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História Mas se você vier... - Frank


Escrita por: ElizabethJules

Notas do Autor


Oi trouxas! <3

Desculpem a demora, essa semana está cabulosa pra mim por causa do enem, mas aqui estou como prometido.
E falando em enem, não sei se alguns de vocês fizeram, mas caiu um poema do Leminski que eu já citei aqui em MSVV. O Contranarciso. Fiquei muito feliz! MSVV também é cultura amores.

Espero que gostem do cap de hoje.
Boa leitura! <3

Capítulo 195 - Frank


Fanfic / Fanfiction Mas se você vier... - Frank

-S2-

Pov Frank

 

No dia seguinte acordei cedo como sempre; a movimentação na casa era intensa logo de manhã, então despertei, mas como eu dormi mal durante a noite e ainda estava péssimo, resolvi ficar mais um pouco na cama.

_ Frank..._ disse Gerard ao entrar no quarto e se sentou na cama ao meu lado.

_ Que foi?

_ Você já decidiu sobre o que vai fazer?

_ Ainda não._ falei olhando sério para ele.

_ Você dormiu bem?

_ Olha pra minha cara e diz o que você acha._ falei e ele ficou em silêncio _ Estou com dor de cabeça, vou ficar mais um pouco na cama.

_ Tudo bem, vou buscar um remédio pra você._ ele disse se levantando.

_ Não é necessário, só preciso ficar um pouco sozinho.

_ Está bem, eu já vou._ ele disse me olhando parecendo preocupado como sempre, como se eu fosse um doente e eu odiava aquilo _ Eu vou servir o café da manhã das crianças e…

_ Gerard, eu não te perguntei o que vai fazer. _ falei e ele se calou _ Me deixa sozinho apenas. E apague a luz desse quarto, é insuportavelmente forte.

Ele o fez e saiu do quarto.

Eu detestava ter que admitir mesmo que fosse pra mim, mas eu odiei dormir longe dele. Além de ter ficado chorando nem sei por quanto tempo, não consegui dormir direito, fiquei cheio de preocupação e pra completar acordei com aquela dor de cabeça chata.

Fiquei mais um tempo na cama ao mexer no meu celular; mandei uma mensagem para a minha mãe e ela estava bem pelo que me disse; depois fiquei apenas em meio a trivialidades vendo o tempo passar, até que Gerard abriu a porta do quarto com cautela e eu olhei-o.

_ O que foi agora?

_ As crianças estão lá embaixo e querem se despedir de você antes de irem pra escola. Eu digo que está dormindo ou vai querer ir falar com eles?

_ Diz que eu estou dormindo Gerard, óbvio. Não quero que meus filhos me vejam assim, então cuide deles, leve-os a escola, faça tudo. Não precisam de mim mesmo.

_ Frank!_ ele disse e eu revirei meus olhos.

_ Vai lá, Gerard. Vai lá._ falei apenas.

_ Frank, não é nada disso. Eu...

_ Gerard, eu não quero discutir logo cedo.

_ E nem eu.

_ Então faça o que eu pedi._ eu disse e ele assentiu a minha frente _ E antes que vá...

_ Eu sei, o celular.

_ Pois é._ falei pegando o celular dele em minhas mãos e ele me olhou ainda parado ao meu lado na cama _ O que está esperando?

_ Quero saber se vamos ter direitos iguais.

_ A que se refere?

_ Eu pensei que, já que você tem total acesso ao meu celular, nada mais justo que eu tivesse acesso ao seu também.

_ Ha ha ha._ ri ironicamente _ Como você é hilário.

_ Eu só…

_ Nem pensar! Você não está em condições de exigir nada. E vai logo cuidar das crianças, Gerard. Ou quer que meus filhos se atrasem?

_ Já estou indo Frank, e fique sabendo que eu não ousaria bisbilhotar seu celular, seria uma invasão a sua privacidade e eu confio em você.

_ Nossa, que legal, mas eu não confio em você._ falei sorrindo sarcástico.

_ Não gosto da maneira amargurada que está falando, não parece meu Frankie.

_ Seu Frankie era um idiota, e isso eu não serei mais. Além do que, se não estiver satisfeito, a porta da rua é serventia da casa._ falei e ele me olhou de uma forma muito triste e então, por fim saiu do quarto.

Eu fiquei ali na cama completamente confuso pra variar.

Não gostava da maneira que eu mesmo agia, mas eu parecia um louco, falava as coisas e quando via, já tinha dito tudo; de qualquer forma eu ainda estava magoado com Gerard pelo que vinha acontecendo e ainda mais pelo que aconteceu na noite anterior, eu precisava tirar aquela história a limpo, e eu tiraria, pois só a palavra dele não me bastava.

Resolvi então sair da cama e fui para o banheiro, onde tomei um banho e logo coloquei umas roupas adequadas, também preparei a roupa de banho que Gerard havia comprado pra mim ir a aula de natação, que a propósito começava naquele mesmo dia e eu queria ir lá sozinho; era hora de tomar umas atitudes por mim mesmo, ou ao menos tentar.

-S2-

Estava ali terminando de me arrumar depois de ter verificado o celular de Gerard quando Angie entrou no quarto com a bandeja na mão.

_ Bom dia, Frank.

_ Bom dia, Angie._ falei indo até ela.

_ Senhor Way pediu que eu te servisse o café da manhã na cama já que não desceu para comer conosco.

_ Muito obrigado._ eu disse me sentado na minha cama e passei a beber o suco.

_ Por nada. _ ela disse e já estava saindo do quarto.

_ Angie, vem cá, por favor.

_ Sim._ ela falou e se sentou ao meu lado na cama onde indiquei.

_ As crianças estão bem?

_ Sim, Frank. Os pequenos estão ótimos.

_ Tomaram café da manhã direitinho?

_ Todos se alimentaram muito bem, eu preparei tudo e o senhor Way ficou de olho neles._ ela disse e eu sorri.

_ Obrigado por tudo.

_ Não precisa agradecer, Frank.

_ Preciso sim._ falei _ E me diz mais uma coisa Angie, os pequenos não estranharam eu ter ficado na cama até mais tarde?

_ Um pouco. Sabe como eles são espertos, mas não se preocupe, ainda é bem cedo e se o senhor se mostrar bem o restante do dia, eles vão esquecer isso, ou melhor, já nem devem se lembrar. Nessa idade os levados só querem saber de brincar.

_ É mesmo, é verdade._ falei sorrindo _ Isso é tudo Angie, já pode se retirar.

_ Sim, Frank. Se quiser algo me chame._ disse ela se levantando e eu apenas assenti enquanto ela saia.

Pouco depois eu já estava pronto pra sair, e Gerard entrou no quarto.

_ Que bom que chegou, preciso que me desça.

Ele assentiu e veio até mim me pegar no colo.

_ Vai a aula de natação hoje?

_ Claro que vou, preciso espairecer um pouco.

_ Está certo, vou te levar lá._ ele disse descendo as escadas comigo e logo me colocou no sofá.

_ Nem pensar, eu vou sozinho. Vá buscar minha cadeira que eu vou no meu carro.

_ Tem certeza disso, Frank? Eu queria ir com você, conhecer seu professor pessoalmente, explicar a ele como está a sua saúde.

_ E pra que? Eu posso fazer isso sozinho, você fica em casa e busque as crianças na escola, não sei que horas vou voltar.

_ Como assim? Você vai a algum lugar depois da aula de natação?

_ Vou.

_ Aonde?

_ Não te diz respeito._ falei e ele ficou ali parado me olhando _ Vá Gerard, busque a minha cadeira, eu tenho que ir.

_ Tudo bem, Frank. Como quiser._ ele disse e subiu as escadas logo voltando com minha cadeira.

Me despedi de Angie e ele me ajudou a ir até meu carro, guardou minha cadeira e quando eu já estava sentado em frente ao volante ele se aproximou e disse:

_ Tem certeza que não quer que eu vá?

Bem, eu queria sim que ele fosse, mas precisava fazer minhas próprias coisas sozinho e ele não poderia saber onde eu iria depois.

_ Tenho! E não fique me olhando com essa cara, não sou uma das crianças pra você tomar conta de mim, posso me cuidar.

_ Sei disso, Frank.

_ Se afaste do carro para eu dar a partida._ falei e ele assentiu o fazendo.

_ Boa aula._ ouvi ele dizer, mas como eu já havia ligado o carro, segui em frente e nem o respondi, era melhor assim.

-S2-

Quando cheguei ao local indicado no cartão que trazia comigo, fui atendido por uma recepcionista simpática que logo pediu que eu fosse a área da piscina para esperar o professor.

Eu entrei no local estranhando por este estar vazio; duas piscinas, uma destas era enorme, ambas estavam cheias e eu sorri ao ver a água clarinha.

Fui ficar perto de uns bancos que tinham grudados a parede e não demorou a aparecer o professor, bem, deveria ser ele.

Era um homem atlético vestindo sunga de banho, então só podia ser ele.

_ Senhor Iero._ disse ao apertar a minha mão e eu sorri _ Eu sou Scott, seu professor de natação.

_ Olá Scott. Pode me chamar de Frank.

_ Tem certeza?

_ Sim, eu prefiro dessa forma._ eu disse e ele ainda sorrindo se sentou ao meu lado.

_ Então está bem, Frank. Você já veio preparado para a aula de hoje?

_ Sim, eu trouxe o que pediu, só preciso me trocar, mas me diz: por que não tem outras pessoas aqui? As piscinas são tão grandes.

_ É que o senhor Way ligou quando marcou seu horário no outro dia, ele pediu que eu desse atenção total a você durante as horas de aula.

_ Ele pediu que tirasse todas as pessoas daqui? Meu Deus, que vergonha.

_ Não faz mal, minha recepcionista só reagendou umas aulas. É cedo e não tinha mesmo muitas pessoas nesse horário.

_ Entendo.

_ Além do mais o senhor Way já pagou por um ano de aula, ele quer que te tratem muito bem, então aqui estou a disposição.

_ Por que não me surpreendo? Gerard não tem jeito!_ falei indignado.

_ Desculpe a intromissão, mas posso perguntar o que ele é seu?

_ Ele é meu companheiro, temos uma família juntos.

_ Tem filhos?

_ Quatro._ falei sorrindo e ele sorriu também.

_ Por que tantos?

_ Eu tinha três, ele uma, agora juntos temos quatro.

_ Que legal! Um dia quero ter filhos também._ ele disse sempre sorridente _ Mas não vou continuar perguntando da sua vida pessoal, vai pensar que eu sou fofoqueiro._ ele falou e eu ri.

_ Não se preocupe, eu gosto de falar das crianças.

_ Que bom que não se incomodou com as minhas perguntas._ ele disse _ Agora me conta da sua saúde, eu sei um pouco apenas, o senhor Way me mandou digitalizado um laudo médico, você é paciente do doutor Louis, não é mesmo?

_ Sim, isso mesmo. O doutor me recomendou que praticasse algum esporte, preciso ganhar força nos braços principalmente e além do mais preciso me distrair.

_ Vai conseguir isso tudo, e pode contar comigo para o que precisar.

_ Obrigado._ falei sorrindo.

_ Você já nadou antes?

_ Quando criança eu nadava um pouco, já morei em vários lugares quando era pequeno então desde muito novo já sabia nadar. O fato é que nunca pratiquei um esporte que seja, das vezes que nadei era mais por lazer.

_ Entendo, não se preocupe. No começo pode ser um pouco puxado, mas depois você se acostuma e vai gostar de nadar de novo.

_ Assim espero. Sabe, não posso fazer muitas coisas, na verdade eu posso, mas não sei bem. Fiquei paraplégico há pouco tempo e estou aprendendo a lidar com tudo que isso implica.

_ Como disse, pode contar comigo. E você vai ver que ainda pode fazer milhares de coisas, talvez precise aprender muitas delas, mas tenho certeza de que vai conseguir.

_ Obrigado._ falei sinceramente olhando pra ele.

_ De nada._ ele disse e se levantou _ Então, podemos começar?

_ Sim, claro.

_ O vestiário fica bem ali._ ele disse apontando para uma porta.

_ Está bem, vou lá me trocar e já volto._ falei e ele assentiu.

Então segui para o vestiário com a mochila que eu trazia comigo, tirei minha roupa e coloquei a sunga de banho.

Eu nunca tinha vestido aquela, Gerard que comprou pra mim eu nem sei quando, mas ele se lembrou de comprar, ainda bem, pois eu estava tão magro que ficaria estranho com as minhas antigas.

Me olhei depois que guardei minhas roupas na mochila e deixei esta em um banco ali; eu estava vergonhoso pra variar. E ainda bem que mais ninguém me veria daquela forma além do professor, já seria constrangimento o suficiente.

E mesmo envergonhado eu decidi sair logo daquele vestiário e encarar a realidade, era melhor, pois quanto antes começasse aquela aula, antes terminaria.

Fui até o professor Scott que estava em frente a piscina me esperando e quando ele me viu não sei porque abriu um grande sorriso.

_ Uau, quantas tatuagens!_ ele disse me olhando e eu acho que corei de vergonha. Ele se aproximou parecendo arrependido _ Me desculpe, é só meu jeito, não quis te constranger. Eu nem deveria ter dito, sou seu professor. No que eu estava pensando?!

_ Está tudo bem._ falei o acalmando _ Estou horrível, eu sei.

_ Não está não, pelo contrário. Eu sempre quis fazer uma tatuagem e nunca tive coragem.

_ Não dói tanto assim._ falei sorrindo e ele riu.

_ Talvez eu me convença disso a partir de agora._ ele disse e me olhou fixamente de novo _ Você me parece tão… Delicado, não achei que tivesse tantas.

_ Fiz há uns anos atrás, eu gosto.

_ E tem razão, elas são incríveis._ ele disse me ajudando a ir para outra cadeira a qual eu entraria na piscina.

_ Obrigado._ falei surpreso com o elogio.

_ De nada._ ele disse entrando na água comigo pela rampa e me surpreendi com a água morna.

_ Nossa, achei que a água estaria um gelo!

_ Claro que não, o dia já está bastante frio, você não poderia enfrentar uma água tão gelada como fica normalmente._ ele disse _ Está boa a temperatura?.

_ Está perfeita._ falei sorrindo com as minhas mãos na água.

_ Vamos começar._ ele disse sorrindo e assim o fizemos.

-S2-

Tive duas horas de aula, Scott foi atencioso e cuidadoso o tempo todo, era um bom professor certamente, mas a parte mais difícil foi nadar; não que eu não soubesse, eu sabia, mas meus braços pareciam dormentes quando a aula acabou; eu estava há tanto tempo sem fazer qualquer esforço que utilizar tanto meus braços naquela manhã, me deixou exausto, muito cansado mesmo. Não achei que fosse ser tão difícil.

_ Frank, você está bem?_ ele perguntou e eu assenti com meus braços debruçados na beirada da piscina.

_ Sim.

_ Pareceu triste toda a aula.

_ É que eu estou com um problemas em casa, e também tem me incomodado estar um pouco abaixo do peso. Depois de tudo que passei, e agora me adaptando com o veganismo, não tem sido fácil.

_ Você está ótimo Frank, no começo é difícil mesmo, especialmente se adaptar com o novo paladar.

_ Como sabe?

_ Eu sou vegano também.

_ É mesmo?_ perguntei sorrindo e ele assentiu.

_ Se tiver alguma dúvida, me pergunte eu sou vegano há muitos anos.

_ Que legal, eu gostaria de ter conhecido sobre há mais tempo.

_ Tudo vem na hora certa._ ele disse e eu fiquei pensativo _ Espero que tenha gostado da aula.

_ Eu gostei, obrigado por tudo.

_ Que bom que gostou, e eu que agradeço por ter vindo. _ ele disse ao meu lado _ Amanhã é provável que sinta dores no corpo, especialmente nos braços pelo esforço muscular, mas vai passar.

_ Entendi._ falei.

_ Vou ter que sair agora, quer ajuda pra sair da piscina?

_ Obrigado, mas eu consigo sair sozinho, já sei como funciona._ falei _ Eu poderia ficar aqui mais um pouco?

_ Sim, claro. Sinta-se em casa. Eu gostaria de ficar te fazendo companhia, mas tenho que sair para o almoço.

_ Tudo bem._ eu disse e ele sorriu.

_ Até semana que vem Frank, desculpe qualquer coisa.

_ Até semana que vem, e… Não se preocupe, você foi muito gentil.

Ele ainda sorrindo saiu da piscina e foi para o vestiário, eu fiquei ali quieto na água colocando meus pensamentos em ordem e até me esqueci do tempo, pouco depois escuto a voz dele.

_ Tchau, Frank._ ele disse parado a porta que dava para a sala de espera.

_ Tchau, Scott.

_ Ah, e antes que eu me esqueça. Foi um prazer te conhecer.

_ Igualmente._ eu falei sorrindo como ele que logo saiu e então me vi sozinho naquele lugar. Desfiz meus sorriso ao que minhas preocupações me tomaram novamente.

Aproveitei a solidão e que estava fora de casa, então fiz o que estava querendo fazer desde cedo, comecei a chorar.

 

Eu fiquei ali chorando por um longo tempo, me sentia cansado; eu estava uma confusão de sentimentos, com medo, e até triste por tudo que tinha acontecido comigo e principalmente com minha família, eu tinha medo do que estava por vir, eu não tentava não demonstrar, mas eu tinha.

Então eu continuei ali chorando eu nem sei por quanto tempo afinal, mas teve uma hora que eu parei, e foi quando eu ouvi uma voz sussurrar com certeza do que dizia, bem perto do meu ouvido, tão perto que eu pude sentir a respiração atrás de mim. Eu ouvi alguém dizer: vai ficar tudo bem, apenas confie.

Bem, ouvi aquilo e paralisei na hora, mas não perdi tempo, já secando minhas lágrimas me virei depressa e olhei por toda parte, estava tudo vazio, e mesmo se alguém tivesse entrado na piscina e falado aquilo, era impossível ter saído depressa, primeiro porque não daria tempo e também porque eu ouviria alguma movimentação na água, mas não, eu não ouvi nada.

Voltei a chorar escondendo meu rosto em meus braços novamente debruçados na borda da piscina, eu devia estar ficando louco pra completar.

Eu juro que senti uma paz enorme dentro de mim ao ouvir aquelas palavras, mas como não tinha explicação eu só podia estar delirando, viajando, então empurrei aquela paz para longe e voltei a chorar como um bobo.

_ Frank… Ei Frank, o que houve? Por que chora assim?

Ergui meu rosto constrangido, mas ainda chorando tentei secar minhas lágrimas inutilmente.

_ Não foi nada..._ falei tentando desconversar.

_ Se eu soubesse que estava tão mal, não teria ido._ falou Scott.

_ Por que voltou?

_ Eu esqueci minha carteira no vestiário._ ele disse parecendo preocupado _ Vamos, saia da piscina, já está há muito tempo aí._ ele disse pegando uma toalha e eu assenti, indo até a cadeira para sair da piscina pela rampa, e quando o fiz Scott cobriu minhas costas com a toalha.

_ Obrigado._ falei seguindo para o vestiário e ele veio atrás de mim, logo entrando ali e pegando a sua carteira enquanto eu fui para uma cabine me trocar.

_ Frank, me deixou preocupado te ver daquela forma; vamos conversar um pouco, talvez eu possa te ajudar.

_ Não poderia me ajudar, e além do mais eu… Tenho que fazer umas coisas, não posso mais perder tempo._ falei colocando minhas roupas assim que me sequei, então guardei minha toalha, minha sunga em uma bolsa específica na mochila e saí dali.

_ Tudo bem, eu acabei de te conhecer, não tenho que me meter, mas… Fique bem Frank. Faça o que tem que fazer, mas fique bem.

_ Te importa?_ perguntei confuso, porque o que ele tinha a ver com a minha vida?

_ Se importaria se eu me importasse?_ ele perguntou e eu ri sarcástico passando para a minha cadeira que ele trouxe e então saí dali depressa.

_ Até semana que vem, obrigado pela preocupação, mas tenho que ir.

_ Frank, parece que você mudou de repente._ ele disse e eu olhei-o dando de ombros.

_ Tchau, Scott.

_ Tchau, Frank._ ele disse e eu passei pela sala de espera e ao sair dali fui direto para meu carro.

Era melhor assim, Scott estava querendo saber demais e eu não queria ser grosseiro com ele,e como já estava perdendo a paciência, faltava pouco pra isso.

Ninguém mais poderia resolver a minha vida, só eu.

-S2-

Fui então para meu bairro, mas não para casa, fui para a farmácia que estive anteriormente.

Eu precisava saber a versão da garota da história. E talvez eu tivesse uma surpresa.

Quando cheguei ao estabelecimento, a garota me olhou séria, já não estava sozinha, tinha um homem mais velho perto dela, talvez o dono do local.

Eu pensei que ela me evitaria, mas logo veio me “atender”.

_ Posso ajudar?

_ Quero conversar com você, apenas conversar, mas não aqui.

_ Mas por que quer falar comigo?_ ela perguntou em um tom e atitude completamente diferentes do dia anterior.

_ Por que você acha?_ perguntei sério olhando nos olhos dela _ Vamos lá, arrume uma desculpa pra sair daqui comigo agora ou eu detono com você para o seu chefe.

_ Shhh, fala baixo. Vou falar com meu tio e já volto._ ela disse e eu fiquei ali olhando as prateleiras enquanto ela conversava com o tal tio dela, e em menos de cinco minutos ela tirou o jaleco branco, deixou em um canto e veio até mim.

Saímos lado a lado do local e eu segui até meu carro.

_ Entra aí._ falei e ela o fez sem hesitar.

Depois eu o fiz e passei a dirigir ainda em silêncio.

_ Pra onde está me levando?

_ Não te interessa._ falei olhando para as ruas a minha frente.

_ Você não vai me bater ou algo assim por eu ter mexido com o seu homem? Ou vai?

_ Ah, agora você se deu conta de que ele é MEU homem?

_ Bem… Eu não sabia.

_ Vou querer saber como soube já já._ falei e segui até outro ponto do bairro, em uma lanchonete velha e afastada que tinha visto uma vez e parei o carro ali, saí e a garota veio atrás de mim.

_ Me trouxe pra comer um lanche?_ ela perguntou e eu ri.

_ Não, você vai ficar só olhando e respondendo perguntas enquanto eu tomo um café._ falei e me sentei em uma mesa qualquer do local quase vazio; pedi um café pra mim e a garota sentou a minha frente parecendo aflita.

Fiquei calado até meu café chegar, dei uma golada na bebida favorita de Gerard e sorri ao começar meu interrogatório.

_ Vamos começar.

_ O que quer saber? Pra que me trouxe aqui?

_ Porque talvez você saiba de coisas que me dizem respeito._ falei _ Primeiro me diz quem é você e por que essa mudança repentina de atitude, da garota louca e escandalosa do outro dia para essa menina medrosa e frágil agora?

_ Acontece que como é a coisa mais rara ter um barraco nesse bairro chato, eu contei tudo para minhas as amigas, e uma delas, me disse que uma outra amiga dela a contou…

_ Diz logo.

_ Que você e Gerard Way estão juntos mesmo como casal, são uma família.

_ E pra você isso pouco importa, certo? Então o que mudou?

_ Pra começar eu mudei. Você me perguntou quem eu era e… Eu sou Mandy, trabalho naquela farmácia com meu tio, meu pai é sócio do lugar e só por isso continuo lá.

_ Você aprontou, não é mesmo?_ perguntei e ela baixou a cabeça.

_ Sim, eu vendia remédios ilegais, entre outras coisas.

_ Drogas, entendi.

_ Sim… Drogas..._ ela dizia encabulada _ Eu também usava, até o dia que tive um surto no trabalho mesmo e meu tio me expulsou, aí meu pai me internou em uma clínica. Eu estou limpa há meses, mas ainda tenho uns surtos as vezes, eu… Explodo.

_ Eu vi._ falei bebericando o café.

_ Mas eu prometi ao meu pai que mudaria e eu dei barraco de novo, ainda bem que estava sozinha naquele momento.

_ Sorte sua mesmo, ou estaria no olho da rua agora.

_ Pois é… E sobre você, minhas amigas me falaram que você e Gerard são pessoas sérias, gente decente, e eu percebi que tinha cometido um erro daqueles. Na verdade dois, quando vendi medicamentos para Gerard e quando o provoquei daquela forma na sua frente. Desculpe…

_ Peça desculpas pra Deus, pra mim as suas desculpas não servem de nada._ falei e ela me olhou tensa _ Garota, me diz logo qual a sua relação com Gerard. Seja lá o que for, eu quero saber tudo.

_ Que relação? Do que está falando?

_ Não se faça de boba, eu mesmo ouvi você dizer que vendia medicamentos pra ele.

_ Eu o vi só uma vez, foi quando o vendi medicamentos. Ele é bonito, eu não sou cega e como não estava boa da cabeça, me joguei pra cima dele pra ver se conseguia algo.

_ E…

_ Ele só me deu dinheiro e foi embora.

_ E não o viu outras vez?

_ Não, bem que eu queria, eu dei meu número a ele, mas Gerard não me ligou e em parte por culpa minha.

_ Por quê?

_ Porque eu poderia ter continuado a vendê-lo remédios, mas não, eu entreguei o ouro pra ele, eu o disse como se conseguia. Indo de médico em médico.

_ Sua desgraçada! Você que deu essa ideia maluca a ele?!

_ Sim… E sinto muito, sei que passaram por dificuldades na vida pessoal de vocês, minha amiga me contou que vocês até sofreram acidente.

_ Nós quase morremos, ele ficou muito mal e… Deixa pra lá, não te interessa.

_ Eu juro que sinto muito, essas maluquices que eu fiz quase acabaram com a minha vida, e pelo visto com as de outras pessoas também.

_ Você mesmo sem ter noção disso, deu uma ideia a pessoa errada, na hora erra, e aconteceram as piores coisas possíveis. Quase acaba com uma família inteira._ eu disse e ela baixou a cabeça.

_ Eu não fazia ideia do que estava fazendo.

_ Não mesmo._ falei _ Agora me diz: isso é tudo que sabe sobre Gerard?

_ Sim, é tudo que eu sei. Eu não sabia nada da vida dele, tanto é que pensei mesmo que ele fosse hétero, isso até minhas amigas me contarem o que sabiam e que… Ele é gay.

Eu que baixei a minha cabeça dessa vez. Tudo bem, Gerard tinha errado mil vezes, mas eu também problematizei demais sobre essa questão da garota, estava na cara que ela nem conhecia ele mesmo.

_ Algum problema?

_  Não te interessa._ falei olhando sério pra ela e logo paguei meu café saindo dali, a menina veio atrás.

_ Isso é tudo que queria saber? Por quê?

_ Não te devo satisfações._ falei e entrei em meu carro batendo na porta com força e logo dando partida.

_ Não vai me levar de volta pra farmácia?

_ Não.

_ E como eu vou voltar?

_ A pé._ falei e saí de vez com meu carro daquela rua vazia deixando a tal Mandy para trás.

Andei perdido por umas ruas até que parei meu carro por estar com as vistas embaçadas, voltei a chorar.

Que inferno minha vida havia se tornado!

Eu estava fazendo coisas que nem eu mesmo me reconhecia.

E tudo por quê?!

Meu celular tocou em meu bolso e eu peguei para ver quem era.

Ann. Sequei meu rosto de mau jeito e atendi tentando parecer bem, inutilmente a propósito.

_ Alô, Ann.

_ Alô, Frank. Sua voz está embargada, você estava chorando?

_ Pra você eu não posso mentir, sim, eu estava chorando pra variar.

_ O que houve Frank? Brigou com Gerard?

_ Não foi isso é que… Eu achei que ele tivesse um caso com alguém e ele não tinha.

_ Como assim?

_ Longa história.

_ Você está em casa, Frank? Queria conversar com você, mas pessoalmente.

_ Eu estava voltando pra casa, mas não quero ir pra lá agora. Estou péssimo.

_ Você está de carro?

_Sim.

_ Então vem para o shopping, eu estou no meio horário de almoço aqui.

_ Não sei Ann, um shopping era o último lugar que eu queria ir agora.

_ Você pode vir até o escritório do Chris, fica no último andar. Eu te encontro na entrada do shopping e nós conversamos e almoçamos juntos do escritório; é um lugar mais reservado, o que acha?

_ Eu acho ótimo, se for assim eu vou. Não demoro.

_ Tudo bem, estarei te esperando. Beijo.

_ Beijo._ falei desligando meu celular agora dirigindo rumo ao shopping.

-S2-

Chegando lá, Ann me recebeu carinhosamente com um abraço, assim como Chris que nos deixou a vontade em seu escritório para almoçarmos e conversarmos.

_ Será que ele não se incomoda, Ann?

_ Depois eu converso com ele.

_ O que?! Você me chama pra almoçar no escritório dele sem a aprovação dele?

_ Não é que ele reclamou ou algo Frank, ele ficou de boa sobre almoçarmos aqui. É outra coisa.

_ É o que então?

_ Sabe como os homens são bobos as vezes, não sabe? Então, não vale a pena falar.

_ Me conta, Ann. O que incomodou ele?

_ É que o Chris tem ciúmes de você, pronto, falei.

_ Por quê?

_ Porque ele sabia que eu tinha certo interesse por você antes e as vezes ele ainda me acusa disso.

_ Que besteira.

_ Pois é._ falei e abrimos nossas bandejas assim como servimos as bebidas.

_ Bom apetite, Frank.

_ Bom apetite, Ann._ falei já mais calmo e levantei nossas taças para um brinde.

_ Comida vegana!_ disse Ann me arrancando um sorriso.

_ Comida vegana._ falei e então passamos comer.

Logo depois bebemos um pouco e então ela perguntou:

_ Você está melhor?

_ Sim, obrigado por não chegar logo me massacrando com perguntas, eu precisava esfriar a cabeça.

_ Agora se prepare que lá vem as perguntas._ ela disse e eu sorri.

_ Pode dizer.

_ Me conta tudo!

_ Nem sei por onde começo.

_ Penso que estava chorando por questões de Gerard ou de sua família, então me fiz, onde estão ele e as crianças?

_ Pela hora..._ falei olhando no relógio _ Ele já deve ter ido buscar as crianças na escola, devem estar almoçando ou eu não sei…

_ Como assim?

_ É que eles tem tantas atividades que eu nunca sei o que fazem a cada dia a tarde; só Gerard mesmo pra conseguir administrar aquela loucura.

_ Frank, não estou te entendendo.

_ O que há?

_ Você sabe que não está bem Frank, e quero saber porque. Estou preocupada com você. Por que estava chorando?

_ Ann, é tanta coisa, mas vou tentar ser breve._ falei e então passei um longo tempo contando a Ann como tinham sido meus últimos dias e depois contei os últimos momentos, desde a aula de natação, até minha conversa com Mandy e minhas crises de choro _ E então, o que tem a me dizer, Ann?_ perguntei quando tinha terminado o relato.

_ Frank, você não está normal.

_ Acha que estou agindo mal?

_ Eu não vou te julgar Frank, mas… Essas coisas que me disse só me deixaram mais preocupada ainda._ ela falou e segurou a minha mão _ Estou com medo que esteja começando um quadro de depressão.

_ Não Ann, não é pra tanto. Eu fui ao psicólogo e ele não mencionou nada sobre isso.

_ E como foi com ele?

_ Foi bem, mas eu não falei muito sobre mim como pode imaginar.

_ Então faça isso Frank, comece a ser mais transparente o quanto conseguir com seu psicólogo, você precisa se tratar.

_ Acha que estou louco?

_ Não, claro que não._ ela disse sorrindo fracamente _ Só digo isso porque te amo e não aguento mais te ver sofrendo.

_ Ann, eu gostaria de ser diferente, mais sensato talvez, como sempre fui, mas isso é tudo que posso ser no momento.

_ Eu sei… Sabe Frank, desde que te conheci eu sempre achei que Gerard te fazia mal, e pela primeira vez eu vejo ele agindo de uma forma íntegra com você, e justo agora você parece ter entrado em um buraco que não consegue sair.

_ Meu relacionamento com Gerard… Não faz ideia de como me perturba, Ann.

_ Por quê? Eu não estou entendendo nada, há uma semana atrás você estava enlouquecido com medo de não conseguir fazer sexo, querendo agradá-lo, não dar trabalho, com medo de ser abandonado e agora você que está deixando ele com esse medo. Eu sinceramente já não consigo acompanhar a dinâmica de vocês.

_ Ann.. Nem me fale em sexo e na nossa “dinâmica”. Eu sinto tudo tão frágil que nem consigo pensar mais em sexo agora, sinto que se eu ousasse nervoso do jeito que estou, eu fracassaria e nosso relacionamento acabaria de vez.

_ Ele não quer só sexo Frank, ele te ama e já mostrou estar disposto a esperar por você.

_ Está defendendo ele? Isso sim é difícil de assimilar.

_ Eu não queria que se separassem, só quis que dessem um tempo pra não passaram por… Isso. Além do que, tem que admitir Frank, você errou feio com ele dessa vez.

_ Ele colocou mesmo as mãos nos peitos daquela garota pra pegar os remédios!

_ E o que isso importa? Já passou, tem muito tempo e o problema é que você achou que ele tivesse um caso com essa menina, com mais essa pessoa você fantasiou coisas que claramente não existem.

_ E como pode ter tanta certeza de que ele não tem um amante?

_ Não, eu não posso ter certeza, assim como não posso ter certeza sobre a intimidade de ninguém, nem do meu próprio namorado, mas se resolvi estar com ele, tenho que respeitá-lo e confiar.

_ Sei disso Ann, sei disso, mas não consigo… _ falei chorando e ela segurou firme em minha mão _ Eu sinto como se algo tivesse se partido dentro de mim e eu nem sei quando. A coisa que eu mais tinha era amor e confiança por Gerard, e agora apesar de amá-lo, já não consigo confiar e isso tem nos prejudicado muito, não sei o que fazer.

_ Frank, tem certeza que ama ele?

_ Como assim, é claro que eu amo ele.

_ Por quê?

_ Porque sim, porque ele é o amor da minha vida.

_ Que resposta mais estranha..._ ela disse e eu compreendi colocando uma de minhas mãos em minha cabeça.

_ Ann, vou te contar agora algo que eu nunca contei a ninguém.

_ É sobre você e Gerard?

_ Sim, é sobre nós dois._ falei e ela ficou atentamente ouvindo enquanto eu prossegui _ Ann, eu conheço Gerard desde criança. Ele é meu primeiro amor, meu amor de escola. Sei que posso parecer ridículo, mas…

_ Não, você não é e nem parece ridículo, continue. Me explica essa história, como eu nunca soube disso?

_ Eu nunca contei, seria estranho porque desde que reencontrei Gerard quando éramos dois jovens, ele agiu como se tivesse me apagado da memória. Assim que vi ele, o abracei feito um louco e ele me olhou como se eu fosse tal, mas sorriu.

_ Então ele não lembrava de você?

_ Não._ falei olhando para as minhas mãos _ Ele não lembrava mesmo, tanto é que me fazia perguntas básicas, até mesmo como era meu nome, sendo que eu me lembrava dele perfeitamente bem, sabia os nomes de seus pais, de seu irmão e mais algumas memórias de infância. E sei que pode parecer loucura, pode ser difícil pra você ou outra pessoa entender, mas eu simplesmente não consigo me imaginar sem ele; e toda vez que eu tento, ou até penso em me afastar, eu volto e começa tudo de novo. Ele foi meu primeiro beijo, meu único amor, o único homem na minha vida, por mais que ele não se dê conta, ele é. E eu o amo ainda, mesmo depois de tudo. Posso ficar com raiva as vezes, posso ficar magoado até, mas meu amor não me deixa opção, eu não posso com isso.

_ Frank… Eu não sei o que dizer.

_ Nem eu.

_ Bem, a história de vocês é muito bonita, mas também muito triste.

_ É sim…

_ Já pensou na possibilidade de você ser só acostumado com essa ideia de amar ele, sei lá… Como uma obsessão.

_ Não sei Ann, minha cabeça parece que vai explodir de tanto que eu penso e não chego a conclusão nenhuma.

_ Ainda vai continuar com essa inspeção no celular dele e todas essas teorias de traição.

_ Eu não sei… Gostaria de dizer que não, mas a essa altura não posso mais prometer nada. Nunca sei o que vem em seguida, eu só sei que algo está por vir, sempre está.

_ Frank, pensa comigo: se ele não te amasse, se ele estivesse te traindo, pra que ele ia aguentar tudo isso em cima dele? As pressões, as obrigações, você quase sempre passando dos limites?

_ Eu não sei._ falei palavra por palavra _ Quero acreditar que ele me ama, mas… Não dá.

_ Por que alguém não te amaria? Você é um bom homem Frank, independente de Gerard ou qualquer circunstância, só não deixe de ser o Frank bom que eu conheço.

_ O Frank bonzinho parece está esgotado.

_ Não acha melhor mesmo vocês viajarem um pouco? Sei que tem muitos afazeres, mas é uma boa ideia.

_ Não podemos, Ann. Gerard tem compromissos, as crianças também e… Eu aparentemente não consigo mais corresponder a minha própria família.

_ Tenha paciência, as coisas vão se ajeitar.

_ Ann, eu não consigo ter uma relação saudável com Gerard, não consigo encarar meus filhos, não consigo cuidar da minha casa, ao que tudo indica eu sou um inútil; é isso que me tornei e não estou suportando essa sensação junto com todas as desconfianças que tenho.

_ Você é muito importante para todos, Frank.

_ Já não sou, eles se viram bem sem mim.

_ Você está enganado, eles podem conseguir se virar sim, mas com você tudo ficaria melhor. Você faz parte da família e eles ficariam muito felizes se você ficasse bem e voltasse a interagir normalmente com eles.

_ Eu estou deixando todos infelizes, sei disso._ falei me contando para não voltar a chorar, eu não aguentava mais.

_ Não Frank, mas vai deixar se continuar indo ladeira abaixo.

_ E o que eu faço, Ann? Eu sei que o pilar da minha família é meu relacionamento com Gerard, as crianças o amam e precisam dele, mas eu não consigo lidar com ele, eu não consigo confiar. As vezes eu quero ficar perto dele, em paz, mas as vezes eu não consigo suportá-lo.

_ Dê um tempo a si mesmo Frank, não se cobre tanto. E dê um tempo para pensar, não se separe dele com a cabeça quente. Deixe as coisas o mais pacíficas possíveis, tente ficar calmo, conte comigo se precisar e… É isso, dê tempo ao tempo. Só assim vai saber se esse relacionamento vai suportar tudo ou não.

_ Tem razão, pra começar eu preciso manter a calma. Vou tentar levantar a cabeça e seguir em frente.

_ Isso aí, não quero saber de você triste._ ela disse se levantando e pegando a minha mãe, logo passei a acompanhá-la _ Tive uma ideia.

_ Aonde vamos?

_ Ao salão de beleza que tem aqui, acho que uma mudança de visual vai te dar o up que precisa pra voltar pra casa com tudo.

_ Será?

_ Vamos tentar._ ela disse sorrindo e então fomos para o salão do shopping.

-S2-

Lá fiquei esperando para ser atendido e em algum momento meu celular tocou(pela milésima vez) e eu resolvi atender por fim:

_ Alô, Gerard.

_ Frank, está tudo bem?! Te liguei várias vezes e não consegui falar com você.

_ Para de escândalo, eu já disse, sou um adulto e posso me cuidar, é claro que estou bem.

_ Só estava preocupado com você.

_ Era só isso?

_ Também quero saber onde está.

_ No shopping com Ann, algum problema?

_ Nenhum Frank, é só que… Hoje trouxe Li ao psicólogo e achei que quisesse vir conosco.

_ Por que não me lembrou disso?! Eu queria ter ido!

_ Eu tentei falar com você e não consegui, mas não se preocupe, eu estou aqui com ela.

Droga!

_ Estão todos bem?

_ Sim, os pequenos estão bem. Eles estão com Angie e Alex, logo volto pra casa com Li.

_ Não vou demorar. Tchau._ falei e desliguei.

Ann me olhou séria.

_ Por que falou com ele desse jeito?

_ De que jeito?

_ Foi estúpido.

_ Ann!

_ Desculpe Frank, mas eu sou franca e você foi grosseiro sim.

_ Ele que me irritou.

_ O que ele disse?

_ Nada, ele só está me infernizando ligando o tempo inteiro.

_ Talvez ele tenha ficado preocupado e com razão, até porque você que não sai da cama, do nada resolve sair de carro e fazer tudo sozinho.

_ Ann, não seja chata também. Me apoie, ok?

_ Ok Frank, ok.

_ Vamos mudar de assunto.

_ Eu estou com uma dúvida martelando aqui.

_ O que?

_ Quero saber mais detalhes de como foi hoje na natação.

_ Cansativo.

_ Não quero saber disso bobinho, quero saber como era o professor, se ele é gato?

_ É um rapaz bonito, não vou negar.

_ Você falando desse jeito fica tedioso._ ela disse eu sorri.

_ O que quer que eu diga?

_ Por favor Frank, você passou duas horas sozinho de sunga com um cara na mesma situação!

_ Em uma aula, em uma piscina, nada demais.

_ Sim, demais. Pelo que me contou por alto, o tal professor Scott pareceu interessado até demais na sua vida.

_ Também achei, mas deve ser um curioso.

_ Ou talvez…

_ Nem vem com essas ideias Ann, um homem como aquele nunca olharia pra mim se me visse na rua, só foi solícito porque está sendo bem pago por isso, e por Gerard a propósito.

_ Mas imagina se esse professor se interessasse por você. Gerard ficaria uma fera._ ela falou rindo e eu consegui rir, ela me abraçou.

_ Você inventa cada uma Ann, deveria se juntar a Gerard e escrever estórias.

_ Quem sabe um dia._ ela disse e olhou para a moça que chamava meu nome _ Vamos lá senhor Iero, a minha cabeleireira preferida vai fazer um corte lindo em você.

_ Assim espero, Ann._ falei sorrindo e logo a moça passou a cortar meu cabelo que precisava mesmo daquilo, estava muito estranho.

Não muito depois eu me olhei no espelho e sorri, não era eu em meu melhor momento, mas estava bem melhor do que antes; o corte mais curto de lado, me deixava mais maduro também.

_ Gostou?_ perguntou a moça.

_ Sim, gostei muito._ falei sorrindo e quando vi Ann já tinha ido pagar _ Obrigado._ eu disse a ela e fui até Ann_ Ei, está bancando Gerard agora? Eu ia pagar.

_ Eu convidei você, e sim, gosto de bancar Gerard quando posso, não sou rica como ele, mas tento.

Ri de novo saindo com ela do salão.

_ Obrigado Ann, por tudo.

_ De nada, e me desculpe as palavras às vezes, só quero que fique feliz moço._ ela disse me abraçando e eu sorri.

_ E eu desejo o mesmo a você._ falei e olhei as horas no meu relógio _ Mas agora acho melhor eu ir Ann.

_ E eu vou voltar ao trabalho. Qualquer coisa me liga.

_ Pode deixar, tchau Ann.

_ Tchau, Frank._ ela disse seguindo seu caminho e eu segui o meu.

-S2-

Não passei em mais lugar algum, fui direto pra casa e assim que entrei lá, os pequenos logo vieram me abraçar.

_ Pai! Você demorou!_ disse Ban.

_ Onde estava, pai? Você sumiu!_ falou Miles.

_ Ficamos preocupados._ disse Cher ao lado de Alex que sorriu pra mim.

_ Eu estava com a tia Ann, pequenos, mas já estou aqui. Estou bem.

_ Seu cabelo está lindo, pai!_ disse Cher.

_ É mesmo, você ficou mais lindo ainda pai Frank._ falou Ban.

_ Depois quero cortar meu cabelo assim também._ disse Miles me surpreendo e eu sorri.

_ Posso te levar pra cortar quando quiser, filho.

_ Está bem._ ele disse.

Ban me abraçou novamente e Cher me entregou algo.

_ O que é isso?_ perguntei.

_ Pai Gerard comprou chocolate pra gente, como você não estava aqui, ele pediu que te entregássemos._ explicou-me Ban e eu abri a embalagem da barra de chocolate bonita.

_ E nós nem comemos._ disse Miles olhando com os olhinhos brilhando para a barra.

_ Obrigado por isso, eu vou dividir com vocês._ falei e eles comemoraram, eu ri, mas logo parei ao me dar conta de que tinha um pequeno bilhete grudado a embalagem, e tinha a letra de Gerard.

_ Não vai ler?_ perguntou Cher e eu assenti o fazendo.

“Chocolate vegano pra você, espero que goste. Com amor. Gerard.”

Ai que lindo..._ pensei sorrindo emocionado ao ver que era mesmo chocolate vegano e que depois das coisas que eu vinha falando e fazendo, lá estava ele paciente e com aquele gesto simplesmente doce.

_ O pai Frank está apaixonado, o pai Frank está apaixonado!_ cantarolaram as crianças e eu me dei conta de que estava olhando feito bobo para aquele chocolate e aquele bilhete.

_ Crianças!_ eu disse encabulado e eles cessaram o coro assim que Gerard entrou pela porta com Li.

A pequena veio me abraçar correndo e Gerard ficou olhando fixamente pra mim assim como eu olhava pra ele.

_ Você está lindo, pai!_ disse Li.

_ É Frank, você está lindo._ disse Gerard sorrindo.

_ Obrigado… Com tantos elogios vocês me deixam com vergonha.

_ Pai..._ disse Miles.

_ Sim, filho._ falei olhando-o.

_ Já pode me dar um pedacinho do seu chocolate?

_ Miles!_ falou Gerard e eu sorri já sabendo que ele daria bronca no pequeno _ Eu te comprei duas barras pra você não perturbar o seu pai Frank e deixar ele comer o chocolate dele sozinho.

_ Mas pai…

_ Vai lá pra cima brincar, depois conversamos sobre isso._ disse ele e Miles assentiu _ Alex, leve os pequenos para brincar no quarto deles, preciso conversar a sós com Frank.

_ Pode deixar, G! Vamos lá crianças!_ disse Alex subindo as escadas correndo e os pequenos a seguiram depressa.

Gerard foi se sentar no sofá e eu parei a frente dele.

_ Depois vou dividir o chocolate com as crianças, eles não vão sossegar se eu não fizer isso.

_ Eles já comeram muito doce hoje, pode comer o seu chocolate tranquilo Frank.

_ Eu vou dividir com eles._ falei decidido e ele assentiu.

_ Como quiser._ ele disse e eu fiquei o olhando _ Podemos conversar agora?

_ Podemos.

_ Como foi hoje?

_ Foi tudo bem.

_ Te trataram bem na aula de natação?

_ Sim, e você não deveria ter pago tanto, Gerard.

_ Eu achei que fosse o melhor.

_ Onde esteve pela manhã?

_ Eu levei as crianças a escola como sabe, e depois fui ao hospital pagar as despesas de Bárbara.

_ Ela está bem?

_ Ela vai ficar, vai se operar em breve.

_ Que bom._ eu disse _ Tem certeza que não falou com mais ninguém?

_ Tenho._ ele falou e me olhou então _ Ainda vai querer ir para New York comigo hoje a noite? Se não quiser…

_ Eu irei com você.

_ Então quer dizer que… Ainda estamos juntos?_ ele perguntou sorrindo.

_ Nós não nos separamos. Eu pensei bem no assunto da garota da farmácia e… Acho que não ficou com ela mesmo.

_ Que bom que chegou a essa conclusão, Frank. Eu estava aflito pensando que fosse confundir tudo e achar mesmo uma coisa dessas._ ele disse me abraçando.

_ Eu tenho um cérebro, senhor Way._ falei e olhei nos olhos dele _ Ainda estamos juntos, mas não se esqueça das condições, são as mesmas. Eu estou de olho em você.

_ Não vou fazer nada de errado, Frank.

_ Veremos._ eu disse e logo peguei o celular dele para dar uma olhada enquanto ele seguiu para o outro cômodo.

Eu já não sabia se aquilo que vivíamos era só mais uma fase difícil, se conseguiríamos atravessar, mas eu estava angustiado e pra variar com medo do que seria de nossas vidas dali em diante.

-S2-


Notas Finais


Esse capítulo está para garantir que depois de tudo, e aconteça o que acontecer, o coraçãozinho de Frank Iero ainda bate pelo G. É algo que ele não pode conter, que o faz mal as vezes, que passa dos limites, mas que está aí firme e forte.
Enfim, não dá pra explicar o amor deles, não dá.

Outras coisas:
* Se Frank ouviu ou não ouviu aquilo, vai saber.
Cada um pode tirar as próprias conclusões.
* Professor de Frank na área.
* As coisas estão para mudar.
:-)
Me aguardem.

Até o próximo capítulo trouxaaaaas!
Me contem o que estão achando.
Amo vocês!
Beijos <3


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