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História Martha - Capítulo Único


Escrita por: SRavnos

Capítulo 1 - Capítulo Único


Fanfic / Fanfiction Martha - Capítulo Único

CAPÍTULO I

 

MARTHA

("re-cordis")

 

 

 

“RECORDAR” sou apaixonado por essa palavra, sinto ela carregada de tanto simbolismo, criada em torno da possibilidade de tantos sentimentos adversos! Vem do latim “re-cordis” algo como “relembrar com o coração” ou “voltar a passar pelo coração”. Então pergunto como tuas recordações voltam a passar pelo seu coração? Que sentimentos vocês carregam ?

Depois de 02 (dois) longos anos de relacionamento, algo se perdeu pelo caminho. Deixando o silêncio tomar conta da casa, o sorriso se esconder, o brilho do olhar esvair-se. As pontas dos dedos que antes caminhavam entre lábios molhados hoje se perdem entre as teclas do controle remoto da tv outra hora pelo controle do PS4.

As longas conversar que atravessavam as madrugadas, foram trocadas por leituras vazias, tempo por paginas viradas. Nossas canções hoje são só tocadas no rádio com o acompanhamento solitário de nossos vizinhos, não cantamos mais nem o nosso refrão:

“...Come out upon my seas, cursed missed opportunities am I a part of the cure or am I part of the disease?

Singing

You are, you are

You are, you are....”

Alguma coisa se perdeu no caminho!?

            Em um assunto desprendido em mais uma noite vazia te convido para viajar comigo, meu interior, meu abrigo infantil, o lar dos meus avós, compartilhar nosso ultimo momento juntos. Em um trocar de olhos com um sorriso sem graça de canto de boca sabíamos que aquele seria nosso ultimo momento juntos.

Já na estrada, seguindo nosso destino trocávamos uma ou duas palavras, “tá com fome”, “água”, “que demora” ou passávamos maior parte do caminho ouvindo o que os outros conversavam ao nosso redor. Mas, sabia que em nossas mentes milhões de pensamentos corriam naquele exato momento dava fácil parar qualquer um pelo olhar notar, mas, esses pensamentos não conseguiam se transformar em sons e serem compreendidas de todos os desejos.

O cenário verde se mostrando e seduzindo pela janela do carro, o vendo forte como estivesse dando boas vindas o cheiro de casa, finalmente chegamos.

O tradicionalismo do chegar tinham que ser cumprido, as bênçãos dos meus avós, as apresentações formais, as historias resumidas de tanto tempo separados, a apresentação dos nossos quartos separados, minha vó moldada no conservadorismo!

Vamos caminhar um pouco para conhecer o lugar, a igrejinha na entrada da cidade, os botecos, o bêbado da cidade, os antigos amigos, o campinho, a quadra, os lugares que eu cai, os lugares que eu ri, o postinho de saúde, a antiga Telpe, tudo vem carregado com milhares de histórias nostálgicas do meu passado naquele lugar. Você em silêncio estuda todas.

Chegou a hora de irmos para nossos quartos, está tarde temos que dormir. Na manhã seguinte logo cedo, vou até a bodega comprar dois vinhos baratos e de nomes estranhos, coloco-os em uma bolsa junto com uma tolha branca, coloco em minhas costas e vou buscá-la, quero mostrar-lhe um lugar onde quando tinha “problemas infantis” gostava de ir pra ficar sozinho.

Cruzamos dois dedos de nossas mãos e seguimos em direção a velha estrada de barro, ela continuava com suas velhas curvas, a terra, o cheiro de mato e o som das cigarras era o único som que ouvíamos.

Chegamos no sitio, caminhamos um pouco para chegar perto do lago, e lá monto nosso cantinho improvisado com a toalha no chão, pedras no canto, vinho aberto, copos transbordando, brinde tradicional sem dedicação. Silêncio!

Dessa vez um silêncio diferente, apenas para olhar aquela visão proporcionada pelo alto da serra e vendo tudo tão pequenino lá em baixo, todas as casinhas bem coloridas.

Naquele momento novos pensamentos começam a se formar em minha mente em grande velocidade, que nem a embriaguez do vinho foi capaz de frear. O silêncio finalmente foi quebrado pelo som da minha voz, estridente e ecoando por aquele espaço aberto que até eu mesmo tomei um susto! As palavras que cortaram o vazio do silêncio: "eu não te faço mais sorrir..." Ali no chão nossa primeira garrafa de vinho vazia, a segunda deitada escorrendo e manchando a toalha como sangue lavando o chão, mas isso não importava, olhávamos pra o vinho e sentíamos da mesma forma nosso amor escorrendo e deixando nossos corpos e almas naquele momento junto com o vinho.

Não a lagrimas, não há longas conversas de fim, não há justificativas. Você simplesmente levanta e começa sua caminhada, chegou a hora. Você inicia sua própria caminhada a ponta de nossos dedos se tocam pela ultima vez e você continua a caminha.

Me sinto acorrentado em águas profundas e escuras, os sentidos vão sumindo, já não sinto mais o cheiro, o tato, nem o sabor e tudo fica escuro até que não tenho mais o som de tua voz. Como se naquele momento fosse uma rocha grande e pesada presa nessa mesma linha temporal até hoje no mesmo lugar. Já dizia Raul: “Vendo as pedras que choram sozinhas no mesmo lugar”, finalmente compreendi o sentido dessa frase. Pois hoje sou essa pedra, sou essa rocha, sou a ausência de todos os sentidos.

RCruz.


Notas Finais


Espero que que sintam o prazer de "voltar a passar com o coração"


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