Mata Verde - Cap. 8
No entanto, aos poucos, Ricardo foi ganhando a confiança de Maria Fé. E, ao meu parecer, seu coração. Era possível ver os dois gargalhando na sala, com os casos e piadas que Ricardo tirava das mangas, como um mágico algemado à sua platéia.
Ela ouvia com atenção o que ele dizia, mesmo quando ele cochichava insubordinações e rebeldias em seu ouvido, o que ficava patente pela forma com que ele parecia cheio de raiva e ela cheia de medo.
Mas ela o ouvia.
E ele era bom: depressa, ganhou a confiança dos outros. Aos poucos - para que ninguém duvidasse de uma mudança assim, repentina - ele se deixou levar pelos casos e avisos dos mais velhos. Quisera eu ter sua audácia e sua inteligência. E sua sedução, por que não dizer? Em menos de dois meses, o velho Ameixeiras concordou que os dois poderiam ficar sem as algemas.
Mas a vida é cheia de surpresas: na segunda noite sem algemas, o rapaz acordou Maria Fé.
- É hoje! - Ele sussurou.
- É muito cedo! - Ela respondeu - Eles vão desconfiar!
- Você vem ou não? Não há ninguém: os sentinelas das esquinas já foram dormir...
- Ok... - Disse Maria Fé - Pra onde?
- De volta ao meu carro...
- Você acha que ele ainda vai estar lá?
- Ninguém sai da cidade. Quem poderia mexer no carro?
Maria Fé concordou.
- Melhor não irmos pelas ruas principais. - Ela disse - Eu conheço bem o terreno. Podemos ir pelo caminho mais curto até o limite da cidade e depois contorná-la. Ninguém vai nos seguir depois que sairmos...
Silenciosos como as cobras, os dois jovens ganharam a noite quente e escura, em direção à mata.
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