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História Margaridas - Capítulo Único


Escrita por: Lihnfa

Notas do Autor


Eu espero que gostem, até lá embaixo.

Capítulo 1 - Capítulo Único


  Quando Levi finalmente chegou em casa, despejou sua mochila em algum lugar perto do sofá. O dia tinha sido cansativo e desesperante. Despiu as roupas na sala mesmo, não havia ninguém em casa, e foi para o banheiro tomar uma água. Um banho rápido e frio foi o suficiente para se acalmar. Ele logo se jogou no sofá e pegou a mochila tirando, de dentro dela, dois cadernos, um livro e uma lapiseira. Começou a folhear suas anotações e comparar com as respostas que tinha selecionado no teste daquele dia. Estava não muito seguro de que conseguiria passar, mas confiante de que tinha ido bem. Afinal, ela sempre o ajudou a estudar, ele sabia o suficiente para o teste graças a menina.

  Só de pensar na possibilidade de não passar, sua cabeça começou a doer. Não podia fazer isso, não quando logo ela o ajudou tanto, devia isso, não podia falhar com sua promessa. No dia seguinte saberia finalmente se passou ou não no teste, passou ou não para a seguinte fase da vida; finalmente, arranjar um emprego. E, desta vez, ele não teria toda a ajuda dela consigo. Ah, a dor de cabeça só aumentava.

  Pensar em Petra só o deixava mais frustrado consigo mesmo. Afinal, foi culpa dele; culpa dele não ter dado mais atenção, de tê-la deixado sozinha, não ter cuidado e protegido a menina. Ela que tinha gastado seu tempo ensinando matérias irritantes e frustrantes a Rivaille, tinha se importado, sido sua amiga, uma das únicas que conseguiu, por debaixo de toda aquela frieza e arrogância do rapaz, ver como ele era realmente. Sua instabilidade mental de tanta frustração acumulada tinha finalmente um descanso por causa dela. E foi ele mesmo quem o fez perder este descanso.

  Seus pensamentos não o deixavam em paz, não tinha nada de positivo surgindo em sua mente. Petra, testes, notas, fase seguinte da vida. Coisas preocupantes ou frustrantes para deixá-lo infeliz. Só isso veio depois da menina ter deixado sua vida.

  Já estava cansado das anotações daquele caderno irritante. Jogou-o de lado junto com o livro de química e abriu o outro caderno em uma página aleatória com carinho. Haviam algumas anotações de Petra, recadinhos dos dois, desenhos feitos pelo próprio Levi. O rosto da dama tão bem tracejado, mas distante de ser tão perfeito quanto o real. A saudade, terrível amiga já habitante do coração de Rivaille, bateu na porta outra vez. Se esquecendo de ignorar, ele abriu e a acolheu com lágrimas silenciosas e calmas rolando pelas bochechas. Odiava se demonstrar fraco, mas como estava sozinho, se permitiria.

  Cada anotação carinhosa do caderno da amiga era uma agulha enfiada em seu coração cada vez mais fundo enterradas.

 

Tenho que fazer o almoço do Rivaille, ele provavelmente

vai esquecer, não quero que passe fome.

 

☆ Levi, tudo bem?

□ Por que?

☆ A aula parece estar difícil, você está distraído

□ Tava só pensando, Petra

☆ Tudo bem, então.

 

Hoje, 24 de junho

Levi deixou que eu cuidasse das anotações para ele,

parecia estar com problemas. Talvez eu perguntei mais tarde.

 

17 de julho

Ele ainda está incomodado com alguma coisa

será que eu devia ajudar? Ele disse para eu não me

intrometer, mas eu ando preocupada.

 

○Levi, Levi, Levi

□Que foi?

○Eu tenho que conversar com você mais tarde

□Está bem, a gente se vê depois do almoço

 

Eu tive que sair mais cedo hoje, não consegui

falar com o Levi sobre gostar dele. Talvez amanhã

 

O rapaz dos cabelos negros então chorou ainda mais. Ele sempre soube do amor da mais nova por ele e, mesmo assim, desprezava todo o apreço dela. Alguns desenhos no caderno interromperam os vários lembretes e conversinhas dos dois.

 

Levi esteve aqui

○Que bom, tomara que não saia nunca.

 

  Mais desenhos. Todos sem cor, só os traços e sombras bem trabalhados formando imagens semelhantes a Petra e a ele mesmo. Gostava de desenhar dois sentados em vários lugares: praças, praias, carros, na espera do banco, num restaurante. Gostava também de desenhá-la de lado e de cima. Gostava do brilho que o cabelo dela tinha visto de cima. Pena que ele nunca a disse isso sequer uma vez. Nunca a elogiou, nunca demonstrou afeto ou apreço pelos momentos que tinham juntos.

  Páginas se passaram e ele parou em uma que chamasse atenção. Era um  desenho de Petra, mas aquele era diferente. Ela estava com um vestido branco de cauda longa e com um véu segurando um buquê de margaridas. Ela estava também envolta em margaridas, que formavam uma espécie de moldura ao desenho. Eram todas amareladas. Foi então que percebeu que aquele também era o único desenho que havia colorido. Os tons aquarela quebrando o branco da folha sem qualquer linha de caderno para atrapalhar a visão. Era de certeza o desenho do qual tinha mais orgulho, o que mais gostava.

  -Eu te devo margaridas, não é mesmo? – disse lembrando que prometera levar flores da que mais gostava.

  A partir do dia de sua ida, ele levava flores das mais variadas até a menina, mas nunca levara margaridas, que eram suas favoritas e que prometera dar. Na primeira vez no dia, sorriu por lembrar de levar as flores, de lembrar que elas eram suas favoritas, que, mesmo sem querer, prestava sim atenção em Petra, só não sabia demonstrar.

 

  No dia seguinte, ele acordou mais cedo que de costume e foi a uma floricultura. Comprou o melhor buquê de margaridas da loja fazendo questão de que o embrulho fosse laranja, e foi andando até o novo lar de Petra. Bem devagar, se aproximou da lápide. Sentiu seu corpo ficando frio com um choque e segurou algumas lágrimas que brotavam em seus olhos. Se abaixou e colocou uma mão sobre a pedra, com a outra, pôs o buquê por cima dela.

  -Eu não esqueci. – sussurrou. – Eu ainda não li a sua carta. Você me permite? Nunca soube se tinha a permissão de lê-la. Eu guardo em uma gaveta lá em casa... você lembra da minha casa?

  Petra tinha ido tantas poucas vezes na casa do moreno. Isso o deixava triste porque sabia da vontade da menina de ir até lá para ficar com ele.

  -Eu  vou pegar o resultado do teste. Prometi que ia passar, mas, qualquer coisa, me perdoe. – o rapaz levantou devagar e, sem permissão, uma que lágrima rolou foi rapidamente enxugada pelas mãos ágeis dele.

 

~☆~☆~☆~☆~☆~☆~☆~☆~☆~☆~☆~☆~

  Levi, eu mandei entregarem isso a você só depois de morta. Se isso aconteceu antes de eu morrer, ignora a carta, não leia a partir daqui, por favor.

  Eu sei que, provavelmente, você vai ficar se culpando por seja lá o que tiver acontecido comigo, mas não fique. A menos que você seja meu assassino, eu te proíbo de sentir culpa pela minha morte. Você sempre cuidou de mim, não é? Do seu jeito, mas cuidou. E é por isso que acho que vai se culpar, assim como a morte do seu coelhinho quando era criança. 

  Eu também queria dizer o óbvio... Porque todos os nossos amigos sabem, duvido até de que você não saiba. É só que... Eu gosto de você, Levi. Se eu nunca conseguir dizer isso pessoalmente para você, é por aqui que terá de saber.

  Imagino que a gente nunca tenha namorado, não é? Digo, enquanto eu estava viva, nem sequer um beijo a gente deve ter trocado. Mas eu não me importo. Eu pude cuidar de você e ser cuidada pelas suas próprias mãos. Lembro de quando eu caí da escada pelo empurrão de um garotinho e você cuidou dos meus ferimentos na enfermagem da escola pela falta de pessoas profissionais lá. Vi a expressão de carinho nos seus olhos. Eu certamente vou sentir saudades dessa expressão.

  Quero que você não esqueça dos desenhos que fez para mim e nem sequer de mim, quero que saiba que a minha flor favorita é Margarida e minha cor, laranja. Não quero que você esqueça de me guardar no coração ou que sinta algo ruim ao lembrar de mim. E que responda para mim o que sentia pelo meu corpo físico e mental que existia – Não sei o que aconteceu com nenhum dos dois, como vou saber como morri? Quero que diga aos céus se me amava também ou se era só coisa da minha cabeça.

  Não tenho mais nada para te falar. Obrigada por tudo, Levi, eu te amo.

Obs.: se meu pai vier falando de casamento quando entregar a carta, só ignora, por favor! Ai, meu deus...

 

  O céu nunca recebeu uma resposta. Nem ele e nem Petra souberam sobre os sentimentos de Rivaille.


Notas Finais


Eu não sei se eu conseguia pegar bem o sentimento, mas, mesmo assim, gostei de escrever. Espero que tenham gostado de ler.
Não esqueçam de dizer o quanto acharam {se quiserem} Aceito críticas, correções e, é claro, elogios


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