Intro XX
Eu acordei com uma garrafa de Whisky do meu lado. Eu movi lentamente a cabeça para o lado observando a parede. Os posteres do meu quarto foram quase todos arrancados, e os que sobraram estavam rabiscados com bigodes tridentes e desenhos de pênis.
Pessoas jogadas no chão, muita sujeira e copos plásticos vermelhos com resto de bebidas espalhados por todo local. Eu abri a janela para ver se me livrava daquele cheiro de maconha e o sol entrou forte me fazendo cerrar os olhos e murmurar.
Virei para arrumar minha cama quando uma mão agarrou meu braço.
- Calma amor, sou eu – disse Rebecca percebendo meu susto.
- Vaca – saiu instantaneamente da minha boca.
Rebecca analisou meu rosto.
- Você ta drogado Jack?
- Não – e eu não estava.
- Porque ta um cheiro horrível de maconha aqui e os seus olhos tão vermelhos.
- Eu acho que eu dormi mal.
- Ah... Eu também não dormi muito bem – ela respondeu caminhando até mim e tropeçando em alguém no chão – Como você pretende limpar sua casa e tirar esses viciados daqui?
Encarei os olhos azuis de Rebecca.
- Eu tenho uma ideia – estendi a mão para ela – vem.
Ela sorriu e agarrou minha mão, nós dois fomos tropeçando até a escada chegando no andar de baixo. Chegando lá eu vi que o sofá estava queimado, comida se espalhava pelo chão e pessoas dormiam em qualquer lugar.
- Passa o CD de Heavy Metal.
Ela foi até o armário em que estavam os CDs dos meus pais e alguns poucos meus.
- Qual deles? – ela perguntou se agachando.
- Qualquer um – eu respondi.
Eu o enfiei dentro da caixa de som e aumentei ao máximo o volume e o som começou. As pessoas acordaram assustadas e eu abri a porta da frente da minha casa.
- É isso aí a festa acabou, vamos saindo.
Ninguém parecia disposto a sair, mas pouco a pouco eu fui enxotando as pessoas em quanto elas soltavam reclamações baixinhas e andavam com olhos fechados massageando a cabeça. Uma garota nua saiu correndo enrolada em um lençol.
- Ótima festa Jack – disse Luigi saindo da minha casa.
- Até. – Me despedi.
Enquanto eu estava na rua acenando o velho Sr. Pance, meu vizinho da frente veio correndo pela rua com uma expressão mal-humorada.
- Mocinho – ele gritou – que som é esse? A noite inteira! Eu preciso dormir.
- Sorte sua – eu respondi segurando a porta para que as pessoas saíssem. Como meus pais não estavam em casa já fazia algum tempo eu não fiz questão em ser legal com ele e aturar esse tipo de gente.
- Seus pais vão ficar sabendo disso!
- Boa sorte com isso, até que eles apareçam por aqui... de qualquer jeito quando conseguir falar com eles entre em contato comigo também.
- A polícia vai ficar sabendo disso então. – Rebecca espiou pela fresta da porta dando risada da situação.
- Ah vê se vai cuidar da sua vida, a polícia tem mais o que se preocupar, como velhos pedófilos que taram as garotinhas do bairro – disse batendo a porta em sua cara.
Rebecca apertava a barriga morrendo de rir, eu esperei que ela acabasse recolhendo copos do chão, peguei um saco grande e preto de lixo para ir despejando as coisas dentro dele.
- Já foram todos embora? – Eu encostei na parede.
Rebecca me encarou com um olhar malicioso, levantando do chão.
- Sim – ela sorriu.
- Então vamos nos divertir um pouco antes de arrumar tudo, então.
Introdução
- Hey Tracy, o que você tem pra comer nessa porra de casa?
- Abre a geladeira e vê piranha.
Um silêncio por um tempo.
- Eu vou fazer pipoca, você quer Tracy?
- Faz.
Ashley voltou balançando os cabelos louros ajustando seu shortinho verde e com um balde de pipoca nas mãos.
- Vamos assistir o que? – Ela perguntou se acomodando ao lado de Tracy no sofá.
- Pânico no lago, que tal? – Respondeu Tracy com um sorriso maldoso.
- Uh, que medo Tracy – Ashley respondeu carrancuda – eu não me assusto mais vendo esse tipo de filme.
A luz apagou.
- AAAAAAH!
Tracy ligou a luz de novo morrendo de rir e contraindo a barriga.
- Ai meu deus você é tão medrosa Ashley – ela pulou no sofá de novo abraçando ela.
- Não tem graça Tracy – ela respondeu virando o rosto.
Tracy pegou o controle deu play e elas começaram a assistir ao filme. E Ashley gritava a cada susto que o filme lhe dava sob os olhares maliciosos de Tracy que ria com o canto da boca.
- Essa porra não assusta nada – disse Tracy bufando e afastando os cabelos loiros da cara – eu vou no banheiro, não precisa parar.
- Ok.
Ela deu play de novo.
O jacaré ia se aproximando da gostosa do lago e Tracy ia suando frio, ele chegava mais perto... “Corre, corre” ela pensou nervosa. A boca dele aberta e ela estava virada de costas indefesa, se abraçou ao travesseiro da sala. Ele ia chegando, o ritmo da música aumentando e uma faca encostou a superfície gélida no pescoço dela.
- AAAAH.
Tracy saiu de trás do sofá quase morrendo de tanto rir. Ashley observava completamente possessa.
- Não teve graça porra! – Ela disse indignada.
- Você... você... devia ter visto sua cara – Tracy continuou rindo.
- Eu cansei, to indo embora Tracy. – Ela calçou seu tênis de cano longo e abriu a porta de sua casa.
- Ei – quando viu Ashley indo embora se levantou do carpete cinza da sala – você não pode me deixar aqui.
- Já estou – disse Ashley passando pela porta.
A casa ficou em total silêncio depois que ela bateu a porta, se não fosse pelo barulho dos grilos.
- Foda-se você. Vou assistir essa porra de filme sozinha.
Tracy esperou para confirmar que ela tinha ido embora de vez e sentou no sofá, iniciando o filme novamente e o assistiu sozinha sem nenhum medo.
Mas a luz se apagou e a TV também, deixando Tracy sozinha com a sua respiração. Ela sentiu seu coração palpitar rápido por baixo da camisa de manga curta que ela estava usando. A sala completamente vazia.
- Que engraçado Ashley, nem imaginava que ia fazer isso.
Ninguém respondeu, mas alguma coisa se moveu e Tracy se assustou novamente.
- Eu posso ouvir sua respiração Ashley – ela constatou em voz alta, agora oscilante.
Nada, nenhuma resposta, só a respiração que continuava forte perto de Tracy.
- Ah, chega! – Ela levantou e foi até o interruptor o apertando. Nada. Não se acendeu luz alguma e aquela coisa se moveu de novo – por que não acende? Caralho já deu Ashley. To assustada. Pronto. Você venceu.
A Tv acendeu, mas não era seu filme. A tela ficou preta e levemente iluminada. Um som medonho e continuo, quase como um apito, ecoando pela casa escura e vazia.
- Chega! – Ela berrou desesperada – chega já deu dessa merda! Levantou e caminhou até a TV e desplugou o cabo com força.
A luz acendeu.
- Que bom pode aparecer logo Ashley. Você quase me matou do coração!
Ela continuou olhando para o cabo que agora se mostrava visivelmente estragado por conta do puxão. Ela se virou para o interruptor. Alguém estava lá, e esse alguém não era Ashley.
O choque de sua visão foi repentino, aquela máscara branca como se tivesse saído do quadro o grito... aquele manto preto que cobria todo seu corpo... aquela faca extremamente afiada e polida, a sala refletindo na superfície metálica.
Saiu gritando com todas suas forças e ele foi correndo atrás. Contornou a mesinha da sala para chegar até a cozinha.
Chegou na porta dos fundos quase como uma corredora de maratona. Ela forçou a maçaneta rapidamente.
Nada. Trancada. A chave em nenhum lugar a ser visto.
Ele tinha diminuído o passo e foi devagar atrás dela quase como se deleitando com toda aquela situação. Ele encostava o braço na porta da cozinha observando Tracy. Ela deu a volta pelo balcão da cozinha e ele foi atrás ao mesmo passo.
Ela pegou a cadeira de madeira clara do balcão e a atirou com dificuldade em seu torço. Correu de novo para a sala e ele novamente à seguiu, ela deu a volta pelo sofá em quanto ele ainda a ameaçava do outro lado pendendo para qualquer que fosse o lado que ela escolhesse correr e a deixando cercada.
- Socorro! Socorro um assassino! – Gritou com todas as forças do seu pulmão. Lágrimas e suor entraram pela sua boca. – O que você quer? - Ela gritou para ele do outro lado do sofá – pode levar qualquer coisa.
Ele brincou com a faca.
Ela correu para a porta da sala e ele apareceu mais rápido à sua frente cortando seu braço.
Tracy gemeu e automaticamente virou para o lado da cozinha novamente, chegou lá tentando agarrar qualquer objeto que fosse útil, uma faca talvez, mas não encontrou nada no balcão.
Ela correu de novo pela cozinha indo até a pia, mas dessa vez escorregou e caiu de costas.
Não foi só o impacto da colisão que doeu nela, mas foi aquela decepção de não conseguir se salvar, de sentir-se desesperançada.
Olhou para cima com mais uma lágrima no rosto, era tarde demais, ele estava em pé acima dela. Ele observou seu rosto através daqueles linhas escuras da máscara.
- Faz o que quiser, leva o que quiser. Leva tudo.
Não teve êxito em ficar de pé, escorregando no piso da cozinha, ele a agarrou pela cintura. A levou até ele, a deixando de costas.
- Não, por favor, não... não – ela chorava sentindo a respiração no seu pescoço, e o seu perfume também, que ela não sabia identificar.
Ele pegava na sua cintura, brincando com a faca logo à sua frente.
De qualquer forma ela só desejava que ele acabasse logo com isso. Não aguentava mais derramar lágrimas.
De repente ele foi embora. A deixando sozinha e largada de joelhos no chão. Alguém teria chegado? A polícia?
Mas tudo ficou em silêncio e escuro.
- Ah – suspirou, aliviada por um instante.
Levantou do chão frio da cozinha sem a menor ideia do que poderia fazer naquele momento, o ideal era deixar a casa depressa.
Mas virou para trás e pela luz da lua que vinha pela janela o conseguiu ver, ele estava rindo, sabia que estava, por baixo daquela máscara branca que nada transpassava, ela conseguiu ver um sorriso.
Ela finalmente foi esfaqueada. Deixando o chão da cozinha todo melado com seu sangue quente em quanto ela gemia até morrer.
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