História Máscaras e Faces - Capítulo 02 - Esperança quebrada

O som das pessoas ao meu redor, me trazia a paz que eu não sentia nos últimos dias.

Faz uma semana desde o noivado. E eu não tive mais nenhum contato com Salvatore. Graças a Deus. Não acho que posso com sua frieza e com o medo que ele me causa.

Vovó e Selena estão começando os preparativos para o casamento, que será em seis semanas. Como foi determinado por vovô e por Salvatore.

Eu preferi focar no baile de máscaras. Esse ano o baile será em nossa resistência. E claro, vovô fez disso, uma maneira de me testar, para ver se estarei pronta para o casamento. No ano passado o baile foi na residência dos Marcel. Marco Marcel, segundo em comando, nos proporcionou um belíssimo baile. O nosso carnaval é mundialmente conhecido, principalmente pelos bailes de máscaras que acontece em todo o país. Esse ano terei que fazer um ótimo trabalho, se quiser impressionar Joseph Valentim.

-Helena, vamos? -Chamou Gianna.

-Vamos. -Respondi, enquanto voltava a andar pelas ruas abarrotadas de pessoas, em sua maioria turistas.

Adentramos na loja de decoração, que pertence a mãe de Gianna.

-Helena, olha esse tecido. -Gianna me estendeu um lindo tecido de seda, da cor dourada, envolvida por delicadas rendas um tom mais claro. - Oque acha?

 -É lindo! -Sorri.- Combina perfeitamente com o vermelho das rosas.

Separei-me de Gianna e andei entre as prateleiras.

E foi nesse momento que o vi.

Um pouco mas a frente, Salvatore estava parado junto de uma morena. Sua mão repousava tranquilamente ao redor da cintura da mulher. Enquanto a mesma permaneceu de frente para ele.

Ela é bonita. Tem seus cabelos negros, pele bronzeada e muitas curvas. Deve se disse que ele gosta. Mulheres belas. Não mulheres sem graça como eu.

Senti como se algo quebrasse dentro de mim.

Minha esperança.

Esperança de um casamento feliz.

Suas palavras na noite do noivado veio a minha mente.

"Tudo em você me pertence. Mais eu não serei seu. "

Seria isso oque ele quis dizer?

Ele me trairia, e eu fingiria não ver? Não poderei cobrar respeito ao nosso casamento e a mim?

Senti uma estupida lágrima descer por meu rosto. Deixando um rastro de dor.

Não o amo, mas o respeito. Já mais faria algo assim com ele. Nunca o trairia.

E  é isso oque mais doi. O fato de eu não conseguir revidar o que eu vejo.

Senti a mão de Gianna em meu braço, e me virei para fitar seus olhos negros.

-Tudo bem? -Perguntou franzindo as sobrancelhas.

-Tu-tudo. -Sussurrei.

Por sobre o ombro esquerdo, olhei na direção de Salvatore. Mas ele não estava mais lá.

-Senhora Del'Vecchio. Senhorita Valentim. Gostariam de alguma ajuda?

Sobressaltei com a voz inesperada da funcionária.

-Claro. -Falou Gianna, lhe estendendo o tecido de seda. -Poderia separar alguns metros deste?

-Sim, senhora.

A funcionária se afastou ao mesmo tempo em que meu celular tocou na bolça, que carrego. Vasculhei entre os conteúdos.

-Alô?  -Atendi a chamada, quando achei o aparelho, sem nem ao menos ver quem é.

-Helena, venha para a butique de Valentim. -Falou vovó.

-Estarei ai em breve.

Desliguei e o recoloquei na bolça.

-Tenho que ir. -Falei para Gianna.- Dante ficará com você. O entregue os tecidos, para que os leve para mim.

-Claro, querida. -Despediu-se beijando minha face.

Retribui o gesto e a abracei.

Caminhei para a saída, mas antes de passar pela porta olhei em direção a qual vi Salvatore. Mas diferente de antes, vi apenas a morena olhando algumas mercadorias.

Ela é como um lembrete de tudo que nunca terei.

Balançando de leve a cabeça, voltei a andar, rumo a butique do estilista.

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Como antes, as ruas estava bastante movimentada. Pessoas indo e vindo. Presos e seus próprios pensamentos.

Senti Lucca, meu guarda-costas, se aproximar para que me acompanhasse de perto.

Não que alguém em sã consciência tentaria contra minha vida. Ainda mais agora, que os boatos sobre meu noivado estão se espalhando por toda cidade.

Andei distraída até um cruzamento, onde um homem esbarrou em mim com tudo.

 O mundo girou e eu esperei pelo momento em que meu bumbum se chocaria com o chão.

Mais esse momento não chegou.

Ao invés disso, senti fortes braços me envolverem pela cintura. Um perfume amadeirado fez com que eu abrisse os olhos.

E com surpresa, me deparei com lindos olhos azuis água me observando de perto.

Arfei.

Ele é lindo. Seus cabelos escuros como a noite, estão bagunçados. Sua pele bronzeada realça seus olhos.  As feições mesmo que angélicas, não o deixa com rosto de criança. Pelo contrario. O torna um belo homem.

Senti alguém nos afastar. E logo percebi que era Lucca que o fazia.

-Espere. -Pedi.

Lucca e o homem me olharam ao mesmo tempo.

Sinceramente não faço idéia do porque pedi que Lucca parasse. Mas de uma coisa eu tenho certeza.

Não quero que afaste o homem misterioso de mim.

Algo nele me trás paz. Não sei se é sua aparência de anjo vingador ou seu sorriso simpático.

-Quem é você? -Perguntei.

-Bennet. -Respondeu o homem, com um sorriso de lado. -E você, boneca?

Corei violentamente, e abaixei a cabeça envergonhada. Mais logo a ergui quando escutei um som de algo caindo.

Lucca estava no chão enquanto o homem, que agora sei que se chama Bennet, estava de pé a sua frente.

-Desculpe pelo esbarrão. -Desculpou-se sorrindo de lado. -Mas não me desculparei por isso. -Apontou para Lucca, que agora estava de pé bufando de raiva.

Para evitar grandes problemas fiquei entre os dois.

Se foi burrice? Não faço a menor idéia. Só sei que não deixarei Lucca matar Bennet.

-Helena. -Falei, chamando a atenção novamente para mim. -Eu me chamo...

-Helena. -Falou uma voz rouca e gélida atrás de nós.

Sobressaltei-me.

E isso fez com que eu ficasse mas perto de Bennet. Que sem saber oque esse encontro poderia causar, sorria para mim.

Isso não acabará bem.