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História Maybe - Dor


Escrita por: bittersweetmary

Notas do Autor


Gente, foi bem dolorido escrever esse capitulo também, na verdade, estar na reta final e seguindo meus planos pra história só me deixa mais deprimida. Dói, muito. Mas eu espero que continuem lendo e que gostem da história. A Arym etá precisando de apoio, de ajuda. Espero que continuem lendo e se importando até o fim.
(Adiciono capinha depois, juro!)

Capítulo 13 - Dor


No outro dia eu acordei as 04h00, sozinha no quarto. Então eu levantei da cama, aparentemente estava passando mal. E eu não queria comer, mas talvez a Danni estivesse certa, já que o meu corpo insistia em me deixar fraca e zonza caso eu não o enchesse de comidas gostosas. Eu saí do quarto e ia descer as escadas para ir ao banheiro, mas minha mente provavelmente sentiu eu estava fazendo algo perigoso (no caso, gastar energia sem ter) e desligou. Eu simplesmente apaguei e quando acordei, estava no sofá, com as meninas me olhando e a Danni gritando no telefone com alguém. Não entendi nada, mas então a Sarah disse, tentando controlar o desespero “Vai ficar tudo bem.” E AyLeen completou com “Confie em nós.” E eu senti que poderia confiar nelas, mas queria entender.

 Eu tentei levantar e senti uma dor muito forte na cabeça, minha mão foi de encontro à dor, um pouco acima da nuca e quando sentiu algo molhado eu resolvi observar. Minha mão estava completamente molhada, de sangue. Eu temi, temi e tremi, tinha medo de sangue, e a dor pareceu ficar maior.

- O que...? – eu disse com a voz trêmula enquanto olhava o sangue e as meninas, alternando os olhares.

- Você caiu e bateu a cabeça, acordamos com o barulho, tente ficar acordada. . . – Sarah comentou, tentando estancar o sangue com um pano já completamente vermelho.

- Por favor, não se esforce para nada a não ser isso. – Leen comentou.

Estava tudo girando, meu irmão estava chorando, e Danni continuava gritando.

- SE VOCÊS NÃO SALVAREM A VIDA DELA EU VOU ACABAR COM AS SUAS!

Eu senti um sono forte e as meninas pareceram entrar em desespero conforme meus olhos foram se fechando.

- ARYM! – Sarah gritou.

- FICA COM A GENTE! NÃO DORME! – Leen gritou igualmente desesperada.

- ARYM! – Danni desligou o celular e veio correndo me ver. Segurou meu rosto que parecia querer tombar para o lado. – Fica aqui! Não dorme! Eles já estão chegando!

- Só não durma! – Sarah insistia.

- Eu... Estou com tanto sono... – eu sussurrei, e então acabei apagando.

 

♦♢♦♢♦♢♦♢♦♢♦♢♦♢♦

 

O quarto era diferente do normal, estava tudo branco, onde eu estava? Foi quando vi uma moça entrar no quarto. Ela era bonita, muito bonita, e esbelta. Ficou me olhando um tempo e então injetou algo em mim, eu fiquei olhando o liquido subir pelo tubinho transparente até senti-lo em minha veia.

- Ei... – falei baixo. – O que é isso?

- Vitaminas. Você precisa... – ela respondeu, sorrindo.

- Há quanto tempo estou aqui?

- Uma semana.

- O que? – demonstrei susto.

- Está tudo bem, calma. Você bateu a cabeça, passou por uma cirurgia... Mas está tudo bem agora. Consegue se sentir melhor, não?

- Não... – comentei. – Quero ver minha mãe...

- Senhorita Wild. Você não se lembra?

- Do que?

- Eu vou ligar para o seu irmão.

E ela saiu do quarto, me deixando cheia de dúvidas e zonza. Minhas vistas doíam, e minha cabeça também. Olhei um pouco em volta. O quarto era bem claro, com uma janela ao lado da minha cama, mas num ângulo onde eu não conseguia ver a paisagem. Meu irmão chegou cerca de uma hora depois.

- Chloe... – ele comentou, pareceu aliviado ao me ver acordada e comendo.

- Hey, Johnny. – sorri, olhando-o.

Ele sentou-se ao meu lado e pegou minha mão.

- Fiquei tão preocupado. Tive medo de te perder...

- O que aconteceu?

- Você não comeu por dois dias, nem levantava da cama... Quando decidiu levantar, caiu das escadas e acordamos com um estrondo. Você estava no chão, com a cabeça sangrando... Foi um desespero! Você teve que passar por uma cirurgia de emergência e eu... – os olhos dele começaram a lacrimejar e ele afundou o rosto em meu colo. – eu podia jurar que não iria aguentar... Ter que lidar com um segundo velório... Ter que... – ele fungou- ficar completamente sozinho...

- John... – fiz carinho nos cabelos ondulados e castanhos dele. – e a mamãe? E o papai?

- Chloe...  – ele me olhou um tempo, e depois acariciou meu rosto. – Eles estão em um lugar melhor...

Eu pude sentir a cama cair abaixo de mim, ainda que não houvesse acontecido. Eu senti meu mundo desabar e um soco forte no estômago, ainda que apenas estivesse paralisada. Então, comecei a lembrar de tudo como em um flashback.

- Foi por isso que não comi?

- Exatamente. Eu só estou melhor por causa das meninas...

- Onde elas estão?

- Elas voltaram para o campus depois de eu insistir muito... Elas não podiam perder a bolsa...

- Sim...

Eu fiquei ali, olhando ele um tempo. Quem diria que meu “Tampinha” iria crescer mais que eu. Quem diria que nos veríamos sem pais em torno dos 20 anos. Aquilo doía. Mas eu estava feliz por ele estar lá.

 

♦♢♦♢♦♢♦♢♦♢♦♢♦♢♦

 

Recebi alta três dias depois. E então, no caminho de casa, Johnny me disse uma coisa enquanto dirigia  que cortou o silêncio e me abalou um pouco:

- Você vai ficar com a casa antiga dos nossos pais. Tudo bem?

- Ah... Claro. Por quê?

- Bem, eles já me deram aquela, e nós não temos mais o carro para dividir. Como eles me deram uma casa em vida, achei que seria justo você ter uma também. O dinheiro da conta vai ser dividido igualmente... Sabe... Achei desnecessário brigarmos na justiça sendo que podemos conversar. Você concorda?

- Sim, tudo bem por mim.

- Quer ficar lá em casa hoje ou já ir para a sua?

- Quero ir para a minha...

- Ok.

Ele fez o retorno com o carro e fez um caminho diferente, parando na frente da minha nova casa. Era um imóvel do tipo antigo, grande, com a frente de tijolinho à vista. Um jardim ao lado e um portão bem vintage, alto. Abri o portão e meu irmão me acompanhou. Ele fez a janta. Não conversamos muito, ele só deixou tudo pronto e perguntou se eu ficaria bem. Eu disse que sim, que queria ficar sozinha. Ele relutou. Mas me deixou.

Quando meu irmão foi embora eu tranquei a porta. Fiquei olhando cada detalhe daquela casa. O assoalho de madeira, as medidas na porta, a cozinha em que eu havia aprendido a cozinhar, a sala onde eu aprendi a andar. E agora eu estava ali. Sozinha. Com três quartos, uma cozinha americana, uma sala de jantar e uma de estar, um quintal amplo com jardim e dois banheiros na casa. Sem contar os banheiros de cada quarto.

 Estava tudo tão arrumado e eu ainda podia sentir o cheiro de lavanda que minha mãe costumava deixar na casa antes de viajar, gostava de voltar e sentir a casa recebê-la arrumada e perfumada, então, antes de viajar sempre faxinava tudo. Aquelas lembranças foram inundando meu coração e os meus olhos. Eu sorria vendo os porta retratos enquanto aquilo me torturava. Me joguei no chão com aqueles quadros, e chorei ali, chorei, gritei, esperneei. Eu queria ter aquilo de volta. Naquele momento. Foi então que eu tive um surto de raiva e comecei a quebrar tudo. Gritei e puxei meus cabelos curtos, rancando inclusive alguns tufos castanhos. Quebrei todos os quadros, rasguei almofadas, e me debati no chão, sem medo dos cacos, gritando desesperadamente. Eu não suportava a dor de me sentir sozinha. Eu chorei aquela madrugada inteira, até dormir, em meio a penas, espumas, madeiras e cacos de vidro.

 Acordei com a campainha tocando, tomei um susto quando me vi no espelho grande da sala com os cabelos bagunçados, com o couro cabeludo doendo, os olhos inchados e sujos com lápis de olho escorrido, meus braços estavam arranhados e cortados. E eu não senti dor. Na verdade, me sentia vazia e sozinha, deprimida. Foi quando eu decidi abrir a porta naquele estado mesmo. Meus olhos se encheram de lágrimas quando vi o rosto conhecido, e corri para seu abraço.

Danni não era muito de abraços, mas não me negou aquele. Apenas acariciou minha cabeça como se eu fosse o mesmo filhote de sempre e beijou o topo da minha cabeça. Eu a abracei mais forte, e então cai de joelhos, ela se agachou comigo, me deixando gritar como uma louca às 8h00 da manhã. “Vai ficar tudo bem...” era só o que ela sussurrava. Eu não acreditava. Era mentira. Porque eu estava tão vazia? Porque eu sentia tanta dor? Foi quando eu comecei a perguntar isso pra ela enquanto a estapeava.

- PORQUE EU ESTOU VAZIA? PORQUE EU SOU TÃO FRACA, DANNI? OLHE A MINHA DOR! ISSO É RIDICULO! ISSO PARECE BOM PRA VOCÊ?

Ela apenas me deixava bater nela, sem reação, até que segurou meus pulsos com força, me puxou para dentro de casa, fechou a porta empurrando-a com um chute e me bateu sobre ela. Tudo muito rápido. Então me fitou com aqueles olhos cortantes, como se quisesse me ensinar algo, respirou fundo e soltou uma frase verdadeira.

- TUDO BEM SENTIR DOR, ARYM! TUDO BEM! – ela gritava, olhando nos meus olhos.

E então eu fiquei paralisada, com medo, com a boca trêmula e as vistas começaram a embaçar. Eu a abracei com força. Ela se deixou ser abraçada, depois me envolveu no abraço caloroso, onde eu sentia que era o meu lugar.

- Você já comeu...? – ela sussurrou, preocupada.

- Não quero...

- Já tomou banho?

- Não quero...

Ela respirou fundo, e então me pegou no colo como uma princesa, me levando para a cozinha.

- Seu irmão fez uma comida maravilhosa, ele me disse. E você nem mexeu, Arym?

- Não...

Danni me pôs sobre o balcão e então reparou nos meus braços, e nas minhas pernas cortadas.

- Arym... O que...?

Ela observou ao redor, observou a sala de estar que dava para se ver da cozinha, correu para lá e viu a guerra que eu havia travado comigo mesma na noite passada. Ela voltou correndo pra cozinha, parecia em desespero puro. Como se algo estivesse errado. Como se houvesse falhado.

- V-Você...

- Destruí tudo. – eu respondi, fitando o nada.

- Arym... – ela cerrou o pulso, depois o soltou e mexeu no próprio cabelo. Suspirou. – Por quê?

 - Aquelas lembranças... – eu pus a mão sobre a cabeça num impulso. – essas lembranças... Elas me torturam, Danni...

- Não, Arym... Lembrar é bom... – ela tentava me convencer, mas estava claro que nem ela acreditava naquilo.

- Não... Não é.

O telefone dela tocou enquanto eu descia do balcão e agarrava meus próprios joelhos, balançando para frente e para trás.

- Não é... Não é...

- Arym... – ela suspirou. – Preciso atender...

E foi o que ela fez. Ela atendeu ao telefone.

- Saah? Sim, já cheguei. Estou aqui. Ela... Não. Não está. Não sei... Se puder... Ok. Até mais.

E então ela desligou e ficou me olhando.

- Arym... Você... Quer fazer alguma coisa?

- Não... Não quero...

- Bem... Eu... Eu... – estava na cara que Danni não sabia como lidar comigo naquela situação, eu também não saberia. – Posso te dar um corte de Jack, mas você precisa comer antes.

- Não quero...

- Arym...

Ela suspirou, sentou-se ao meu lado e puxou-me para o peito dela. Pude ouvir as batidas do coração dela.

- Shhhh... – eu comentei, meio alucinada. – O seu ainda está batendo...

- Sim. Ele está...

O silêncio tomou conta do ambiente, e então eu dormi ali, ouvindo aquela doce canção de ninar baseada em dois bumbos seguidos, dentro do peito da Danni.

♦♢♦♢♦♢♦♢♦♢♦♢♦♢♦


Acordei na minha cama, no meu quarto. Como Danni sabia qual era? Eu apenas fiquei deitada na cama... Senti meu peito apertar e me encolhi ali, sobre meu colchão. Comecei a chorar.

Era uma dor insuportável.

 


Notas Finais


Me perdoem, não me abandome. Continuem comigo. Vai ter sentido!
Obrigada por lerem e se importarem. ♥


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