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História Maybe - Tragédia


Escrita por: bittersweetmary

Notas do Autor


*Adiciono capa depois, prometo.*
Foi bem difícil escrever esse capitulo. Falta pouco para a fanfic acabar e eu estou meio sem chão para o fim... Espero que não me abandonem e continuem lendo até lá. Lembram-se do BANG que eu iria dar? Enfim. Ele está aqui. Preparem seus psicológicos porque vão precisar, rs. Amo vocês, não me odeiem. <3

Capítulo 12 - Tragédia


Cinco meses se passaram com um tempo maravilhoso no campus, houveram  dias chuvosos também, mas eles não foram ruins. Sarah, AyLeen, Danni e eu estávamos cada vez mais unidas. Por muito tempo Danni e eu até esquecemos que tínhamos uma relação. Éramos apenas quatro ótimas amigas quando conversávamos depois das aulas, ou debatíamos sobre as matérias, ou quando saíamos aos feriados. Loíse insistia em sair conosco e com o tempo eu achei que ela estava próxima demais da Danni, mas depois tirei essa ideia da cabeça, já que descobri que ela tem um namorado bem alto e forte, com traços marcantes e dreds compridos amarrados em algo parecido com um rabo de cavalo. Nós saímos para festas e eu acho que briguei com a Dani umas duas vezes por motivos idiotas. Sarah e AyLeen não deixaram de ser a razão do meu viver dentro do campus e eu pensei em desistir do curso, mas elas disseram coisas como “Mas você só está começando, Rym!” e sinceramente, estava indo tudo às mil maravilhas, eu me sentia feliz ali. Via os meus pais em alguns finais de semana (só quando os dois podiam me encontrar fora do campus), ligava sempre para eles, estava sobrevivendo à minha maneira e vivendo com garotas extremamente importantes pra mim, mas eu sempre tive medo de momentos alegres. Já repararam como a vida sempre te dá momentos altos e extremamente bons antes de despencar por um abismo sem fim para baixo? Acho que ela faz isso num intuito de nos compensar pelas dores que iremos sentir mais para frente.

Dessa vez não foi diferente.

Eu acordei num domingo disposta a ir ver meus pais, as meninas já sabiam que eu ia sair cedo, mas, quando eu acordei, elas já estavam acordadas. O clima era aparentemente pesado no quarto e é lógico que eu só percebi isso depois de me espreguiçar e dizer um “Bom diaaa” manhoso.

- Rym... – Sarah disse, pensei que iria continuar a frase, mas ela só se aproximou de mim com passos rápidos e, sem aviso prévio, me envolveu num abraço tão forte que eu mal conseguia respirar.

- Saah...? – eu não estava entendendo nada e as coisas ficaram mais confusas quando a Danni entrou no quarto com a Leen.

AyLeen tinha os olhos vermelhos como se houvesse chorado muito, e quando eu comentei sobre isso, preocupada, Sarah olhou em meus olhos e começou a chorar enquanto me abraçava de novo. Danni tinha aquela expressão de que o assunto era sério, mas que não sabia como lidar. Tudo estava simplesmente sem sentido pra mim, ninguém falava nada. AyLeen entrou num choro profundo e pude ouvir os seus soluços, Sarah não soluçava, mas respirava ofegante entre pausas perto do meu ouvido. Eu retribuía o abraço, mas eu não aguentava mais aquele mistério.

- Gente, o que houve? – perguntei calma. Não queria gritar logo cedo ainda que minha vontade fosse chacoalhar as três ao mesmo tempo num potinho e só parar quando as coisas voltassem a fazer sentido.

- Sinto muito. – Danni disse enquanto me olhava. Foi a primeira coisa que ouvi sua voz falar, parecia rouca. Em mais de cinco meses eu não a vi rouca, para tudo tem uma primeira vez.

- Arym... Aconteceu uma coisa... – Sarah disse, enquanto segurava forte os meus ombros em frente à cama de onde eu estava em pé (já que ela só havia me deixado levantar).

- O que...? – eu realmente queria saber.

- Sinto muito... – Leen comentou com a voz tão baixa e aguda pelo choro que se comparava ao som de um rato.

- O que foi gente? Vocês estão me deixando preocupada... – comentei apreensiva.

E então o silêncio reinou. Uma olhava para a outra como se nenhuma tivesse forças, mas Danni apenas respirou fundo, fechou os olhos e soltou de uma vez, como um tiro de pistola.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- Seus pais morreram Arym.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

E eu senti aquele tiro no meio do meu peito com a dor de um soco no estômago e uma pedrada na cabeça ao mesmo tempo.

- O-O-que? – perguntei. Não era possível. Eu havia falado com meus pais na sexta! Havia dito que nunca deixaria de amá-los na sexta! Como assim? Eles haviam morrido no domingo? Que loucura era aquela? Era um trote! Só podia ser um trote! Deixei meus pensamentos ecoarem pelo quarto. – É brincadeira, não é?

O silêncio reinou. Sarah havia soltado meus ombros para cerrar o pulso enquanto olhava para baixo, à minha frente, como uma estátua. Leen chorava de uma forma assustadoramente desesperada sentada em sua cama, com as mãos tapando seu nariz e boca enquanto seus olhos fechados expulsavam um rio pelos canais lacrimais. Danni olhou para as duas por um tempo e então voltou a tomar a palavra, friamente.

- Não, Rym... Não é uma brincadeira. Eles morreram num acidente de carro essa madrugada, estavam voltando da praia. Eles iriam vir de manhã, mas tinham que chegar mais cedo para te ver, então saíram à noite, um caminhoneiro dormiu ao volante.

- Mentira...

- Não, Rym...

- É MENTIRA, NÃO É?

Num surto eu apertei os ombros da Sarah e a chacoalhei enquanto olhava em seus olhos, sentia que os meus se enchiam de ódio e tristeza mesclado a lagrimas que os irritavam, e então eu vi os olhos de Sarah se encherem de lágrimas e expulsarem-nas, enquanto ela balançou a cabeça negativamente e com toda a força que tinha, me fez soltar ela para que ela pudesse me abraçar da mesma forma de antes. Eu senti um êxtase tomar conta de mim, um choque, um buraco negro dentro do meu peito, tomando todas as forças das minhas pernas, que me fizeram cair de joelhos, Sarah também não parecia muito forte já que caiu comigo e o “cloc” dos joelhos batendo ao chão ecoou pelo quarto inteiro tendo como som de fundo o choro da Leen. Danni encostou-se a porta e mexeu na franja, puxando-a para baixo e abaixando a cabeça. A franja dela era comprida até o fim do nariz e tapou todo o seu rosto. Ela não disse nada, com a feição séria, mas eu via uma lágrima em seu queixo. Eu não tive reação. Queria gritar, mas permaneci de boca aberta observando a dor que eu sentia, meus olhos embaçavam e desembaçavam, e sentia que não paravam de escorrer e que poderiam inundar o quarto, mas não houve som algum. Por alguns segundos, pensei se era aquele o famoso “minuto de silêncio para os mortos”, mas cortei esses pensamentos ao tentar enfiar na cabeça que tudo aquilo era um sonho ruim.

 

 

 

Infelizmente não acordei. Não era um pesadelo.

 

 

 

Eu me arrumei e as meninas também, nós iríamos encontrar meu irmão. Danni estava dirigindo, AyLeen estava do meu lado e Sarah ao lado da Danni. O carro da Danni era grande e esportivo, daqueles que parecem subir em montanhas. Eu estava séria, sem falar nada. Foi quando eu perguntei, sem expressão nenhuma.

- Como souberam?

- Seu irmão te ligou às 2h43 da manhã, você não acordou com o toque do celular, mas eu sim. – Sarah respondeu, me olhando pelo espelho retrovisor. – ele disse que falou com seus pais antes deles saírem, por isso sabemos que eles estavam voltando pra casa. A polícia o contatou depois de achar o número dele no porta-luvas do carro e explicou o acidente.

- Entendi. – disse, olhando a nuca da Danni, tão bem batida e arrumadinha.

O silêncio só era interferido pelo barulho da estrada e das marchas que a Danni mudava.

- Ele está bem? – quis saber.

- Seu irmão? – Sarah perguntou.

- É.

- Acho que ninguém está.

O caminho até a casa do meu irmão foi silencioso, chegamos lá em menos de 50 minutos. Quando chegamos à casa grande do meu irmão foi a Danni quem tocou a campainha. Fomos atendidas por um rapaz com 1,80 de altura, de boa aparência física, com seus 20 anos de idade desenhando muito bem seu rosto redondinho de cor parda e com seus cabelos ondulados num corte baixo, penteado para o lado. Vestido de forma social, com uma cara sem expressão nenhuma, olhou para cada uma de nós por um tempo. O sorriso fraco se desenhou em seus lábios quando me viu.

- Chloe... – ele disse, vindo em direção a mim e me abraçando.

- Johnny. – retribui o abraço.

Então ele, com toda aquela altura, praticamente se debruçou sobre mim, chorando baixinho, enquanto eu acariciava sua nuca e tentava segurá-lo e me manter em pé.

- Que situação horrível para eu te ver... – ele comentou.

- Igualmente, tampinha... – eu respondi.

Depois de ele secar as lágrimas simplesmente sorriu fraco e cumprimentou cada uma das meninas, nos convidou para entrar e nós entramos. Mandou-nos sentar na sala, disse que iria preparar um chá para nós. Eu aceitei e fiquei ali, olhando-o preparar o chá, sentada do sofá, aproveitando a vista da cozinha americana, sorri para ele. Lembrei-me de como era pequeno antes.

- Seu irmão mais velho é bem ágil na cozinha, Arym. – Danni comentou, quase sussurrando, sentada ao meu lado.

- É mais novo, Danni. – sorri pra ela. – Pode não parecer, mas sou, dois anos, mais velha que ele.

Ela fez um “o” com a boca, aparentemente surpresa e depois sorriu. Eu esperava que ela fosse rir, mas não aconteceu. O sorriso morreu ali e ela voltou a observar o Johnny; parecia abalada, mesmo que não envolvesse a ela, diretamente falando. Tanto a Sarah quanto Leen estavam quietas, a diferença era que Leen não largava o celular, estava trocando mensagens com o Kenai.

- Vou reconhecer os corpos. – ele disse, trazendo uma bandeja com cinco xicaras de louça clássica sobre os pires do conjunto e uma colherzinha sob todos os pires, na bandeja também havia biscoitos e um açucareiro. Ele a pôs sobre a mesinha de centro e continuou a falar. – Não estou preparado. 

- Quer que eu vá ver? – eu estava anestesiada. Deveria estar desesperada ou abalada, mas não. Não sabia por que, foi então que minhas palavras saíram e me explicaram o motivo. – eu não vou acreditar que são eles, mas vou saber se são parecidos.

O silêncio fez minhas palavras ecoarem. E depois tomou conta do lugar.

- Você não acredita mesmo? – Danni comentou.

- Não. Meus pais estão bem, em algum lugar. Eu falei com eles na sexta. É impossível. – comentei irônica.

- Sim, amor, seus pais estão bem... No céu. – Sarah consolou-me com um carinho no antebraço; sabia que eu não aceitava a situação, mas não me abandonaria ou mentiria para mim por isso.

Danni observou o assunto enquanto falávamos sobre o que acontecia depois da morte, e não disse nada.

- Bem, então... Você vai e eu faço o almoço? – Johnny comentou, cortando o assunto.

- Pode deixar. – comentei.

Na hora de ir reconhecer o corpo eu quis ir sozinha, mas a Danni não deixou. Sarah e AyLeen também não deixariam mas eu pedi para elas ajudarem meu irmão com as coisas do velório. Fosse para a vida ou para a morte, o bom gosto e a criatividade para decoração era algo indiscutível no caso delas. Entrei no carro no banco da frente, Danni girou a chave do carro na mão e a posicionou em um movimento rápido para frente, encaixando-a onde deveria, para ligar o carro. Desceu o cinto de segurança pelo corpo e observou-me por um tempo.

- Já pôs o cinto? – ela perguntou.

- Sim. – respondi.

- Ok. – ela confirmou, e então avançou com o carro.

O caminho iria ser silencioso, mas então eu liguei o rádio. Estava tocando um CD do BTS. E nós fomos o caminho todo ouvindo músicas boas em vozes deliciosas. O caminho foi longo, mas foi prazeroso, já que estava acompanhada de Jin, Suga, Rap Monster, V, J-Hope, Jimin, Jung Kook e dela, minha Danni. Nenhuma de nós cantou as músicas, não estávamos animadas para aquilo, mas ouvimos com gosto.

Assinei umas papeladas absurdas e entrei numa sala com um médico, observando alguns últimos detalhes. Eu disse que fui reconhecer os corpos dos meus pais e ele autorizou que eu visse, me explicou o que havia acontecido para morrerem (por exemplo, o meu pai teve um órgão perfurado com a própria coluna pela batida forte em alta velocidade da rodovia. Minha mãe havia batido a cabeça e morrido de hemorragia.  Para eles.  Para mim os dois estavam bem, curtindo a praia. O que havia acontecido era algo totalmente diferente na minha cabeça: um casal azarado roubou meus pais e se ferraram. A policia achou o numero do meu irmão e ligou pra ele. Daí para frente as coisas aconteceram como costumam acontecer.) e eu assenti tudo com a cabeça. Então ele revelou meu pai, e eu disse que era ele. Depois ele mostrou o corpo feminino e tirando a cabeça funda, eu sabia que era ela. Voltamos para a casa do Johnny, naquele dia almoçamos macarrão e rimos um pouco no almoço, descontraímos um pouco a dor.  

 

O velório seria no dia seguinte.

 

O dia já começou puxado quando eu tive que acordar às 5h00 para ir ajudar alguém a lavar minha mãe e pôr a roupa nela, e tudo o mais. O meu pai ficou sendo responsabilidade do meu irmão. Era engraçado pensar assim. Na verdade, eu ri de forma sarcástica quando ele desligou o telefone, após receber a notícia, às 4h40 e disse:

- Chloe, os corpos estão prontos. Você fica responsável pela mamãe.  O papai é responsabilidade minha.

- Costumava ser o contrário... Será que dávamos trabalho assim? – comentei irônica.

- Acho que demos bem mais. – ele sorriu. 

E então nós começamos a lembrar de muitas coisas da infância e a rir, depois ele chorou. Eu não. Precisava ser forte. Por ele. Por mim.

 Arrumamos nossos pais e lá estavam eles, dentro de caixas moldadas para eles, com flores claras nos dois caixões de carvalho. A família começou a chegar e o choro era inscessável, exceto por mim. As meninas não saíram do meu lado, mas eu preferi sair daquele lugar. Deixem quem quisesse ficar com os mortos lá, e saí com meu irmão para comer numa padaria que ficava ali perto. Nós estávamos cansados. Com saudades. Tristes. E tudo aquilo doía. Faltava uma hora para o velório encerrar e o enterro ocorrer. E antes do velório acabar nós já estávamos lá. Algumas pessoas foram cantando enquanto outras levavam os caixões, meu irmão estava inconsolável, e eu estava lá, para consolá-lo. Foi então que eles desceram os caixões e as pessoas foram indo embora conforme os operários de lá fechavam o tumulo de mármore. Eu não. Eu fiquei lá. Então Sarah e AyLeen encostaram em mim, uma em cada ombro, mostrando que estavam ali. Eu sorri.

- Eu nunca mais vou ver meus pais, não é? – perguntei quase num sussurro.

A porta de mármore foi selada, e então meus olhos se encheram de lágrimas e pela primeira vez eu senti toda a dor. A anestesia havia perdido o efeito.

- Não... – Danni comentou, se colocando atrás de mim, encostando o queixo sobre minha cabeça.

- Nunca mais vou zoar meus pais, ou comer a comida da minha mãe...

- Eu sinto muito... – Leen sussurrou se pondo a chorar.

- Eu queria dividir essa dor com você. – Sarah comentou, chorando também.

- Vocês estão aqui, isso que imp... – e então eu interrompi a frase porque não dava para falar chorando daquele jeito. Eu queria gritar, mas não conseguia. Foi quando a Danni se aproximou do meu ouvido e sussurrou “Você nunca mais vai vê-los. Tudo bem estar doendo. Não precisa esconder.” E eu gritei.

- EU AMAVA TANTO ESSES DOIS... COMO VOU FAZER AGORA, SEM ELES? COMO VOU FAZER?... COMO... EU... VOU...? – meu pulmão parecia não ter capacidade de respirar entre as lágrimas, entre o ranho, entre a gritaria, e eu me joguei de joelhos no chão, as meninas se tumultuaram sobre mim, em um abraço forte, em grupo. – Eu... Não... Não vou conseguir... – eu sussurrei.

- Vai sim... – Sarah me repreendeu. – você é forte. Eu sei disso.

- Se você achar que não pode, nós sabemos que você pode. – Leen continuou.

- Eu te amo. – Danni disse. E aquilo me surpreendeu em meio ao desespero. – eu não vou te deixar por nada. E elas também não, porque todo mundo aqui te amam. Eles não estão mais aqui... Mas nós estamos.

Então depois de chorar tanto, eu senti sono, e fiquei ajoelhada, com a cabeça apoiada sobre meus braços, em cima do tumulo. As meninas me deixaram ficar ali, tirando um cochilo sobre a morte dos meus pais. Elas estavam ali. Mas sabiam que eu precisava ficar só. Pelo menos por aquele momento. Eu realmente cochilei, e acordei no colo do meu irmão, sendo carregada para sei lá onde. Eu apenas o abracei e disse baixinho, meio inconsciente.

- Eu te amo... E eu sei que eu vou te perder um dia, mas eu não quero.

Então eu voltei a dormir. Acordei no outro dia, me sentindo arrasada. Deveria ter voltado ao campus, mas pelo visto, não estava lá naquela segunda-feira. Estava no quarto de visitas da casa do meu irmão, as meninas estavam, as três, deitadas no chão, cada uma em um colchão, no mesmo quarto. Achei estranho, sorri. Senti falta dos meus pais, como eu sei que sentiria todos os dias... Doeu.

Danni pareceu acordar apenas por sentir estar sendo observada (já que eu estava bem quietinha) e então, em um pulo, ela se levantou.

- Arym... Você está bem? Dormiu bem? Você não comeu nada desde as 15h de ontem... Fiquei preocupada... – parecia querer cuidar de mim. Eu sorri.

- Estou... Vazia... Me perdoe...

- Esse seu vazio deve ser fome... Vem, vamos comer alguma coisa. – ela disse, pegando em minha mão.

Mas eu não queria. Não queria comer, nem levantar.

- Não... Eu quero dormir mais um pouco...

- Arym... Você precisa comer alguma coisa. . .

- Só quero dormir um pouco... Depois... Que eu acordar, eu como.

Danni parecia estar com mais sono que eu, então ela concordou. Fez-me deitar outra vez e cobriu-me, eu virei para o lado, e conforme minhas vistas foram embaçando, fui sentindo-me mais leve. Talvez eu não estivesse leve, mas meus olhos estavam tão pesados que parecia estar bem ao fecha-los, até que adormeci.

Acordei de novo e observei o quarto, não havia mais ninguém lá. Olhei o relógio era cerca de 14h00 e se eu não estivesse acordada fitando o teto, eu teria acordado com a Sarah abrindo a porta e a Leen com um lanche em uma bandeja.

- Bom dia... – Sarah comentou, sorrindo. – Vamos comer?

- Vamos... – eu disse só por educação. Observei o lanche: um sanduíche muito bonito natural e outro aparentemente grelhado, um copo de suco de laranja e uma fruta. Parecia bom, mas não para mim. Não queria comer. Não sentia fome. Sentia apenas a necessidade de abraçar meus pais, o que eu não podia mais. – deixe aí, daqui a pouco eu como.

Elas sorriram e ficaram conversando por um tempo, então eu pedi para ficar um pouco sozinha; as meninas mostraram-se preocupadas, mas me respeitaram, como sempre. Acabei chorando muito depois de ficar sozinha, pois pela primeira vez, me sentia sozinha.

Eu queria minha mãe, queria abraçá-la, ouvir me chamar de “Chloe” e falar que o que eu fiz no meu cabelo era loucura. Queria rir com meu pai sobre coisas como gente corajosa do caramba que vai para a praia em dias frios. Queria viajar com eles, queria que eles me vissem me formando. Queria ser o orgulho deles. E agora eu não tinha mais ninguém... Para ser nada. Eu olhei o lanche e não quis, virei para o outro lado e agarrei-me ao travesseiro. Desejava que fosse minha mãe, e como toda vez que chorava e me acalmava, senti sono. E dormi.

...

Acordei às 19h e olhei para o lado, a bandeia era a mesma, mas o lanche havia mudado. Não entendi. Acho que aquele era meu café da manhã, e esse deveria ter sido meu almoço, já que agora se tratava de uma refeição completa: um prato de macarronada com filé de franjo à milanesa, suco de maracujá, e uma outra fruta. Eu virei para o lado e ia dormir de novo se a Danni não houvesse se mostrado ali, sentada ao lado do guarda roupa atrás da porta.

- Você não vai comer?

- Não quero...

- Não é questão de querer.

- E qual a questão?

- Precisar.

- Eu não preciso comer. Eu preciso da minha mãe aqui.

- Arym... – ela pareceu sem rumo quando me mostrei rude. Então ela se levantou, pegou a bandeja e saiu do quarto.

Eu voltei a dormir. Acordei com umas risadas na sala. Mas não quis ir ver o que estava acontecendo no andar de baixo. A luz do quarto estava apagada e então eu notei que estava de noite, já que, mesmo com a janela aberta, eu só sentia um ar quente das noites de verão e não via a claridade da luz do Sol. Procurei pelo interruptor e então eu achei outra coisa: um toddynho.

Ok, aparentemente as meninas queriam me fazer de qualquer forma, e se eu me comportaria como uma criança birrenta que não quer comer, elas me tratariam como tal e fariam como as mães fazem. Eu sorri. Mas eu não me sentia bem para comer, não sentia vontade. Parei para reparar que também não tomei banho ou usei o banheiro aquele dia. Talvez porque não comi nem bebi água. Não sei. Eu apenas não senti vontade, de mais nada. Absolutamente nada. Eu acho que morri um pouco com meus pais...

Eu só queria estar com eles. 


Notas Finais


Me perdoem, de verdade. Prometo que as coisas para a Arym vão melhorar. O que você sentiu? Conta pra mim.
Obrigada por ler e se importar. ♥


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