Luke Hemmings
- Madison, se você continuar fazendo barulho vai acordar o Michael – Repreendi. Ela arregalou os olhos e cobriu a boca com a mão, mas ainda assim suas gargalhadas se espalharam pelo apartamento. – Ele vai ficar bem puto.
- Desculpa, - Ela tentou ficar na ponta dos pés para enxergar dentro do armário da cozinha que eu havia aberto, mas se desequilibrou e se bateu contra meu peito, quase pisando o meu pé. Madison soltou outra gargalhada, que eu abafei colocando minha própria mão sobre sua boca. Ela tentou me morder, mas logo percebeu que não iria conseguir e desistiu.
Eu a ajudei a sentar à mesa e lhe entreguei o pacote de Tim Tams que havia encontrado no armário. Era do Michael e ele com certeza reclamaria depois, mas não era culpa minha se ele era o único que consumia tanto açúcar quanto a Madison.
- Vou colocar sua mochila no quarto, está bem? – Tirei a mochila vermelha de cima da mesa e a garota assentiu, sua boca cheia de biscoito.
Eu corri até o quarto para tentar pôr de volta no lugar toda a bagunça que havia se acumulado no chão durante a semana, em sua maioria camisetas e cuecas sujas. Eu vinha de uma família cheia de homens e organização não era exatamente o meu forte.
Me parabenizei por ter trocado os lençóis no início da semana - depois de derrubar molho de pizza na cama -, a minha mesa, no entanto, estava mais bagunçada do que nunca, com papéis espalhados por toda a superfície.
Quando voltei para a cozinha, os biscoitos haviam sido esquecidos e agora Madison tentava tirar um cochilo com a cabeça apoiada sobre a mesa. Eu balancei seu ombro até que abrisse os olhos irritada, mas eu ignorei sua raiva e a forcei a beber um copo de água para diminuir a ressaca que estava por vir pela manhã, ela me agradeceria depois.
- Não quer se trocar antes? – Perguntei ao ver ela se atirar na minha cama, tomando quase todo o espaço disponível. Eu não queria ser chato, só achava que não seria muito confortável dormir naquela roupa.
- Me deixa, Luke – Resmungou e virou as costas para mim, apertando os braços em volta do meu travesseiro e suspirando alto.
Eu sentei na beirada da cama e puxei seus pés para mim, tirando suas botas. Eu sorri sozinho com suas meias, listradas com as cores do arco-íris, e cobri seu corpo com o edredom antes de ir para a sala, onde o sofá me esperava.
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Madison Andrews
Eu acordei num quarto escuro e silencioso, sem fazer a mínima ideia de como havia chegado até ali. A fresta na cortina mostrava que lá fora ainda era noite, mas supus que já devia ser quase manhã para a festa já ter acabado e não haver barulho algum vindo dos fundos. Eu me sentei na cama e olhei em volta, procurando pela minha mochila ou ao menos meu celular, mas um mal-estar tomou conta do meu corpo e minha boca começou a salivar, fazendo com que eu partisse rapidamente em direção à porta, procurando agora por um banheiro.
Haviam apenas duas portas além da do quarto em que eu estava, e eu fui em direção daquela que estava entreaberta, rezando para que fosse a correta, já que iria vomitar a qualquer segundo. Para minha sorte, era, e eu mal tive tempo de levantar a tampa do vaso sanitário antes de sentir minha garganta queimar enquanto meu estomago expulsava todos os vestígios do meu jantar, junto às inúmeras doses de tequila que eu havia tomado mais cedo.
Tudo estava acontecendo muito rápido, minha visão ainda estava embaçada, e eu só fiquei ainda mais confusa quando senti uma mão puxar meus cabelos para trás enquanto outra acariciava minhas costas.
- Você tá bem? – Reconheci a voz e virei o rosto para trás assustada, sem entender por que Luke estava ali.
- O que você tá fazendo aqui? – Perguntei, soando bastante surpresa antes de me debruçar mais uma vez sobre o vaso para vomitar. Minha maior vontade era mandar ele sair dali, não queria que me visse daquele jeito.
- Na minha casa? – Sentou-se no chão, atrás do meu corpo. – Você não lembra de nada?
Eu me encostei na parede, ao seu lado, e a sensação fria dos azulejos contra as minhas costas me passou algum alívio. Eu estava na casa dele, vomitando no seu banheiro, e não me recordava de nenhum momento que me levasse até ali. Se eu sentindo algo além de mal-estar, era vergonha. Muita vergonha.
- Eu lembro que você me ligou... por que você me ligou? – Eu levantei os joelhos e deitei minha cabeça sobre eles, fechando um pouco os olhos.
- Você me mandou umas mensagens, eu fiquei preocupado – Ele passou os dedos pelo meu cabelo e, com delicadeza, puxou minha cabeça para trás. – Se você ficar com a cabeça baixa vai vomitar de novo.
- O que eu te mandei? – Eu não lembrava dessa parte, de jeito algum.
- Depois a gente conversa sobre isso, - Balançou a cabeça e se levantou, estendendo uma mão para mim – quer que eu pegue água? Ou, sei lá, alguma outra coisa?
- Você pode pegar minha escova de dentes? – Levantei apenas para me sentar novamente sobre a tampa do vaso sanitário, fraca demais para me manter em pé. – Eu posso usar o chuveiro?
Luke trouxe uma toalha e minha mochila, e me ensinou a ligar a água quente antes de sair do banheiro, avisando que se eu precisasse de algo ele estava sentado na sala. Eu estava preocupada em estar dando muito trabalho, mas ele não parecia bravo comigo. Ele estava obviamente sonolento, suas olheiras estavam mais destacadas do que o normal, com o cabelo bagunçado e vestido em calças de moletom, mas o seu jeito de falar não era repreensivo, pelo contrário.
Eu passei um pouco mais de tempo do que deveria em baixo do chuveiro, deixando a água quente bater contra as minhas costas e relaxar meu corpo. Eu ainda me sentia um pouco tonta, mas minha visão já estava mais clara, assim como minha mente. Eu me enxuguei antes de procurar meu pijama na bolsa, mas logo lembrei que eu nunca levava pijama para a casa da Alexa, apenas pegava emprestado um dos seus. Eu vesti a calcinha e meu sutiã, colocando a toalha em volta do corpo antes de abrir uma fresta na porta.
- Luke? – Chamei sem levantar a voz. Por um segundo, achei que ele não tivesse me ouvido, mas seus passos rápidos do sofá até o corredor me disseram o contrário.
- Eu não trouxe pijamas... – Expliquei, sem graça. Ele apenas assentiu e foi até o quarto em que eu havia dormido, saindo em poucos segundos e me entregando uma camiseta preta e boxers estampadas com as tartarugas mutantes ninja.
- E depois você fica falando das minhas meias... – Eu ri, observando a boxer.
- Veste logo, deixa de coisa - Luke revirou os olhos tentando suprimir um sorriso.
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Eu me vesti rapidamente, a camiseta preta ia até quase a metade das minhas coxas, cobrindo as boxers – que eu havia amado e estava planejando ficar para mim, admito -, e fui até a sala. Luke estava deitado no sofá, iluminado apenas pela televisão, que reproduzia um episódio de How I Met Your Mother.
- Ei, - Chamei sua atenção, caminhando até o sofá – Posso ficar aqui com você?
Ele moveu o corpo para a beirada do sofá, deixando espaço entre ele e o encosto. Eu passei por cima do seu corpo, um tanto desajeitada, para variar, e deitei com a cabeça apoiada em seu peito. Mesmo que a situação que me trouxe aqui não fosse a melhor de todas, - talvez fosse melhor depois de um encontro ou um dia juntos, mas né – eu ainda era muito grata por estar deitada com ele. Não era a escola, não era o seu carro, era o sofá de seu apartamento. Nós estávamos sozinhos – fora o Michael, é claro -, mas não tínhamos a preocupação de minha mãe passar pela porta a qualquer instante. Meu coração apertou quando pensei que queria poder ter isso sempre. Em algum universo, talvez, eu tivesse. Em um universo em que eu fosse alguns anos mais velha e ele não fosse meu professor. Mas, não nesse. Nunca nesse.
Sua mão desceu pelas minhas costas até encontrar conforto um pouco abaixo de minha cintura. Ele olhava para a tv, mas parecia estar perto de cair no sono, assim como eu. Eu beijei seu pescoço de leve antes de me ajeitar - meu nariz encostando em sua mandíbula e sua barba me fazendo um pouco de cócegas -, e fechar meus olhos, pronta para dormir.
- Eu gosto mesmo de você. – Sussurrei. Não sei bem a razão, talvez eu somente quisesse tirar isso de dentro de mim, e o resto de álcool que corria em minhas veias ajudou. E eu nem mesmo soube se ele ouviu, se respondeu, ou se ao menos reagiu de algum modo, porque não consegui me manter acordada por sequer mais um segundo.
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