu sempre liguei, durante os 6 meses fora! Mas seu pai, nunca me deixava falar com você, pois falava que você estava dormindo o que eu sei que era mentira. – fiquei chocada com a informação.

Lembro-me de ouvir meu pai falar ao telefone quase com sussurros e que sempre ficava triste depois das ligações, eu imaginava que fosse minha mãe, mas ele sempre dizia que ela não iria voltar e que nunca ligaria para nós..

- Depois de um tempo, consegui um emprego em uma lanchonete, comecei a juntar o dinheiro para voltar, até que achei uma promoção de passagens aéreas para o Texas e foi a oportunidade que encontrei, pois era mais barato e conseguiria pegar um ônibus até o Arizona e de lá ir até vocês.. – continuou falando enquanto eu assimilava as informações.

- Não seria mais fácil juntar todo o dinheiro e voltar?

- Não, pois eu precisava pagar o aluguel, por mais que eu tentasse juntar o dinheiro nunca dava para tudo.. Achei essa a forma mais fácil e barata.

- E então, o que houve? Você foi para o Texas?

- Sim, e sinceramente, foi a minha pior escolha... – disse triste, estranhei a expressão da mulher e perguntei o que havia acontecido – Quando cheguei ao Texas, logo fui em busca de um lugar para ficar e encontrei um grupo de mulheres que iriam para o Novo México em um ônibus de turismo. Enfim, consegui entrar junto a excursão, porém...

Meu celular começou a tocar, fazendo com que Clara parasse de contar sua história, eu estava tão interessada que não percebi que o toque do aparelho já estava presente faz tempo no ambiente. Levantei-me e fui até a bancada da cozinha pegando o celular e verificando quem era, quando tomei conhecimento de que se tratava de Camila, prontamente atendi.

- Oi Camila, tudo bem?

- Ei, tudo sim e por ai?

- Também, você ainda virá para jantar não é? – falei um pouco hesitante, pois sempre que me ligavam antes de algo marcado, com certeza era para desmarcar.

- Claro! Só queria avisar que estou por perto e que posso ir para sua casa te ajudar.

Olhei para o relógio e ao constatar que já eram pouco mais de cinco horas da tarde, me deparei com a bancada da cozinha com as sacolas de compras intactas, a casa toda revirada e a louça sem lavar, fiquei perdida sem saber o que fazer, porém não poderia dispensar Camila dessa forma e muito menos fazer com que ela fosse até o centro e depois voltasse.

- Oh claro! Pode vir, estou terminando de arrumar algumas coisas. – menti.

- Ok, então em quinze minutos estou ai! – falou e nos despedimos.

Droga! QUINZE MINUTOS, eu ainda tinha que tomar banho, estava totalmente nervosa e ainda não tinha ensaiado como iria dar o presente que comprei para ela. Ok, respira, calma, vai dar tudo certo.

- Lauren? – ouvi Clara me chamando fazendo com que eu saísse de meu devaneio.

- Clara, preciso que você vá embora.

- Mas eu ainda não falei toda a hist...

- Sim, sim, eu sei.. – falei enquanto colocava todas as compras nos armários e os pratos na lava-louças. – O que você acha de tomarmos um café amanhã e continuamos esse assunto? – sugeri limpando minhas mãos na camisa.

- Tudo bem, mas, você precisa de ajuda com alguma coisa?

- Não! Está tudo sobre controle.

- Sendo assim, amanhã nos falamos, me ligue e eu vou ao seu encontro – a mulher disse indo em direção a porta, provavelmente já sabia que eu não iria ter nenhum contato físico com a mesma, então só acenou e saiu.

Assim que Clara foi embora, corri até o banheiro e comecei a me banhar, acho que nunca tomei um banho tão rápido em minha vida, coloquei uma calça jeans preta, uma regata da mesma cor com a estampa de uma mulher segurando uma prancha de surf e meus coturnos.  Dei uma ajeitada na casa e ouvi alguém bater na porta, certamente seria Camila.

- Hey! – a garota disse com um sorriso lindo no rosto.

- Hey Camz.. – notei que Camila carregava duas sacolas que pareciam um pouco pesadas – Deixe-me ajuda-la. – peguei as sacolas e as trouxe para dentro de casa.

- Eu trouxe alguns ingredientes, não sei se você pensou em fazer alguma coisa já.. – falou um pouco sem graça.

- Pra falar a verdade eu pensei em uma entrada com frios e para o prato principal uma lasanha ao molho bolonhesa acompanhada de um vinho tinto – falei convicta, mas na verdade eu não sabia fazer nada disso. – Mas se você preferir algo mais fácil e rápido..

- Uau! Eu adoraria provar de seus dotes culinários, mas eu pensei em algo mais simples.. Uma macarronada talvez. – sorriu sem jeito.

- Ótimo! Porque pra ser sincera, eu sou péssima na cozinha e não conseguiria fazer uma lasanha.. – ri com a cara de chocada que Camila fez para mim.

- Então todo aquele cardápio era falso? – falou indignada.

- Não! Claro que não, só não sei se depois de provar, você sairia viva daqui – rimos juntas. – Mas pense pelo lado bom, agora eu tenho uma ajudante que pelo meu senso culinário deve ser muito melhor que eu.

Camila semicerrou os olhos para mim, tirou seu casaco e ergueu as mangas de sua blusa que estava por baixo, foi em direção a cozinha lavando sua mão e virando-se para mim.

- Então, por onde começamos? – sorriu animada.

(...)

Depois de uns dez minutos, enquanto Camila preparava o molho do macarrão, deixei ele cozinhando e abri o vinho para que degustássemos antes do jantar. Camila sempre me dava uns toques culinários e disse que aprendeu a cozinhar com sua avó em cuba.

- Você conviveu muito com ela? – perguntei interessada no passado da morena.

- Sim, meus pais ao saberem que minha mãe estava gravida voltaram para Cuba e foi lá que eu nasci. Quando completei 6 anos minha mãe voltou para cá junto ao meu pai, pois teve uma briga de família – dizia enquanto mexia o molho na panela – Mas eu fiquei em Cuba com a minha avó, sempre fomos muito apegadas e ela morava sozinha.

- E seus pais? Não quiseram ficar com você?

- Quiseram sim, lembro-me muito bem da briga que foi, mas entraram em um acordo e assim que meus pais se estabelecessem aqui, eu voltaria a morar com eles, então depois de dois anos meus pais estavam com um novo negócio aqui e pediram para que eu decidisse, mas eu não queria deixar minha avó, depois de tudo que ela já havia feito por mim, então pedi mais um tempo, eles aceitaram e sempre iam me visitar, porém minha avó veio a falecer um ano e meio depois e então eu vim para Santa Cruz, foi difícil me adaptar a cidade.. Mas logo conheci Dinah e tudo mudou.

Sorri encantada com a forma que Camila contava sua história, gostaria de saber mais, porém fomos interrompidas por um macarrão borbulhando.

- Meu Deus, o macarrão! - sai correndo para desliga-lo e olhei para a morena ao meu lado um pouco sem graça e ela riu – Droga! Ele deve estar uma papa agora. – fiz cara de nojo e mexi o macarrão que estava todo grudado um no outro.

- É, e acho que meu molho passou do ponto – Camila mostrou o molho super grosso com cheirinho de queimado e rimos.

- Bom, ainda bem que temos outras opções – falei pegando minhas chaves do carro – Que tal uma pizza?

- Deveríamos ter pensado nisso antes! – Camila pegou seu casaco e o vestiu.

Lembrei-me das flores que comprei para ela, fui até meu quarto peguei as flores e voltei para a sala, Camila parecia entretida mexendo no celular. Aproximei-me da morena fazendo com que a mesma levasse um pequeno susto.

- São para você – falei entregando o vaso com lírios para Camila.

A morena pareceu surpresa e sorriu com meu gesto, pegando as flores de minha mão e cheirando-as - estavam com o meu perfume espero que ela não tenha notado.

- Você andou pesquisando sobre minha vida? – falou investigativa, fiquei pensando qual seria o teor daquela frase, Camila riu brincalhona e então falou – São minhas flores preferidas, muito obrigada!

- Jura? – sorri animada – Eu não sabia, apenas peguei as mais bonitas, para combinar com você.  

Camila riu sem graça e deu-me um beijo na bochecha.

- Acertou em cheio, principalmente pelo arranjo muito bem feito.. – disse analisando as flores – Hmm, acho que até o conheço de um certo lugar.

- São da Floricultura Sr. & Sra. Cabello, fica no centro -  falei enquanto ia em direção ao carro - Você deveria ir até lá é um lugar lindo e aconchegante, sem falar que a Dona Sinu, proprietária do local, é uma pessoa incrível e...

- Eu sei – Camila riu enquanto entrava na caminhonete.

- Já foi lá? – perguntei, entrando no carro e dando a partida.

- Bom, digamos que eu estou lá todos os dias.

- Como assim? – Camila deu um sorriso presunçoso.

- Sinu é minha mãe.

Eu estava com o carro ligado e freei de repente com a surpresa que foi saber aquilo.

- Sinu? Sua mãe? – falei indignada.

- Sim, porque o espanto?

- Na.. nada, nossa, eu.. – não sabia o que dizer, realmente estava surpresa com a informação, principalmente por nunca tê-la visto por lá e por Sinu ser minha confidente, já havia falado sobre Camila com a mulher, porém não explicitamente.  - Eu nunca te vi por lá..

- Pois é, na maioria das vezes eu fico em meu ateliê e nos tempos livres saio para fazer entregas.

Agora tudo fazia sentido, quando conheci Camila ela estava com sua bicicleta cheia de flores, Alejandro disse que na gravidez de Sinu eles foram para Cuba, e quando fui comprar as flores para ela Sofia havia falado que sua irmã adorava lírios e são as flores preferidas de Camila, sem falar nas esculturas expostas na floricultura, as quais Sinu falou que sua filha mais velha quem fazia.

- O mundo é muito pequeno – falei divagando.

- Oi? – a morena ao meu lado questionou. Provavelmente não ouvindo o que eu dissera.

 Balancei a cabeça em negação, já estávamos próximas da pizzaria onde eu trabalhava, resolvi levar Camila lá mesmo, uma porque eu tinha desconto e outra porque a pizza era realmente maravilhosa.

- Não é estranho como tudo se encaixa? – perguntei.

- Como assim?

- Tipo, eu sempre frequentei a floricultura da Dona Sinu, nunca te vi por lá, mas conheci sua mãe, sua irmã, seu pai, e sem ao menos saber que você fazia parte da família eu já te conhecia também. – fui estacionando o carro enquanto Camila prestava total atenção em mim -  Digo, não é estranhamente louco como a vida nos destina para um caminho ao qual no final tudo irá se encaixar?

- Sim, de certa forma acho que o destino iria fazer com que nos conhecemos de uma forma ou de outra – Camila sorriu sem jeito e eu fiquei a admirando, que sorriso era aquele, me hipnotizava! A morena tossiu e se remexeu no carro tirando o cinto de segurança. – Vamos?

Fiz um sinal positivo e descemos do carro indo em direção a entrada da pizzaria. Hoje o local estava lotado e como sempre a turminha do Ralf estava por lá.

- Olha só, o que temo por aqui! – um garoto de cabelos claros falou assoviando em nossa direção.

- Ei Brad, acho bom tu ficar bem longe da minha mulher. – Ralf disse o empurrando.

- Vai com calma amigão, são duas ali, podemos dividir. – o garoto disse rindo sarcástico.

Revirei os olhos quase entrando na pizzaria, e puxando Camila comigo. Porém Ralf inconveniente como sempre, chegou agarrando a morena pela cintura.

- Oi docinho – falou cheirando seu pescoço.

Camila levou um susto e se desvencilhou de seus braços extremamente incomodada.

- Oi Ralf -  falou seca.

- Está bravinha hoje? Cadê meu beijo? – disse tentando agarra-la novamente.

- Beijo? – riu – Só nos seus sonhos e olhe lá.

Os garotos que estavam sentados nos capôs dos carros estacionados, fizeram algazarra tirando sarro de Ralf e obvio que eu tive que rir também. O garoto riu brincalhão e agarrou Camila quase forçando-a a beija-lo.

- Ralf, me larga! – Camila ordenou batendo em seus ombros.

Meu sangue ferveu com aquela situação e eu tive que intervir, empurrei Ralf e puxei Camila com jeito deixando-a atrás de mim. Encarei o garoto em minha frente, nossos olhos se encontraram cheios de raiva. Ao fundo os garotos rindo cada vez mais do garoto.

- IIh Ralf! – um deles falou.

- Vai deixar barato assim?

- Perder pra uma mulher, que papelão brother..

Ralf foi pra cima de mim, me empurrando de leve com o peitoral, parecendo crescer a cada momento em que se aproximava. Não deixei minha postura de lado e fiz o mesmo, encarando o rapaz sem medo e quase colando nossos narizes de tão perto. A essa altura os pirralhos já haviam parado de provocar, certamente prestando atenção em qual olho sairia roxo primeiro.

- Lauren! – Camila me puxou ficando entre eu e Ralf, porém não paramos de nos encarar. – Chega! Vamos Lauren – me puxou para dentro da pizzaria.

Olhei para trás e Ralf estava com sua mão fechada em punhos, e com a veia do pescoço saltada. Claro que se ele fosse pra cima de mim eu não iria deixar barato, mesmo que ele fosse praticamente me matar apenas com um soco.

- Cara escroto! – falei passando a mão em meus cabelos, enquanto me sentava.

- Ele é mesmo, mas você não precisa se meter com ele – a morena disse enquanto fazia carinho em minha mão – Mas foi demais a forma que você o encarou sem medo.

Rimos do acontecido e fui me acalmando, fizemos nossos pedidos e ficamos conversando sobre várias coisas, pensei em perguntar o que ela tinha com Ralf pra ele trata-la assim, porém não quis me irritar e ser invasiva na vida da garota. Depois de comermos,  a morena foi até o banheiro enquanto eu acertava a conta, fui até o estacionamento e alguns carros já haviam ido embora, avistei Ralf com dois caras entrando em seu carro e dando luz alta em minha direção. O garoto de cabelos claros com o nome de Brad estava no banco do passageiro com um taco de beisebol. Passaram por mim e o mesmo garoto mandou beijinho e saíram cantando pneu. Revirei os olhos, tamanha basbaquice.

- Bú – Camila disse apertando minha cintura.

- Uuuh que susto – falei rindo, pois não havia sentido nada.

- E então? Que horas são? – perguntou-me.

- Hmm – verifiquei meu celular e constatei – São Dez e meia.

- Preciso ir, ainda tenho um trabalho da faculdade para terminar.

- Tudo bem, vamos, eu levo você! – abri a porta do carro para que a morena entrasse e saímos do local.

Depois de deixar Camila em casa, segui rumo a minha, ouvindo Shape of You do Ed Sheeran. As ruas estavam pouco movimentadas, fiquei pensando na conversa que tive com Clara mais cedo, eu queria muito saber que fim se deu para que ela não voltasse para casa, parei em um sinaleiro e peguei meu celular, verificando algumas mensagens e uma delas era de Camila recebida a poucos minutos atrás.

Camila: Eu sei que já agradeci você várias vezes por hoje, mas gostaria de dizer que foi ótimo passar esse tempo te conhecendo melhor, espero que possamos fazer isso mais vezes. Tenha uma boa noite e bom descanso. Beijos Camz (gostei do novo apelido).

Sorri com a mensagem e quando fui responder, levei um susto com um carro vindo em alta velocidade buzinando atrás de mim e com os faróis em luz alta, sendo impossível de ver quem o dirigia e o modelo do carro.  Vi que o sinal estava verde e acelerei abrindo caminho para o carro, porém ele veio em minha direção, acelerei um pouco mais, sem saber o que fazer. Tentava olhar pelo retrovisor mas a luz do carro atrás de mim estava muito forte e refletia machucando meus olhos. Virei na próxima rua e o carro continuou me perseguindo.

- What the fuck?!

Tentei fazer vários caminhos diferentes até despistar o maluco que estava fazendo isso, porém ao virar uma curva, meu carro foi perdendo a velocidade, constatei que a gasolina estava acabando.

- Droga! – bati no volante e olhei o retrovisor, não havia mais carro por lá.

Continuei dirigindo em uma velocidade pequena e o carro apareceu, porém do lado contrário, de frente comigo, fazendo com que eu fechasse os olhos forçadamente por conta da luz. Assim que eu freei o carro em minha frente fez o mesmo e as luzes diminuíram, podendo ser visível quem o dirigia.

- Ralf.. 


Notas Finais


E ai, como estamos????


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