1. Spirit Fanfics >
  2. Mary Washington Healthcare >
  3. Última Vez

História Mary Washington Healthcare - Última Vez


Escrita por: hotlyminds84

Notas do Autor


Oi gente! E aí? Bem, essa capítulo tem bastante coisa, tá uma loucura kkk Mas é muito importante para a história e, para que você compreenda, o próximo capítulo. Tem umas ondas meio heavy vindo aí, então surf the wave senão a wave eat you (sempre quis dizer isso mds KKK)
Amo vcs e vamos pro que interessa! :3

Capítulo 9 - Última Vez


Tudo havia dado certo naquele dia. As cirurgias correram bem, todos os pacientes estavam estáveis e a tarde começara a acabar quando Emily foi chamada - no setor de Urgência e Emergência - para um procedimento devido à facada no pulmão direito. Fora uma briga violenta terminada em tragédia. Sim, a primeira vez que ela perdeu um paciente no Mary Washington. Apesar de não compreender o motivo exato da falha na cirurgia, em um dado ponto os sinais vitais decaíram de maneira exponencial de encontro à parada. A cirurgiã esgotou todas as possibilidades de reanimação, sem uma sombra de sucesso. Pouco após, exatamente às 19:45, uma caneta deslizava exaurida sobre o papel gélido, declarando o óbito do homem de trinta e nove anos completos há menos de um mês.

 Naquela noite, dormir foi difícil. Por mais que insistisse em fechar os olhos e tentar relaxar, as lágrimas formavam com uma velocidade brutal ao passo da formação das imagens sobre o ocorrido. O sentimento de culpa gerou uma bolha em sua garganta, sufocando soluços de culpa. Uma da manhã chegou acompanhada de olhos encharcados na sensação de impotência sobre aquilo que ela julgava dominar. Assim, deitou-se no sofá, envolvendo o corpo com uma manta confortável, as mãos caíram sobre a superfície - em fraqueza - até ouvir o barulho da campainha romper o silêncio abafado.

 Ao deparar-se com Aaron carregando o jovem Jack – pendurado como um macaquinho em sono profundo – a sensação apertou em seu peito. Ela podia fazer isso de novo, certo? Sentir algo tão intenso e entrar em mais uma família. Talvez doa mais do que o imaginado caso tudo se torne uma mera lembrança em seu futuro. Talvez não, a dor era uma certeza.

 Emily confirmou a sensação quando os três dividiram a cama, principalmente após o corpo do pequeno menino envolvê-la, de maneira involuntária, durante o sono. Minutos correram em passos lentos enquanto as mãos deslizavam no cabelo curto e loiro do ser indefeso a repousar tranquilo. Um sorriso brotou em seus lábios, só para tornar-se lágrimas luminosas como a chuva insistente tintilando na janela. Ainda mais quando ele juntou-se a ela na cama macia, os braços cuidadosos envolveram ambos e proveram uma sensação de calma inabalável às duas almas atormentadas por tantas histórias sufocantes.

 Ficaram assim até o despertador leva-los de encontro à manhã seguinte.

(...)

 O som de chuva ressoava grossamente na sala silenciosa, onde a morena conversava com um paciente em pós-operatório. Era um senhor de idade e ela tinha certeza de já ter ouvido como ele pediu a esposa em casamento pela milionésima vez seguida. De qualquer forma, mantinha o sorriso, o aceno com a cabeça e o olhar atento entre alguns procedimentos necessários para permiti-lo descansar novamente.

- Sabe moça, eu já ouvi muita gente dizer que a gente não escolhe por quem se apaixona – a voz ressoou tranquila, mas com um breve tom melancólico – E até agora, ninguém fez isso entrar na minha cabeça.

- Por qual motivo? – ela parou ao lado da cama, observando o valor de 97% na máquina e se permitindo aproveitar a conversa.

- Bem, quando olhei para minha esposa pela primeira vez, eu tinha dezenove anos e havia acabado de voltar da guerra – as pregas envelhecidas nos cantos da boca relaxaram em um breve sorriso – Eu a escolhi, pois escolhi olhar para ela naquele dia, escolhi mergulhar em seu sorriso e no jeito que ela me contou sobre o quanto havia mudado no ano que eu passei em campo. Eu tive a chance de escolher. Havia outra moçoila muito bonita na festinha organizada no bairro para o nosso retorno e ela estava flertando comigo, mas eu preferi passar a tarde inteira conversando sobre tudo e nada com aquela que viria a ser minha esposa. E, sabe doutora Prentiss, eu não me arrependo nenhum momento de ter aproveitado a oportunidade. Você sabe como é olhar para sua cara-metade e a sensação de estar completo emergir apenas com uma troca de olhares?

 Por mais que os pensamentos do senhor fossem colocados nos termos mais românticos e antiquados possíveis, a morena não conseguiu negar o sentimento balançando dentro de si. Estar completo. Então havia sido esse o sentimento experimentado na noite anterior? Tinha certeza de ter provado algo parecido ao dormir e acordar envolvida por ambos os Hotchner presos em si de maneira tão vulnerável. Frágil até. Quais seriam suas palavras para descrever todos os olhares trocados com Aaron? Era inexplicável a energia e a carga de sentimentos transmitidos por um breve mergulho dos olhos quase negros em olhos castanhos. Assemelhava-se a uma faísca tão forte capaz de ofuscar o brilho de sabe-se lá quantos sóis. Poético, Emily, bem poético.

- Sim – balançou a cabeça em afirmação, os braços cruzaram em defesa instintiva às emoções – Eu sei sim.

 - Prentiss – o tom ríspido ecoou pelo espaço diminuto, chamando a atenção de paciente e médica, ao passo de as órbitas da última viajarem em segundos ao encontro da expressão séria e fria dele – Preciso que venha comigo – formou um sorriso sincero, as mãos nos bolsos atestando um tom de preocupação – Perdão por tirá-la do senhor, eu sei o quanto pode ser difícil se afastar desta mulher.

 A cirurgiã não pode impedir um sorriso besta de extravasar vacilante, quase em luta interna para evitar demonstrar quão perdidamente apaixonada ela estava pelo homem de gravata cinza à porta.

- Eu volto na próxima visita, Senhor Fergus.

 Seguiu o caminho de encontro ao inferno de sua vida, um sorriso pateta perdido em pedaços amáveis de alguém que ela julgava conhecer nos mínimos detalhes. Porém, ele ainda não havia contado sobre as marcas em seu abdome não é mesmo? Sim, ela foi estúpida em crer cegamente nas palavras pronunciadas pelo homem quieto e com um segredo obscuro.

 De novo.

No momento em que Hotch pediu à mulher uma conversa na sala da administração usando seu tom estritamente profissional, Emily reconheceu a clara existência de algo errado. O pecado dele costumava ser o excesso de profissionalismo e seriedade, isso era uma verdade imutável, entretanto, a escapada de um discreto tom caloroso sempre assegurava a real existência de todos os momentos compartilhados. Não hesitou em seguir a caminhada rápida do cirurgião, mesmo durante o silêncio ensurdecedor vivenciado na descida ao térreo. Nesse curto processo, percebeu alguns funcionários fitando-a e depois realizando comentários com seus afins. Preferiu ignorar e seguiu piamente seu intento.

 Assim que a porta de seu escritório fechou-se para a costa de Prentiss, as mãos enterradas no bolso e o olhar desviante causaram uma sensação quase desesperadora na mulher, a qual se aproximou da mesa amadeirada com um leve franzir de cenho em confusão.

- Hotch, está tudo bem? – ela encostou as pontas dos dígitos sobre a superfície, uma posição questionadora a fim de estimulá-lo à fala – Vem cá, você vai ficar aí com essa cara de “não sei como dizer isso” ou vai logo me contar o que está acontecendo?

- Emily... – olhou de soslaio para a mulher parcialmente nervosa do outro lado da mesa – Eu preciso que você se sente.

- Eu não quero sentar, estou bem em pé, penso melhor desse jeito – a frase formara quase uma única palavra devido à velocidade de sua pronuncia – Agora vamos ao que interessa.

 - Preciso de sua compreensão, pois nunca passei por isso e certamente não é algo ensinado na faculdade – bela mentira, você deveria ter feito Julliard – Eu não queria ter de lhe contar o que aconteceu e nunca esperei...

- Droga, Hotch! Fala logo! – cerrou os punhos e socou brevemente a mesa em pura agonia.

- Não vou perguntar se ainda se lembra do paciente que veio a óbito ontem, pois sei sua resposta – engoliu seco, finalmente permitindo contato visual entre os dois – Hoje pela manhã, eu fui chamado pela Strauss para uma conversa, ela recebeu uma ligação do serviço da funerária dizendo que o corpo foi enviado com alguns... problemas – hesitou em seguir falando o ocorrido, por mais que tivesse certeza da pergunta a ser feita pela mulher confusa em sua frente – E, infelizmente, a última assinatura antes da saída foi sua, então preciso saber se você sabe alguma coisa sobre isso.

- O que aconteceu? – um tom de medo gracejou sua colocação – Eu preciso saber.

- Emily... o corpo foi enviado... – ponderou como expressar tudo sem chocá-la – Vazio.

 A boca abriu-se em choque, os músculos da mandíbula contraíram com força e os olhos expandiram à mera imaginação de ver um corpo fresco e oco em sua frente. Sentiu um retorno violento do desjejum matinal, cobrindo a boca com a mão e as pálpebras se fecharam com força, piscando rapidamente instantes após perceber as imagens brotando. Foi uma tentativa inútil e, ao deparar-se com Aaron acariciando sua costa em meio a algumas perguntas se estava bem, o alimento retornou com força, de encontro ao pequeno saco plástico entregue a ela pelas mãos de seu parceiro. Após expelir tudo, tomou um breve minuto para estranhar tal reação de seu corpo.

- Sente-se, por favor – guiou-a a cadeira logo atrás, ajoelhando-se ao seu lado direito à medida que botou os cabelos rebeldes atrás de sua orelha – Eu não queria contar isso para você.

- Você acha que eu tenho algo haver com...?

- Não – cortou antes de ela terminar seu raciocínio – Você não faria isso, eu sei – as mãos grandes cobriram as dela e o cirurgião pôde sentir um tremor gélido – Eu nunca duvidei de você, não interessa se amanhã tudo tiver de mudar, quero que tenha certeza disso – ela apenas acenou de modo curto com a cabeça – Mas preciso saber o porquê da sua assinatura ser a última.

- Hotch... Aaron... eu não faço ideia, eu juro – respirou fundo, aquela sensação de enjoo retornava lentamente e lágrimas insistentes teimavam em querer escapar entre algumas piscadas breves – Eu deixei o bloco, assinei o atestado de óbito e o corpo foi enviado para necropsia, desse ponto em diante eu não faço ideia.

- Certo – assentiu e assegurou-a com o menor dos sorrisos – Vamos fazer assim, eu conversarei com a Strauss sobre isso, mas, nesse meio termo, vamos manter essa conversa entre nós e você vai ficar comigo e Jack hoje.

- Por...?

- Sem porquês – levantou uma sobrancelha – É uma ordem, de chefe para subordinado.

- Lembre-me de denunciar você por assédio – Emily riu fraco, acompanhando o sorriso mais expressivo dele a ponto de despontar as covinhas tão amadas por ela – Quero falar com a família dele antes do provável processo, a filha e a esposa estavam aqui ontem e preciso que elas saibam que a culpa não foi minha, preciso que elas saibam que eu fiz de tudo – manteve o olhar, embebido em lágrimas salgadas, focado em seus dedos entrelaçados – Você entende, não é?

  O homem mais velho segurou o rosto feminino em suas mãos, beijando-a com ternura antes de envolvê-la em seus braços fortes cobertos pelo jaleco diário. O cheiro de margaridas era doce e emanava dos cachos com vigor, acariciando as narinas dele em cada respiração. Aqueles braços alvos cobertos pelo tecido macio da vestimenta médica apertaram-no contra seu corpo quase em desespero por algum apoio. Emily considerou ter chorado em dois dias o quanto não havia chorado no último ano e Hotch teve a certeza de ter experimentado o maior dos espirais de sentimentos nos últimos meses. Foyet sempre ocuparia o primeiro lugar, isso era um fato. Porém, segurar aquela mulher e pensar no inevitável destino à frente, aproximou-se de sobrepujar o momento sombrio de seu passado.

 Não foi surpresa quando – após terminarem o jantar, Prentiss ler até Jack cair em sono e Hotch cuidar da louça – um beijo e uma taça de vinho terminaram em ambos despidos na cama do homem. Foi diferente de todas as outras vezes. Foi lento, com cuidado e quase doloroso pela intensidade daquilo preso em seus peitos. Atravessaram, juntos, o limiar do prazer várias vezes, a cada toque gentil do homem e a cada beijo apaixonado da mulher. Aaron amou cada pequeno pedaço dela como se o tempo tivesse parado e a única coisa existente fosse aquele momento eterno.

 Assim que a manhã consumiu os corpos abraçados em luz, uma voz sussurrou na cabeça de Emily: “essa é a última vez”.


Notas Finais


É isso gente! Espero vocês no próximo!
Ps: qualquer comentário é bem-vindo!
Ps2: BRACE YOURSELVES, WINTER IS COMING


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...