História Maybe - Sarah e AyLeen - As princesas da Arym

Minha mãe estava com pressa, me fez entrar correndo na van após pôr minhas malas onde deveriam ir.

A correria toda era porque ficamos de ir buscar as meninas para irmos todas juntas e eu realmente não entendia o desespero da minha mãe. Estávamos no horário.

Quem morava mais perto de mim era a AyLeen e ao chegarmos com a van, lá estava ela, segurando sua malinha de mão com outras duas malas ao lado de seus pais. Minha mãe estacionou e desceu do automóvel, para falar com os pais da Leen sobre qualquer coisa, eles confiavam na minha mãe, mas não confiavam na segurança da filha, longe deles. Minha mãe prometeu pra Leen que ia convencer eles, e foi o que ela foi fazer. Enquanto por um lado eu via minha mãe indo até a porta dos Chiang (alías, esse é o sobre nome da Leen.) eu ouvi a porta da Van abrir.

- Arym...? – a voz dela praticamente sussurrou ao me chamar. O timbre dela era grave mas falava de uma forma suave.

- Olá, chérie! – respondi com um sorriso no rosto ao olhar para ela.

AyLeen Chiang era uma asiática extremamente branca, do tipo que víamos as veias por todo o corpo e conseguiríamos ligar, se quiséssemos. Os olhos pequenos tinham um tom de castanho claro que combinava perfeitamente com o nariz fino e a boca naturalmente rosada. Os cabelos dela tinham um liso escorrido e um tom escuro. Parecia uma boneca com seus 1,53 de altura. Nem dava para acreditar que ela era a mais velha do trio. Mais velha que eu! Eram três centímetros que faziam toda diferença.

Ela estava com uma camisa estilo cigana cor de vinho, que adornava seus ombros e cobriam completamente seus seios pequenos e redondos. (Eu a invejava nesse quesito, meus seios fartos faziam com que eu, ou evitasse decotes, ou parecesse uma atriz pornô.) e uma calça de sarja preta combinando com a sapatilha da mesma cor. Eu não conseguia parar de observá-la. Ela reparou, e, com vergonha, tentou mudar o assunto.

- Você... Você cortou o cabelo... – infelizmente, pude sentir a tristeza na voz da Leen. Ela amava meu cabelo comprido.

- E você está sem óculos. – respondi, gentilmente. Queria amenizar a dor dela. – Está bonita...

O rosto dela enrubesceu. Céus! Ela era uma gracinha! Eu quis apertá-la. Mas apenas sorri enquanto a ouvia responder, quase sussurrando.

- Obrigada... Você não ficou feia... - ela não sabia lidar com elogios. Então eu ri. Ao ver minha mãe se aproximar.  

- Ponha o cinto. – orientei, e ela obedeceu. Era uma boa menina.

A uma quadra Dalí, a próxima era a Sarah. Sobre esta, não poderíamos dizer nada. Ela era totalmente imprevisível. E isso era bom.

Quando minha mãe se aproximou da casa dela nós não entendemos direito. Não havia ninguém esperando.

- Acha que ela perdeu a hora? – Leen comentou.

- Sarah não é disso, Leen. Você sabe. – respondi, preocupada.

- Sim, eu sei... Desculpe. – ela recuou.

- Não precisa se desculpar Leen. Perdoe-me se fui grossa.

Eu tirei o cinto e fui para perto da porta ao ver minha mãe estacionar a Van na porta da casa dela. AyLeen veio comigo. Nós tocamos a campainha e nada. Minha mãe preferiu ficar no carro, esperando. Ela disse algo como “Podem ir lá, menina. Eu espero aqui. É que... Eu não vou saber o que falar com ela, só fecho contrato com os pais.” E riu. E nós concordamos, já que ninguém conhecia a Sarah melhor que nós duas. Tocamos a campainha de novo. Ninguém estava vindo abrir a porta. Foi quando a Sarah finalmente respondeu, pelo interfone.

- Olá amadas! Tudo bom?

- Porque você não abre a porta como uma pessoa normal? – eu falei, tirando uma com a cara dela.

- NOSSA! QUE ARROGANTMEUDEUS! SÓ QUERIA CONFIRMAR. VOU COLOCAR QUALQUER UM DENTRO DA MINHA "HOUSE"? NÃO VOU! – e depois se pôs a rir. Cara, nós adorávamos a Sarah.

- Ok, pode abrir agora, Sah? – AyLeen perguntou gentilmente.

- VIU ARYM? É ASSIM QUE SE FAZ!

Nós rimos e ela respondeu.

- Já abro já. Venham para a sala.

- Ok. – respondi eu e a Ayleen ao mesmo tempo. Dávamos-nos bem.

Ela abriu a porta e fomos para a sala, foi quanto vimos que a casa toda estava escura.

- Sah? – eu gritei, ao fechar a porta.

Ayleen se grudou em meu braço ao ouvirmos um som na sala. Assim que pisamos no chão da sala nós vimos algumas luzes de balada acenderem na sala e  ouvimos claramente a Lady Gaga cantar “Hello, hello, baby. You called, I can’t hear a thing I have got no service In the club, you see, Wha-wha-what did you say?” e então, contemplamos algo muito incrível.

Lá estava nossa Sarah, nossa linda Sarah, dançando de uma forma genial, calçando um tênis parecido com o meu, de plataforma, só que dourado, com suas pernas grossas cobertas por uma legging preta que também cobriam seus quadris largos, já sua cintura e seus seios totalmente proporcionais ao corpo de 1,74 de altura ganhavam valor em um cropped preto com detalhes em dourado, que combinava perfeitamente com a pele cor de jambo da moça.

- Caralho, que linda. - eu sussurrei pra Ayleen ao observar que sua maquiagem já estava feita, mesmo que estivesse de óculos. Um óculos redondo de Sol azul, que combinava com seus com cabelos cacheados que iam até os ombros completamente AZUIS? Sim. Azuis. Céus. Quando ela pintou o cabelo? Ninguém sabia. E isso me fez rir.

- QUE PORRA TÁ ACONTECENDO AQUI?

E ela gritou enquanto dançava.

- CALA A BOCA E ASSISTE MINHA PERFORMANCE!

A Ayleen pôs a mão sobre minha boca porque eu não conseguia parar de rir. Estava tudo muito lindo e quando finalmente acabou eu e a Ayleen batemos palmas até nossas mãos coçarem e nos abraçamos. Rimos, muito, as três juntas.

- Mano. De onde você tirou tudo isso? – perguntei.

- Vocês jamais saberão. – Sarah respondeu puxando a mala gigante de rodinhas. Eu achei genial. Ela trancou a porta e entramos todas na Van.

 Uma coisa que nunca comentei com ninguém é que Sarah morava sozinha, porque preferiu que a mãe fosse morar em outro lugar com o padrasto e a mãe dela concordou desde que ela não arranjasse problemas. Ela nunca arranjou.

E lá estávamos nós. Ajeitamos-nos e minha mãe ligou o rádio, pôs uma música de High School Musical da qual as meninas não conseguiam se esquecer e eu não conseguia nem lembrar. Eu ria ao ver que elas estavam alegres. Eu também estava.

Elas eram o motivo dos meus batimentos cardíacos.