História The Contract - Contando a Verdade e Emitindo Fatos

– O que foi aquilo? – Yoongi quebrou o silêncio que se estabeleceu na sala, seu coração estava apertado e quanto mais fitava Jungkook de cabeça baixa sem dizer nada, mais se sentia traído pelo mais novo. – Jungkook, me responda.

Novamente o silêncio se fez presente, mas para a surpresa de Yoongi, Jungkook tomou coragem e ergueu o olhar para si, revelando o rosto coberto de lágrimas que o mesmo escondia.

Seus olhares se encontraram e Jungkook voltou a se lamentar em soluços quebradiços.

– Jungkook – se aproximou e agachou na frente do mais novo, mantendo uma distância considerável entre ambos. – Por favor, me diga que não é o que eu estou pensando.

– Yoonie, eu... – começou a falar, mas antes que pudesse se explicar a maçaneta da porta fora girada para ser aberta e Yoongi se afastou, passou a mão pelo rosto frustrado e confuso antes de se dirigir a mesma.

Mesmo que quisesse deixar a pessoa do outro lado da porta esperando e tirar o beijo que viu no salão a limpo, ainda tinha consciência de que não passava de um mero funcionário, não poderia ser visto em uma sala trancada com Jungkook, ainda mais em um local público, cheio de pessoas ricas e metidas.

– Se quiser se explicar estarei no meu quarto amanhã de manhã. – Parou ao lado da porta e voltou sua atenção ao mais novo.

– Mas e o seu trabalho?

– Amanhã a academia não vai abrir.

– E por que não me contou?

– Você estava muito ocupado se encontrando com o bilionário, não queria te incomodar.

– Yoongi, me desculpe, não era o que vo-

– Não se desculpe. – destrancou a porta e saiu, evitando olhar para trás, muito menos para o homem que beijou seu namorado.

Focou-se em ir na mesa da senhora Jeon, que o fizera comparecer ali somente para lhe entregar um guarda-chuva, e mesmo que Yoongi soubesse que esse não era o verdadeiro desejo da senhora, preferiu ser ético e ignorar o beijo proposital que a mais velha queria que ele visse entre Jungkook e o CEO.

Ela queria deixar bem claro que Jungkook não o pertencia.

E ela sabia o que os dois tinham, de algum modo.

Desde que a mãe de Yoongi morreu a sete anos atrás, a senhora Jeon vinha judiando si, não somente com ações, mas também com palavras, ofensas. Quando sua mãe era viva, a dona da casa sempre o mimava com presentes e o levava para sair com a sua mãe, porém depois da morte de sua progenitora, a mulher mudou de água para o vinho, o deu um quarto de empregado pequeno e começou a lhe afastar de Jungkook, seu único amigo. Talvez ela só lhe aturava ter sido amiga de sua mãe.

Anos se passaram e, com a chegada da adolescência, Yoongi começara a conhecer mais da vida, secretamente com Jungkook. Ambos sempre foram o primeiro um do outro, e mesmo que ainda não estivessem ido para o finalmente, se sentiam satisfeitos do jeito que estavam, Yoongi tinha dois empregos, Jungkook fazia faculdade, estavam felizes com o que tinham no final das contas.

Até o momento em que Park Jimin apareceu.

E com certeza isso lhe fizera acreditar que Jungkook estava sendo usado pela mãe por algum motivo, motivo esse que iria descobrir mais cedo ou mais tarde.

Não deixaria seu moreninho nas mãos naquela megera aproveitadora, ainda mais agora que os Jeon estão completamente falidos e sem a quem recorrer a não ser a beleza e juventude que o pequeno – grande – Jungkook exalava.

Tentou manter o máximo de postura ereta que conseguia ao ser fitado pelos convidas e parou em frente à mesa dos Jeon, sendo imediatamente mirado pelo patriarca da família, esse que demonstrou estar confuso com sua presença ali.

– Oh, Yoongi! – se levantou de pressa e deu a volta na mesa, tocando seu ombro com delicadeza.

– O que faz aqui desse jeito? – sussurrou cauteloso, tentando não se importar com a reações dos convidados ao olhar as vestes do jovem. O olhavam com desgosto apenas por estar molhado. Que mundo julgador era esse? Quis saber.

– Me desculpe, eu não queria aparecer todo molhado para trazer o guarda-chuva de sua esposa, mas ela me pediu para vim a pé e assim foi. – Se justificou, colocando o objeto pedido encostado a cadeira da mulher, tal que o olhava da mesma forma que os convidados, porém havia deboche no olhar da mais velha, isso com certeza. – E eu queria ter ficado na porta, mas quando percebi já estava aqui dentro.

– Não precisa me pedir perdão, na verdade, eu que o devo desculpas, minha mulher não deveria ter o mandado vim a pé, tínhamos tantos carros disponíveis em casa que eu tenho certeza que esse imprevisto e... olhares patéticos, poderiam ter sido evitados.

O Min sorriu perante a fala do mais velho e assim que notou os olhares mais julgadores, se despediu em um curvar e seguiu para fora do local, ignorando com todas as forças as pessoas em seu caminho.

Yoongi jamais seria igual a eles se fosse rico.

[...]

Alguns segundos depois que o mais velho deixou a sala, foi quando Jeon se tocou o quão sortudo e ingrato era. Não havia motivos para ter medo da reação do loiro quando contasse a chantagem que estava passando, ele era tão amoroso consigo, e mesmo depois de presenciar a cena do beijo, Yoongi se manteve calmo, e isso fez com que Jungkook se acabasse em lágrimas, era tão ingrato com o mais velho.

Porém, mesmo o casamento sendo uma chantagem de sua mãe, Jungkook ainda se sentia culpado por sempre se deixar levar pelo CEO. E ainda que explicasse a chantagem para o mais velho, não teria como explicar os beijos e carinhos que trocou com o noivo.

Se Yoongi descobrisse, ficaria mais magoado ainda com o mais novo, isso se ele não lhe quisesse mais.

– Jungkook – Jimin entrou na sala e despertou Jungkook de seus pensamentos. –, o que o funcionário dos seus pais estava fazen- Jungkook? Está tudo bem?

Temeroso o mais velho se aproximou do mais novo e agarrou a mão que se esforçava para limpar os resíduos de lágrimas que caíam pela face alva, encarou o rosto choroso e sentiu seu coração se despedaçar aos poucos.

– E-estou...

– Jungkook, o que houve? – acariciou a mão do citado e com a outra livre tocou em sua bochecha, tentando passar confiança através do olhar. – Ver você chorando me deixa com o coração apertado, meu doce.

– Desculpa, eu não quero que fique triste. – tirou a mão de sua face e sorriu forçado, não queria Jimin triste por sua causa.

– Sabe que estou aqui para o que precisar, não é? – fitou os orbes castanhos do mais novo, que assentiu minimamente –  eu vi um dos empregados de seu pai passando por aqui, é por isso que está assim?

Jeon negou rapidamente, sentindo seu coração falhar uma batida com a possibilidade de Jimin descobrir sobre Yoongi. Enxugou as lágrimas com as costas das mãos, afirmando que estava tudo bem.

Mesmo desconfiado, o park resolveu deixar aquela história de lado, sabia que, assim como ele, Jungkook tinha seus próprios assuntos, e faria o máximo para mostrar que o respeitava acima de tudo.

– Conversei com sua mãe, e achamos melhor nós irmos para sua casa. Passou por muita coisa hoje e precisa descansar. – se levantou, puxando delicadamente os braços do garoto até que o mesmo se sustentasse em pé.

Jimin acariciou as bochechas coradas e com marcas grossas de lágrimas, beijando cada uma delas. Jeon tentou conter um mínimo sorriso com o ato, fechando os olhos ao sentir a textura dos lábios contra sua pele.

– Vamos. – Jungkook viu Jimin entrelaçar seus dedos, o levando para fora do cômodo.

A iluminação do restaurante era mais forte que a do escritório, e Jungkook teve que cobrir seus olhos com a mão livre até que se acostumasse com a claridade. Caminharam pelos convidados, apenas acenando com a cabeça, Jimin havia dito a Jungkook que já tinha explicado o ocorrido a eles, e por isso estavam de partida. E quando finalmente chegaram no carro, Jeon pôde soltar todo o ar que inconsciente prendia em seus pulmões.

Todo o caminho fora silencioso, mas a mente cansada de Jungkook insistia em trabalhar a todo vapor, sempre imaginando nas possíveis conversas que teria com Yoongi. E sempre chegava no pensamento de que o amado iria desistir de si, deixando-o para o Park, ou talvez pior, diria que odiava e sentia nojo de quem o moreno havia se tornado. E não importava a solução que encontrasse, sempre haveria outro problema para o deprimir.

O Park, por outro lado, tinha toda sua atenção voltada ao noivo, observava de soslaio as expressões que Jungkook fazia. Seu coração se apertava ao ver as caras tristes e chorosas que fazia, sem ao menos perceber. Jimin novamente cogitou a ideia de que o problema fosse ele, que talvez o Jeon não quisesse se casar, mas então por que sempre correspondia seus toques? Por que permitia ser beijado, e o beijava de volta com fervor?

Talvez Jeon ainda estivesse inseguro do que o bilionário sentia por si, pensou, e dando um sorriso interno, Jimin estava decidido a mostrar seus sentimentos a ele. Naquela noite Jungkook veria que tudo aquilo era real para ele e que estava disposto a lhe trazer segurança estando entre seus braços.

Quando o carro estacionou em frente à residência dos Jeons, Jimin foi o primeiro a sair, estendendo a mão para o moreno, que mesmo receoso, a aceitou, saindo do veículo logo em seguida. O moreno rapidamente subiu em direção ao banheiro de seus aposentos e deixou o noivo para trás, se apoiando na pia assim que a porta fora trancada.

Encarou sua imagem abatida no espelho, os olhos cansados e os cabelos desgrenhados. Suspirou, caminhando até a banheira, retirou suas roupas lentamente enquanto a outra estava enchendo. Cada peça retirada lhe causava certo alívio, e foi ainda melhor quando mergulhou na água morna, perfumada com sais de banho. Jeon queria ficar ali para sempre.

Seus pés batiam na água, fazendo algumas gotas espirrarem por todos os lados, enquanto descansava a cabeça na borda da banheira. Jungkook se encontrava relaxado pela primeira vez naquela semana, se esquecendo de Park Jimin, Min Yoongi ou qualquer outra coisa que lhe fizesse se sentir triste, no momento era apenas o pequeno Jeon, ninguém mais.

E quando percebeu seus dedos já enrugados devido a água, decidiu que já estava na hora de sair. Enrolou seu corpo na toalha branca e macia, caminhando para fora do banheiro em direção ao seu closet. O moreno abriu as inúmeras gavetas, a procura de algo confortável para se vestir.

Após alguns minutos de indecisão, seus olhos se voltaram para uma caixa específica, sobre uma das prateleiras, Jungkook mordeu o lábio inferior, torcendo os dedos enquanto pensava se a pegaria ou não. E tomado pela curiosidade, pegou o presente em mãos retirando delicadamente as peças que havia ganho de Jimin.

Passou os dedos longos pelo tecido suave das vestes e se olhou em frente ao grande espelho do closet, posicionando as roupas na frente de seu corpo, sentindo-se tentado a experimentá-las, era tão linda. Não resistindo, retirou a toalha de seu corpo, esfregando seu creme corporal pela pele clara, sentindo o perfume doce de castanhas se fixassem em sua epiderme. Vestiu a calcinha branca, seguido da camisola de tecido transparente com detalhes em renda branca, e quando se viu devidamente vestido, deu uma última olhada para sua imagem, apenas para comprovar que aquela roupa, mesmo que um tanto ousada demais para seu gosto, ainda sim era perfeita para dormir.

Caminhou tranquilamente para o quarto, não via a hora de se jogar em sua cama, queria dormir e esquecer de seus problemas por mais algumas horinhas, até que fosse o momento de ir conversar com Yoongi. O moreno só não esperava encontrar um certo bilionário, vestindo apenas uma calça moletom, sentado na borda do colchão o aguardando.

Assim que seus olhos se voltaram para Jungkook, o Park se levantou rapidamente, analisando o noivo de cima a baixo, sentindo-se o homem mais sortudo do universo por ter tamanha beldade ao seu lado. O loiro não pôde deixar de notar as vestes do mais novo, sorrindo ao ver que seu presente havia o agradado.

– Você está lindo – foram as únicas palavras que saíram da boca aberta do Park, que se aproximou em passos lentos até o moreno.

– O que faz aqui? – Jungkook ignorou o elogio, assustado por ver Jimin em seus aposentos.

– Antes de sairmos, sua mãe me disse que já tinha desmontado o quarto de hóspedes, então pensei que não haveria problema dormir com meu noivo. – deu uma leve mentida, mas como era sua última noite definitiva na casa, decidiu aproveitar o máximo que conseguisse.

 Jungkook perdeu a fala com tamanha ousadia do mais velho, que sem ao menos o consultar, resolveu que passaria a noite em seus aposentos. Mas ao contrário do que o Jeon imaginava, Jimin não tinha ido até lá com intenções maliciosas, muito menos o modo como este o encarava agora, com devoção e carinho.

O bilionário se aproximou ainda mais, levanto sua destra até a bochecha alheia, acariciando-a com seus dedos. Jeon fechou os olhos, aproveitando o pequeno gesto carinhoso. Foi então que sentiu os lábios fartos de macios contra os seus, e foi o limite para sua lucidez, levou ambas as mãos até os ombros do loiro, subindo para os fios claros, o braço de Jimin rodeou sua cintura, enquanto sua boca aprofundava o beijo. Caminharam em passos lentos até a cama, onde o Park se colocou cuidadosamente sobre o noivo, distribuindo vários selantes sobre seu pescoço.

As mãos do mais velho passearam pelo tronco de Jungkook, se infiltrando por debaixo do tecido fino da camisola, sentindo a pele quente e macia sob seus dedos. Jimin agia com calma e paciência, queria mostrar ao seu noivo que o desejava mais do que tudo, o beijava com carinho e devoção, sua palma percorria o corpo alheio como se estivesse diante da mais delicada porcelana, mas era difícil resistir à tentação de tomá-lo para si, sua mente já começava a trair seus próprios pensamentos, e seu corpo já se animava com a ideia de ter Jeon Jungkook como seu companheiro.

Um arfar escapou dos lábios finos quando sentiu o membro já duro do Park contra suas coxas, o contato lhe trouxe a vaga lembrança do dia em que o viu completamente desprovido de qualquer roupa, mas logo se lembrou do motivo de o encontrar assim, este que era seu namorado.

Quando a palavra namorado lhe veio em mente, Jungkook sentiu seu estômago revirar, pensou em Yoongi e no ocorrido de mais cedo. Foi então que o moreno percebeu que não queria mais magoar seu amado, os toques de Jimin, antes deliciosos, passaram a lhe causar desconforto, Jeon apenas conseguia ver o homem que o comprou, que ameaçou o emprego do Min, apenas para ter o que queria, e aos poucos sua raiva do bilionário já retornava com força total, não queria por nada no mundo deixar o Min por um homem desses.

– Jungkook? Está tudo bem? – olhou para o Park sobre si, os cabelos bagunçados, os lábios vermelhos e inchados, e o par de olhos castanhos, que agora o fitavam de forma desentendida.

– E-eu só... Não acho que seja a hora certa para isso, entende? – inventou uma desculpa qualquer para manter as mãos do Park afastadas de si – Acho que estamos indo muito rápido.

– Você quer esperar até o casamento? – arqueou a sobrancelha, era óbvio que o Park já tinha se envolvido intimamente com várias outras pessoas, e já havia algum tempo que não se deitava com alguém – por opção própria –, então seu corpo se encontrava necessitado por atenção, mas se fosse para deixar seu noivo mais confortável consigo, então ele esperaria todo tempo necessário – Tudo bem, entendo que você não se sinta pronto, não se preocupe, respeitarei seu tempo e vontade. – sorriu, deixando um último selar em seus lábios antes de sair de cima e deitar ao seu lado na cama – Boa noite, Jungkook.

Jeon ficou alguns segundos imóvel, não imaginava que fosse tão simples assim, mas sorriu internamente ao perceber que não se seria mais incomodado pelo Park. Se ajeitou na cama, mantendo uma distância razoável do mais velho, desejou-lhe boa noite e fingiu dormir, esperando que o sono atingisse o noivo, para que pudesse resolver seu último assunto pendente daquela noite.

E não demorou muito, logo Jimin se virou em sua direção e enlaçou sua cintura com o braço, puxando seu corpo até encostar suas costas em seu peitoral desnudo, causando um calor reconfortante no mais novo e uma enorme vontade de dormir se apossou de seu corpo. Porém não o fez, em vez disso levantou com cuidado o braço de sua cintura e se sentou na cama, fitando o mais velho por alguns segundos, até ter certeza de que ele não acordaria. Notou que o mesmo havia se encolhido na cama como um cachorrinho abandonado, e mesmo que isso partisse o coração do mais novo, se levantou e cobriu o corpo quentinho do noivo antes de seguir quarto a fora, segurando a vontade arrematadora de voltar e o acolher nos braços.

Antes que fosse para o quarto do Min, se certificou de que os pais não haviam voltado e que todos os empregados estivessem fora de sua visão. Não queria ser pego andando com essas roupas para o quarto do namorado, não quando se tinha várias empregadas fofoqueiras trabalhando em sua casa. Deu uma rápida conferida na cozinha, aproveitando para catar um pedaço do bolo de morango que provavelmente seria servido no café da manhã no dia seguinte, riu baixinho com sua travessura e se voltou para a porta da cozinha, quase gritando de susto ao encontrar Yoongi o fitando no batente da porta, se contendo ao notar o quão arriscado seria se isso acordasse todos na casa, principalmente Jimin.

– Devo dizer que isso me faz pensar em quando nós erámos duas crianças arteiras que esperavam os pais dormirem para poder assaltar a geladeira. – disse nostálgico, passando ao lado do mais novo para pegar outra fatia de bolo e se encostar no balcão atrás de seu corpo. – Bela roupa.

– Yoonie... – Jeon se voltou para o loiro um tanto envergonhado e mordeu o lábio inferior, o clima estava um pouco tenso e Jungkook não queria deixar o Min mais chateado consigo, por isso se aproximou com intenção de o beijar, mas ele se afastou bruscamente, impedindo que Jungkook o tocasse ou simplesmente chegasse perto.

Enquanto voltava para casa a pé refletiu sobre tudo que passou naquele dia, Yoongi pôde finalmente entender o que aconteceu por todos esses anos, Jeon Jungkook o usara como um brinquedo, para no fim, lhe descartar por outro. E quando pôde chegar em casa, correu até seu quarto, determinado a deixar tudo para trás. Já estava com a mala pronta quando Juliette entrou em seu quarto amargurada e lhe contou sobre as intenções do Park para aquela noite e o casamento próximo. Depois de ouvir aquilo o mundo do Min caiu, teve que se apoiar na  parede para não cair e tomar um bom banho para esfriar a cabeça, e quando terminou, decidiu comer alguma coisa, e foi quando encontrou o mais novo sozinho na cozinha.

– Juliette me contou que o Jimin te deu essa lingerie para terem sua primeira vez dormindo juntos, me diz, foi bom a noite, Jungkook? Ele te tratou com carinho? Te tocou com vontade? – por mais que suas palavras saíssem em um tom irônico e vulgar, somente Yoongi sabia o quão amargurado e idiota se sentia por dentro. Jungkook havia o usado e feito de trouxa todos esses anos, o iludindo com promessas de que ficariam juntos pelo resto da vida. – Eu sou um otário mesmo.

Jeon poderia ter a cara mais inocente do mundo inteiro dizendo que queria esperar o tempo certo para terem sua primeira vez juntos, mas depois daquela noite, depois de o ver vestido de modo tão exposto assim após deixar o Park no quarto, Yoongi sentiu ódio. Jeon estava sendo um qualquer, usando seu corpo para tirar a família da miséria enquanto deixava o namorado sem saber de nada, achando que ficaria tudo bem no final.

Ah, mais não ficaria mesmo.

– Yoongi,não fala isso, o Jimin não fez nada disso comigo. – desesperado e com medo do que o namorado estava pensando, Jeon colocou sua fatia de bolo em cima da mesa e tentou se aproximar outra vez, dessa vez tendo os pulsos presos pelas mãos finas, porém firmes do mais velho. – Yoongie, eu juro.

Precisava contar a chantagem da mãe de uma vez, antes que fosse tarde demais e perdesse Yoongi.

– Não consigo acreditar em você, Jungkook, não depois de hoje.

– Yoongi, por favor.

– Eu sinto mui-

Sons de passos se fizeram presentes no salão ao lado e automaticamente Yoongi se calou e puxou o moreno para a dispensa, usando sua chave para abrir e trancar a fechadura antes que a pessoa entrasse na cozinha.

– Jungkook? – era Jimin. – Meu amor, você está aí?

– Filha da Puta! – exclamou em bom som, causando mais medo no mais novo de serem pegos ali dentro. – Eu vou quebrar a cara dele!

– Yoongi, por favor, ele vai te ouvir. – sussurrou suplicante ao lado do Min, fazendo o loiro virar para lhe encarar.

– Jungkook, não adianta se esconder, eu achei seu bolo, amor.

Ah merda, os pedaços de bolos ficaram lá.

– Será que eu deva falar para o seu noivo que você está aqui comigo?

– Não, por favor.

– Jungkook?

Sorriu com o desespero nos olhos do moreno.

– E o que me impede de falar? – agarrou a cintura do outro e colou ambos os corpos, fazendo o mais novo arfar surpreso. – Anda Jeon, fala antes que...

Teve sua fala morta na boca assim que Jungkook colou seus lábios e o puxou ao seu encontro afoito, fazendo questão de arranhar suas costas nuas quando o mais velho cortou o beijo e o puxou para seu colo, encostando Jungkook na primeira parede que apareceu em sua frente para colar seus lábios novamente em um beijo rápido e quente. Ficaram assim até os passos se distanciando da cozinha serem ouvidos e Jungkook corta o beijo com vários selares atrás do outro.

– Eu te amo, e nunca duvide disso. – Jungkook ditou sério assim que Yoongi abriu os olhos com as bochechas coradas e os lábios inchados pelo beijo recente, nunca haviam se beijado com tanta veemência como agora.

– Jungkook, e não vou acredi-

– Foi a minha mãe. – cortou o mais velho. – Ela está me chantageando, me usando para conseguir todas as mordomias que tinha de volta.

– Como assim? – soltou o moreno, um pouco confuso, mais ciente de que a mãe do Jeon não era nenhuma santa. Como havia pensado mais cedo antes de encher a cabeça de pensamentos equivocados, ela estava usando o filho, e só de pensar que Jungkook tivera que dormir com o bilionário para isso, seu sangue ferveu.

– Eu faço parte de algum tipo de contrato, Yoonie. Meus pais estão falidos e eu tenho certeza que o Park se aproveitou disso, traria riqueza de minha família mais uma vez, e como consequência eu me casaria com ele, sendo como uma moeda de troca para eles. – mostrou o anel no dedo anelar e abaixou a cabeça, lembrando-se do dia que Jimin lhe pediu em casamento e sua mãe lhe chantageou.

– E como sua mãe está te chantageando?

– Ela me deu a entender que prenderia você. – ergueu o olhar novamente e permitiu-se capturar a face surpresa do mais velho com o que disse. – Disse que lhe acusaria de roubo caso eu não me casasse com o Park. E eu não suportaria que você sofresse por minha causa, por isso aceitei o pedido dele. Me desculpa por não ter te contado antes, Yoonie, eu não queria que soubesse o quão má minha mãe poderia ser.

E mais uma vez Yoongi se praguejou por ter insultado o mais novo em pensamentos, ele apenas queria lhe proteger no final das contas e o loiro o interpretou errado, o julgando sem ao menos lhe ouvir.

– Tudo bem. – pegou a mão do outro e a beijou. – Me desculpe também, eu não deveria ter lhe dito aquilo, Gukkie, eu te julguei sem ao menos saber, eu sou um idiota.

Triste por ouvir aquilo e por estar mentindo, Jungkook o abraçou e sussurrou mais uma vez o quanto amava o mais velho, trazendo um sorriso para o Min, mesmo que por poucos segundos, pois logo que sentiu a textura fina da lingerie que Jungkook usava, se afastou um pouco e segurou a face confusa de Jeon entre as mãos.

– Jeon, não minta para mim. Ele te tocou? – perguntou sussurrado.

– Não, ele não me tocou.

Doía mentir para o mais velho, mas Jeongguk não tinha escolhas, não se não quisesse perder a confiança do namorado.

E mesmo que Yoongi dissesse acreditar no que Jeon dizia, o seu olhar indecifrável para Jungkook estava dizendo o contrário, ele ainda parecia preocupado, talvez se questionando se o que Jungkook dizia era mesmo a verdade ou se estava mentindo para o Min não fazer nenhuma burrada contra o Park.

Pensou no que poderia fazer para Yoongi parar de se questionar se o Park abusou ou não de si, e quando chegou em uma solução, corou, porém não desistiu.

– Eu vou te provar que ele não fez nada.

Em um súbito momento de coragem, Jeon puxou o braço do Min e o empurrou mais para dentro da dispensa, acendeu a luz e tentou normalizar a respiração para o que viria a fazer a seguir.

– Gukkie, o que...

Antes que Yoongi viera a questionar o que o moreno pretendia fazer, Jungkook se virou de costas para si, para então abaixar a calcinha até a metade das coxas e empinar a bunda em sua direção, usando uma estante como auxílio para não cair ou fraquejar, suas pernas tremiam, ameaçando o deixar na mão a qualquer momento.

– Por que fez isso? – quis saber se aproximando, não resistindo tocou levemente o tecido delicado e transparente que o separava de tocar diretamente a bundinha redonda do namorado.

– Eu q-quero que tenha certeza de que ele não fez nada, eu te conheço, está escrito na sua testa que você não acredita no que eu disse. – suspirou pelo toque tímido que recebeu em uma das nádegas e desejou por mais.

Com o rosto queimando em brasas, Jungkook levou uma das mãos até o tecido transparente da lingerie e o ergueu, dando acesso para o mais velho fazer o que quisesse com a sua bunda.

Recebendo permissão, Yoongi mandou o seu bom sesso para a puta que pariu e abriu as bambas do ânus do moreno com uma rapidez incrível, olhou o buraquinho intacto e suspirou aliviado, Jimin não havia feito nada com o seu moreninho.

– E-e agora, acredita em mi-mim? – olhou para o mais velho por cima dos ombros e quando notou o loiro o encarar demais naquela região, corou mais ainda, se é que fosse possível. – Yoongie... ah!

Inesperadamente um beijo fora deixado em seu buraco antes de Yoongi ajeitar sua calcinha e se afastar, deixando Jungkook a beira de um ataque cardíaco e com as pernas fazendo cosplay de gelatina. Jurava que morreria de vergonha se o mais velho fizesse aquilo novamente.

– Vamos? – Yoongi falou tão normalmente que Jeon quase se estapeou por ter se sentido quente com aquele contato rápido.

Ainda quente e um pouco envergonhado, Jungkook se pôs ao lado do Min e esperou que ele pegasse a chave – que nem sabia que o mais velho havia colocado no bolso – para abrir a porta e riu baixinho quando essa caiu de sua mão descuidada. Querendo ajudar, o moreno se ajoelhou no chão e pegou a chave, erguendo-a para entregar ao mais velho.

– Aqui es... – sem perceber deixou a frase morrer na garganta quando se deparou de frente com a ereção marcada do namorado. Aquilo fora ele quem causou?

Jungkook não sabia descrever o que estava sentido, mais quando se tocou do que tanto encarava, a dispensa de repente havia ficado quente, seu corpo necessitavas de toques alheios e sua boca salivava de desejo. Não saberia dizer ao certo o que havia dado em si só de encarar a intimidade do outro, mas no momento seguinte estava encarando Yoongi intensamente a espera da próxima atitude do outro, o que não demorou a vim.

– Você quer me chupar, Jungkook-ah?